terça-feira, agosto 10, 2021

CARAMBOLAS!


 

Na sexta feira fui ao mercado e dei de cara com uma bancada de carambola. Comprei para experimentar fazer caipivodka no sábado a noite. Mas acontece que Júlia nasceu e hoje precisei comer carambola de sobremesa, senão iria estragar na geladeira.

Na primeira mordida, com o sumo escorrendo por entre os dedos, o sabor doce/azedo me levou para uma das poucas lembranças que tenho da minha primeira infância em Niterói.

Não sei porque carambola me lembra da casa de minha avó Juraci e do tempo em que vivi lá. Percebam que aos 5 anos eu fui morar em Copacabana. Então são lembranças bem ocultas no passar do tempo.
Lembro da boneca de roupa engomada que ficava em cima da cama, da grade na minúscula varandinha de onde se via o pátio das brincadeiras e de onde a Eunice, do andar de cima, me chamava para brincar.
Lembro da panelada de galinha ensopada onde ela colocava até os pés da bicha e eu tinha pavor de olhar aquilo (rs), lembro da banana picada com arroz e feijão, lembro da garrafa de Mineirinho nos finais de semana.

Lembro daquela senhora tão pequenina quanto forte. De óculos sempre no rosto, dos cabelos cacheadíssimos mostrando a "mulatinidade" ancestral, lembro de cantar para eu dormir, lembro de me levar ao hospital onde trabalhava como enfermeira e ao consultório onde era atendente.

Lembro de lágrimas nos nossos olhos quando ela me levava de volta nas barcas.
Lembro do abraço apertado...lembro do seu amor...lembro tanto que até sinto vontade de chorar.

Quero ser para a Júlia ao menos um pouco do que minhas avós foram para mim.
E tudo por causa de uma simples e gostosa Carambola!

By Inez Sodré 10/08/2017