domingo, dezembro 23, 2007

Se não for para ser assim...


O banho é rápido
Envolta na toalha felpuda
Os cabelos molhados
Escorrendo pelas costas nuas
No olhar o medo do momento
Que esta por acontecer
Na boca o sorriso da descoberta
Que ele é o perfeito na cena
Deitado na cama ele a olha
Despido de roupas, de preconceitos
Ele a deseja como ela a ele
Estende as mãos e sorri para ela
Não necessitam de palavras
O toque é o vocabulário
Beijam-se e se acariciam
Como se para ambos
Fosse a primeira vez
Mas era, o primeiro encontro.

Possuem-se várias vezes
Sem fronteiras, sem timidez
Até adormecerem exaustos
Um nos braços do outro
O dia amanhece
Ela deitada em seus ombros
De olhos fechados
Sentindo-se segura, feliz
O que foi sexo transformara-se
em paixão, em ternura
Abre os olhos, grava a imagem
Do homem que havia entrado
Na sua vida para sempre.
E se entrega novamente
E se permite amar
Despede-se e sai.

Hoje, ela só tem uma certeza
Se não for para ser igual
A essa primeira vez
Que ela tão nitidamente
Traz na memória
É melhor que não aconteça
Ela sabe, no fundo do coração
Que não deseja para si
Nada menos do que a felicidade
Que já teve
Um dia...
By Inez Sodré - 23/12/2007

O menino e sua pipa


Na beira do muro,
equilibrando-se,
o menino soltava pipa
e dava linha libertando
a bela escultura de papel.
Ela cortava o ar imponente
e solta, mas presa
Ele ria alto, radiante,
não era a sua pipa mais bonita,
mas era a que nunca tinha perdido...
Não havia menino,
que ousasse cortar sua linha
não havia cerol que fosse
mais poderoso do que o seu olhar
Não precisava cuidar
o brinquedo estava em suas mãos
e assim ficava...

No fim da ladeira,
atras dos carros estacionados,
outro menino espiava
olhos de cobiça
pousavam na linda pipa no ar.
Passa o cerol na linha,
amarra em sua pipa mais feia
e parte para a conquista...
Cruza o céu, como se montasse a cavalo
e passa rente a pipa que deseja
faz-se notar, corcoveia, gira
e quando finalmente vai tomar posse
não consegue.

O menino do muro puxa de volta sua linha
corta as asas da pipa que é sua
prende junto a si
o objeto que não quer perder
para um aventureiro.
O menino da ladeira desolado, desiste
vai embora, mas antes olha para tras
a tempo de ver o sorriso vitorioso
nos lábios do menino do muro...
By Inez Sodré - 23/12/2007

sábado, dezembro 22, 2007

White Flag


Mais uma madrugada musical...
Existe uma vantagem imensa em conviver com pessoas mais jovens...as descobertas de coisas novas. Foi assim que descobri uma cantora/compositora chamada Dido...uma voz maravilhosa e músicas do jeito que eu gosto.
Tenho hábito de procurar a tradução das músicas, até para entender o que o autor quis dizer...coisas de quem escreve compulsivamente como eu...
Ontem ouvindo Dido, um pouco triste e saudosa, descobri uma música que como disse a Lu, foi escrita pra mim ou para alguém igual a mim.
Vou deixar a letra original aqui, a tradução e o link do youtube para quem tiver a curiosidade de ouvir...

WHITE FLAG
autora: Dido

I know you think that I shouldn't still love you,
I'll tell you that.
But if I didn't say it, well I'd still have felt it
where's the sense in that?

I promise I'm not trying to make your life harder
Or return to where we were...

But I will go down with this ship
And I won't put my hands up and surrender
There will be no white flag above my door
I'm in love and always will be

I know I left too much mess and
destruction to come back again
And I caused nothing but trouble
I understand if you can't talk to me again
And if you live by the rules of "it's over"then
I'm sure that makes sense

But I will go down with this ship
And I won't put my hands up and surrender
There will be no white flag above my door
I'm in love and always will be

And when we meet
Which I'm sure we will
All that was then
Will be there stillI'll let it pass
And hold my tongue
And you will think
That I've moved on....


TRADUÇÃO:

Eu sei que você pensa
que eu não devia te amar ainda
Eu também acho isso
Mas se eu não dissesse isso
Bem, eu ainda sentiria isso
Onde está o sentido nisso?

Eu prometo que não estou
tentando dificultar sua vida
Ou retornar para onde estávamos...

Bem, eu irei naufragar com esse navio
E não vou levantar minhas mãos
e me render
Não haverá bandeira branca
Acima da minha porta
Eu estou apaixonada
e sempre estarei

Eu sei que deixei muita bagunça
E destruição para voltar de novo
E eu não causei nada
além de problemas
Eu entendo se você não pode falar comigo novamente
E se você vive pela regra do "Acabou"
Então tenho certeza de que faz sentido

Bem, eu irei naufragar com esse navio
E não vou levantar minhas mãos
e me render
Não haverá bandeira branca
Acima da minha porta
Eu estou apaixonada
e sempre estarei

E quando nos encontramos
Como tenho certeza que iremos
Tudo o que era antes
Ainda estará lá
Eu o deixarei passar
E vou ficar de boca fechada
E você vai pensar que eu parti pra outra...

LINK:

Xô Ano Velho!


Final do ano está chegando...eu pensei que não fosse acabar mais. Um ano de contrastes e profundas dualidades na minha vida.
Ano que começou com uma felicidade imensa, marcado por uma entrega de sentimentos nunca vivida por mim e que termina agora com uma necessidade de resgate desses mesmos sentimentos.

Um ano em que mudei de casa, de vida, de planos e isso não se consegue sem algum sofrimento e retrocessos em decisões anteriores.
Se eu for fazer um balanço eu diria que foi um ano onde cresci muito enquanto ser humano e que fui ao fundo de minha própria identidade enquanto mulher.

Cresci porque descobri o amor em seu mais pleno e arrasador significado. Cresci porque descobri a importância de amizades verdadeiras. Cresci porque descobri do quanto eu sou capaz de realizar, independente de como estiver o meu estado de espírito. Cresci porque descobri que raiva, mágoa, ressentimento são sentimentos que absolutamente não me dominam. Cresci porque descobri o quanto o meu trabalho pode significar para outras pessoas e principalmente cresci porque descobri que apesar de tudo sou capaz de recomeçar.

A mulher que chega ao final de 2007 ainda sofre, mas não morreu, não desistiu, não sucumbiu e permaneceu viva. Essa mulher ainda ama e muito e vai amar infinitamente, mas em sossego.

Hoje com a expectativa das realizações que estão por vir, do Mestrado onde por meu próprio esforço consegui um lugar, de novamente tentar me interessar por outra pessoa mesmo sabendo o quanto será difícil, com a vida financeira já vislumbrando uma luz no final do túnel, perto da família, junto dos amigos, considero que preciso aceitar o ano que passou e ir adiante.

Hoje tento me gostar mais, penso que mereço o que ainda irá acontecer de bom. Ainda falta alguma coisa, que não sei bem o que é, para que eu tenha paz. Um reencontro com a espiritualidade, um ressurgimento da auto-estima, uma aceitação do final, um diminuir da saudade, da tristeza e principalmente o encontro do meu sorriso verdadeiro. Mas tenho certeza que vou conseguir. Sem perder a ternura, o romantismo, a credulidade e a confiança na vida, nos sentimentos e em mim.

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Kriptonita



Hoje, de bobeira em casa, escutei uma música de Lulu Santos que nunca tinha escutado. Tocou fundo, fui buscar a letra...e não resisto...tenho que postar aqui.

Kriptonita
Adoraria significar tudo pra você
Saber que sem mim você não viveria
Ser sua concepção de paraíso
As ilhas Fidji no Pacífico

Só não consigo dominar seu interesse
Já fiz de tudo que estivesse ao meu alcance
Mas não existe o que lhe alce nesse transe
Meus poderes não funcionam em você

Por que é que contigo tem que ser sempre assim
Aquilo que eu quero você é a fim
Se ao menos eu parasse de tentar
Se eu conseguisse enxergar

Queria mesmo lhe fazer gozar
Porque eu lhe acho assim deslumbrante
E enfim quando chegasse esse instante
Eu gozaria junto com você
Mas você não tem olhos pra mim
Pra mim também não dá ouvidos
Muito menos o resto do seu corpo
O que dirá então sua cabeça

Por que é que contigo tem que ser sempre assim
Aquilo que eu quero você é a fim
Se ao menos eu parasse de tentar
Se eu conseguisse enxergar

Por que você mela por mim
Não rola no chão e baba por mim
Não se masturba por mim
Não me deseja enfim
Não perde o sono, não perde a calma
Não perde o controle e não sai da linha

Eu gostaria de lhe ter na minha mão
Lhe provocar uma certa insegurança
Mesmo assim não haveria risco
Não saberia fazer você sofrer
Eu estou falando e você está ouvindo
Ou ouve e finge que não é nem contigo
E ainda me abre o maior sorriso
E me pergunta e aê tudo bem?


Ilustração: Heliz

Suavemente


Ele era um beija-flor,
Tenho certeza que era
Pelo bater das asas
Que o trazem e o afastam
Pela beleza que tira o fôlego
A delicadeza....

Eu era a flor
Tenho certeza que era
O beijo que não acontece
Que ronda, que envolve
Que emociona
A sutileza...

Nós éramos natureza
Tenho certeza que éramos
O pânico da grandiosidade
A necessidade, a espera
Que movimenta os ciclos
A saudade...

O tempo...a vida...
E nós dois.
By Inez Sodré - 10/12/2007

Meu reino por um homem interessante. Tati Bernardi



Novamente um texto de Tati Bernardi...

Uma angústia que vejo povoar a mente, o coração da maioria das mulheres, das minhas amigas e o meu...

Onde esta meu par? Onde anda aquele que dizem que vou conhecer qualquer dia e que vai mudar a minha vida? Onde está o homem que vai me fazer feliz?

Pois é...Tati dá essas respostas... Acredite, se quiser!

Depois que ler esse texto voce pode nem se abalar e continuar achando que tudo que faz esta certo, você pode desistir de entender ou você pode resolver dar uma mudada em tudo....rs

Vivo ou morto. Meu reino por um homem interessante.

Tati Bernardi

Não sei mais o que fazer das minhas noites durante a semana. Em relação aos finais de semana já desisti faz tempo: noites povoadas por pessoas com metade da minha idade e do meu bom senso.

Nada contra adolescentes, muitos deles até são mais interessantes e vividos do que eu, mas to falando dos "fabricação em série". Tô fora de dançar os hits das rádios e ter meu braço ou cabelo puxado por um garoto que fala tipo assim, gata, iradíssimo, tia. Tinha me decidido a banir a palavra "balada" da minha vida e só sair de casa para jantar, ir ao cinema ou talvez um ou outro barzinho cult desses que tem aberto aos montes em bequinhos charmosos. Mas a verdade é que por mais que eu ame minhas amigas, a boa música e um bom filme, meus hormônios começaram a sentir falta de uma boa barba pra se esfregar.

Já tentei paquerar em cafés e livrarias, não deu muito certo, as pessoas olham sempre pra mim com aquela cara de "tô no meu mundo, fique no seu". Tentei aquelas festinhas que amigos fazem e que sempre te animam a pensar "se são meus amigos, logo, devem ter amigos interessantes". Infelizmente essas festinhas são cheias de casais e um ou outro esquisito desesperado pra achar alguém só porque os amigos estão todos acompanhados. To fora de gente desesperada, ainda que eu seja quase uma.

Baladas playbas com garotas prontas para um casamento e rapazes que exibem a chave do Audi to mais do que fora, baladas playbas com garotas praianas hippye-chique que falam com voz entre o fresco e o nasalado (elas misturam o desejo de serem meigas com o desejo de serem manos com o desejo de serem patos) e rapazes garoto propaganda Adidas com cabelinho playmobil também to fora. O que sobra então? Barzinhos de MPB? Nem pensar. Até gosto da música, mas rapazes que fogem do trânsito para bares abarrotados, bebem discutindo a melhor bunda da firma e depois choram "tristeza não tem fim, felicidade sim" no ombro do amigo, têm grandes chances de ser aquele tipo que se acha super descolado só porque tirou a gravata e que fala tudo metade em inglês ao estilo "quero te levar pra casa, how does it sounds?"

Foi então que descobri os muquifos eletrônicos alternativos, para dançar são uma maravilha, mas ainda que eu não seja preconceituosa com esse tipo, não estou a fim de beijar bissexuais sebosos, drogados e com brinco pelo corpo todo. To procurando o pai dos meus filhos, não uma transa bizarra.

Minha mais recente descoberta foram as baladinhas também alternativas de rock. Gente mais velha, mais bacana, roupas bacanas, jeito de falar bacana, estilo bacana, papo bacana… gente tão bacana que se basta e não acha ninguém bacana.

Na praia quem é interessante além de se isolar acorda cedo, aí fica aquela sensação (verdadeira) de que só os idiotas vão à praia e às baladinhas praianas.

Orkut, MSN, chats… me pergunto onde foi parar a única coisa que realmente importa e é de verdade nessa vida: a tal da química.

Mas então onde Meu Deus? Onde vou encontrar gente interessante? O tempo está passando, meus ex já estão quase todos casados, minhas amigas já estão quase todas pensando no nome do bebê,… e eu? Até quando vou continuar achando todo mundo idiota demais pra mim e me sentindo a mais idiota de todos?

Foi então que eu descobri. Ele está exatamente no mesmo lugar que eu agora, pensando as mesmas coisas, com preguiça de ir nos mesmos lugares furados e ver gente boba, com a mesma dúvida entre arriscar mais uma vez e voltar pra casa vazio ou continuar embaixo do edredon lendo mais algumas páginas do seu mundo perfeito.

A verdade é que as pessoas de verdade estão em casa. Não é triste pensar que quanto mais interessante uma pessoa é, menor a chance de você vê-la andando por aí?

domingo, dezembro 09, 2007

Passos...



Passos cambaleantes de criança
Pequenos passos incertos
Na imensidão desse lugar
Razões escondidas
Intenções explícitas
Eu caminho...

Ninguém disse que seria fácil
Não tenho certeza do fim
Embora saiba onde quero ir
Onde quero chegar
Onde quero estar
Eu caminho...

Ainda tenho sonhos
Ainda restam planos
E os passos que ainda faltam
Vou dando um após o outro
Devagar, lentamente, sozinha
Eu caminho...

Levo comigo tudo que quero
Carrego por dentro o que sobrou
E vou sorrindo
Porque cansei de chorar
Caminhando sem pressa
Buscando um caminho...eu caminho!

By Inez Sodré - 09/12/2007

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Será que você sabe?



Essas tuas mãos inesquecíveis
Com o desenho que nos une a essência
Essas tuas palavras que nunca chegam
Esse teu olhar que paira sobre o meu
Vão costurando o meu imaginário
Que te trazem de volta sempre...

Das coisas que lembro
Das coisas que não vivemos
Das coisas que eu sonhei
Tanto me vem a lembrança
Teu riso, teu abraço, tua presença...

Essa minha saudade
Essa minha insistência
Em quebrar a tua resistência
E descobrir o motivo
Dessa distância imposta
Pela distância
Ou pela inconstância
Dos teus atos...
Dos meus fatos...

Os beijos que nunca demos
Mas que no fundo queremos
Precisam derrubar os muros
Cruzar os ares
Atravessar os rios
Encontrar os barcos
Apagar o fogo
E irromper no chalé
Num lugar qualquer
Onde estejamos
Eu e você...

Qualquer dia...
Acredite, qualquer dia...

By. Inez Sodré
07/12/2007


Reciclagem


Fiz as pazes com a vida e voltei a caminhar. Ganhei de presente um lindo por do sol.
Copacabana ao anoitecer consegue me fazer perder o fôlego. Os tons do céu, a brisa morna, o cheiro que vem do mar me fazem sentir uma agradável sensação de estar bem, de estar viva.
Comecei devagar, quarenta minutos até o Leme, uma água de coco ao final e muitos sorrisos trocados entre os que junto comigo, caminhavam.

Caminhar é um dos poucos exercícios que gosto de fazer. Sinto prazer em chegar ao calçadão, ligar o MP3 e me desligar de tudo enquanto vou diminuindo a distância que me separa do meu objetivo. Quero estar com um bom condicionamento físico até meados de 2008 para enfim parar de fumar.

Grandes passos na caminhada, pequenos passos na mudança que planejei para mim. Olhar para dentro de tudo que restou e fazer valer a pena o que há por vir. Acho que ainda tenho boas surpresas esperando para acontecer na minha vida, acredito que mereço ser feliz, mesmo que sozinha.

Entendi que estar sozinha não tem mesmo muito a ver com solidão. E voltei para casa cansada, leve e pronta para não desistir.
Foto by Peter Adams

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Bem vindas


Minhas palavras voltaram. Jorram como jatos incontroláveis na forma de pensamentos.
Meus dedos mergulham sôfregos por sobre o teclado como quem procura forma, contexto.

Minhas palavras buscam a liberdade das idéias, o sorver dos sentimentos, o incansável olho atento do leitor.
Deixo que venham irregulares, pontiagudas e quentes. Deixo que escorram de mim, que me rasguem a emoção. Deixo que matem a saudade de bailar sobre a tela em branco.

Minhas palavras doem, remexem feridas, se estruturam no recomeço. E ficam impressas, violentas e definitivas.
Minhas palavras acarinham, buscam a melhor parte, acham a esperança. E fazem rodopios alegres, infantis e eternos.
Deixo que sintam que as quero, que as desejo dessa forma inusitada de gostar. Deixo que acariciem meu peito, que beijem minha alma, que revelem minha mente.

Minhas palavras voltaram e trouxeram com elas o emergir da imensa solidão. Afinal, ninguém consegue ser totalmente só, se tem a companhia de suas próprias palavras. Que sejam bem vindas as minhas palavras!

segunda-feira, dezembro 03, 2007

A Mulher da Minha Vida


Mais uma noite insone e finalmente, diante dos meus olhos uma verdade que eu me recusava a ver.
Eu queria ser a mulher da tua vida, não consegui. Descubro, então, que eu preciso voltar a ser a mulher da minha vida.

Preciso abandonar velhas convicções, velhas certezas, velhos desejos e voltar pra mim. Restaurar esse meu coração que é o patrimônio histórico da minha humanidade. Preciso olhar pra dentro, ver o que restou, cuidar do que sobrou e reviver.
Preciso voltar para os meus braços, sentir novamente a segurança de ser acarinhada por mim, pensar em mim, amar a mim.

E para fazer isso, preciso abandonar você. Largar de mão a tua vida. Porque tantas vezes eu voltei para a tua vida e você nem soube. Fui tua, inúmeras vezes dentro da minha solidão. Estive te olhando, estive esperando, estive vivendo a tua vida. Está realmente na hora de abandonar você. Não por nada que você tenha feito, mas por mim. Para voltar a ser a mulher da minha vida.

Preciso ganhar uma lufada de vento no rosto, preciso enfiar areia no meio dos dedos dos pés, preciso sentir a água gelada do mar escorrer pelo meu corpo e saber que não morri, que sobrevivi depois do mergulho profundo desse afogamento de amor.
Preciso catar os cacos dessa dor estilhaçada, preciso catar os restos dessa tentativa frustrada, preciso aspirar as lágrimas empoeiradas pelo tempo e enterrar no fundo das minhas lembranças. Voltar a tona eu preciso.

E feito isso, preciso tomar posse da minha vida novamente. Preciso tirar de você o que te dei sem você querer. Preciso ser de novo dona de mim.
Porque se tenho defeitos ou qualidades não importa, o que importa é que tenho a certeza que sou hoje, a melhor opção para mim. Que sou o que eu mereço, que vivi intensamente tudo que desejei e isso fez de mim essa mulher que eu preciso, que me agrada, me seduz, me convence.
Hoje retomo as minhas rédeas para ser pra sempre; A MULHER DA MINHA PRÓPRIA VIDA.
By Inez Sodré - 03/12/2007