D. Maruja é uma senhorinha pequenina, dona de uma vitalidade e fortaleza que só podem ser comparadas a sua fé na Virgem Maria. Ela é minha vizinha, uma vizinha a moda antiga, daquelas que só aparece para servir, por motivos justos e nos brinda com seus quitutes.
Tenho uma admiração por sua capacidade enfrentar com dignidade o seu envelhecimento, manter-se cuidando da sua saúde, morar sozinha e manter a sua casa um brinco - sob os olhares vigilantes e cuidadosos de sua filha única, que a visita todos os dias.
D. Maruja é espanhola de nascimento, brasileira de coração e gosta de preservar as suas tradiçoes, vai a missa regularmente e acompanha o terço duas vezes ao dia pela TV. Confesso que em muitas coisasinvejo as habilidades de minha vizinha, principalmente quando abro a porta e lá está ela com uma bandeja do seu bolo amarelo com cobertura quebradiça de chocolate. Eu e minha filha damos pulinhos de alegria!!!!
Ontem, D. Maruja copiou com sua caligráfia, perfeita e legível, a receita do bolo e da cobertura e nos repassou. Agora eu também sou dona deste patrimonio e poderei repassar a todos com alegria, mantendo a tradição do bolinho de minha vizinha.
Neste final de semana vou testar a minha capacida de fazer a receita e se ficar um tanto parecida, volto aqui para contar. Por hora, tomo meu café sem o bolinho e imaginando o que vem por aí...
Meu Deus, acuda-me. Se acertar, vou virar uma baleia .!!!..rsrsrs
Beijos vizinha, a senhora mora em nossos corações.
P.S A receita só deixo depois que eu fizer, como sou egóista, ninguém vai comer antes de mim!!!!
24 de nov. de 2012
6 de nov. de 2012
Café amargo e a doce ilusão
Tenho tido tempo, mas tem me faltado a alegria de escrever. É vero!
Escrever, independente da qualidade do escrito, traz a alegria de expressar momentos, reviver lembranças e expectar o futuro. Entretanto, quando o momento presente exige reflexão, asseguro-lhes que o melhor é degustar, em silêncio, uma xícara de um bom café.
Tenho bebido muito café, alguns regados a lágrimas, outros repletos de saudade e por vezes cheios de certeza da impermanência que permeia tudo nesta vida - as pessoas, os bens, os amigos.
Sei que o Budha Sidharta não bebia café, mas tinha tanta certeza de que tudo é impermanente e cada coisa só existe no momento presente. Certeza de que temos que viver cada coisa em seu momento, sem antecipar com expectativas e sem tentar rete-las com lembranças.
Temos estar inteiros em cada coisa que fazemos, mas não praticamos isto. Criamos uma série de expectativas para nós e com os que nos rodeiam e, depois, nos permitimos as decepções. Só se decepciona que criou expectativas e eu sou cotumaz nisto.
Os anos de vivência na Frateridade já deveriam ter me corrigido, mas este é o feijão no meu sapato e enche meus pés de bolhas - Chegou a hora de cozer os feijões, encher os sapatos e seguir de uma forma mais branda.
Olho para xícara, percebo cada detalhe do seu desenho, sinto o cheiro do café, sinto o gosto e vejo como é pleno este momento, como ele me oferta tudo a que se destina. Ele é feliz em ser café , ela é feliz em ser xícara e eu sou feliz em estarmos juntos.
Neste momento sinto a paz do momento presente!
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