Dúvida cruel? Pra mim foi! Como eu já comentei em posts anteriores, a maternidade me fez perceber que as certezas não tem as suas fronteiras tão bem definidas como eu imaginava...
Ainda grávida, algumas amigas comentaram sobre o livro
Nana Nenê (Robert Buckman, Gary Ezzo) como uma maneira muito eficiente de fazer o bebê dormir sozinho e facilitar a vida da família inteira - menos a dele. Resumidamente, o processo é deixar ele chorar até que aprenda que tem que dormir. A mãe vai ao berço explica que está na hora de nanar, dá um beijinho e sai do quarto novamente. Se ele seguir chorando, mamãe deve aguardar 5 mins (de choro) e depois repetir o processo. Not so bad, eu pensei "5 minutos passam depressa". Até ver as primeiras ecos mais animadas e perceber que havia vida independente em mim. Comecei a imaginar como seria para aquele ser, dantes tão protegido, manifestar uma necessidade e ficar lá sozinho, gritando até cansar e dormir. Não era o meu estilo... tinha que haver outra opção.
Aí descobri o livro
Soluções Para Uma Noite Sem Choro (Elizabeth Pantley), com uma metodologia mais flexível com o objetivo de ajudar o bebê a dormir tranquilamente e fazer as adaptações gradativamente, sem sustos. A autora (mãe de 5 filhos) sugere que a rotina da hora de dormir é passo fundamental para que as "metas" da família sejam alcançadas. Algumas coisas bacanas são:
- Criar ritual da hora de nanar: com o Santiago estabelecemos assim: +/- 18h45 jantar, depois brinca um pouco (sem papai atirando pra cima, para não agitar). 19h30 banho gostoso pra relaxar (quando não está frio, uma massagem no corpinho), depois vai pra cama da mamãe ver um pouco do Peixonauta (luz do abajur ligada, pra entrar no clima), depois das 20h levamos ele pro quarto dele (também com a luz baixa), e em seguida mamá (no quarto dele). Depois, cama.
- Adormecer no berço: essa é difícil... consiste em deixar o bebê ainda acordado (porém sonolento) na caminha, pra que durma sozinho. Quando o Santi era menor eu conseguia, agora se faço isso ele levanta e começa a pular no berço... O que faço é fazer ele dormir no seu próprio quarto e não dormir na minha cama e acordar na dele. A autora faz uma analogia interessante pra ilustrar a angústia que isso gera no bebê: "Imagine que você adormeceu no seu quarto e daqui a pouco, quando acorda, está deitado no chão da cozinha. Não seria desesperador...? Você não ia gritar? Eu ia!" A criança tem que se habituar ao ambiente.
- Seja franca consigo mesma: precisamos olhar pra dentro e responder, verdadeiramente, qual a nossa expectativa em relação ao sono de nossos filhos, e avaliar se ela é factível. Não se pode esperar que um bebê de 4 meses durma das 20h às 8h sem interrupções. Ele precisa se alimentar! Agora, se o bebê acorda de hora em hora, talvez isso seja ruim... O que o livro sugere é que a mãe seja franca consigo mesma e admita que pra ela não é problema acordar pelo menos uma vez no meio da madrugada pra dar mamá praquela coisa fofa, que naquele momento (e talvez só naquele momento) é só dela (se for o caso, claro!). Não podemos trabalhar pra que o nenê durma a noite toda só porque os outros dizem que é assim que tem que ser. Quando a gente responde isso pra gente mesmo, um bocado de ansiedade vai embora! Quando o Santi mamava no peito eu adorava acordar às 3h e dar mamá. Agora com 10 meses, se acordo uma vez pra recolocar o bico tudo bem. Mais que isso já fico bem cansada...
Bom, mas voltando ao "quando", eu li que
até os 4 meses não há problemas em ter o filhote no quarto do casal. Depois disso, ele pode se apegar demais àquele ambiente e ter dificuldade em ir pro seu quarto. Então, criei coragem e fizemos assim. Os primeiros dias eu quase não dormi (de preocupação... "está respirando?" ou "vou ouvir se chorar?"), mas depois ele se habituou e eu também. Foi ótimo ter o quarto de volta, só meu e do meu marido. Se o Santi acorda e demora um pouquinho pra eu fazê-lo dormir (e já passa das 5h) eu levo ele pra nossa cama. Sem culpa e com muito prazer. Eu e o Cris adoramos. Agora, se ele só vai pra nossa cama depois das 6h30 - bom, este é um dia perfeito!
Pra mim a regra é rotina organizada, mas atitudes adaptadas ao sentimento dos pais e do bebê. Se a pessoa consegue deixar a criança chorar, mas está segura e tranquila que esse é o melhor caminho, tudo bem. Agora se fica culpada, ansiosa... aí é ruim pra todo mundo. Eu achei o meu meio termo e me sinto feliz. Espero que tu aches o teu :-)
Ah, eu recomendo o livro, viu? Sai por uns R$39,90. E não se aplica apenas a recém-nascidos, qualquer criança pode ser adaptada!