Puxa vida, parece que foi ontem que eu escrevi para o blog e, na verdade, são quase 2 meses sem escrever. A vida é complicada hoje em dia e aqui nos EUA, como a maioria sabe, custa muito caro ter uma ajudante de casa. Nós é que temos que fazer tudo. Trabalhar, cuidar da casa, dos cachorros, da roupa, da comida e do quintal (que dá um trabalho imenso). Mas o post de hoje é para contar uma grande novidade. Na sexta feira me tornei cidadão americano. Quem lê o blog desde o início conhece a jornada. Não é nada fácil, passaram-se 9 anos e 10 meses até que eu pudesse adquirir a cidadania americana. Alguns me perguntaram, "mas porque você deseja ser cidadão americano"? por alguns motivos que vou explicar.
Em primeiro lugar eu me sinto como cidadão do mundo. Não há especificamente um lugar que eu tenha no fundo do meu coração como "minha casa". Eu sinto que eu poderia facilmente morar também no Canadá, na Europa ou até mesmo no Japão. É um sentimento esquisito. Você não se sente mais cidadão brasileiro porque não mora lá. Mas também não se sente cidadão americano pois não nasceu aqui. O presidente Trump falou através de um vídeo na cerimônia. Ele disse: "Hoje você faz parte da nossa família. Os americanos são seus irmãos e irmãs e o país é seu também." Humm sim, mas talvez seja o mesmo sentimento de um filho adotado, sabe? Ele é parte da família, mas lá no fundo ele sabe que ele veio de fora, mesmo sendo amado e muito bem aceito.
Já no Brasil, quando disse que estava de mudança para os EUA por vontade própria, fui chamado de "traidor da Pátria" e "egoísta". Em certo sentido sim, foi e é egoísmo da minha parte querer uma vida melhor pra mim deixando pra trás o país e as pessoas aonde eu nasci. Mas depois de tantos anos sofrendo no Brasil com todas as dificuldades que todo mundo conhece como se pode amar um país que não te ama de volta? Muitas pessoas não gostam. Veja só, no meu perfil do Instagram renato_s_alves, quando eu postei a foto da cerimônia de naturalização, 20 pessoas deixaram de me seguir. Até mesmo hoje, muitas pessoas não gostam que você saia do Brasil. Mas em resumo a vida é muito mais fácil, prazerosa aqui nos EUA, essa é a verdade. As oportunidades e as facilidades são muito maiores e a criminalidade muito menor.
Ter a cidadania americana em primeiro lugar é ter a certeza que eu não vou ter que sair daqui se não quiser. Se você possui um Green Card, você é um residente permanente, mas o governo pode tirar seu Green Card a qualquer momento e pedir que você se retire. Um simples acidente de carro onde você tomou 2 cálices de vinho um pouco antes do acidente é motivo suficiente para as autoridades acharem que você é um perigo à sociedade. Uma briga em um bar, um processo civil etc. Então, sendo cidadão é mais difícil. ë possível você também perder a cidadania, mas é uma coisa muito difícil de acontecer. A pessoa tem que fazer algo muito grave para perder a cidadania.
A cidadania também me permite ter um passaporte americano e eu não precisarei de visto para entrar em muitos países que o brasileiro é exigido o visto como Canadá e outros. Eu posso entrar no Brasil com meu passaporte brasileiro e entrar aqui com meu passaporte americano. É muito mais fácil.
Há outras vantagens também em ser cidadão americano. Pode-se trabalhar ou concorrer a postos de trabalho no governo e também votar o que eu acho importante. É importante você poder dar o seu voto a alguém que você acha que vai melhorar a condição do país. E aí, vai votar no Trump? Ainda não sei, pois embora a economia vá muito bem obrigado, não vejo o Trump como um presidente que a grande maioria dos americanos se orgulha em ter. As brigas no Twitter são a reclamação número um dos que votaram no Trump. Porém se aparece uma mulher igual a Hillary Clinton que tinha interesses escusos que vão de encontro ao bem geral, se só sobrar essas duas escolhas, terei que votar no homem.
Apenas com o Green Card, o residente só pode se ausentar dos EUA por 6 meses. Caso deseje um período maior é preciso pedir autorização para imigração e no máximo ficar 2 anos. Agora sendo cidadão eu posso, por exemplo, passar 8 meses na Europa sem pedir autorização e voltar e entrar no país sem nenhum problema.
Por todos esses motivos eu decidi aplicar para ser cidadão americano. Eu nem sei se um dia volto a morar no Brasil. Eu não gostaria sinceramente pois não vejo no país inteiro um lugar seguro o suficiente onde eu não tenha que ficar atrás de muros altos, grades, carro blindado ou com medo de andar na rua e ser assaltado, coisa que aqui eu nem sequer penso nessas coisas.
Quando eu mudei para os EUA em 24 de Dezembro de 2009 o Green Card e a cidadania eram apenas um sonho distante que hoje se realizou. Vejo esse mesmo sonho em muitos dos meus amigos brasileiros aqui. Espero que todos que têm o mesmo desejo consigam assim como eu consegui. Foi uma jornada longa, de muito trabalho, muita luta, mas enfim chegou ao fim. E agora, qual o próximo passo? Sinceramente eu não sei. Eu gostaria muito de poder passar meses em outros países. Mas para isso é preciso ter renda não é mesmo? Talvez esse seja o próximo passo. Adquirir rendas hehehe.
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Na época da faculdade trabalhei de tudo o que se
pode imaginar. Foi um tempo de muito
aprendizado... |
Para se tornar cidadão americano é só visitar a página da imigração e ver os requisitos. No geral é preciso ter um Green Card por 5 anos (3,5 anos se for casado com o mesmo cidadão americano. Se trocar de conjugê daí cai nos 5 anos). É preciso também mostrar que pagou impostos por 5 anos. Além disso é preciso estudar para o exame (que é muito fácil), saber falar, ler e escrever em inglês. O exame é oral e acontece durante a entrevista final. Também o oficial te dita o que você deve escrever. Não há exame em nenhuma outra língua. Na cerimônia se jura à bandeira e recebe o certificado que mais parece com uma certidão de nascimento. Algumas pessoas na cerimônia esperaram 25 anos para adquirir a cidadania e na sala havia 76 pessoas de 30 países!
E para finalizar, quero informar que a casa que compramos para reformar está quase pronta. Assim que ficar pronta, fotografarmos e vendermos, vou postar sobre a experiência. Um grande abraço a todos!