Corrupção - ataquem o Cérebro monstro das três cabeças.
Não sejam cobardes nem cúmplices
Coronel “Comando”Ref. Carlos Matos Gomes
Vamos falar de corrupção? A sério?
Podíamos falar da constituição de monopólios do tempo da primeira industrialização de Portugal, a do Marquês de
Pombal, mas vamos ao tempo aqui mesmo ao virar da porta.
Como se reconstruiram os grupos privados após a nacionalização da banca em 11 de Março de 1975? Como
reapareceram os bancos privados, como surgiram o BIP, das confederações do Porto, Santos Silva, o BCP/Millenium
da Opus Dei, Jardim Gonçalves, o BPN de Oliveira e Costa, como reapareceram os Espirito Santo, como desapareceram
os Burney, os Pinto Basto, o Totta e Açores, o Pinto e Sotto Mayor, o Crédito Predial, como desapareceu o Banco
Português do Atlântico de Cupertino de Miranda e o Pinto Magalhães?
Como apareceram os Mello /CUF no sector da saúde privada e nas auto-estradas e como desapareceu a CUF, um grupo
insustrial? Como desapareceu a SACOR e surgiu a GALP?
Como foram atribuídas as concessões de estradas – BRISA e Autoestradas do AtLântico, de portos, de aeroportos?
Em resumo: Como surgiu a Quinta da Marinha após o 25 de Novembro? Como desapareceram a Siderurgia Nacional,
a CIMPOR, a CUF /SAPEC- adubos, as papeleiras, as refinarias nacionais – SACOR e surgiram os concessionários das
portagens de autoestradas, os comissionistas de taxas de combustíveis e de electricidade, os merceeiros da grande
distribuição?
Corrupção. Como se constroem impérios de serviços? A SONAE, ou o Pingo Doce, ou a Brisa, ou a CUF saúde? Como
se constrói uma sociedade de rendas, de rentistas, sem pagar comissões ao poder político?
E não só, como se mantém a ficção de que vivemos num regime de seriedade sem uma comunicação social por conta,
como as amantes? A comunicação social é corrupta desde o miolo. É a comunicação da corrupção e ao serviço da
corrupção!
Existe algum chefe de governo desde 25 de Novembro de 1975 que não tenha sido um avençado dos grupos cuja
criação ou recriação promoveu? Mais, existe algum presidente da República que não tenha sido um instrumento
destes poderes? Quem não se aboletou com os fundos estruturais da CEE? A UGT nasceu como? Já alguém ouviu
o Torres (um peão, é certo) Couto sobre os fundos para a formação? E quanto ao abate da frota pesqueira ? E sobre a
destruição do olival? E sobre a plantação do eucalipto? E como foram elaborados os PDM, os planos directores que
trouxeram 80% da população para a faixa litoral? Existe alguém nos vários governos com as mãos limpas?
Como surgiram bancos fantasmas do tipo BPN sem corrupção no topo do regime?
Tenho sobre o cristo do momento, Manuel Pinho, a pior das opiniões: enojam-me os zequinhas como ele, os patetas
como ele, os pequenos vigaristas como ele, mas falemos então de gente que determinou o que está a acontecer:
Julguem o Ricardo Espirito Santo Salgado! Comecem por ele e deixem para já os peixinhos de aquário, como o Pinho
dos corninhos a abrir e a fechar a boca e os Sócrates.
Vamos ser sérios: na operação Marquês comecem por Salgado e pelo Banco Espirito Santo. No caso do Pinho, ou do
Sócrates, comecem por Espirito Santo. Sentem Ricardo Espirito Santo Salgado no banco e comecem a fazer-lhe
perguntas. Quem o trouxe de regresso a Portugal? Que apoios ele teve para reconstituir o seu império? E chamem
Jardim Gonçalves! E chamem as famílias Cupertino de Miranda e de Pinto Magalhães!
Mas, antes de tudo tenham a coragem de julgar Ricardo Espirito Santo Salgado!
É nele que tudo começa e é aos Espirito Santo que tudo vai dar. Não sejam cobardes e não atirem areia aos olhos dos
portugueses!
Tenham os jornalistas a coragem de ir ao centro do vulcão! Ao Espirito Santo!
Porque não vão? Medo? Cumplicidade?
O resto, os ataques a Sócrates e a Pinho são demonstrações de rafeiros que ladram mas não mordem. Estamos a ser
– os portugueses em geral – sujeitos a uma barreira de mistificadores e de cobardes que nos querem pôr a discutir as
gorjetas que os mandaletes de fazer recados, os groom, receberam quando a questão é a do dono do hotel. Mas esse
deu muito dinheiro a ganhar. Sabe muitas histórias... Não é?
A história da corrupção que nos está a ser contada é a história da cobardia de jornalistas e de magistrados. De canalhas
que estão a apontar para o lado – foi aquele menino - para que não olhemos para eles.
É o desafio, o meu: políticos, jornalistas, magistrados, tenham espinha, encham o peito e vão a ele! Não sejam rafeiros!
Não sejam merdas: atirem-se ao Cérbero, ao “demónio do poço” na mitologia grega, ao monstruoso cão de três
cabeças que guardava a entrada do mundo inferior, o reino subterrâneo dos mortos, deixando as almas entrarem,
mas jamais saírem e despedaçando os mortais que por lá se aventurassem. Vão à fonte da corrupção: ao Espírito
Santo.
Falta-vos coragem? Comeram desse tacho? Não?
Se não falta coragem, se não comeram desse tacho, atirem-se ao Espírito Santo, ao monstro, ao Cérebro, exijam o seu
julgamento! Ele sorri e escarnece de vós à saída das audiências! Vão a ele!
O resto são merdices e areia para os olhos do pagode.