domingo, 27 de outubro de 2019



"(...) Ele poderia fazer tudo isso - mas infelizmente, não fará coisa alguma, a menos que alguém muti compreensivo, e com oportunidades e recursos possa orientá-l o e empregá-lo. Pois, do contrário, do modo como estão as coisas, ele provavelmente nada fará, e passará uma vida  inútil, infrutífera, como tantas outras pessoas autistas, ignoradas, desconsideradas (...)." Oliver Sacks - "O homem que confundiu sua mulher com um chapéu"

         Nossa primeira apresentação foi em 2014, são cinco anos nesta "função", mas ontem foi especial! Foi especial porque não especial, estávamos lá misturados aos bailarinos, participamos durante o espetáculo, não foi uma participação "especial", estávamos juntos!
         Desde o primeiro momento, esta era a intenção, não é incluir,é e abrir espaços para a participação. Não é foco, é direito de estar, direito de compartilhar, de sair na foto e sumir no meio do todo. 
            Participar, ficar até o final, aplaudir, vibrar... pois como diz o poeta: 
            "uma parte de mim é o todo..." Ferreira Gullar
            E é entre o todo que eles devem estar!

sábado, 12 de outubro de 2019

E ela continua comigo...
Memórias... Dia das Crianças!

A menina era a única entre os meninos da casa. Ganhou, então, um presente especial:  uma boneca com história, já tinha sido de outra menina, sua tia, que sem meninas em casa, a passou para a sobrinha. Foi recebida com amor, com suas marcas de boneca que já viveu, não saiu de uma caixa, saiu de outra infância.
Foi adotada com tanto amor que logo, já era "a filha", a Julinha. Ganhou roupinhas, caminha e outros cacarecos de criança. Estava em todas as brincadeiras da menina. Sofreu intervenções cirúgicas marcadas à "caneta Bic", teve os dedos roídos, pela menina, em momentos de nervosismo e pelo cachorrinho da casa. E assim, com todas essas marcas, era amada.
A mãe, vendo esse amor todo pela boneca, resolveu levá-la ao hospital de bonecas. Na semana das crianças, como presente, foram buscá-la...
O "medico" de bonecas, orgulhoso, apresenta sua paciente: rosto rosado, sem cicatrizes; olhos que abrem e fecham; mãos com dedos fofinhos. Uma obra prima!
A menina recebe a boneca, olha e a fecha num abraço apertado. Saem para a rua as três: mãe, filha e boneca. Ao chegarem no carro a mãe percebe que rolam pelo rosto da menina duas lágrimas:
- Mãe, não é a Julinha!

Final da história: Voltamos para casa com um boneca caolha, sem dedos nas mãos, com as marcas da vida, aconchegada num colo de mãe, feliz!