"Carlos da Maia prevenia−o de que em qualquer parte que o encontrasse, daí por diante, fosse uma rua, fosse um teatro, lhe escarraria na face...
– Escarrar−me ! – berrou o outro, lívido, recuando, como se o escarro já viesse no ar."
Os Maias , capítulo XV
Vem este excerto de “Os Maias “ de Eça de Queirós a propósito de um pensamento que já há uns dias me atormenta: a vontade incontrolável e quase compulsiva de escarrar em um certo indivíduo.
Depois, dei por mim a pensar na pedagogia do escarro:
O escarro privado +pode dar alguma satisfação…mas nada que se assemelhe à satisfação de um escarro atirado em público já que nessa situação o “escarrado” vê-se no vexame de ter de limpar o escarro esverdeado e pútrido da zona da boca, nariz e olhos…na presença de estranhos e conhecidos que, uma vez executado o acto, lhe já não podem valer. A seguir…a “barra dos tribunais”, claro…mas isso não tira ao escarrado a vergonha, a humilhação e a náusea de ter sido alvo fácil de uma simples mas eficiente “escarradela.”
Daí que o escarro devidamente aplicado tem esta vertente pedagógica: deve ser evitado e para isso não se deve “cotucar a onça com vara curta”, nem lançar “ bocas indirectas” como quem quer assustar alguém… Brrr…tremo de terror... Eis: pardieiros há muitos: aconselho a que vos refugieis em um deles….como vos convém.
…e eu continuo a dizer que se entendo que “fulano é uma besta” tenho o direito à minha opinião e sou livre de a tornar pública no Meu BLOG!