25 de abril de 2014

Sós e juntos

Leio, ouço e até aconselho e concordo que temos que nos completar e os outros nos transbordar, que temos que ser protagonistas de nossas histórias, mas e aquele se mover mais e melhor de mãos dadas?
Quem precisa, gosta, brota junto? Dependência sem rótulo de subserviência ou incompetência, como ser parte de uma corrente feita de elos? Passageiro que curte a viagem da janela, porque e como julgar?
A vida e a felicidade são como receitas de bolo? Creio sem amarras e com amarras e marras também, sem amarguras ou peso, com a leveza das ondas do mar e doçura de suspiros que não. E você?
Branca, rosa, azul, vermelha, animada ou branda, doce, leve, individual e coletiva sexta-feira, com brisa boa, sol, sombra, chuvinha leve e bençãos divinas.

24 de abril de 2014

Sonhos, asas, lonas e prêmios

O que a gente faz com nossos sonhos quando cresce? Essa é uma das perguntas do documentário: Jonas e o circo sem lonas, da Plano 3, produtora da qual meu irmão faz parte. Na terça ele contou, diretamente de NY que o documentário foi uma das produções latinas ganhadoras do Festival Tribeca 2014.
O Festival de Cinema Tribeca foi criado pelo ator Robert De Niro juntamente com uma produtora local para incentivar e promover a 7ª arte, além de movimentar o sul de Manhattan. E todo esse agito lá, com gente nossa marcando presença é um orgulho para mim, contudo tive a decepcionante constatação buscando através do amigo Google, de poucas e limitadas notícias aparecem pelo nome do festival. Penso que tinha que estar na ponta da digitação e do clique o evento em si e os premiados, com o reconhecimento dos meios de comunicação de seus países de origem e também nos jornais impressos e televisionados. Cabe um cartaz aqui em Salvador (lugar de origem da produção), em Sampa (capital cultural), no Rio (fomentadora do cinema nacional). Em tempo real, no mais tardar enquanto ainda está quentinha. Enfim, é pouco, mas, eis-me aqui com uma poeirinha!
Vale dizer que o documentário já participou de outros festivais e já ganhou prêmio, mas por aqui nem nos canais virtuais, nem nos impressos, nem na tv, há divulgação e reverência a altura. Não falo por meu irmão e amigos fazerem parte do projeto, falo por ser uma produção do cinema brasileiro. Falo pelo conteúdo que é bom, tanto que ganhou em concorrência com produções diversas de qualidade em um festival conceituado. E sendo esse circo sem lonas cheio de estrelas de luz própria e mambembe, ele não para e vai estat entre outros quatro selecionados de todo o mundo na sessão Rough Cut do Festival Visions du Reel, em Nyon, Suíça, dia 28 agora.
Recortei respostas de uma entrevista concedida por Haroldo Borges, um dos integrantes da trupe Plano 3 filmes, sobre um outro filme que fala de sonhos de vida, de infância e dos de comer, que já trouxe para cá, com o menino palhaço Jonas no papel principal. Fiz com tais recortes uma colcha de retalhos que segue como bandeira de aceno e lona do meu aplauso para o espetáculo que é fazer cinema, que é escolher o circo como carro chefe, fonte de inspiração, de valores, lições, magia e realidades tão próprias e próximas de qualquer um, em qualquer idade e continente.
"Nos apaixona contar histórias onde a criança seja a protagonista. Já realizamos outros filmes para esse público, todos eles com carreira em festivais e difusão em escolas da rede pública, cineclubes e pontos de cultura, entre eles “Meninos” que foi o único sul-americano que participou do Pangea Day, evento transmitido dos estúdios da Sony para todos os continentes. Teve ainda o “Piruetas”, que integra o Programa Curta Criança, do Minc/TV Brasil, bem como o “Pequeno”, que também está rodando muitos festivais agora, entre eles o festival infantil Divercine no Uruguai, o Festival de Cinema Infanti (FICI), no Brasil, e o Festival de Cine para Ninos y no tan Ninos, no México."
"É muito importante a realização de obras representativas da nossa cultura, da nossa identidade, para que nossas crianças se reconheçam...Minha infância foi vivida nos anos 80. Assistia a todas as aventuras dos super-heróis dos Estados Unidos. Não existe nenhum problema em assistir à produção estrangeira...mas algo anda muito mal quando uma geração ou duas ou até três trazem suas lembranças mais afetivas relacionadas às culturas estrangeiras."
Jonas no documentário é um menino de 13 anos, seu sonho é manter o circo criado em seu quintal e enquanto ele vive esse desafio, ele cresce, como cresce na vida real diante de nossos olhos, como segue obstinado em ser palhaço, viver e fazer viver o circo, nos ensinando e aprendendo a não perder os sonhos a medida que crescemos, a sermos emoção e em meio a emoção descobrirmos a razão. Gato bebe leite, cachorro late e Jonas e a Plano 3 fazem cinema e circo, com ou sem lonas, com ou sem aplausos.

23 de abril de 2014

Para escutar a cor da poesia

Escutando a cor do vento, fui guiada como personagens de desenhos e filmes infantis a tortas na janela, a uma descoberta. Navegando, abri um site, que abriu outro, que abriu outro e numa sombra boa, encontrei um tesouro para dividir.  
Márcio de Camillo é um moço que gosta de poesia desde quando um professor lhe deu um livro de Mario Quintana. Aos vinte anos ele debandou solto através das asas do apassarinhado Manoel de Barros. Colocar melodia na obra do poeta virou meta e depois de passados 17 anos com a ideia na cabeça, tempo grande que eu entendo. Dou meu depoimento de ter o endereço do Manoel, que pedi timidamente, nem mesmo esperando conseguir, desde 26 de março do ano passado e não ato nem desato a escrever, desenhar, rechear um envelope de passarinhices e admiração que idealizo mandar para ele.
O músico garimpou todos os livros do escritor, que lhe sugeriu calma para dar voz, som e poesia ao trabalho chamado: Crianceiras. E apesar de o produtor e o poeta mensurarem as coisas por valores além de moedas e medidas, está a venda, em livrarias, por ai e através do próprio Márcio de Camillo (marciodecamillo@hotmail.com) esse trabalho lindo. Fica a dica!

22 de abril de 2014

Petisquices

Eu ia colocar no título da postagem a petisquice a que vou me referir, mas pensei melhor e poupei os leitores mais pudicos de se chocarem ou me acusarem de atentado ao pudor. Vou confessar que sou pura proza, poesia e meninices, mas falo palavrões, não vejo outra maneira de desabafar ao dar uma topada por exemplo, uso variadas palavras de baixo calão para mandar para aquele lugar o juiz que rouba no jogo, para responder desaforos alheios que não há simpatia que dê conta e por ai lá vai, ladeira abaixo o habitual e recomendado palavreado formal e doce.
Sou de paz, de fé mas ser cem por cento equilíbrio e sensatez eu acho que faz um pouco mal, entope as artérias, pelo menos a de quem for nascido(a) sob os signo de Áries eu acho que entope se não der uns palavrões, uns murros num saco de box ou algo do tipo. Confesso também (já que ajoelhei vou rezar), que falo alguns palavrõezinhos por gosto, como o nome que é dado ao dito petisco: sacanagem. Falo muito esse palavrão e crianças de plantão, não façam como eu hein! Ai! Ai! Ai!
Era presença certa nas mesas de aniversários e festinhas em geral, nos idos de mil novecentos e bolinha, uma tal de meia bola de isopor forrada com papel alumínio ou um abacaxi todo espetado com palitos que espetaram antes quadradinhos de queijo, presunto, mortadela, azeitonas e salsichas. Porque sacanagem era o nome desse petisquinho retrô? Decidi não pesquisar para não perder a poesia e gosto pelos espetinhos de minha infância com nome nada infantil e visual decorativo. 
Para ilustrar o post escolhi essa frase que me representa. Adoro comer brigadeiro quente, bolo quente, pão quente, não dando ouvidos que dá dor de barriga, queima o esmalte dos dentes e a língua. E porque com as geladeiras cheias de chocolates da Páscoa não vou causar muito água na boca, sem falar que brigadeiros são gulodices presentes desde antigamente até hoje em festinhas, seja cobertos de chocolate granulado, confeitos coloridinhos, sejam doces ao extremo, meio amargos, molengas, durinhos, com casquinha e derretidos por dentro, em potinhos, tacinhas ou direto da panela nas nossas comilanças caseiras que mandam a dieta e a boa alimentação as favas como diz minha mãe, para não dizer um palavrão.

19 de abril de 2014

Desembestada

"Velho é criança de fôlego diferente
Já não lhe interessam as correrias nos jardins
O sobe e desce das gangorras
O vaivém dos balanços
É tudo muito pouco
O que ele quer agora é desembestar no céu
Soltar os bichos que colecionou a vida inteira
Os bichos todos
Domésticos, selvagens, úteis e nocivos
Os pesados répteis que ainda guarda no coração
E as borboletas, peixes
E passarinhos
Tudo solto”
Pensamento do livro Arroz de Palma 
De Francisco Azevedo
Tinha que vir de um Francisco essas saborosas migalinhas
Trouxe elas para repartir e eu mesma ciscar
Para quem como eu está ficando mais velho
Velho para mim é palavra bonita
Tem cara, cheiro, valor, carinho de vó e vô
Conforto de roupa e sapato que já se moldaram a gente
Tem poder, sabedoria e tradição latentes
Que eu seja uma velinha de fôlego diferente
Cercada de gente
Desembestada no sentido de ativa e de sem besteira
Guiada por estrelas, grilos falantes, cães e gatos
Com raízes e asas
Fazendo das pedra do caminho barcos, pontes, castelos
Movida por crenças e quebra de mitos
Silêncio e sons
Acompanhada e cercada de quem me quer bem
Velha, sempre nova e feliz
Amém!

18 de abril de 2014

Por literatura infantil para crianças e adultos

Pedido no título em plena sexta-feira santa
Pois hoje é dia nacional da literatura infantil
Para que seja ilustrada, cheia de valores
De cores, de crenças nossas vidas
E como amanhã é o dia do índio
Fonte de personagens, cenários, histórias, mitos e lendas
Da nossa rica literatura
Segue pescaria já que hoje é dia de comer peixe
Pescada em um rio alheio para sentar e saborear com deleite
"Nós os índios, conhecemos o silêncio
Não temos medo dele
Na verdade, para nós ele é mais poderoso do que as palavras
Nossos ancestrais foram educados nas maneiras do silêncio 
E eles nos transmitiram esse conhecimento
"Observa, escuta, e logo atua", nos diziam
Esta é a maneira correta de viver
Observa os animais para ver como cuidam se seus filhotes
Observa os anciões para ver como se comportam
Observa o homem branco para ver o que querem
Sempre observa primeiro, com o coração e a mente quietos
E então aprenderás
 Quanto tiveres observado o suficiente, então poderás atuar
Com vocês, brancos, é o contrário
Vocês aprendem falando
Dão prêmios às crianças que falam mais na escola
Em suas festas, todos tratam de falar
No trabalho estão sempre tendo reuniões nas quais todos interrompem a todos
e todos falam cinco, dez, cem vezes
E chamam isso de "resolver um problema"
Quando estão numa habitação e há silêncio, ficam nervosos
Precisam  preencher o espaço com sons
Então, falam compulsivamente, mesmo antes de saber o que vão dizer
Vocês gostam de discutir
Nem sequer permitem que o outro termine uma frase
Sempre interrompem
 Para nós isso é muito desrespeitoso e muito estúpido, inclusive.
Se começas a falar, eu não vou te interromper
Te escutarei!
Talvez deixe de escutá-lo se não gostar do que estás dizendo
Mas não vou interromper-te
 Quando terminares, tomarei minha decisão sobre o que disseste
Mas não te direi se não estou de acordo, a menos que seja importante
 Do contrário, simplesmente ficarei calado e me afastarei
Terás dito o que preciso saber
Não há mais nada a dizer
Mas isso não é suficiente para a maioria de você
Deveríamos pensar nas suas palavras como se fossem sementes
Deveriam plantá-las, e permiti-las crescer em silêncio
Nossos ancestrais nos ensinaram que a terra está sempre nos falando
E que devemos ficar em silêncio para escutá-la
Existem muitas vozes além das nossas
Muitas vozes
 Só vamos escutá-las em silêncio"
Preceitos e tradições Xamanistas ancestrais
Para refletir e praticar

14 de abril de 2014

Budices

O que tem essa imagem a ver com Buda?
Para mim os paninhos amarrados
Um que de simplicidade
E bem pode ser representação de uma religião
Ou cultura qualquer
Budismo mais que uma religião é uma filosofia de vida
Que pode ser agregada a nossas crenças, culturas
Agrega somando e multiplicando
Não divide, segrega, pede exclusividade
Além desse simples, sublime e subliminar ensinamento
O budismo tem muitos outros
Nada complicado, misterioso
Muita filosofia e prática de faxinas por dentro e por fora
Uma observação interessante é como aproveitamos pouco o presente
A maior parte do que ocupa nossa mente e dias
Faz parte do passado ou do futuro 
Para orientação: mantras
Na mão: um janpamala, uma espécie de terço
Ou mãos e mente vazias para encher de leveza o coração
Uma semana de budices para todos!

12 de abril de 2014

Dons

"A pessoa nasce como uma predisposição
Você sabe o que é se apaixonar pela palavra? 
É você sonhar com ela, e você tomar nota
E de manhã você saber se ela dormiu
Eu acho que poesia é um parafuso a mais na cabeça,
Outra uma vez três de menos
Escrevi para o meu pai e para minha mãe 
Que já tinha descoberto minha vocação
Que não era pra médico
Dentista, engenheiro
Era pra fazer frase"
Recortes do dom, encanto, prazer
Poder com palavras de Manoel de Barros
Em entrevista à revista Caros Amigos
Ilustração de um pouco do dom de Alexandre Reis

11 de abril de 2014

Cinemices

Cena e sonhos do filme: Sonhos

Sonhos mais de perto

"Fascina-me esta ideia de que temos todos um cinema metido na cabeça. Um cinema que implica a produção do filme, a câmara que filma, o projetor que envia uma torrente de luz para o ecrã, os espectadores que estão entre o projetor e o ecrã. Temos isto tudo na cabeça, e quando olhamos para o mundo, tudo isto se põe em movimento, a funcionar. O cinema é a nossa maneira natural de criar imagens sobre o mundo", definiu Manuel Gusmão, poeta e ensaísta português
Penso que meu irmão e sua trupe pensam mais ou menos assim e com esse trabalho e paixão deles e depois do filme: A invenção de Hugo Cabret eu sempre vejo, imagino e quero mais dos filmes. Sobre os sonhos, ilustrei com a cena do filme para referenciar, ai adicionei mais sonhos para provocar desejos e me encontro providenciando providenciar sonhos para matar a vontade que me causei. Açucarada e cinematográfica sexta-feira a todos!

10 de abril de 2014

Das distâncias

Esse é um post de reconhecimento, percepção e reflexão sobre distâncias. Dos tipos concretas e abstratas. Os parceiros que escolhemos na vida amigos e amor, por exemplo, são próximos de nós por nossa opção e distantes no que se refere as vezes a geografia, a afinidades e destemperanças comuns a sermos cada um de um jeito e a acontecimentos diversos dos caminhos que percorremos juntos e também dos que percorremos separados.
Essa foto é da distância percorrida por meu marido até a portaria de onde ele foi pelo trabalho, em Atibaia, por dois dias. Porque que ele tirou essa foto e para que ia até a portaria? Porque Atibaia tem pareja com Tapiré, lugar fictício da novela Além do horizonte, lá no mundo real e conectado de hoje, não tem sinal de celular e internet, o que não me parece um bom lugar para concentrar gerentes e responsáveis por equipes, produtos e serviços, mas vamos a parte romântica da história. Ele fez muitas vezes esse percurso, simplesmente para dar bom dia, falar que ia para reunião, perguntar como eu estava, contar coisinhas, saber coisinhas, mandar fotos que tirou por lá. Vale valorizar, tarde da noite e de dia sob o sol, camisa, calça e sapatos sociais.
Mas isso é pouco para o que ele fazia a uns anos atrás quando foi transferido para Maceió e ia de carro toda segunda e voltava toda sexta: 600km, todo final de semana por muitos meses. Fez isso também quando passou um tempo Aracaju. Ele também ia nos idos da adolescência, a pé para a escola ou de minha casa para a dele (longe a beça). Guardava o dinheiro do transporte para comprar coisas para mim ou não tinha o tal dinheiro para o transporte.
Uma vez fomos juntos a pé por um percurso longinho para sacar um dinheiro no banco e chegando lá lembrei que esqueci a senha em casa. E ele brigou? Fez cara feia? Me chamou de mil e um nomes feios? Não! Voltamos conversando e de volta fomos no banco e de volta fomos para casa. Essa parte tolerante e doce está um pouco gasta, com reações encaroçadas as vezes, mais seguimos caminhando juntos, pelas distâncias e proximidades nossas de cada dia.

9 de abril de 2014

Para...

"Conheço muitos que não puderam quando deviam
Pois não quiseram quando podiam"
Fica a reflexão, a dica, o incentivo
Para para não desistir
Não se deter
Descer, subir
Para ter fé e pisar no primeiro degrau
Mesmo sem ver a escada inteira
A passos curtos, lentos e pisadas leves
Ou fortes, longos e ligeiros
Com os pés firmes no chão
Ou saltitantes
Para ir e se der medo ir com medo mesmo
Para querer e poder, sempre e além

8 de abril de 2014

Sobre caixas do nada

Assisti dia desses um vídeo com uma explicação reveladora de muitos comportamentos masculinos, que até então eu não entendia e não conseguia achar tão simples. Não vale para algumas poucas exceções de homens, como muitas regras não valem para todas as mulheres, mas que é uma descrição real, elucidativa e bem feita do funcionamento da mente do sexo oposto para mim é inegável. Vou explicar com minhas palavras e algumas interseções (leia-se desabafos).
É sabido que homens tem uma certa dificuldade para fazer mais de uma tarefa ao mesmo tempo ou prestar nem que seja atenção a mais de uma coisa ao mesmo tempo. Por exemplo, escolher o prato com os dedos no cardápio do restaurante diante do garçom enquanto se está no telefone é exigir demais deles. O cérebro do homem é feito de pequenas caixas segundo a teoria e eles tem uma caixa específica para tudo. Uma para o trabalho, outra para família, outra para mulher, outra para os filhos e caixas menores dentro de cada departamento, como uma na da família para a sogra (geralmente no porão). No dia a dia eles acessam suas caixas, abrem, vivem aquilo ali, resolvem o que tiver de resolver, aproveitam se for o caso, fecham aquela caixa e só então abrem outra.
Para traçar um paralelo e dar sentido a coisa, o cérebro da mulher pode ser comparado a uma caixa central onde estão contidas um universo infinito, variado, ilustrado, explicativo e sensitivo de outras caixas, por fios e conexões de alta velocidade. O gerenciamento das caixas femininas se chama emoção e a supervisão é com a razão, no caso dos homens é o inverso e eles não entendem, não adianta explicar, que o domínio da emoção é o responsável pela tal força, pelo borogodó e pelo apoio logístico que eles precisam das mulheres.
Breve descritivo do processo mental feminino: O trabalho se conecta ao carro, que se conecta a passar no mercado e na padaria, quem tem filhos aos filhos e ao marido e a mãe e a amiga que não tem carro e ao horário da seção do cinema e a roupa que vai usar e dar tempo de fazer o café sem esquecer de que um gosta fraco, outro com pouco açúcar, outro gosta de suco, sem deixar de ser gentil, amorosa e estar com a pele, cabelos e unhas em dia para não ficar por baixo e não passar de desmazelada. Porque homem desmazelado é sexy, mulher é horrorosa, nem que seja Gisele Bundchen.
Voltando as caixas, na sistemática e limitada mente dos garotos há uma chamada: caixa do nada. O que tem nela? Nada e talvez Freud explicasse, eu não consigo entender essa parte, essa é a caixa preferida deles.
Os homens sempre abrem e se perdem na tal caixa do nada, é uma das maiores e talvez por isso eles consigam fazer por horas coisas que invejo como pescar e coisas que me irritam como ficar passando sem parada, foco ou curiosidade pelos canais da tv. Também estão lá quando falamos, falamos, falamos e eles só absorvem 1% do que foi dito. Quando estão dirigindo abrem muito essa caixa, mulher dirige pensando desde o dia anterior ou o que tem para fazer até na paz mundial, homens dirigem calados e concentrados ao que parece, mas não estão concentrados, estão como respondem estar e não acreditamos: pensando em nada. Como alguém não pensa em nada a não ser monges budistas em meditação? Eu não sei!
Por conta dessa disfunção, talvez, eles tem certeza para depois duvidar, pedem para depois saber o que pediram, não se interessarem pelos detalhes do programa que toparam para depois questionarem que não foi dito que era aquilo e muitos etc.
A fama é das mulheres, mas os homens tem muitos mimimis, não gostam de ser interrompidos quando estão falando ao telefone (telefone para a mulher é como um brinco, para o homem é uma caixa) e de caixa em caixa o acesso dos coitados ao mundo ao redor é reduzido a um certo limite que não adianta forçar. É ver jogo e só, estar almoçando e só, estar se falando de um assunto e ter que fazer pausa, sinal, introdução para mudar de assunto se não eles não acompanham e por ai lá vai e vamos que vamos.

5 de abril de 2014

Para variar

Andar do outro lado da calçada
Ver as coisas de outra ótica
Provar novos sabores
Em canecas, pratos, copos diferentes do habitual
Ir a um restaurante novo
Fazer novas amizades
Deixar pegadas por outros territórios
Colecionar novas experiências
E também seguir o mesmo caminho
Optar pelos mesmos sabores
Ir onde somos conhecidos
Onde fazemos parte da história do lugar, as vezes não tenhamos noção disso
E o lugar faz parte de nossas histórias
Associar variedades a permanências é uma arte
Uma prática difícil mas ideal
Nem sempre gostar do que todo mundo gosta
Mas as vezes sim
Começar o dia pensando e falando de assuntos densos
Pensando nos outros
E depois pensar e falar de algo mais leve
Dar uma atenção especial a nós mesmos
Essa postagem foi para relaxar
Mudar o rumo da proza de hoje cedo
Afinal hoje é sábado
Bom e variado sabadão a todos

4 de abril de 2014

Meu pedacinho de espera

Assim que vi o anúncio da nova novela global, que começa segunda, dia 7, me encantei de cara. Sinto que nesse pedacinho de horário, com a musiquinha instrumental de entrada e saída, barulhinho de pozinho mágico, personagens e histórias terei um momento de distração, encantamento, inspiração e lições.
Passou, segundo pesquisei, na TV Cultura, nos idos de 1971, uma telenovela com o mesmo nome e do mesmo autor, mas essa de agora não será um remake declarou o criador. Tem o mesmo nome lugar onde tudo se passará: Vila de Santa fé (minha cara), mesmo nomes terão os personagens e só segundo ele, que pensou em aproveitar e dizer nesse novo pedacinho que além de encantado passa recados, coisas que a censura na época não deixava, sobre política, saúde, educação, atualizando também linguagem, comportamentos e miudezas que comuniquem, agreguem, transformem o imaginário atual que anda meio descolorido e pobre.
A trama com muitas cores, cenários e figurinos de contos de fada e jeitinho de cordel, conta a história de uma professora de cabelo cor de algodão doce que chega a uma cidadezinha para ensinar as crianças e se depara com um povo humilde, hospitaleiro e acuado pelos desmandos de um coronel arrogante e malvado. Pelas beiradas histórias de amor, amizade, buscas, encontros, fábulas, reflexões, coisinhas de interior, de vilarejo, de fazer relaxar, pensar e viajar.
Uma sexta fabulosa a todos, com cheirinho de algodão doce ou pipoca, muitas cores, sabores, diversão e descanso.

1 de abril de 2014

Por muitos primeiros e últimos

Tem um desejo que é bem comum e que o filho de Arnaldo Antunes traduziu e resolvi pegar de empréstimo. Desejo como ele, muitos primeiros e últimos. Hoje por exemplo, desejo um primeiro de abril veranil, anil, engraçado, encantado, cantado, rimado. Desejo também que seja um mês de muitos últimos sentimentos e acontecimentos ruins, de ultimas vezes do que não faz nem traz o bem.
A imagem é pelo dia do índio, é que conheço a 38 anos uma pessoa que aniversaria nesse dia. As tartarugas são para evocar que a gente viva devagar, o barquinho para navegar, a cena em si para as boas energias da água evocar, refrescar, mergulhar e vir a tona, para sentir igual índio, ter sabedoria de índio. Muitas primeiras coisas boas, novas, reveladoras, agregadoras a todos e últimas vezes do que faz mal, empaca, emperra ou acelera sem curtir a paisagem, o percurso, os sabores e aromas da vida.