27 de dezembro de 2013

Além da virada

Todo mundo se apega em crenças, superstições, rituais de fazer mentalização, de estar em determinados lugares, fazer coisas, vestir cores, listar promessas na virada de um ano para outro. Muito legal do ponto de vista da elevação das nossas potencialidades e das coisas, dos bem quereres e é em alguns casos divertido, cultural, muitas vezes de valor espiritual, mas todo dia ao acabar traz o poder de um primeiro de janeiro no dia seguinte, todo novo dia é mais um dia e traz em si infinitas possibilidades, podemos fazer rituais, mentalizar, confraternizar, mudar em pleno mês de agosto, setembro, outubro ou qualquer outro mês. Podemos ser caridosos além do Natal.
Quem é pequeno dorme e o ano não passa por cima, quem é idoso, quem esta doente, cansado. Quem fica em casa pode vir a passar o ano circulando por muitas festas, viagens, passeios e quem passa a virada em uma festa pode passar o ano todo enfiado em casa. Não é atestado, carimbo, passaporte para os 365 dias vindouros o que estivermos fazendo, sentindo ou desejarmos num minuto, quem dera fosse assim.
E se a ideia é brincar, para variar que tal de trás pra frente esse ano não contar? É! Nada de contagem regressiva, vamos progredir, contar de um até dez. Que tal brindar com água com gás? Ou com café. Que tal a saudação em inglês: Cheers! Aprendi essa palavra nova sem querer e adorei, significa: Saúde! Viva! Uhuuuu! Que tal colocar no mar as flores sem papel, fitas, cordões, plásticos e barquinhos de papel que se degradam ao invés dos de madeira ou isopor com oferendas a Iemanjá? Que tal não jogar nada no mar e nas areias e nas rua ao invés de reclamar que tá tudo sujo e achar que os bueiros entopem e você não tem nada a ver com isso?
Que tal no primeiro dia do ano comer sonho para dar sorte? Já ouvi essa? Eu nunca tinha ouvido essa história, ouvi e já quero fazer isso, para ver se dá sorte e aproveitando que amo sonho, com recheio de doce de leite de preferência.
Hoje é a última sexta-feira do ano, tradição aqui na Bahia ir na Igreja do Bonfim, agradecer pelas conquistas, repensar os erros, dia de tradição, fé e reflexão. Vamos então agradecer e se comprometer em não só na primeira sexta-feira do ano, dia de pedidos e promessas, nem só no dia 31 a 10 minutos da meia noite, mas todos os dias e mais focados no dia 31 de dezembro e 1 de janeiro inteirinhos, de manhã a noite agradecer e perdoar além de pedir. Agradeçamos pelo ano que está terminando e por tudo o que aconteceu de bom e também pelas dificuldades que nos fizeram aprender um pouco mais da vida. Façamos o nosso novo ano ser bom, pedir só não vale! Inté 2014! Paz e bem!

19 de dezembro de 2013

Passarinhices

 Na janela

 Super

 Estilo Niemeyer

 Casa pão

 Conjunto habitacional

Que tal essas lindas moradinhas? Convites para passantes, moradores fixos talvez, com direito a som, shows de performances, belezinhas e naturezices.
Semana passada lá fui eu fechar a janela do meu quarto, apesar de morar no décimo sexto andar e por isso ter o privilégio de poder dormir de janela escancarada, a chuva não é visita grata no meio da noite. Eis que vejo no escuro uma coisa escura nos trilhos da janela e digo para marido: - Liga a luz, tem um bicho aqui!
E lá estava todo aninhando um filhote de passarinho dormindo como se estivesse hospedado em um hotel, sem nem ligar para a luz ou a barulheira da tv e de sua descoberta. Apagamos a luz e ele passou ali toda a noite hospedado (detalhe: esse da foto não é ele, essa foto eu tinha guardada aqui, garimpada na net).
Por e-mail recebi essa semana o link de um site apassarinhado que trouxe hoje para compartilhar com vocês, é só clicar aqui. Clique, assista, leia, observe os detalhes, ouça os sons e depois vem aqui comentar, se inspira, faz uma casinha, fotografa, observa as espalhadas por ai.

18 de dezembro de 2013

Lenços, semeaduras e colheitas


A imagem acima é da torre da Igreja de Nossa Senhora Auxiliadora no bairro de Nazaré, onde nasci e cresci e onde os sinos batem as seis da matina, ao meio dia e as dezoito horas, quando meu filho bem pequeno, nos fazia correr para praça, todos os dias, religiosamente para ver. A foto foi tirada na volta pra casa no dia da entrega dos lenços, que não foi em nenhum dos dias que idealizei, após arrecadar os muitos lenços enviados de todo o canto do mundo via correio na Campanha que nomeei de Lenços que curam. 
Doei toda a arrecadação ao NACCI uma casa de apoio a pacientes com câncer e suas famílias, pessoas que enfrentam a doença sem ter condições financeiras e emocionais, vindas na grande maioria dos interiores da Bahia. Um lugar onde encontram além do apoio de moradia e afetivo, encaminhamento para o tratamento em hospitais públicos parceiros, remédios, esperança de cura e amor dado por voluntários que trabalham pelo bem comum. Tudo a base de doações que as vezes são muitas, as vezes poucas, de notas fiscais, alimentos, material de limpeza e higiene em menor escala, roupas, mas eles também precisam de dinheiro e arrecadações mão a mão, por empresas, pequenas e grandes, por campanhas e por esforços individuais para que o dinheiro entre e pague as contas de luz, água, telefone, manutenção, infraestrutura, transporte dos pacientes e todos os gastos que uma casa comum e uma desse tipo tem.




Uma casa de apoio, apoiada e acompanhada pelas janelas por torres, como a da Igreja de Nossa Senhora da Divina providência, total sintonia e comandada regiamente pelo presidente e fundador, Clayton Oliveira, antigo morador de um prédio vizinho ao meu nos idos da infância e da adolescência lá no bairro de Nazaré, seu irmão era uma pessoa atenciosa e benta e hoje é padre, sua mãe parceira e apoiadora de seu projeto, vi numa foto parede de uma das salas com o papa João Paulo II, do lado de quem hoje ela está. Uma família sem dúvida divina. O lugar não tem luxo,  mas tem de sobra organização, higiene, receptividade e essas vistas abençoadas retratadas a cima.
O bairro onde a antiga construção está localizada, se chama Saúde (Amém!), velhinha por fora, cuidada e conservada por dentro a muito custo. A casa fica em uma rua pobrezinha, com problemas de violência a tráfico, mas Deus toma conta e Nossa Senhora do Rosário dos Pretos também vigia dali de pertinho, do Pelourinho além de outras santas, anjos e orixás, que creio dão  proteção ao lugar e a quem por ali está e passar.
A falta de receptividade foi um dos motivos das entregas não terem sido feitas em outros lugares, nos mais pops ou em alguns que me indicaram e que não tiveram desde boa vontade e horário disponível a julgamentos sobre a importância e serventia dos lenços para os pacientes. Lugares onde foi sugerido deixar os lenços na portaria ou recepção, que segundo depoimentos agendam as doações para que providenciem a organização e limpeza do local, lugares que atendem pessoas carentes e pessoas que podem financeiramente arcar com o tratamento  e comprar lenços e foi as que podem que direcionaram as doações. Lugares que se interessaram pela campanha, mantiveram contato, cortaram e realizaram projetos de incentivo ao uso e doação de lenços individualmente. Fui ainda questionada quanto a minha religião, se os lenços eram novos ou usados, se eu tinha o diagnóstico da doença e sendo que não o porquê de doar, caras, bocas e um desdém velado: Lenços?


Sim! Lenços! Muitos e de muitas estampas, tecidos, todos lindos e enviados com carinho, esforço e que fazem diferença, enfeitam, acalentam, levantam o astral e eu estava decidida a entregar nos corredores do hospitais os lenços sem marcar ou pedir autorização das partes competentes e incompetentes, ai na sintonia das boas energias e crenças em comum das coisas simples que podem ser coisas grandes, de que qualquer hora é hora para receber quem quer ajudar, qualquer boa intenção, religião vale, fui juntamente com minha mãe recebida pelo NACCI, seu fundador, pacientes e funcionários como que sendo da família e fizemos uma farra de bate-papo, escolhas e amarrações dos lenços, sem pesares ou frescuras, tiramos fotos, rimos, confraternizamos.
Mães ganharam lenços mesmo não estando doentes, para os filhos se animarem, se verem nelas, para o lenço não ser uma marca e sim um charme. Guardei um e amarrei na cabeça de minha vozinha quando cheguei na casa de minha mãe, cheia das boas energias que colhi e ela se achou a bonita. Dei alguns a outras pessoas contando que os frutos serão colhidos pela casa de apoio ou por alguém próximo, seja pelo exemplo, pelas fotos que serão tiradas ou pelo uso de lenços sendo desmistificado e popularizado.


Um menino com cabelinho já crescendo me disse que queria raspar para ficar igual aos outros. A menina que está o site e no panfleto da Campanha de pedido de doações, Silvany o nome dela, puro charme e simpatia, está já com as madeixas grandes (ela é a segunda da esquerda para direita na foto, com um lenço vermelho no ombro). Gabriel, o garotinho na foto abaixo, ao meu lado e do moço que carregou as sacolas de cima para baixo, foi o fotógrafo. Um menino com nome de anjo que foi um anjo de menino.


Obrigada a todos e registro do santo do dia dessa publicação da doação: dia de São Graciano, graças então e de brinde clica aqui, para ver uma Campanha de final de ano, que vi nos blogs de duas amigas que desenharia como anjas e colaria na parede de meu quarto se fosse adolescente, quem sabe um dia eu tenha um ateliê de arteirices e elas e tantas ouras pessoas queridas estarão lá em escritos, desenhos, cores, na imagem de uma joaninha, no azul gris, em trilhos de trem, notas musicais, em coisas simples, lenços, livros, listas, detalhes que inspiram, agregam, iluminam por dentro.

17 de dezembro de 2013

Culturices

"Comovo-me em excesso, por natureza e por ofício
Acho medonho alguém viver sem paixões"
Graciliano Ramos
Eu sou fã das culturices, regionalices, personagens, histórias e pérolas de Graciliano Ramos, bem como sou fã do ator Ney Latorraca, que se entrega em suas atuações, faz caras e bocas, pronúncias com entonações, sotaques e mimetismos. Ele é genuinamente teatral atuando e ao dar entrevistas é solicito, falante, gesticulante, apaixonado pelo que faz, diz na lata que é vaidoso, elétrico e impulsivo, pontuando as dores e delícias da fama e de falar o que pensa e sente.
E em meio a programação de final de ano da Globo, eis que vão passar histórias gracilianas recheadas de feitos épicos, em que um tal de Alexandre, representado por Ney tem o dom de contar causos e encantar os amigos. Um dos produtores do especial disse em uma entrevista que o personagem precisa contar causos para existir, não por dinheiro, mas pela necessidade de contar histórias. Fica a dica para espiar amanhã a noite o especial nacional na emissora global, ou ler Alexandre e outros heróis e as tantas outras histórias do grande Graciliano. 
Indo de um canal pop mas não muito cult para o canal mais educativo da tv aberta, a Cultura está de identidade visual retrô por conta de seus 45 aninhos no ar, resgatando o seu logotipo original e lançando a campanha Abrace: “Abrace o novo, abrace cultura”.
A campanha tem depoimentos sobre a história e a importância da emissora em vinhetas espalhadas por toda a programação, como comemoração e com o objetivo de convidar antigos e novos telespectadores para o universo variado e rico da programação e resgatar a memória afetiva dos telespectadores. Em junho de 2014, é o mês de aniversário do canal, com várias ações locais e pontuais como: “Abrace São Paulo, abrace cultura”, na semana do aniversário da cidade.
Com vossas licenças e graças! Inté amanhã, dia de abraços, espiadinha e espichadinha na Cultura, Alexandre, nós e outros heróis.

13 de dezembro de 2013

E se...

"E se as histórias para crianças 
Passassem a ser de leitura obrigatória para os adultos?
Seriam eles capazes de aprender realmente 
O que há tanto tempo têm andado a ensinar?"
Eu compartilho dessa reflexão e questionamento do mestre José Saramago, por quem tem um apreço imenso. Acho e já disse aqui várias vezes que, por exemplo, o livro O Pequeno Príncipe devia ser leitura além da infância, assim como O menino no espelho de Fernando Sabino, O fazedor de amanhecer de Manoel de Barros, A maior flor do mundo de Saramago (história animada aqui). Aproveito para elogiar as novelas da globo, pois venho observando que todas elas inseriram cenas com pessoas lendo e dizendo o nome do livro e do autor. Quem ai já reparou nisso?
Para hoje e todos os dias, meus desejos de boas práticas, leituras, garimpos, aprendizados e ensinamentos.

12 de dezembro de 2013

Estórias e Histórias

Antigamente o que acontecia pelo mundo era contado e recontado através dos contadores de histórias, viajantes que levavam e traziam relatos do que viam, ao pé da letra ou do tipo quem conta um conto, aumenta um ponto.
E foi assim até que Heródoto, um geógrafo e historiador grego que nasceu nos idos de 484 a.C., reuniu tudo aquilo que viu e ouviu falar dos costumes, mitos e histórias de diversos povos. ao longo de suas andanças, em um grande livro chamado Histórias. Ele foi considerado pelos seus sucessores como "pai da história" e como o "maior embusteiro". Você já tinha ouvido falar dele? Se não, agora você tem mais essa história para contar.
Dia desses alguém me lembrou em um comentário que haviam duas formas de escrever a palavra história. Antigamente o termo "Estória" era usado para contação de fábulas, contos, ficção e  "História" para contação de fatos sobre a humanidade, a vida de uma pessoa, seus feitos. Atualmente o termo "Estória" caiu em desuso e o termo "História" é usado em todos os sentidos.

11 de dezembro de 2013

Nadezas

Tudo merece um olhar
Se o ruim para o bom valorizar
Se o bom para a alma adornar
Nada é por acaso
Acaso decidamos questionar
Nada é em vão
Tudo e nada
Razão e emoção
Parece filosofia, loucura, mas é pura sanidade, é simples, claro e de muita utilidade entender que tudo é cheio de nadas e que tem nadas cheios de muitas coisas. Como o muito que há nas pausas entre uma palavra e outra, um assunto e outro, um dia e outro, uma e outra canção.
Na pausa, no nada, reside o processamento da informação, suspiros, intenções, emoções. Aproveitemos tanto a bolha de sabão quanto seu estourar, o dente de leão em flor e no ar, a agitação e o descanso, os sons e o silêncio. Existem muitas coisas escondidas no nada e nada onde parece haver muitas coisas.

10 de dezembro de 2013

Sem e com

Lembro que brincava nas escadas dos prédios onde morei, nos corredores, na área de circulação de baixo, meu filho também quando era pequeno brincou em corredores e na escada do primeiro prédio onde moramos, eu fazia bilhetinhos escondidos com pistas, mapas, uma caça ao tesouro. Num lugar sem espaço ele brincou bem mais do que no grande play do próximo prédio onde fomos morar.
Hoje adolescente não desce para bater papo, dar uma volta, ler lá embaixo, jogar, usar as salas de jogos, de ginástica, piscina e tudo mais que tem a disposição dele. Nem ele nem nenhum outro adolescente, que não vejo nunca nas vezes que saio e chego da rua. Raramente também vejo crianças menores, quando em vez, no máximo babás com as de colo, com carinhas de querer ir para o chão.
Sem área adequada nem equipada, brincávamos de pega-pega, se esconder, de pular elástico, bambolê, futebol, vôlei. baleado, mímicas. Sentávamos no chão ou ficávamos horas de pé, nos juntávamos para ouvir música, jogar baralho, dominó, falar besteira, desfilar roupas, perfumes, novidades, combinar saídas, fazer planos, falar da vida dos outros, da nossa, contar histórias.
Hoje os grandes e planejados espaços de socialização ficam na sua maioria as moscas, crianças e adolescentes cheios de não me toques, com distrações e socializações virtual. Muito sem graça, sem cheiro, sem gosto, sem pés sujos, sem suar, se descabelar, sem abraços, fotos, sem ter muito o que contar.

9 de dezembro de 2013

Capacidades ilimitadas

Somos capazes de tantas coisas que as vezes nem imaginamos e descobrimos isso testando, fazendo, por instinto, intuição, sugestão, necessidade, acaso. Todos temos potencialmente capacidade de superação, de adaptação, percepção, criação, temos força motora e interior e podemos atingir resultados surpreendentes, basta trabalharmos nossas fortalezas e fraquezas.
O ser humano é capaz de mudanças, improvisos, assim como de linearidade e constância. É inevitável termos que driblar medos, dúvidas, inseguranças, incertezas, perdas, dores, doenças, dificuldades e é imprescindível darmos a volta por cima, pelo lado, por baixo, sermos e fazermos pequenos e diários milagres. Somos uma obra-prima genial e assim devíamos nos comportar, utilizando nossas capacidades ilimitadas para nosso bem e o bem comum.
Fé, determinação, força, coragem e bons potencias potencializados é uma boa pedida para segundas-feiras e para todos os dias. Vamos que vamos!

7 de dezembro de 2013

Luz depois da curva

Eu tinha programado deixar por todo o final de semana a postagem de ontem e só voltar a postar na segunda. Mas um voo inesperado rumo ao céu, uma curva na estrada fez nascer essa publicação para uma pessoa tão pessoa, tão humana, tão poética sendo política, a quem dedico as poucas e significativas palavras de Pessoa: "A morte é a curva da estrada, morrer é só não ser visto."
Tenho em mim esse sentimento de perpetuação de todos em todos e em tudo, seja uma pessoa com poucos relacionamentos que vai ser lembrada pelo cara da padaria, a moça do supermercado e os coleguinhas da escola, que fez um banco que vai ficar numa praça por anos a fio, que riscou seu nome numa calçada ou no tronco de uma árvore, seja uma pessoa tão expoente como Mandela, que teve muitos e mundiais contatos pessoais e interpessoais, que fez marcas indeléveis, deixou lições, frutos, sementes, pessoais, sociais, morais, espirituais. 
Aparentado direto de Deus, sem sobra de dúvida. Como foi dito na recepção a ele aqui na Bahia em sua vinda em 1991: "A casa é sua irmão", acho que foi o que Deus disse a ele ontem, um dia após a sua chegada e bate papo com os anjos locais, em uma sexta-feira, dia de todos os santos aqui na Bahia, lembrando que ele partiu para sua terra Natal na época da estrela guia, um iluminado sem dúvida.

6 de dezembro de 2013

Visão fontana

Palavras, versos e visões 
Da poesia Canção de ver, de Manoel de Barros:
"Por viver muitos anos dentro do mato
Moda ave 
O menino pegou um olhar de pássaro
Contraiu visão fontana
Por forma que ele enxergava as coisas por igual
Como os pássaros enxergam
As coisas todas inominadas
Água não era ainda a palavra água
Pedra não era ainda a palavra pedra e tal
As palavras eram livres de gramáticas
E podiam ficar em qualquer posição
Por forma que o menino podia inaugurar
Podia dar às pedras costumes de flor"
Visão fontana é enxergar as coisas por igual, como os pássaros enxergam e isso não é coisa natural dos homens infelizmente, embora quando crianças se tenha essa visão.
Quando somos pequenos, por exemplo, e não sabemos ainda os nomes das coisas e aprendemos ficamos espantadas a cada olhar para elas, a cada pronúncia dos adultos dos nomes ditos geralmente com ênfase: O Cachorro! A Bola! Água! Depois, com o aprendizado, os adultos nada fontanos, tiram a cara de espanto, o tom, o encantamento associado a cada palavra e coisa e com isso, além das definições e usos determinados, limitamos as ilimitadas utilidades e sentidos de tudo.
Penso que vale seguir depois da infância investindo além dos aprendizados, pressões, limite, objetividade, pressa, lógica, em encantar-se, emoldurar, desconstruir significados, utilidades, importâncias, funções, seja das coisas, objetos, acontecimentos, pessoas e assim treinarmos, buscarmos, usufruirmos do olhar dos passarinhos, como que dando as pedras costumes de flor, como diz o fontano Manoel. Fica a dica!

5 de dezembro de 2013

Graça que não se lava

Outro dia Clara, uma das filhas de uma amiga, clareou e adoçou uma de minhas publicações, ver aqui. Eu não a conheço pessoalmente mas sei de suas histórias através do blog de sua mãe e sabendo que ela tem uma irmã, chamada Bruna e sendo eu de uma turma de quatro irmãos, sempre gostei de tudo repartido, tem para um tem que ter para todo mundo, nem que seja uma tarefa difícil como dividir uma bala em quatro.
A minha tarefa e objetivo não teve nada de difícil, pedi a dona mamãe para me agraciar com um desenho, frase ou historinha da Bruna e eis que para compor e acompanhar a claridade doce de Clara, segue historia com leveza de bruma da Bruna, com fantasia e graça que não se lava, não se explica.
Ela não é essa garota da imagem, que foi pescada na web, sem uma fonte precisa. Bruna quando tinha quatro anos teve um sonho que contou para mãe e que ao meu ver, revela nas entrelinhas um que de coletivo dos nascidos gêmeos, o sentir humano de toda criança e o entender com poéticos porquês.
"- Tive um sonho muito esquisito.
- Esquisito como? Conta!
- Foi depois que a gente foi ao circo.
Sonhei que o palhaço foi tomar banho e esfregava, esfregava o rosto, mas não conseguia tirar o vermelho do nariz.
Não é esquisito?
(Pensei antes de responder.)
- Não há nada de estranho, Bruna!
O vermelho do nariz não saiu porque não vai sair nunca.
- Como nunca?
- É que a alegria e a graça pertencem ao palhaço e não podem ser lavadas. Quem é que não acha graça do nariz do palhaço?
- Ah! Entendi!"

2 de dezembro de 2013

Sobre procurar

“Procura-se um equiibrista
Que saiba caminhar na linha que divide a noite do dia
Que saiba carregar nas mãos um fino pote cheio de fantasia
Que saiba escalar nuvens arredias
Que saiba construir ilhas de poesia na vida simples de todo dia”
Roseana Murray
A procura acima foi o tira gosto para a procura que vou sugerir, que vou pedir que seja sugerida, por ai, uns aos outros, as pessoas próximas e as desconhecidas, as vezes a solução para inquietações, dúvidas, angústias, enfermidades, está em procurar e achar o que nos faz bem, que para cada um pode ser algo bem diferente. Procure o que te faz bem! Incentive outras pessoas a fazerem o mesmo, seja para fazer como lazer, como profissão, seja um estilo de vida, um esporte, um hobbie.
Tem que ser algo que faça relaxar, refletir, descarregar, faça sorrir por dentro, por fora, faça o corpo se mexer ou parar quieto, faça tudo isso junto ou uma coisa só. Pode ser caminhar, correr, pedalar, nadar, mergulhar, surfar, pescar, malhar, dançar, fazer yoga, meditação, artesanato, curso de culinária, de decoração, de moda, de mecânica, soltar pipa, fazer origami, aula de japonês, de alemão, de malabares...
Pode ser algo que se tenha experiência ou que nunca se fez, nem mesmo se imaginou fazer, essas descobertinhas são transformadoras. Vai, se mexe, encontra sua válvula de escape, seu ponto de equilibro e faz alguém em sua volta encontrar também, faz bem, aposte nisso, é mais garantido e tão transformador quanto apostar e ganhar na mega-sena.

30 de novembro de 2013

Natal tropical

Essa imagem estava aqui na minha pasta de ilustrações e sempre que batia o olho nela a via como uma perfeita representação do Natal aqui na Bahia. Um calor de mil graus e no Shopping´s, vitrines e decorações caseiras e escolares: neve e casacos de lã. Oh God!
Quem é seguidor e passante aqui sabe que eu sou fã de tradições de todo tipo, lugares, culturas, mas acho também que sempre cabe uma intervençãozinha, um toque local, popular, pessoal, criativo, que hoje com tantas opções de materiais e trocas virtuais e reais de ideias, sair do pinheiro com algodão e bolas é o mínimo.
Na minha casa as árvores natalinas são cada ano de um jeito, já teve uma toda de bichinhos de pelúcia, outra com brinquedinhos de minha infância e da de meu filho, uma com cartões e mensagens, outra fotos, uma só de laços bem coloridos. Assim como todo ano tem presépio e cada ano com um cenário e personagens secundários diferentes, além dos enfeitinhos da estante, da cozinha, do jantar.
Quero viver para ver em um shopping grande, na tv ou em visitas a casa de amigos e parentes uma árvore cacto, ou um ipê no lugar de um pinheiro Papai noel de bermudão e camiseta, com barba feita e boné, de prancha, bonecos de neve serem sorvetes e picolés, ou aos pés do clássico pinheiro areia e barquinhos e por todo ele conchas e fios amarelos solares.
Aproveitando o tema decoração natalina, me contem do clima ho-ho-ho da cidade de vocês. Por aqui está tudo muito morno, poucas janelas, varandas, sacadas, tanto de empresas como residenciais, poucas recepções, caixas, casas com luzinhas e enfeites de Natal, pouco sorrisos e desejos Boas festas nos atendimentos, ruas, pouca programação de corais, presépios gigantes ou vivos, filmes em cartaz, peças. Sinto que o Natal está mais longe do que de fato está, que comprar os presentes é a única coisa para se resolver, que o carnaval é a próxima festa mais esperada, que famílias, casais, empresas, estão combinando viagens e não ceias coletivas e amigos secretos, que só se fala da virada de ano e o Natal tem um que de fora de moda. Será uma perda coletiva da magia? Da tão valiosa religiosidade? Terá aderido o espirito natalino as redes sociais e não me avisou?

28 de novembro de 2013

Palavras de nossas moradas

Sabiam que a palavra casa em Latim não era usada para nomear moradas em geral? As moradas maiores e melhores eram chamadas de domus. Daí derivou-se a palavrinha: domicílio e algumas outras. A palavra mansão, por sua vez, vem do Latim mansio, de mansus, particípio passado de manere, “ficar,permanecer”. Tal palavra acabou designando uma casa de grandes dimensões e de muito boa apresentação, onde permanecer não é nenhum esforço.
Telha também veio do latim: tegere, “cobrir”. Em Biologia, tegumento é o nome dado à pele que cobre um animal, tudo a ver. Pátio - como seria bom que todas as moradas tivessem um pátio e um quintal para a criançada brincar e os adultos flanarem. A palavra pátio vem de patere, “aberto, amplo, visível”.
Corredor é do latino currere, “correr”. Parte da casa que interliga os comodos e normalmente se mantém desimpedida, de modo que dá até para correr ao longo dela, imagino seja esse o sentido.
Li por ai que nos palácios franceses os arquitetos ainda não tinham incorporado a ideia do corredor, de modo que passava-se de um quarto pelo outro para se chegar até onde se queria e essa é uma das razões para as camas antigas terem aquelas colunas nos cantos e dosséis de tecido que ocultam o seu interior. Achei essa informação "inútil" o máximo, como li num blog amigo esses dias: "O supérfluo é coisa muito necessária" Voltaire
Quarto vem do Latim quatuor, cuja significação é “a quarta parte da casa”, não necessariamente em área, mas em função. Cozinha é do Latim coquere, “cozinhar”. Banheiro de balneum, “banho privado”.
A palavra “privado” é porque, na antiga Roma, era costume se tomar banho em estabelecimentos públicos, onde eram feitos encontros entre amigos e se discutiam as fofocas mais recentes.
Sótão, muito legal ter um sotão, a palavra vem do Latim subtulum, de subtus, “o que está debaixo”. Subentende-se: debaixo do telhado, da cobertura da casa. Hoje são poucas as casas que têm um espaço utilizável entre o telhado e o forro. Na casa de minha mãe tem e eu já subi lá e achei uma aventura. A existência dele está esquecida, tendo inclusive muita tralha por lá,  coisas que jamais vão ser usadas ou são necessárias tipo dois dias depois que se criou coragem para se livrar delas, sabem como é? Só de curiosidade, no clima da descontração, a expressão “ter macaquinhos no sótão” já foi muito usada para designar uma pessoa que tinha caraminholas na cabeça.
Porão, lá na casa de minha mãe também tem um que só se agaixando com juntas treinadas na yôga para entrar e se movimentar e vestimenta tipo uniforme da Nasa, pois deve ter de tudo por lá. A palavra latina de origem desse local pouco comum nas casa é planus, “liso, chato, plano”. Em náutica, nos navios, designa-se como porão o espaço entre o convés mais baixo e o fundo do casco.
Forro, também tem lá e esta palavra, ao contrário das outras, não tem origem latina. Vem do Francês antigofeurre, “guarnição interna” e em construções designa a separação horizontal entre o telhado e os aposentos. Acho muito chique esse termo, um dia ainda vou residir em uma casa enorme e dizer para alguém: - Vou para os meus aposentos!
Indo do luxo a realidade que muito vivi de baldes espalhados pelo chão, panos, puxa-puxa de coisas de lá para cá, barulhos de pinga-pinga. Quem vive ou já viveu numa casa de telhas, sabe dessas e outras histórias de goteiras e essa palavrinha gotejante veio do latim gutta, “gota”. Chega né! Cansei, tipo tivesse faxinado uma mansão.

27 de novembro de 2013

Devagar

"Viva cada segundo com respeito
Quando se movimenta rápido demais
Você perde o ponto de encontro entre a mente e a matéria 
E torna-se como a lebre
Que era mais ligeira, mas perdeu a corrida" 
Reflexão de Dadi Janki em Pérolas de Sabedoria
Nem lebre nem tartaruga para ilustrar
Escolhi essa ovelinha muito charmosa e simpática
Solicita, gentil e que mesmo com o peso da bolsa no pescoço
E o volume de balões
Parece bem equilibrada
Não contemos com leveza e falta de pesos
Barreiras, atividades
Para desacelerarmos
Para sermos gentis e nos equilibrarmos
Vou dar a voz a Monalisa Macêdo:
"Não importa o quão pesado sejam os dias e as horas que passam
A gente só precisa, mesmo, é de um pouco de leveza na alma
E todas essas coisas que transbordam no coração
A gente não precisar estar vazio para estar leve"

25 de novembro de 2013

Com sequências

Padre Fábio disse dia desses, em seu programa na tv, que passa no canal Canção Nova, que as ausências ocupam espaço e resolvi trazer essa reflexão para cá, pois acho que entender isso e aceitar é como arejar esses espaços e ter nosso interior arrumado, é como ter girassóis em nós.
Quando chega a época de Natal muitas pessoas sentem ausências, seja de pessoas, lugares, fases e até ausências do que nunca se teve. Eu lembro sempre de meu avô, por exemplo,  da presença dele nessa data e diariamente e não é com tristeza, pesar, com melancolia, não com uma não aceitação da perda, mas sim com aproveitamento sadio e agregador do espaço ocupado por sua ausência.
E esse aproveitamento das nossas ausências tem que valer para as grandes e as pequenas, as constantes e as pontuais, pela distância física por diversos motivos das pessoas que queremos bem ou pela falta de coisas não mais possíveis.
As vivências nossas do dia-a-dia são tesouros se assim arrumamos elas em nós. Eu, por exemplo, amo cortar unhas, se meu marido corta as dele sozinho para mim é como ir a uma festa e não me levar...muitos risos. Meu filho não me dá esse prazer prosaico pois roe todas. Meu avô era meu cliente assíduo, cortei muito suas unhas e também arranquei muitos fios grossos e dispersos de suas sobrancelhas. No quesito unhas ele era um bom garoto, mas em algumas puxadas de fios ele soltava palavrões bem feinhos.
Penso, que tudo marcante que vivemos, pessoas, lugares, sabores, acontecimentos, tudo tem espaço reservado em nós e as consequências e sequencias dos sentimentos e sensações devem ser de contemplação, como janela aberta e de movimentos positivos, como girassóis que miram a luz. Que assim seja!

23 de novembro de 2013

Nós maiores

Penso que somos muitos por estarmos nos outros e provocarmos sentimentos e movimentos por conta dessa nossa presença e assim sendo, há muitas pessoas em nós. Com o mundo, não é diferente, no que tange a natureza, as coisas materiais e espirituais, seja qual for nossa crença, temos o dever de sermos muitos, responsáveis, empreendedores, multiplicadores, zeladores do bem coletivo.
Não adianta que nosso mundinho esteja em perfeita harmonia, como li outro dia para descontrair, uma grande verdade é que amigos e parentes felizes, não enchem o saco, então os outros a nossa volta em pequena e grande escala, em harmonia são um ingrediente importante para o crescimento do "Bolo da felicidade".
Em uma linguagem mais literária e filosófica: "O fato de o mar estar calmo na superfície, não significa que algo não esteja acontecendo nas profundezas". E eis que na ilha da minha caixa de mensagens recebi por e-mail, de Ana Paula, a indicação de uma produção, ver trailer aqui
"Agente não nasce pronto e vai se gastando, a gente nasce não pronto e vai se fazendo", frase ímpar de Mário Sergio Cortella que colabora para essa produção, um filme filosófico, poético, provocador de uma busca de perguntas, de respostas, de autoconhecimento e entendimento do mundo e do que pode ser, em diferentes formas e dimensões a tão sonhada Felicidade.
"Cuidar é mais que um ato; é uma atitude. Portanto, abrange mais que um momento de atenção. Representa uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo." Bem definiu Leonardo Boff em um de seus discursos, de onde recortei cuidadosamente esse pedacinho e cuidado é algo que devemos ter para com quem amamos, para conosco, com as coisas, com o mundo em que vivemos. Cuidar de quem não conhecemos também é tarefa nossa. Querer tal coisa, achar tal coisa legal por exemplo, porque atende a muitas pessoas, gostos e interesses e não só aos nossos.
Quanto melhor podemos ser? Não mais, melhor, mais corretos, agregadores, mais leves. Quanto menos podemos ser? Menos julgadores, amargos, rancorosos, interesseiros, mascarados, inertes.
O que você conhece do mundo, dos fenômenos naturais, de ciência, geografia, física? O que você sabe da história da humanidade, do pais onde você nasceu, da sua cidade, da sua religião, de seus pais, seus filhos, sua esposa, namorado, avô...? "A vida é uma eterna mochila, pegue a tua e vai!" simplificou a cineastra Laís Bodanzky no final do trailler cujo link vale super a pena conferir, bem como a postagem em conjunto comigo, para ter mais força, multiplicar e somar, que Ana fez, clica aqui para ler e comentar. O filme estará em cartaz a partir desse mês e também disponível para venda e outras propostas: aqui.

22 de novembro de 2013

Ser e fazer feliz

Pão de açúcar era o meu pão preferido na infância
Um pão de leite, meio molhadinho, pesadinho
E cheio de açúcar em cima
E açucarada fiquei de ter sido lembrada pela amiga Rovênia
Contente que nem pão quente
A rima é rente, mas a imagem e minha contentação
Como pão quentinho na chapa ou no fogão
Foi o que me ocorreu para o nome da ilustração
E esquento com manteiga e açúcar as vezes vale a contação
Pois bem, a amiga lembrou de mim
Com o comercial da rede de supermercados Pão de açúcar
E desde que ela falou até eu ver
No canal pago pois aqui em Salvador não tem esse supermercado
Demorou o tanto que demora leite na panela para virar ambrosia
Divido com vocês a canção, para ouvir clica aqui
E que tenhamos sempre asas e raízes
Em tudo que nos faz felizes
Aproveito a ocasião para uma sugestão:
Que tal uma outra versão Clarice Falcão?
Ou cantoras e cantores de plantão
Do que a gente faz para fazer os outros felizes?
O que você faz, me diz?

20 de novembro de 2013

De todas as cores

Dia da Consciência negra
Dia de reverenciar e saudar
Não a cor
Nem nada por fora dessa raça
Mas o que ela teve e tem por dentro
E dela temos
"Gente que tira alegria da dor
Do batecum do batente
Todas as cores de gente
Contas de todos os guias
Uma nação diferente
Toda prosa e poesia"
Entre as aspas
Trecho de uma canção de Roberto Mendes
Um dos hinos da Bahia
Pela consciência do valor de todas as etnias
De todas as culturas e suas histórias
Heranças, raízes e matizes

18 de novembro de 2013

Interplanetária

Amei essa imagem e a nomeei de banho de sol
Me toquei com ela de que os anéis servem de bambolê para Saturno
 Como nunca pensei nisso?
Saturno deve se divertir a beça
Eu tinha até outro dia certeza de que eu era de marte, por conta do livro de Ziraldo, Meninos de Marte. Embora eu seja menina e isso não me diga muita coisa. O planetinha vermelho, além de regente dos nascidos sob o signo de Áries, me cativa pela sua cor, embora a minha favorita seja azul. Ai, me peguei pensando o outro dia na minha relação com o número 7, no gosto por anéis e senti uma afinidade súbita com Saturno. Tem Vênus também de onde se garante serem todas as mulheres. Tem ainda a auto definição lunar de Cecília Meireles: de cheia a minguante, que por vezes me representa. Sem falar de meu lado solar. Ando desconfiada que sou interplanetária!

16 de novembro de 2013

Dicas

Resolvi dar dicas para o final de semana, para pipocar ou ficar piruá, de fazer nada a fazer tudo ou o que der, o que você gosta, ou o que seu parceiro gosta (com cara de alegria de comercial de margarina). Vale comer aquela pizza mega calórica ou tomar um sorvete cheio de calda como se não houvesse amanhã, vale  fazer dieta em pleno final de semana, visitar alguém doente, levar sua vó pela primeira vez na Mac Donald´s, seu cachorro na praia, vale empinar pipa pela primeira vez, vale ir no mesmo lugar de sempre ou ver tv o dia todo, porque nem pessoas, nem finais de semana, nem gostos, nem necessidades, cabem em tratados, listas, bulas e o que serve para um não serve para o outro, vale deixar para nunca o que não fizer hoje ou deixar para amanhã, para o final de semana que vem.
Para finalizar uma dica para as compras pessoais ou para presentes de Natal e de outras datas. Uma proposta de valorização e divulgação em prol dos produtos e serviços feitos por artistas criativos(as), independentes e nacionais. Clica aqui para conhecer algumas pessoas que fazem arte e fazem parte desse movimento, chamado: Compro de quem faz.

15 de novembro de 2013

Haicais, Mindins e Hanamis

A primavera fala
Ipês e porquês

Perfumando sentidos

O ipê, eu e você
Florescer é saber-se
E sempre buscar a luz
Haikai é uma forma poética de origem japonesa, que valoriza a concisão e a objetividade. Os poemas têm três linhas, na primeira e na última: palavras que somem cinco sílabas, na segunda linha: palavras que somem sete sílabas. Em português abrasileirado escreve-se: Haicai e em português de Portugal: Haiku.
Em japonês esses tipos de poemas são tradicionalmente redigidos e impressos em uma única linha vertical, em português a tradição é em três linhas. Geralmente, uma pintura chamada de haiga, acompanha o haicai. Haijin ou haicaista é o nome que se dá aos escritores desse tipo de poema.
Água
Frescor
Força

Jorra
Cai
Ecoa

Soa
Paira
Pluvia
Criação da autora Luna Di Primo, o Mindim é um outro tipo de poema extremamente sintético e um desafio criativo e linguístico a poetizar e comunicar algo com 3 versos de 2 sílabas cada, sem preocupação com rima ou sonoridade. Poema curto e simples que pode ser longo e denso em reflexões, profundidade e possibilidades.
Esses mindins acima eu fiz para as Cataratas do Iguaçu e os haicais são sobre ipês e a primavera, foram meus primeiros, escritos a convite da amiga Elisa e publicados em seu blog. Grata!
Iniciando a postagem, coloquei a foto da cadelinha de minha irmã que se chama: Hanami, um nome que comunica com o tema da postagem. Para quem não sabe ou não lembra,  esse é o nome de um costume tradicional japonês de contemplar a beleza das flores, em especial as cerejeiras que florescem entre os meses de março e maio por todo canto no Japão e são um espetáculo reverenciado, visitado e contemplado pelos orientais e por turistas de toda parte como valorização da presença, beleza, completude, delicadeza e ensinamentos da natureza. Uma sexta-feira plena e florida a quem o bem semear.

14 de novembro de 2013

Na estrada do sossego

"Esqueci a tal exatidão
Dar nome aos bois
Colocar os pingos nos “is”
Bater de frente
Tirei férias disso tudo
Se algum desaforo bater à minha porta
Não atendo
Canto ciranda, enfeito minhas tranças
Converso com a esperança
Perdi minha mala carregada de ressentimentos 
Na estrada do sossego mudei a rota
Arranquei as portas que aprisionavam meu sorriso
Me perdi do tempo 
Me encontrei em mim"
Renata Fagundes me traduziu, terapeutizou
Arrasou!
Sem mais, sem ses, porém e contudos
Colecionemos menos quinquilharias na mente e no coração
Adocemos o paladar, o sonhar, o pensar, o falar, os passos
A estrada do sossego é a melhor para se estar e nela seguir

12 de novembro de 2013

Alegrias e tristezas

As vezes esquecemos o valor imensurável de abrir a torneira e sair água, de ter água abundante para gastar em higiene pessoal, para cozinhar, lavar roupas, água limpa para beber. Esquecemos da maravilha que é apertarmos um botão e termos luz, conectarmos tomadas e os aparelhos funcionarem. Não damos muitas vezes o devido valor e não agradecemos por essas graças de nossos dia-a-dia.
Reclamamos dos barulhos urbanos como os das obras que constroem e reconstroem nossas cidades sem lembrar que barulhos estrondosos e devastadores derrubam cidades de países onde há terremotos, vendavais e outras catástrofes ambientais.
Nos abalamos com a morte de um individuo, seja de nosso convívio ou no noticiário e o que dizer de números de três dígitos de pessoas que se vão de repente e que deixam outras tantas partidas aos pedaços?
Muito triste o que está acontecendo nas Filipinas, o que a chuva e os ventos estão fazendo em algumas cidades brasileiras, o que a falta de chuva faz nos lugares devastados pela seca, uma cutucada em nossas caras de paisagem e mil exigências, para que a gente dê valor ao que tem, para que as alegrias dos momentos tão comuns sejam redimensionadas, que as nossas faltas sejam colocadas no patamar do suportável, pois temos muito e sabermos disso é sabedoria.

8 de novembro de 2013

Graciliano, eu, Ana e Luiz Ruffato

Uma postagem de peso, eu sou o contrapeso no meio (risos). Do tamanho do final de semana, com energia e desejos de sexta-feira. Vale a pena ler para quem gosta de ler e de escrever.
Amo ser traduzida, escrita, falada, representada. Para mim nas palavras do grande Graciliano, escrever é paralelo a "como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer. "
Hoje começa a Bienal do livro Bahia 2013 que vai acontecer aqui em Salvador. Trarei de lá resenhas, crônicas, poesias, filosofias, retratos, retalhos novos, remendados, lisos e estampados para essa colcha de escritos, imagens, experiências, pensares e sentires que é meu blog.
Para costurar ao gracianar poético de escrever e lavar roupas, trouxe uma frase da escritora que como adulta e criança admiro muito: Ana Maria Machado, presidente da Academia Brasileira de Letras, que disse sobre a abertura da Feira do Livro de Frankfurt respondendo ao que chama-se de "Nova cultura literária" tida como degradante para alguns: "Não acho que seja cultura literária, então não é degradação. Nem todo livro é literatura: do catálogo telefônico à bula de remédio, passando por alguns best-sellers".
Para fechar, tipo café quentinho com pão de minas, após muita roupa lavada e estendida no varal ou sob pedras, segue pedaços do discurso do mineiro Luiz Ruffato, na Feira de Frankfurt, fazendo uso da palavra em um evento onde as pessoas são leitoras, escritoras, educadoras, comerciantes e difusoras de cultura, de saber e portanto formadoras de opinião e capazes de transformar o mundo.
"Para mim, escrever é compromisso. Não há como renunciar ao fato de habitar os limiares do século XXI, de escrever em português, de viver em um território chamado Brasil. Fala-se em globalização, mas as fronteiras caíram para as mercadorias, não para o trânsito das pessoas. Proclamar nossa singularidade é uma forma de resistir à tentativa autoritária de aplainar as diferenças.
O maior dilema do ser humano em todos os tempos tem sido exatamente esse, o de lidar com a dicotomia eu-outro. Porque, embora a afirmação de nossa subjetividade se verifique através do reconhecimento do outro é a alteridade que nos confere o sentido de existir, o outro é também aquele que pode nos aniquilar.
Invisível, acuada por baixos salários e destituída das prerrogativas primárias da cidadania moradia, transporte, lazer, educação e saúde de qualidade, a maior parte dos brasileiros sempre foi peça descartável na engrenagem que movimenta a economia: 75% de toda a riqueza encontra-se nas mãos de 10% da população branca e apenas 46 mil pessoas possuem metade das terras do país. Historicamente habituados a termos apenas deveres, nunca direitos, sucumbimos numa estranha sensação de não-pertencimento: no Brasil, o que é de todos não é de ninguém...
O Brasil surge como uma região exótica, de praias paradisíacas, florestas edênicas, carnaval, capoeira e futebol; ora como um lugar execrável, de violência urbana, exploração da prostituição infantil, desrespeito aos direitos humanos e desdém pela natureza. Ora festejado como um dos países mais bem preparados para ocupar o lugar de protagonista no mundo: amplos recursos naturais, agricultura, pecuária e indústria diversificadas, enorme potencial de crescimento de produção e consumo; ora destinado a um eterno papel acessório, de fornecedor de matéria-prima e produtos fabricados com mão-de-obra barata, por falta de competência para gerir a própria riqueza...
O que significa habitar essa região situada na periferia do mundo, escrever em português para leitores quase inexistentes, lutar, enfim, todos os dias, para construir, em meio a adversidades, um sentido para a vida?
Eu acredito, talvez até ingenuamente, no papel transformador da literatura. Filho de uma lavadeira analfabeta e um pipoqueiro semianalfabeto, eu mesmo pipoqueiro, caixeiro de botequim, balconista de armarinho, operário têxtil, torneiro-mecânico, gerente de lanchonete, tive meu destino modificado pelo contato, embora fortuito, com os livros. E se a leitura de um livro pode alterar o rumo da vida de uma pessoa, e sendo a sociedade feita de pessoas, então a literatura pode mudar a sociedade."

7 de novembro de 2013

Vivendo e aprendendo a jogar

Sabe aquele joguinho de letras, cada uma em um quadradinho, dentro de um quadrado, com uma vaga, tipo um que falta e que faz podermos deslizar os com as letras para formarmos palavras? 
Um quebra-cabeça, joguinho de desafio, não importa o nome, a história é que esse joguinho sempre vem em minha mente nas ocassiões de arrumar compras ou objetos em espaços já povoados com coisas e no cotidiano entra e sai de elevadores. Nos dois casos faço uma referência da lógica que é necessária e da elegância também, para que cada letra, coisa, pessoa se acomode, de modo a cada um em particular e o todo ficarem confortáveis, dentro de um espaço comum.
Ao escrever o que seria só essa relação que faço e até já verbalizei algumas vezes, observei que nesse joguinho e nessas situações é necessário alguém a guiar com as mãos ou o olhar de fora, de jogador, de encaixe e não de interesses pessoais, pressa, desatenção.
Nas letras soltas em busca das palavras por inteiro ou coisas soltas em busca de espaço é mais "fácil" a movimentação do que com pessoas, que não são conduzidas com simples toques e olhares, nem ordenadas, como letras, palavras, objetos.
As nossas mãos, gestos, olhares, palavras, coração tentam e sonham mover os outros com toques mas a medida que amadurecemos, buscando respostas e fazendo perguntas, descobrimos que não é possível guiar as pessoas como peças, com pessoas o jogo é outro. No jogo dos relacionamentos ao contrário do das letras, nos movemos e com isso as outras peças se movem.

5 de novembro de 2013

Sobre ser tão sertão

Tem expressões que nos representam
E frases, textos, histórias, imagens
Por nossa escolha ou por ser assim que somos vistos
Referências recheadas de sentidos e sentimentos
A expressão: "Ser tão sertão"
E as expressãos através de ilustrações
Me representam
E fui representada nessa junção
Pelo poeta e ilustrador Alexandre Reis
Uma honra, um presente
Assim como tenho com honra e como presente
Seja no sotaque, no que gosto, valorizo, creio
Como cobertura e recheio
O ser nordestina, sertaneja porque não
Comedora de farinha, retada, corajosa, destemida
E como um cordel encantado
Ou prece em forma de toada
Segue explicado em forma de poesia
No todo e nas entrelinhas
Um pouco de mim
De todo sertanejo e de ser tão sertão
Nas palavras e sentimentos da encantadora escritora Lígia Guerra
"Por que carrego doçura na alma e asas nos pés?
Porque sinto a vida além do óbvio
Porque enxergo sol em dias de chuva
Porque amo até mesmo o desamor
Porque acolho cada gesto com os braços do coração
Porque perfumo o caminho das estrelas
Porque componho alegria na poesia da tristeza
Porque desejo colorir a vida com olhos de fé"
Doçura em nossas almas, olhares, gestos
Numa correlação com rapadura
Tenhamos cuidado 
Pois o mundo é doce e duro
E nós temos que ser delicados
Sem deixarmos de ser fortes e guerreiros
Equlibristas, manobristas, garimpeiros
E que ao inspirar sintamos cheiro de terra molhada
De mar, de chuva, de alvorada
Café coando, pão assando
Balanço e abraço de rede
Que nos visitem passaradas
E entre secas e brotares 
Sigamos com fé nossas caminhadas

4 de novembro de 2013

Para se lambuzar

"Não coma a vida de garfo e faca
Lambuze-se"
Quintana
Os alimentos tem o papel de alimentar, dar prazer e ao mesmo tempo são um canal com lugares e pessoas. Almoço em família, receitas de vó, de mãe, pratos de botecos ou de grandes restaurantes, típicos de nosso lugar ou dos muitos lugares mundo afora, histórias e sentimentos sempre são associadas aos alimentos.
Cadernos e livros de receita são ferramentas de trabalho, manuais, objetos de colecionar para muitos, herança para alguns, uma incógnita para os que nem fritam um ovo mas vêem nos ingredientes e ilustrações, páginas encantadas, recheadas de mistérios, curiosidades, possibilidades, aromas, sabores.
Associei a frase de Quintana a fruta da imagem no quesito lambuzar-se e em reverência a vida pulsante em nós dos que nos cercam e nutrem, com alimentos para o corpo e para alma, estejam essas pessoas ao nosso lado ou já em outro plano. Essa mistura de sentimentos, sentidos, pessoas e alimentos veio parar aqui por recentemente eu ter ganhado um livro de receitas muito especial.
Culinária com jeito de poesia é uma definição resumida do livro da Editora Sagui, de nome: "Comer com os olhos e lamber com o Coração", um apanhado maravilhoso da culinária mineira, recheado de palavras, imagens e entrelinhas cheias de cores com tons poéticos.
A história do livro em resumo é assim: o escritor Marcílio Godoi convocou duas sobrinhas e de mãos familiares enfarinhas, colheres em punho, sumos de fotos, ingredientes diversos, histórias, versos, prosas e memórias se deu a preparação e publicação das receitas da matriarca da família, Dona Etelvina.
Um livro que não só imortaliza a amada figura familiar que ela foi e sempre será, como também registra para admiração e reprodução as suas receitas, que são de lamber os dedos, beiços, vasilhas, pratos, são um pouco da vida de cada membro da família e serão assim perpetuadas e espalhadas para os membros vindouros e para membros de outras tantas famílias.
Nas fotos o sorriso de Dona Etelvina, sua habilidade e intimidade com a arte de cozinhar, transparentes em imagens estáticas, os utensílios, as palavras de seu filho, tudo junto e separado confirma que não é preciso receita para saborear a simplicidade e o amor, temperos de uso irrestrito, harmônicos e indispensáveis para tudo na vida.

1 de novembro de 2013

Poesia para todos os dias

"Não sou perfeito
Estou ainda sendo feito
E por ter muito defeito
Vivo em constante construção

Sou raro efeito
Não sou causa e a respeito
Da raiz que me fez fruto
Desfruto a divina condição

Em noites de céu apagado
Desenho as estrelas no chão
Em noites de céu estrelado
Eu pego as estrelas com a mão
E quando agonia cruza a estrada
Eu peço pra Deus me dar sua mão"

Palavras de Pe. Fábio de Melo
Estrelas em plena luz do dia
Por uma sexta-feira peneirada de luz e alegrias
Poesia para todos os dias
Oração para um novembro de bençãos
Mãos dadas e paz no coração

31 de outubro de 2013

Sacis, bruxas, doçuras e travessuras

Ilustração de um "Saci Pererê" japa, do jornalista Dilai Aguiar

O dia 31 de Outubro é mundialmente conhecido como o dia das Bruxas ou Halloween, festa típica que acontece nos países anglo-saxônicos, com especial relevância nos Estados Unidos. Aqui no Brasil comemora-se na mesma data o dia do Saci, símbolo do folclore e personagem presente em muitas histórias populares, além das que protagoniza. Clica aqui e aqui para ver posts passados onde "falei" do danado.
A festa do dia das bruxas como tantas outras tradições americanas, é um das que gosto, fiz algumas para meu filho em sua infância e curti como uma criança. Na minha infância não tinha essas comemorações. De bruxas, como filha de espanhóis, tradição é a frase extraída do livro Dom Quixote de Miguel de Cervantes: "Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay".
O evento pop tem origem em celebrações e rituais de povos antigos e a palavra Halloween tem muitas histórias de origem, uma é de que no século V DC, na Irlanda Céltica, o verão oficialmente se concluía em 31 de outubro e hallowinas era o nome dado às guardiãs femininas do saber oculto das terras do norte (Escandinávia).
Outra é que originou-se de uma versão encurtada da All Hallows' Even, a Noite de Todos os Santos, uma data do calendário católico de onde advém a brincadeira dos "doces ou travessuras" originária de um costume europeu pelo 2 de novembro, o Dia de todas as almas, chamado aqui no brasil de Finados, no qual os cristãos iam de vila em vila pedindo os chamados bolos de alma (quadradinhos de pão com groselha). Para cada bolo que ganhasse, cada um devia fazer uma oração por um parente morto de quem desse. Acreditava-se que as almas permaneciam no limbo por um certo tempo após sua morte e que as orações ajudavam que fossem para o céu.
Na Espanha, por exemplo, o dia 31 de outubro coincide com a colheita de castanhas e das famosas, apetitosas e assustadoras abóboras e acontece por lá uma festa além do Halloeen, a “Castanhada”. E lá, assim como no Brasil, ainda se mantém antigas tradições no Dia dos finados, das almas, ou das pessoas santas como se chama em alguns lugares,  como a reverência aos mortos, indo aos cemitérios para limpar os jazigos, "conversar" com as almas, rezar, levar flores.
O poder do marketing americano cuida de universalizar esta festa para proporcionar benefícios econômicos em vários setores, como em parques temáticos, livros, cinema e até na gastronomia e tanto aqui como na Espanha e em diversos lugares do mundo,  as festas de aniversário, escolas de idiomas, escolas de todas as faixas etárias e o comércio em geral enfeitam-se com as cores e os símbolos clássicos da data.
Curiosidades coloridas e uma sacizice para fechar a postagem: Laranja é a cor da vitalidade e da energia que gera força e os druidas acreditavam que nesta noite, passagem para o Ano novo Celta, espíritos de outros planos transmitiam boas energias através da cor. O preto é uma cor tida como gótica e cor sacerdotal das vestes de muitos magos, bruxas, feiticeiras. O roxo e o lilás são cores tidas como espirituais, cor da magia ritualística. Uma pena a pouca popularização e uso da imagem e da história do Saci, além do dia do Folclore, a reverência e presença dele em seu dia que é hoje, as escolas, no comércio. Ele não se faz de rogado de ficar ao lado de bruxas e abóboras. O uso de cachimbo e maus exemplos como justificativa não vou nem enumerar como prerrogativa. Valorização da cultura nacional, raízes, com direito a misturas. Globalizar não é adotar o que vem de fora empacotado, é associar, misturar, chupar cana e assoviar, ter uma perna só e mil braços para abraçar o que for bom de se agregar. Cores, doces, culturas e travessuras para hoje e para todos os dias!

30 de outubro de 2013

A partir dessa definição do poeta ilustrador passaversista, aparentado com Guimarães e Manoel, Alexandre Reis, concluo que inventar vocabulário, seria: inventabulário e cavucar e compartilhar criações alheias: cavucalhamento. Quem assina e aprova?
Já que coloquei Manoel na roda, não posso deixar de falar como cantiga que diga o tanto que tenho de bom a dizer sobre. Além de um palavrista, poeta e inventor de imagens que comungam sonho e realidade, com cheiros e sons de natureza, esse senhorzinho menino desafia a lógica e a imaginação dos seus leitores, é um cavucalhador de mentes e corações.
Orquestrando as palavras que todos conhecemos com outras paridas e algumas entrelaçadas em um cavucabulário invencionático compartilhado com quem tem asas, ele aproxima seus leitores do poder inerente a todos, o da criação e faz intima e produtiva a relação pessoal e coletiva com os ruídos e silêncios da natureza e das coisas.
Flora e fauna passam a ser para quem o lê, percursionistas e entre os cheiros das cores e gosto do vento, tampas de panelas, parafusos, portas e pratos ganham novos significados. Palavras, iluminuras e sentidos que que se unem em poesia, que cantam os valores que não estão nas coisas, estão em nós.