domingo, 30 de agosto de 2009

Nós somos chatos

Mais uma tirinha do genial Tiago Nepomuceno aqui no Barzinho:


Ir em algum show na companhia de um músico nunca é um bom negócio. Nós somos chatos, detalhistas, temos prazer em perceber os erros, falhas, e contar pra todo mundo. Não conseguimos simplesmente desligar o lado profissional e curtir o show como público, sem maiores exigências. Dizemos que o som está abafado, que o cabo está com mau contato, que o baterista atrasou o andamento, que o cantor errou a letra, criticamos, criticamos, criticamos, somos cri cri até.

É a mesma raiva de um ator assistindo à interpretação de um canastrão, de um chef provando um prato sem sabor, de um engenheiro percebendo falhas na obra ou de um médico deparando-se com um diagnóstico errado.

De vez em quando elogiamos também - às vezes com uma pontinha de inveja de não estar em cima do palco. Quando o show é bom, ficamos com a alma lavada, voltamos para casa felizes, renovados. E, claro,com um novo estímulo para largar de preguiça e voltar a estudar escalas e harmonias.

Amigos que não são músicos, tentem ter paciência com a gente! Somos chatos assim porque amamos esse lance de estar em cima do palco, fazendo algo que, se não vai mudar o mundo, vai fazer as pessoas felizes (pelo menos por uns minutinhos)... e é revoltante ver essa mágica ser mal executada por desleixo, incompetência ou qualquer outra razão. Música é nosso amor, e sempre queremos o melhor para quem a gente ama, certo?

E, sim, o Tiago tem toda a razão: a mizinha SEMPRE está desafinada. E tenho dito!

História dos hinos dos clubes

Pessoal, como vocês já viram lá no canto da página, agora toda quinta estou na Rádio Trianon falando curiosidades sobre música e esporte.


Nosso assunto tem sido a históra dos hinos dos principais clubes paulistas. Então, em breve, aqui no Barzinho, vão rolar essas curiosidades também.

Quem está em Sampa é só sintonizar:


Rádio Trianon 740 AM
Programa Estação Trianon nos Esportes
Horário: das 20:00 às 21:00
Apresentação: Juliana Vasconcelos

E, quem não está na terra da garoa, vai poder conferir aqui no Barzinho tudo o que rolar no programa!


Histórias de todos os times pra vocês! No próximo programa, a história do hino do Corinthians.

Fiiiiiiiiiiiim de papo no Blog do Barzinho!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Vânia Valerie* responde

Alô, doçuras!
Tia Vânia Valerie* foi visitar sua talentosa prima Mathildhe Christhina e voltou pela Marginal do Tietê, pegando a ponte errada e dando a volta no mundo.
Ainda assim, com um sorriso no rosto, aqui estou para responder às perguntas dos músicos e internautas. Aproveitando o fio da meada, agradeço a paciência e o carinho de vocês (Bárbara, obrigada pelo selo, querida!) que clicam aqui todos os dias, mesmo quando essa palerma da Gigi fica jogando Free Cell ao invés de atualizar o blog.


Vamos, então, elucidar duas questões que fazem vocalistas arrancarem os cabelos!

1- Tia Vânia, esqueci minha pasta de letras e não tenho como voltar para pegar! E agora?


Não se desespere, temos várias alternativas:

Caso haja uma lan house por perto e você tenha dérreal na carteira

Solte três rojões e agradeça a Santo Expedito pela graça alcançada. Entre em qualquer site de compilações de letras e imprima todas as 75 do seu repertório que você não sabe de cor.

Caso não haja lan house ou dinheiro

Se o show for em circuitos culturais alternativos, diga que esse show irá levar todos a uma reflexão sobre a inocência perdida e a infância desestruturada. Cante "Parabéns a você", "Atirei o pau no gato", "Borboletinha tá na cozinha" e brinque de palminhas com a plateia. No bis, faça um medley de "Ciranda, cirandinha" com "Caranguejo peixe é", que são bem animadas.

Caso seja um bar mais tradicional, atrase um pouco o show para dar tempo de as pessoas beberem mais. Assim você poderá traduzir letras do inglês para o embromês sem que ninguém perceba muito bem. Resolva o problema das letras em português cantando só as frases ou palavras que você sabe e gritando "AGORA SÓ VOCÊS!!!!". Todos vão cantar juntos, felizes e adorando o cantor interativo, que faz a plateia participar tão intensamente do show.

Sugiro também comprar ginko biloba para melhorar a cabecinha de vento: se você não memorizar as letras, pelo menos, vai se lembrar de pegar a droga da pasta.



2- Tia Vânia, vivo pedindo para o baterista e o guitarrista da minha banda tocarem mais baixo e eles me ignoram. Deixo o volume do microfone o mais alto possível e mesmo assim não consigo me ouvir. O público sempre reclama que não consegue ouvir nem entender o que eu canto. Saio rouco dos ensaios e shows. O que eu faço?


Cientistas de uma renomada faculdade concluíram um estudo em que expuseram o mesmo número de bateristas, guitarristas e paredes ao estímulo "abaixar volume". O número de paredes que atendeu ao pedido foi 66% maior que dos guitarristas e 87.3% maior que dos bateristas.

Em suma, arrume uma caixa de som ou um fone de retorno exclusivo para voz para, pelo menos, você não ficar rouco - porque o público nunca vai conseguir te ouvir quando tem um ogro surrando uma bateria e outro colocando o volume do amplificador no 10.



Vingue-se em oito passos simples:



1 - use protetores de ouvido (desses de natação);
2- dê um jeito de escondê-los (capuz, gorrinho estilo Chaves, cobrir com cabelo, etc);
3- certifique-se de estar próximo à mesa de som, de modo que você possa controlar o volume do seu microfone;
4- ensaie normalmente. O protetor não vai isolar totalmente o barulhão que o povo da sua banda faz e você não vai perder as referências;

5- quando o ensaio começar a ficar alto demais, aumente TODO o volume do seu microfone, gerando aquela microfonia INSUPORTÁVEL (lembre-se de que você estará com seus protetores de ouvido e esse barulho não será tão estorvante para você);

6- continue cantando como se nada estivesse acontecendo até alguém parar de tocar para te xingar e pedir para abaixar;

7- sorria malignamente e diga que tá todo mundo com o ouvidinho muito sensível;


8- repita o procedimento até todos aprenderem que volumes altos não são legais.

Enfim, bêibis, espero que as dicas sirvam a todos os "canários". E, por favor, se alguém aplicar os Oito Passos da Vingança, não deixe de dar seu depoimento.

Mais uma coisinha: Gigi sairá do Free Cell toda quinta feira, das 20:00 às 21:00 para participar do programa Trianon nos Esportes. O quadro "O som do esporte" sempre vai trazer uma curiosidade relacionada aos dois universos. Então, quem for de Sampa, sintonize 740 AM e confira!

E agora vou, que Morfeu me abre seus braços.


*pronuncia-se Valerrí

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Ciúme de você



Janjão era um baita baixista. Um groove sensacional, excelente pegada, um músico de primeira. Também era um profissional dedicado: constante nos ensaios, músicas sempre bem tiradas, horários de shows cumpridos, instrumento e equipamento sempre em ordem, birita só depois do show.


Tudo muito bom, tudo muito bem, mas, apesar de todos esses pontos a favor Janjão era carne de pescoço. Um mau humor já folclórico entre os músicos com quem costumava tocar. Uma cara sempre meio fechada, cigarro no canto da boca (embora, quando a banda tocava com pegada, mandando aquele seu tema de jazz preferido, ou aquele blues cheio de feeling, dava pra ver um projeto de sorriso). Uma figuraça.

Janjão também era louco pra se meter em uma encrenca, um típico sujeito metido a machão que, intimidando os rivais com seu metro e noventa, não era de levar muito desaforo pra casa não.

Mas um dia, alguém dobrou esse valentão. Seu nome era Roberta - ou, simplesmente, Bebé.

Loirinha, olhos azuis enormes, rosto de menininha. Delicada, meiga, bem humorada, fã da Sade e da Norah Jones. Ninguém diria que, em qualquer circunstância do mundo real, iriam se apaixonar... mas o mundo real nunca primou por fazer sentido. Dois meses depois daquele guardanapo pedindo "Smooth operator", trocaram as alianças de compromisso.

Bebé acompanhava os shows do namorado com prazer. Sempre que podia, lá estava ela nas Vilas Olímpia ou Madalena (ou qualquer canto de Sampa), curtindo sua cerveja, pedindo músicas e aplaudindo. Na maioria das vezes, ia com as amigas e conversava também com todas as esposas do baterista e do saxofonista. Mas um dia todo mundo furou e Bebé ficou na mesa sozinha.

Ela não se importou... mas Janjão não gostou nada, nada. Errou tudo o que tinha direito no show, tocou distraído, não tirou o olho da sua Bebé. Encarou um sujeito sentado sozinho na outra ponta do bar com seu melhor olhar de ogro- o desgraçado tava secando sua mina! Até o tecladista, que era totalmente zen, olhou meio torto - errar "I feel good" foi demais, bicho!

A próxima música era uma de suas favoritas - e uma das melhores que a banda fazia. Todo mundo improvisava, aquele som exigia o melhor de todos e o resultado sempre era ótimo. Não podia fazer feio. Mesmo porque era a última música antes do intervalo e aí já ia chegar junto da sua namorada e deixar bem claro para o bar inteiro - principalmente pra aquele filadamãe sentado na outra ponta - que aquela loirinha estava muito bem acompanhada.

Improviso de batera. Solo maravilhoso! Banda inteira de olhos fechados, curtindo o som. Menos Janjão, que mantinha os olhos bem abertos e as antenas bem ligadas.

Junta-se o baixo. Janjão improvisa alguns compassos e faz uma pausa. É a deixa do guitarrista que, de olhos fechados, entra com um solo inspiradíssimo e pensando: "grande Janjão! Tem tanto feeling que parou para a guitarra entrar com tudo!". Levou um baita susto quando o batera parou no meio da estrofe e começou a gritar: "Larga o cara! Larga o cara!".



Janjão parou seu solo foi pra sentar a porrada naquele filadamãe que, descaradamente, olhou para a bunda de sua namorada quando ela se levantou para ir ao banheiro. A banda inteira foi apartar, uns clientes do bar saíram correndo (uns com medo, outros aproveitaram a zona pra sair sem pagar), outros também tentaram separar. Bebé ficou sem ação.

Saldo da noite: banda expulsa do bar, Janjão expulso da banda e três dentes expulsos da boca do filadamãe que, sim, tinha olhado descaradamente para a bunda daquela loirinha gata que estava sozinha, numa mesa próxima ao palco.




PS: Os nomes foram trocados para preservar a identidade dos nossos protagonistas. Mas que aconteceu, ah, isso aconteceu!