Hakuna mkate kwa freaks.
sábado, dezembro 31, 2005
O Ogre
Os meus filhos foram poupados a essa malfeitoria. Cá em casa a SIC não existe. Agora, gostava é que a AACS não só quisesse saber o como, mas também porquê e o quanto... de modo a poder aplicar a coima justa. Isto é, porque diabo o anúncio passou ali e quanto a SIC ganhou com isso. E gostava, sinceramente, que a AACS não acreditasse em desculpas piedosas, tipo "foi sem querer".
As Prisões Secretas
O testemunho de Marek Antoni Nowicki coincide com outro feito por Álvaro Gil Robles, comissário para os direitos humanos da Comissão Europeia, que também visitou em tempos a base militar de Bondsteel, no Kosovo.
Temos, portanto, que existe uma prisão no campo Bondsteel há vários anos que não é submetida a nenhum controlo externo, civil ou jurídico. O problema, do meu ponto de vista, é que a presença dos americanos no Kosovo é feita sob mandato das Nações Unidas… e se eles têm uma prisão secreta onde praticam tortura e mantêm suspeitos detidos sem culpa formada, o mandato da ONU está a ser exorbitado e deturpado pelos EUA.
Depois destas declarações, o porta-voz das tropas norte-americanas no Kosovo, comandante Michael Wunn, negou a existência de qualquer prisão secreta em Bondsteel.
Também eu estive em Camp Bondsteel em 2001. Não vi nenhuma prisão mas, como civil, os meus movimentos dentro da base eram muito limitados. O que posso afirmar é que aquilo pode conter várias cadeias, tal a dimensão da base. Para lá entrar tive de pedir um passe especial, só entrei porque fui acompanhado por oficiais portugueses integrados na KFOR e foi-me proibido filmar ou fotografar fosse o que fosse, nem mesmo para recuerdo. Bondsteel tem 300 hectares, uma imensa pista de aviação e aquartelamentos para 6 mil homens. Fica perto de Urosevac (nome sérvio), localidade que hoje se chama Ferizaj. O Kosovo, província da Sérvia de população maioritariamente albanesa, é administrado pelas Nações Unidas desde o fim da guerra, em 1999. Para garantir a paz e a estabilidade mantêm-se no território cerca de 17.000 soldados da NATO, 2.000 dos quais norte-americanos.
Kawangware
O êxodo do povo moçambicano começou na década de 60. Começaram por fugir do jugo colonial, das perseguições políticas, das matanças. Fugiram pelo Norte, pela fronteira com a Tanzânia. Atravessaram esse país e acabaram nos arredores da capital queniana.
A segunda vaga de refugiados aconteceu durante a longa guerra civil que se seguiu à independência. Seguiram o rasto dos primeiros refugiados e, todos juntos, constituíam uma enorme comunidade de estrangeiros ilegalizados e sem direitos de cidadania. Viviam com o medo diário da prepotência da polícia e dos patrões que os exploravam. A maioria desses moçambicanos trabalhava a troco de um prato de arroz no final do dia. Eram escravos, de facto. Não tinham documentação, nem autorização de residência, nem direito a um contrato de trabalho. Moravam em barracas de lata e cartão.
Ninguém os ajudava, à excepção de dois missionário combonianos, portugueses. A tarefa de Gentil e Lino era a de ajudar a realizar projectos de implantação de pequenas empresas artesanais, negócios familiares, qualquer coisa que ajudasse mais alguém a ter um modo de vida digno.
Lembro-me de ter estado na carpintaria de Tobias Kubarria, no atelier onde Agapito Simba esculpia estatuetas, lembro-me de ouvir a história de Carlos Cassambo… 20 anos a pedir esmola nas ruas de Nairobi, lembro-me de ter visto a habilidade de Albertina Cicanda na arte de trançar os cabelos das clientes do seu cabeleireiro. Aquela era uma grande obra: ajudar a erguer sonhos do lamaçal de Kawangware.
sexta-feira, dezembro 30, 2005
Morrer Na Guerra
O presidente americano disse, há dias, que a denúncia do New York Times era um acto de traição. Que essa denúncia só ajudava os inimigos da pátria. Depois disto, só posso pensar que o senhor Bush está perigosamente perto de se transformar num ditador à moda antiga.
A mentira parece imperar nas relações internacionais ou, pelo menos, na relação com a opinião pública. Vale tudo para manter as pessoas enganadas e levá-las a aceitar qualquer política, por mais violadora e restritiva que seja das liberdades individuais. Salazar era um ditador menos violento. Ao menos, os presos políticos do velho regime eram julgados… e condenados a penas temporalmente definidas. Hoje, quem controla o que se passa em Abu Grahib, Guantanamo ou nas outras cadeias secretas espalhadas pelo Mundo? Colin Powell disse que os parceiros europeus sabiam de tudo relativamente ao transporte dos suspeitos de actos terroristas. O que quer ele dizer com “tudo”? Que se tratam de meros suspeitos? Que estão a ser expatriados à revelia de qualquer lei internacional? Que vão a caminho de cadeias fora do controlo de qualquer organização internacional? Que irão ser torturados? Então… se Powell fala verdade, mentiu o nosso MNE.
Se bem me lembro, Freitas do Amaral disse que nada consta no ministério sobre esses alegados actos e que nada faz suspeitar que o território português esteja a ser utilizado para actos ilegais à luz do direito internacional.
A última coisa que li sobre as tácticas da propaganda americana quanto ao Iraque, diz respeito ao pagamento de notícias favoráveis ao andamento da guerra. Um jornal de New York, o Times Union, denuncia que o Pentágono está a pagar a jornalistas americanos, egípcios, iraquianos e sabe-se lá de onde mais, para propagarem textos de contra-informação e propaganda, isto é, para mentir. Na guerra, a primeira vítima é a verdade. Pois é.
Roda dos Milhões
As poucas pessoas que permaneciam em Bissau depressa ficaram a saber que os jornalistas tinham um telefone... uma notícia que passou de boca em boca entre os dois ou três mil habitantes que permaneciam na cidade. Com o tempo, primeiro os vizinhos, depois todos os outros acabaram por fazer fila no portão da nossa casa para "fazer uma chamada"... para dizer a alguém que ainda estavam vivos, para saber de alguém novidades sobre os familiares que se tinham refugiado em Portugal, ou no Senegal, ou em Cabo Verde ou noutro lugar qualquer. Aquele era o único telefone possível, porque ao da RTP só tinham acesso os dois funcionários da casa, os dirigentes do governo e alguns militares guineenses que apoiavam o Presidente Nino Vieira.Não havia maneira de negar aquele favor... não há como dizer não a alguém que pode morrer no minuto seguinte... Porque aquele era o nosso único telefone e porque não havia qualquer possibilidade de o reparar ou substituir, o manuseamento do aparelho era feito por mim e só passava o auscultador se e quando do outro lado alguém atendia... portanto, passei horas a marcar números e a ouvir vozes desconhecidas a quem pedia para esperar um pouco, que ia passar o telefone...Uma noite, uma 2ªfeira, uma senhora deu-me o número que queria contactar. Lembro-me que era da zona de Coimbra... lembro-me de ouvir durante algum tempo o som de chamada, lembro-me que cheguei a pensar que ninguém ia atender... e de repente, uma voz ansiosa: "Roda dos Milhões! Boa noite!..."
quinta-feira, dezembro 29, 2005
Erro meu, má fortuna...
Acerca de mim
- CN
- Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média