terça-feira, 5 de junho de 2012
Primeira pessoa do singular
Para Roberto Lima
Passou uma semana, e, como era de se esperar, não finalizei o Óbvio Ululante.
No meio do caminho, coloquei outro livro para ler.
Poderia ter colocado também uma pedra.
Troquei a pedra por uma virose. Antigamente, a gente dizia gripe ou resfriado.
Minha mãe dizia coisas como eslaque ou islaque. Nem sei.
Não importa.
Eu uso calças e uso jeans. E jeans é uma outra categoria existencial. É como a lasanha do Garfield: um estilo de vida.
Sem jeans, eu me sinto sem pele. Pele, no momento, é o que mais tenho.
Quatro camadas de roupas me protegem. E ainda assim minhas mãos seguem geladas.
Por isso, não dispenso luvas. Meu par favorito esqueci dentro de um táxi durante minhas miniférias lá onde mora o Roberto Lima.
A tal big apple. Nova Iorque.
Nova Jorque dizem na serra.
Eu poderia escrever New York mas sou brazuca.
Falo brasileiro e falo português muito mais que falo inglês ou a língua do P ou a de Lê.
Já o Roberto Lima, eu suponho, speaks english, portuguese and mineirês. Uai, ele digita muito bem.
Se fala outros idiomas, não sei.
E eu falo dele. E explico o porquê.
Falo porque é o titular do Primeira Pessoa. E eu sou titular de grande apreço por nomes de blogs.
Nomes de blogs são, para mim, o que vinho é para uns tantos.
Há vida em Marta, O pássaro impossível, Desinformação seletiva, Azul temporário, O branco sujo, Cirandeira.
Eu poderia listar um zilhão. Listo meia dúzia por falta de espaço.
Um dia escreverei um post só com meu blogroll. Se não for minha obra prima, será minha anti obra prima coletiva não autorizada.
E sinto muito por quem não gostar.
Não gostar como gosto do Primeira Pessoa.
O Primeira Pessoa é jornalista e escreve crônicas.
E há séculos!
Diz o ser que é véio (velho em mineirês). E eu, então, concluo que, se quanto mais velho melhor o vinho, o quanto mais velho melhor servirá também para as palavras.
O fato é que no blog do Roberto Lima há um vasto acervo do gênero.
Os olhos de Marina Jardim. A bagagem do desassossego. O mundo que não acabou em uma virada de ano, e nós, vós, eles, ele, todos estamos lá.
Uns lendo.Outros lendo e saboreando.
E outros, como eu, aprendendo o gosto bom de cronicar.
domingo, 27 de maio de 2012
No óbvio ululante
"Certas frases têm um destino", escreveu Nelson Rodrigues em uma crônica que está entre as minhas favoritas.
O título é:"Ah, o Vinicius de Morais é um ser numeroso que só anda bem em bando", e eu a li no O Óbvio Ululante.
Livro ainda em leitura.
Talvez, em eterna.
Está em meu sangue reler e eu sou rodrigueana ainda que minha mãe tenha se empenhado para me levar para o lado alencariano dos dias.
Explico:
Na minha vida, há dois lados ou duas versões, a de Nelson Rodrigues e a de José de Alencar.
Da de José de Alencar, tenho, por força da genética, o biotipo. Com um pouco de sol e um colar de contas nem preciso colocar um cocar sobre a cabeça para mostrar quem sou. Aos quinze anos, muito antes de inventarem a chapinha, eu parecia com a tal virgem dos lábios de mel, aquela que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que o da Rapunzel no alto da palmeira.
E só.
Ou quase.
Do lado Nelson Rodrigues, tenho também por força da genética, entre outras forças, uma mente memorialista e dada a fluxos de consciência ou inconsciência, se é que no frigir dos ovos não é tudo a mesma coisa, e tenho, é claro, vasto interesse pelos bons costumes e seu vasto elenco de perversos.
O slogan que me atrai não é sexo, drogas e rock and roll.
O slogan é sexo, hipocrisias e família.
Mas o que realmente tenho do Nelson é o hábito de fazer opções imaginárias. Ele, por exemplo, se perguntava se seria pior apanhar na cara ou dar na cara.
Eu, por exemplo, me pergunto se é pior apanhar na cara ou dar na cara.
Isso mesmo. Faço a mesma pergunta.
Apanhar na cara, plaft, já apanhei.
Dar na cara, puff, não dei.
Então, como era de se esperar, não sei a exata resposta. Tenho uma ideia, no entanto.
Assim como toda nudez será castigada ou, dependendo do dia, colorida, bate bocas sofrem punições e estabelecem medidas.
Se uma frase compromete ao infinito, diversas comprometem a existência, ainda mais se elas estiverem registradas em um delicado álbum de feridas.
E só.
Ou quase.
Do lado Nelson Rodrigues, tenho também por força da genética, entre outras forças, uma mente memorialista e dada a fluxos de consciência ou inconsciência, se é que no frigir dos ovos não é tudo a mesma coisa, e tenho, é claro, vasto interesse pelos bons costumes e seu vasto elenco de perversos.
O slogan que me atrai não é sexo, drogas e rock and roll.
O slogan é sexo, hipocrisias e família.
Mas o que realmente tenho do Nelson é o hábito de fazer opções imaginárias. Ele, por exemplo, se perguntava se seria pior apanhar na cara ou dar na cara.
Eu, por exemplo, me pergunto se é pior apanhar na cara ou dar na cara.
Isso mesmo. Faço a mesma pergunta.
Apanhar na cara, plaft, já apanhei.
Dar na cara, puff, não dei.
Então, como era de se esperar, não sei a exata resposta. Tenho uma ideia, no entanto.
Assim como toda nudez será castigada ou, dependendo do dia, colorida, bate bocas sofrem punições e estabelecem medidas.
Se uma frase compromete ao infinito, diversas comprometem a existência, ainda mais se elas estiverem registradas em um delicado álbum de feridas.
segunda-feira, 21 de maio de 2012
Vertical e fundo
No ano passado, fui ao shopping Barra ver a exposição sobre o Titanic.
O assunto é velho, eu sei. Mas eu sou, de certa forma, uma pessoa repetitiva e antiga.
Muito.
E isso não é porque eu sou tipo assim uma criatura de outro milênio como afirma o meu pequeno bípede. Eu já era antes da virada.
Se houve alguma vida em mim antes da minha, provavelmente, a vivi sob os 25 quilos medievais de uma armadura.
Tenho certa vocação para ser de aço.
Quando eu era criança, passando-me por um ser fora de moda, quebrei o lustre de cristal que havia sobre a cama dos meus pais. Não resisti à haste de metal frio e a balancei de lá para cá, gritando homens ao mar.
Na minha cabeça, naquele quarto havia uma inundação.
E onde há inundação, há afogados.
Na exposição sobre o Titanic, cada ingresso valia um boarding pass.
Já escrevi sobre isso aqui no bloguinho.
O meu dava direito a um beliche na terceira classe.
E o meu me fez de novo mulher. Não foi o Roger Vadim nem Deus, ainda que eu tenha vindo com nome de alma. Alma Cornelia alguma coisa, uma sueca com um monte de filhos, viajando sem o marido e sem falar língua nenhuma além da do desamparo.
Essa fui eu.
Morri, é claro.
Morri também na semana passada.
Na semana passada, entrei em um sonho que se chamava Alice Entalada bem Debaixo do Ventilador de Teto .
No Alice entalada, havia naturalmente um buraco. Vertical e fundo como deve ser um buraco que se preze.
No meu buraco caí fugindo de um Tsunami.
Antes de encontrar um telhado pra subir, eu tinha de encontrar o meu pequeno bípede, a figurinha que agora me data como quinquilharia do passado.
Encontrei o Fifus. O Fifus é o neto do Bono, o melhor cão do mundo. Por dois dias, o Fifus se chamou Tchê. Como não demonstrou talento revolucionário nem espírito gaudério, enfifou.
E vai muito bem, obrigada.
No Alice Entalada bem Debaixo do Ventilador de Teto, assim que recolhi o quadrúpede, pisei sobre umas tábuas e caímos até a metade.
E foi só eu cair para o pequeno bípede mostrar os olhos de curumim lá em cima.
Vai embora, corre que a água está chegando, gritei.
Ele pareceu não entender.
Então, surgiu outro rosto. Rosto que conheço como o meu, que mapeio como o meu.
Salve-o, pedi.
E quase, quase vi em seus olhos o desenho de um sim.
E onde há inundação, há afogados.
Na exposição sobre o Titanic, cada ingresso valia um boarding pass.
Já escrevi sobre isso aqui no bloguinho.
O meu dava direito a um beliche na terceira classe.
E o meu me fez de novo mulher. Não foi o Roger Vadim nem Deus, ainda que eu tenha vindo com nome de alma. Alma Cornelia alguma coisa, uma sueca com um monte de filhos, viajando sem o marido e sem falar língua nenhuma além da do desamparo.
Essa fui eu.
Morri, é claro.
Morri também na semana passada.
Na semana passada, entrei em um sonho que se chamava Alice Entalada bem Debaixo do Ventilador de Teto .
No Alice entalada, havia naturalmente um buraco. Vertical e fundo como deve ser um buraco que se preze.
No meu buraco caí fugindo de um Tsunami.
Antes de encontrar um telhado pra subir, eu tinha de encontrar o meu pequeno bípede, a figurinha que agora me data como quinquilharia do passado.
Encontrei o Fifus. O Fifus é o neto do Bono, o melhor cão do mundo. Por dois dias, o Fifus se chamou Tchê. Como não demonstrou talento revolucionário nem espírito gaudério, enfifou.
E vai muito bem, obrigada.
No Alice Entalada bem Debaixo do Ventilador de Teto, assim que recolhi o quadrúpede, pisei sobre umas tábuas e caímos até a metade.
E foi só eu cair para o pequeno bípede mostrar os olhos de curumim lá em cima.
Vai embora, corre que a água está chegando, gritei.
Ele pareceu não entender.
Então, surgiu outro rosto. Rosto que conheço como o meu, que mapeio como o meu.
Salve-o, pedi.
E quase, quase vi em seus olhos o desenho de um sim.
segunda-feira, 14 de maio de 2012
Ovelha negra
No domingo de mães, fui à missa.
Eu não sou de ir. Não fiz a primeira comunhão.
Fui batizada por falta de livre e espontânea vontade. Se dependesse do meu sim, a resposta teria sido não.
Entretanto, submeti o meu pequeno bípede à pia batismal nessa mesma igreja em que fui a missa. Queria que a Ana Paula e o Marcelo se responsabilizassem por ele.
Vai que morro antes da hora.
Teria sido mais animado, é verdade, se eu tivesse ido à festa na casa do Bolinha e toda assanhada.
Não deu.
Fui até a São Manoel abraçar um amigo que perdeu o pai.
Os olhos alagados da mãe dele estavam lá. Muitas mães estavam lá.
Um pouco antes do encerramento, o padre disse que no final daria um santinho de presente para aquelas que deram a luz e pediu, por favor, que ninguém se apresentasse mentindo.
Precisava guardar alguns para a próxima celebração.
Estranhei.
Mas como não sou do rebanho...
Depois, no mesmo tom, falou: "ele aceita quem o teme."
Ele Deus, de Deus ele falava. Deus aceita quem o teme.
Bem, sou dada a medos, muitos.
Tenho medo de assalto, de atropelar um pedestre, de ser atropelada por uma bicicleta, de ter ter câncer antes de ter Alzheimer, de ver o que não posso.
Mas de Deus não tenho.
Nunca tive. Tampouco do pai, da mãe e do espírito santo.
Tenho medo da maldade, do desamparo e de malucos.
No mesmo dia, encontrei duas.
Dando uma volta na quadra com os meus quadrúpedes, vi uma empurrando um carrinho de bebê.
Fui espiar a criancinha e lá estavam eles, os furões.
Quatro. Perfeitamente cobertos e perfumados.
Furões, pra os que não sabem, são animais carnívoros pertencentes à família dos mustelídeos, sendo parentes próximos do cão. Não sei se latem e mordem. Suspeito que não andem.
A outra, encontrei na missa em que fui abraçar o meu amigo que perdeu o pai.
Beata old school e enfeitada de rosários e lágrimas levava, no corpo, cuecas surrupiadas do filho.
Cuecas, em brasileiro, roupa íntima masculina.
Felizmente, não as vi. Estávamos longe dos banheiros. Obrigada, senhor!
Do anuncio que chegará o dia em que usarei as do meu filho, não escapei.
Usarei?
Deus me livre de viver para saber.
Bem, sou dada a medos, muitos.
Tenho medo de assalto, de atropelar um pedestre, de ser atropelada por uma bicicleta, de ter ter câncer antes de ter Alzheimer, de ver o que não posso.
Mas de Deus não tenho.
Nunca tive. Tampouco do pai, da mãe e do espírito santo.
Tenho medo da maldade, do desamparo e de malucos.
No mesmo dia, encontrei duas.
Dando uma volta na quadra com os meus quadrúpedes, vi uma empurrando um carrinho de bebê.
Fui espiar a criancinha e lá estavam eles, os furões.
Quatro. Perfeitamente cobertos e perfumados.
Furões, pra os que não sabem, são animais carnívoros pertencentes à família dos mustelídeos, sendo parentes próximos do cão. Não sei se latem e mordem. Suspeito que não andem.
A outra, encontrei na missa em que fui abraçar o meu amigo que perdeu o pai.
Beata old school e enfeitada de rosários e lágrimas levava, no corpo, cuecas surrupiadas do filho.
Cuecas, em brasileiro, roupa íntima masculina.
Felizmente, não as vi. Estávamos longe dos banheiros. Obrigada, senhor!
Do anuncio que chegará o dia em que usarei as do meu filho, não escapei.
Usarei?
Deus me livre de viver para saber.
sábado, 5 de maio de 2012
quinta-feira, 3 de maio de 2012
De vez em quando
De vez em quando,
dá um branco na tela,
na cabeça
e no coração.
Sendo uma criatura
envolvida com sangue,
penso muito
em vermelho.
Claro ou confuso,
na seringa
e no braço,
esqueço o planeta,
a rosa e o perfume.
Sem lenço, nem degola
perco
perco a cor
e fico pálida.
Perco o chão
e fico doente.
Sem vontade ou com,
falta dar um
bom abraço.
Tamanho não é documento
Para o meu pequeno bípede
Não vai faltar gelo, disse uma revista.
Vai faltar emprego, amigos e felicidade para quem tem baixa estatura, disse a mesma publicação em uma outra matéria.
" Do alto tudo é melhor" e tamanho vale "poder e dinheiro".
Well, e esse well está aqui porque os bois que dão nomes às fontes das notícias não falam a língua de Lê e, entre citá-los e apenas deixar a diferença de idiomas visível, já fiz minha escolha.
Os bois, bem, os bois entraram por conta de Vacaria.
E Vacaria entrou porque eu sou de lá e gosto de dizer: Va-ca-ri-a!
Sei que não é o mesmo que dizer Lo-li-ta, mas isso não importa.
O importante é que, contrariando as previsões alarmistas de uma conferência da ONU sobre o aquecimento global, o mundo não vai acabar, e os glaciares da cordilheira do Himalaia não desceram montanha abaixo e ainda ganharam uns quilinhos.
O Monte Everest, a celebridade das neves, perdeu. Celebridade tem de ser esbelta e deixar à vista só a ponta branca e pura do iceberg.
Se o desmonte do Everest vai gerar problemas, há ainda especulações.
Coisa que não acontece com a família escadinha que ilustra o especial sobre as alturas.
O pai mede 1.78. A mãe, 1.72. E os frutos, sabe-se lá como, medem 1.96 e 1.92.
Mistérios da natureza.
Aqui em casa, também temos uma escadinha. Talvez, apenas alguns degraus.
De fabricação cem por cento nacional, alcançamos todas as prateleiras, exceto as da cozinha. Usar a travessa marrom de bolinhas brancas implica usar mais que a ponta dos pés.
Bom humor e boa vontade contam, principalmente, para os que já alcançaram o teto dos ossos e tem de socorrer o pequeno que ainda não alcançou nenhum pico.
Nem o de crescimento.
Nem o de conhecimento.
E que segue atado ao peso das informações preconceituosas de que alegria e realização pessoal se medem em autoridade, metros e cifras.
quarta-feira, 25 de abril de 2012
Na língua de Lê
Na capa da minha gramática está escrito: Gramática de Língua Portuguesa.
Nos meus livros escolares, o nome também era esse.
Entretanto, no manual de instruções do meu carro, eu me encaixo em uma falante de Brasileiro.
De certo, um novo idioma.
E, sim, eu leio manuais. Leio desde a Apresentação dos Comandos (em Brasileiro) até os Problemas de Funcionamento (também em Brasileiro).
(Em Português) ocorre uma pequena variável, e os problemas transformam-se em Anomalias de Funcionamento.
Anomalias de funcionamento eu tenho. E em qualquer língua. Mesmo a do P.
P eu P que P ro P fa P lar.
A primeira coisa que faço quando acordo é acessar o menu das minhas funções personalizadas.
Abro insistentemente os olhos pra ligar meu rastreador e saber onde estou.
Dependendo da noite, acordo em Timbuktu. Dependendo, no meu quarto.
Mas posso acordar também em Nova Iorque ou em Vacaria.
Sim, Vacaria existe ainda que não esteja no aplicativo Cities I've Visited, do Facebook.
Diz o aplicativo que eu já estive em 104 cidades em 21 países, exceto a responsável por eu falar Brasileiro.
Talvez, seja uma questão de frequência consoante tanto a minha zona mental quanto geográfica e, tal qual algumas estações, eu tenha de me activar e desactivar para ter uma cidade natal.
Talvez, eu precise de ajustes.
Mínimos e máximos. Ou de um recall.
Não sei.
Nem na língua do P.
Nem em Brasileiro.
Nem em Português.
terça-feira, 17 de abril de 2012
Planetinha peludo
Duzentas e oitenta e sete calorias consumidas.
Exatos três quilômetros em caminhada acelerada no parque que mora ao lado.
No parque que mora ao lado, correm pessoas, passeiam pessoas, vivem pessoas.
No meio, há canteiros de flores.
Em uma ponta, há quem coma miséria em latas.
Na outra, para compensar o que entra, há quem abaixe as calças e defeque sua humanidade virado de bunda pra vida.
No parque há também cães e donos.
Bípedes como eu e quadrúpedes como o meu Bono.
Duplas com um pé atrás do outro, com dois pares de patas umas atrás das outras.
Quase todas com o objetivo de entrar em forma, criar uma forma, manter a forma.
O Bono perdeu a dele.
O Bono, com esse nome de bolacha, de uma hora para outra, ficou redondo e entrou em órbita. E, planetinha peludo sem satélite, colidiu com a preguiça e com a vontade de ser pantufa, chinelo velho sem um pé torto, cão sem pulgas.
Então, fomos para o parque dar quatro mil, oitocentos e sessenta e oito passos.
Perder duzentas e oitenta e sete calorias.
Andar exatos três quilômetros.
Fomos.
Perdemos.
Andamos.
E voltamos para casa, pé depois de pé, pata depois de pata, derrubados por um certo cansaço e,
estranhamente, muito, muito mais pesados.
sábado, 14 de abril de 2012
Nome sem letras
sábado, 24 de março de 2012
Despalavreada
quinta-feira, 22 de março de 2012
O bloguinho agonizante II
Recebi um bilhete. Ele me escreveu. Não reconheci a caligrafia. Na verdade, não tinha. Mas o preto no branco me pareceu familiar. Vai ver usamos o mesmo teclado branco no preto. Nós dois sem cores e como uma película de cinema mudo. Ele eternamente sem voz. Eu, de vez em quando, falante. Ele rindo, dizendo que acredita que bípede até posso ser e um tanto curioso pra saber por onde andam os meus pés. Se ainda ando ou se só vou de arrasto em arrasto, engatinhando e rastejando por ali, por aqui, escreveu. E eu li. E me senti um dos sete pecados. Depois, dois deles. E tive de pensar e me poupar pra não me enquadrar em mais algum. E escapei da gula. Vida de magrela tem dessas coisas. Se escapa por aqui, mas se cai quase que na avareza ali. Quase. Bípede avarenta jamais! Sensata, sim. Escapei também da inveja, da ira, da soberba. Todos frágeis demais diante da preguiça, haja preguiça eterna para uma mente adormecida sem ser bela. Haja preguiça para uma mente desblogueada e desembonecada de lixo se vencer e aderir a de se lixa, que ele me escreveu, escreveu, sim, reclamou, teclou, agitou e eu apenas disse, cala-te blog antes que eu escreva fim.
sexta-feira, 16 de março de 2012
Passarim quis pousar
De sílaba em sílaba,
passarim bica as palavras
e forra o ninho.
Vai dando relevo e,
da educação pela boca,
surgem as formas,
nuvens quase no chão,
tramadas à mão
e para as mãos,
mãos de caligrafia,
mãos de rancor,
duras de amassar o pão
e de fazer do miolo,
os versos e,
das migalhas,
os verbos enfileirados
entre os tantos galhos
apedrejados
por pregos
sem perdão.
passarim bica as palavras
e forra o ninho.
Vai dando relevo e,
da educação pela boca,
surgem as formas,
nuvens quase no chão,
tramadas à mão
e para as mãos,
mãos de caligrafia,
mãos de rancor,
duras de amassar o pão
e de fazer do miolo,
os versos e,
das migalhas,
os verbos enfileirados
entre os tantos galhos
apedrejados
por pregos
sem perdão.
domingo, 11 de março de 2012
No desalento do corpo
No desalento do corpo,
recebe instruções a alma.
No desalento dos gestos,
desfaz-se, em cruz, o instinto.
E sofrem e emudecem e prendem-se às semelhanças
as carnes e as argilas
das casas em que ninguém habita,
das casas em que há sob a pele outras paredes
e em que desordenam-se as cores com que
brincamos de destino e de vida.
De Fábio Daflon: Bípede Falante
Bípede falante
para Lelena Terra Camargo
prisioneiras da Torre de Babel,
sem castelos de sonhos ou cartas,
as bípedes falantes ruivo-negras,
solteiras, casadas boas amantes
ou mal resolvidas, divorciadas
discretas, virgens e viúvas – gêmeas
assemelhadas pela solidão – ;
na soleira da porta não esperam
nada: exceto por fobias, vão à luta.
sem olvidar detalhe, marca no mento:
uma cova, sinal de nascença
em pintura, luz amarela japonesa,
marfim africano nos dentes,
pele de pantera azul tigresa,
molejo nos quadris da brasileira,
caucasiana, nórdica, nordestina
miscigenada em falsa blonde,
mameluca sem arco e flecha tatuados
na memória da pele, mas falante
com sotaque (sultaque?) gaúcho
no momento do e agora tchê?!...
minuto decisivo da nudez plena
quando raptada por poeta traça
sobre lençol braços e pernas,
seios e nádegas, misteriosas
púbis sem segredos, mas enigma
apenas generoso, caído da torre
como revelação não para devorar
ou ser esfinge, embora seja amor
incognoscível para ser repetido
eterna descoberta, cabida na ternura
livre de quem se sabe e desenha
o ruir das diferenças das línguas
de fogo a destruírem torres sem
qualquer sentido, no gozo de
uma paz de encantar meus olhos,
música de fundo como celebração.
para Lelena Terra Camargo
prisioneiras da Torre de Babel,
sem castelos de sonhos ou cartas,
as bípedes falantes ruivo-negras,
solteiras, casadas boas amantes
ou mal resolvidas, divorciadas
discretas, virgens e viúvas – gêmeas
assemelhadas pela solidão – ;
na soleira da porta não esperam
nada: exceto por fobias, vão à luta.
sem olvidar detalhe, marca no mento:
uma cova, sinal de nascença
em pintura, luz amarela japonesa,
marfim africano nos dentes,
pele de pantera azul tigresa,
molejo nos quadris da brasileira,
caucasiana, nórdica, nordestina
miscigenada em falsa blonde,
mameluca sem arco e flecha tatuados
na memória da pele, mas falante
com sotaque (sultaque?) gaúcho
no momento do e agora tchê?!...
minuto decisivo da nudez plena
quando raptada por poeta traça
sobre lençol braços e pernas,
seios e nádegas, misteriosas
púbis sem segredos, mas enigma
apenas generoso, caído da torre
como revelação não para devorar
ou ser esfinge, embora seja amor
incognoscível para ser repetido
eterna descoberta, cabida na ternura
livre de quem se sabe e desenha
o ruir das diferenças das línguas
de fogo a destruírem torres sem
qualquer sentido, no gozo de
uma paz de encantar meus olhos,
música de fundo como celebração.
domingo, 26 de fevereiro de 2012
A palavra suspensa
A palavra suspensa balança
a imensidão sem voo
de uma nuvem sem casa.
A palavra suspensa passeia
próxima à antiga infância
de não ferir o coração.
A palavra suspensa redesenha
linha a linha, a argila e as águas,
e repesca, dos cardumes,
os brancos da carne à espera
da alma do amor.
a imensidão sem voo
de uma nuvem sem casa.
A palavra suspensa passeia
próxima à antiga infância
de não ferir o coração.
A palavra suspensa redesenha
linha a linha, a argila e as águas,
e repesca, dos cardumes,
os brancos da carne à espera
da alma do amor.
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
Da série sem seu amor não sei nada III
arder.
domingo, 12 de fevereiro de 2012
A condição indestrutível de ter sido
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
Da série há o mar nos meus ouvidos II
semeia, o mar,
o voo, a
esfera e o pouso
do ponto de chão
estonteante.
sábado, 4 de fevereiro de 2012
Na curva desterrada do corpo
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Da série a mulher do meu avesso II
IV
A mulher do meu avesso
escuta por entre os dedos
os segredos rachados
das nuvens
sem palavras.
V
A mulher do meu avesso
desfaz no corpo
a prece descascada
pelos voos caídos
do amor.
VI
A mulher do meu avesso
sofre de águas
e de retratos cansados
à beira ar.
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
Da série a mulher do meu avesso
I
A mulher do meu avesso
guarda sílabas
para fazer, dos fonemas
e dos acentos, os
sotaques dos
meus silêncios.
II
A mulher do meu avesso
repete letras como se fossem
elas sementes
e faz, da sombra dos verbos,
um abrigo para a rocha
e um leito para
o que sente.
A mulher do meu avesso
lima a ausência das palavras
e visita a vida que
mal cabe entre os
dedos e formas
esculpidas
em pedras sem pesos.
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
Da série há nuvens nos meus olhos
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
Da série há o mar nos meus ouvidos
Há o mar nos meus ouvidos, verbo aquático a calar o vento sul, esse sopro da minha rocha e dos silêncios da minha essência. Há o amar afogado no lado de dentro do dentro dessa muralha em que rio das histórias e das correntezas que movem os meus afagos.
domingo, 1 de janeiro de 2012
Da série em busca do ano-novo II
Desfolhas as palavras em pétalas ocultas. Desfolha em sílabas que se vestem e despem na pele dos calendários que se abrem nos brancos de nuvens perfumadas de sons, os pequenos desagues do querer feito a chuva impaciente do cotidiano em que as tranças da esperança inscrevem-se no hálito e nos estilhaços dos dias e das frases por onde se movem raras afeições.
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
Da série em busca do ano-novo
Em meio as palavras finais, visitam as linhas as novas, os sons instaurados pelos desejos moradores do que está por vir, futuro feito de presentes livres do embrulho das horas e dos monólogos das paredes em que as saídas não sabem por qual caminho ir.
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
Fatal
Não sabe carregar sacolas. Passa as mãos pelas alças, fecha os dedos e as transporta, mas não sabe. Pesam os pacotes. Pesa a solidão embrulhada pra viagem. Pesam as ausências apagadas dos cartões, os traços sem luz pregados nos ecos e na madeira dos olhos e das peles dos que tiveram de ir.
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
Da série sílabas sem palavras
Face sem voo
visitante do olhar
e das nuvens de
sílabas sem palavras
estende o retrato
sobre as asas
ainda não
despedaçadas.
visitante do olhar
e das nuvens de
sílabas sem palavras
estende o retrato
sobre as asas
ainda não
despedaçadas.
Da série sem seu amor não sei nada II
No abrigo
da carne
procura um pedaço de
nuvem e um
pedaço de chão.
No abrigo
da carne
procura o silêncio
testamento
do sêmen
da alma e
nudez
coloridos
nas sílabas das
suas mãos.
domingo, 18 de dezembro de 2011
Da série sem seu amor não sei nada
Lê
na palavra
de seu corpo,
zona erógena de sua
essência,
o corpo inscrito,
corpo ponte de orgasmos,
corpo com outra cor,
carne deitada sob o
véu da pele
no fragmento
de cortar, nas horas,
os minutos
do meu
amor.
na palavra
de seu corpo,
zona erógena de sua
essência,
o corpo inscrito,
corpo ponte de orgasmos,
corpo com outra cor,
carne deitada sob o
véu da pele
no fragmento
de cortar, nas horas,
os minutos
do meu
amor.
Da série melancolias
Minha língua tem
de errar
como as palavras
que digo
como as cores
que desboto
como o vestido que
dispo.
Minha língua tem
de ser perder
por onde não me procuro
e por onde me
embaça
de calor
a pele com que
me visto.
de errar
como as palavras
que digo
como as cores
que desboto
como o vestido que
dispo.
Minha língua tem
de ser perder
por onde não me procuro
e por onde me
embaça
de calor
a pele com que
me visto.
sábado, 17 de dezembro de 2011
Repouso
Entra, vem descansar, encosta as letras nas minhas palavras, deixe-as, assim, silenciosas como se estivessem ausentes, elas que se multiplicam no raro verbo do trânsito das nossas salivas, da nossa língua revestida de vontades, idioma de nossos corpos, corpos com tanto por dizer, por fazer, por ser.
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
O bloguinho agonizante
Agoniza o bloguinho, bloguinho trocado por um bloco de notas e uma caneta Stabilo, que a era Bic já foi. Foi com a do gelo sob o sol escaldante de Porto Alegre, porto sem navios e poucas velas, com exceção das natalinas, pesadelo estético dos exageros de dezembro a queimar as ideias, dezembro embolado por pinheirinhos, barbas brancas e compras, compras sem fim. Agoniza o bloguinho, praticamente, diz adeus e diz sem acenar porque não vê graça alguma em dobrar uma esquina sem sair do lugar.
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Epiderme
terça-feira, 29 de novembro de 2011
domingo, 27 de novembro de 2011
Da minha pele
Carne e alegria
da minha pele
no calafrio
de suas palavras
o meu verbo rejuvenesce
e se refaz
no horizonte
de sua curva
ainda na saliva.
da minha pele
no calafrio
de suas palavras
o meu verbo rejuvenesce
e se refaz
no horizonte
de sua curva
ainda na saliva.
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Ficções - Rebanhos
E daí você vai me dizer que é logo ali, depois daquele outro corredor, o setor de achados e perdidos? Vai me falar como quem abre a boca pela primeira vez, surpreso por ter dentes e língua e vontade, falar, não, vai me ordenar que eu apresse o passo porque o tempo se desmancha na saliva quando, na verdade, o que você quer é medir o meu território e confirmar a sua suspeita que por de trás dos meus eu não consigo encontrar e dos meus jeans cheios de buracos esconde-se o latifúndio sob medida e pronto para a viagem dos seus rebuliços de natureza estética e biológica, suas obsessões com a parafernália do universo ilimitado das minhas perdas e pernas não devidamente registradas, oh, pernas, e vai, vai palavrear, rindo para mim ou de mim, que, se for preciso, me dá até uma ajudinha, o pequeno empurrão necessário em favor da era prometida da recuperação e telefonar para as autoridades competentes, tudo isso embasado no seu talento para pintor de paredes e de ovelhas, você, o revolucionário carnívoro desse meu indefeso rebanho?
O pequeno bípede
O pequeno bípede diz que a bípede anda maneta. A bípede reconhece. O pequeno bípede diz que ela é daltônica. A bípede responde que não é bem assim. O pequeno bípede pergunta a ela o que é compostagem e se irrita porque ela não sabe direito sem dar uma olhadinha no google. O pequeno bípede continua pequeno mas, de repente, parece tão grande.
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Movimento
Porque deita na rede para mover a alma, escorre o sangue tinto do querer, e, da madeira do copo abandonado, a saliva métrica derrama-se entre soluços e suspiros, verbos de saudade acolhidos em silenciosa melodia.
sábado, 19 de novembro de 2011
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
Interrogações
De que se veste e despe a selvageria das ausências, signo sem contornos de um hemisfério cortado em mapas? De que me visto e dispo, eu, a caligrafia cristalizada na matéria fria do teclado, carne recortada na inquietação e no enigma das geografias desalinhadas?
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Ele está aqui - Parte I
Dizem as boas almas que no início dos mundos ou sei lá de que forma de vida era o verbo. Conjugado, imagino, assim: eu estou aqui, tu estás aqui, ele está aqui. Digo eu, apenas alma dentro de um corpo, que apesar do futuro ter feito do presente um passado, o verbo, quando escapa da boca, continua a conjugar-se com o eu estou aqui, tu estás aqui, ele está aqui, ao menos na minha história. E essa minha história é uma narrativa bastante simples sobre como o ele está aqui conseguiu continuar a ser um ele está aqui depois de sete anos anos ausente, dado como desaparecido, esquecido, morto. Talvez, seja necessário explicar como esse ele está aqui nasceu para ter conseguido em um tique-taque de relógio nos colocar no mesmo ponto zero, sob o mesmo céu, dentro das mesmas paredes nesse exato momento em que escrevo. Então, passemos ao nascimento.
O nascimento do ele está aqui não envolve nenhuma fêmea, nem sangue e nenhum tipo de parto. Está mais ligado a um tipo de pato sem penas e sem asas também conhecido como bípede humano. No caso, a um exemplar masculino, de tamanho padrão, silencioso e com ficha suficiente para pagar um seguro fiança de uma imobiliária também padrão, alugar e se mudar para um apartamento em um prédio discreto, pequeno e habitado por uma única família: o meu e a minha. Em síntese, um pato suficientemente quá-quá para trazer com ele um outro tipo de ave.
Eis o prédio: quarentão recauchutado, quatro apartamentos, garagem com vagas limitadas para o uso de dois, desbotado por livre e espontânea vontade de algumas latas de tinta, uma escadaria dada a vertigens e a um corpo que cai, é bem verdade um pouco imperfeita para um assassinato, porém ideal para uns dois meses de gesso e de imobilização, flores nas janelas, câmeras de vigilância desligadas pelo excesso de auto-estima, tradição e espírito pacífico dos moradores, ou seja, o meu e o do meu pessoal, ou mais ou menos isso.
O meu pessoal. Conte até três e você o terá na palma da sua mão. Somos ele, ele e eu, sendo o ele do meio uma criança. O ele mais velho, o mais bem humorado. O do meio, o segundo mais bem humorado, e o eu eu, bem, o eu em questão, siga me lendo e você poderá definir com as suas próprias palavras. De qualquer forma, não se preocupe. Ajudarei. E vai ser fácil porque sou a mãe do ele do meio e por essa condição declaro-me, por livre e espontânea vontade, que sou a antidesnaturada na máxima potência, o que, traduzindo, significa que posso ser uma pedra, um rochedo, uma cordilheira no caminho de alguém se o caminho desse alguém atropelar o da minha cria. Aí, para me derrubar, só usando dinamite. E, ainda assim dinamitada, acho que eu encontraria um jeito de retornar, nem que fosse em forma de asteróide em rota de colisão.
Mas voltemos ao pato e ao nascimento do ele que está aqui outra vez depois de sete anos. Pois bem, sei que esse ele está aqui não entrou dentro de uma mala sem rodinhas ou alça devido ao seu visível excesso de peso. Talvez, tenha entrado em uma caixa de madeira, infelizmente, não despachada para Timbuktu. Não sei. Sei que o ele está aqui entrou e ganhou uma chave e que a primeira vez que o vi, vi um desenho surreal personificado em uma face humana. Dentro da cabeça de ovo brigavam um par de óculos sem olhos com um sorriso mole cheio de dentes muito grandes como os de um lobo e entre eles cicatrizes e tatuagens, espécies de gárgulas presas a pele. Isso foi o que eu vi em uma visão impressionista ou intuitiva, porque cicatrizes existiam. As tatuagens de gárgulas ficam por conta da minha interpretação. Eu gosto de interpretar e adoro a estética impressionitas. Acredito que o cérebro compreende coisas sobre as coisas antes de formatá-las por inteira. Eu costumo ser criticada por ter esse jeito. "Não seja dura com as pessoas. Você está vendo coisas onde não há. Ih, cuidado com a paranóia" são alguns exemplos de frases ouvidas pelas minhas orelhas cuidadosas. Aliás, orelhas, nariz e olhos cuidadosos, que, ao contrário das famosas figuras do macaco que nada escuta, vê ou sente, eu sou uma xereta perspicaz. Minha curiosidade, em um certo ponto de vista, é a minha grande adversária. A personagem do James Stewart, no Janela Indiscreta, é uma das minhas favoritas. E já que o assunto janelas entra em pauta, aproveito a deixa para falar do pato que alugou o apartamento e que trouxe com ele essa gaiola que é o ele que está aqui.
O pato que alugou o apartamento e trouxe o ele que está aqui era, ou queria ser, um artista. Todos os anoiteceres, acendia a luz do quarto que dá de frente para o meu escritório e, de cortinas escancaradas, jogava cores sobre telas enormes. Daqui de cima, eu não podia ver detalhes, mas via os movimentos e os tons. Então, na primeira oportunidade que tive, perguntei a ele se uma hora dessas eu poderia ver um quadro de perto. Claro que poderia. Fui lá ver sem perceber que entrar em casa alheia significaria abrir a porta da minha.
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
Quase água
Pingos
escorrem
pelas janelas
das tuas nuvens
mães
das tuas palavras
oceanos quebrados
sobre o peso
da tua quase
água.
escorrem
pelas janelas
das tuas nuvens
mães
das tuas palavras
oceanos quebrados
sobre o peso
da tua quase
água.
domingo, 6 de novembro de 2011
sábado, 5 de novembro de 2011
Tiro ao alto
Gênio da lâmpada, não me atenda. Não coloque nas minhas mãos uma bazuca. Não coloque veneno na minha boca. Gênio da lâmpada, apenas empresta-me um tapete mágico e adicione no meu celular uns três ou quatro disque-paciência e disque-polícia. Se tiver o número do capitão Nascimento, juro que pego uma faca de cozinha e com ela desconstruo um bicho de sete cabeças, mesmo a da mais louca e te ofereço em monumento. Gênio da lâmpada, explica-me, que eu não entendo, não entendo, essa dinâmica podre de dar asas a quem não têm decência e sentimentos.
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
terça-feira, 1 de novembro de 2011
Todo bípede dia
Sete bilhões de bípedes a circular pelos vinte e cinco por cento de terra do planeta. Aqui, por essas bandas, um pouco mais de um milhão e sempre, invariavelmente, todo bípede dia, um dentro de um carro ou de um caminhão em frente a minha garagem. Em frente na hora em que saio, na hora em que volto. Em todas as horas. Alguém feito um encosto a falar no celular, a esperar outro alguém, a fazer umas compras, a qualquer coisa. Um alguém, sempre com o mesmo sorrisinho falso de que nunca faço isso, é só por um minutinho. E eu, aqui por essas bandas, cada vez mais próxima de subir em uma árvore, dar um salto e jogar fora, de uma vez por todas, essa minha bipedice.
domingo, 30 de outubro de 2011
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Leituras a partir de 1 de janeiro de 2012
1. Bilhete seco - Elisa Nazarian
2. Quando fui morto em Cuba - Roberto Drummond
3. O retrato de Oscar Wilde Fragmentos
4. Estrela miúda breve romance infinito - Fabio Daflon
5. Poemas - Wislawa Szymborska
6. Mar me quer - Mia Couto
7. Estive em Lisboa e lembrei de você - Luiz Ruffato
8. O pai invisível - Kledir Ramil
9. Poemas de Eugénio de Andrade - Seleção, estudo e notas de Arnaldo Saraiva
10. Os da minha rua - Ondjaki11. A máquina de fazer espanhóis - Walter Hugo Mãe
12. Vigílias - Al Berto
13. Poemas concebidos sem pecado - Manoel de Barros
14. Face imóvel - Manoel de Barros
15. Poesias - Manoel de Barros
16. Compêndio para uso dos pássaros - Manoel de Barros
17. Gramática expositiva do chão - Manoel de Barros
18. Matéria de Poesia - Manoel de Barros
19. Arranjos para assobio - Manoel de Barros
20. Livro de pré-coisas - Manoel de Barros
21. O guardador de águas - Manoel de Barros
22. Concerto a céu aberto para solos de ave- Manoel de Barros
23. Quinta Avenida, 5 da manhã - S. Wasson
24. A literatura em perigo - Tzvean Todorov
25. O remorso de Baltazar Serapião- Walter Hugo Mãe
26. Lotte & Zweig - Deonísio da Silva
27. Indícios flutuantes (poemas) - Marina Tsvetáieva
28. A duração do dia - Adélia Prado
29. Rua do mundo - Eucanaã Ferraz
30. Destino poesia Antologia - organização Italo Moriconi. Ana Cristina Cesar, Cacaso, Paulo Leminski, Torquato Neto e Waly Salomão
31. Tarde - Paulo Henriques Britto
32. Correnteza e escombros - Olavo Amaral
33. Nelson Rodrigues por ele mesmo
34. A última coisa que eu pretendo fazer na vida é morrer - Ciro Pellicano
35. O encontro marcado - Fernando Sabino
36. O óbvio ululante - Nelson Rodrigues
37. O grande mentecapto- Fernando Sabino
38. O homem despedaçado - Gustavo Melo Czekster
39. Dia de São Nunca à tarde - Roberto Drummond
40. O canto do vento nos ciprestes - Maria do Rosário Pedreira
41. Antes que os espelhos se tornem opacos - Juarez Guedes Cruz
41. Desvãos - Susana Vernieri
42. Um pai de cinema - Antonio Skármeta
43. No inferno é sempre assim - Daniela Langer
44. Crônicas de Roberto Drummond.
45. Correio do tempo - Mario Benedetti
45. Gatos bravos morrem pelo chute - Tiago Ferrari
46. Gesso & Caliça - Alberto Daflon Filho e Fabio Daflon
47. A educação pela pedra - João de Cabral de Melo Neto
48. O fio da palavra - Bartolomeu Campos de Queirós
49. Meu amor - Beatriz Bracher
50. Os vinte e cinco poemas da triste alegria - Carlos Drummond de Andrade
51. A visita cruel do tempo - Jennifer Egan
52. Cemitério de pianos - José Luis Peixoto
53. O amante - Marguerite Duras
54. Bonsai - Alejandro Zambra
55. Diciodiário - Valesca de Assis
56. Não tenho culpa que a vida seja como ela é - Nelson Rodrigues
57. Lero-lero - Cacaso
58. O livro das ignorãças - Manoel de Barros
59. Livro sobre nada - Manoel de Barros
60. Retrato do artista quando coisa - Manoel de Barros
61. Ensaios fotográficos - Manoel de Barros
62. A queda - as memórias de um pai em 424 passos - Diogo Mainardi
63. Junco - Nuno Ramos
64. Os verbos auxiliares do coração - Peter Estérhazy
65. Monstros fora do armário - Flavio Torres
66. Viagem - Cecília Meireles
67. Cora Coralina - Seleção Darcy França Denófrio
68. Instante - Wislawa Szymborska
69. Dobras do tempo - Carmen Silvia Presotto
70. Eles eram muitos cavalos - Luiz Ruffato
71. Romanceiro da inconfidência - Cecília Meireles
72. De mim já nem se lembra - Luiz Ruffato
73. O perseguidor - Júlio Cortázar
74. Paráguas verdes - Luiz Ruffato
75. Todas as palavras poesia reunida - Manuel António Pina
76. Vidas secas - Graciliano Ramos
77. Inferno Provisório Volume II O mundo inimigo - Luiz Ruffato
78. O ano em que Fidel foi excomungado - José de Assis Freitas Filho
79. Boneca russa em casa de silêncios - Daniela Delias
80. As cidades e as musas - Manuel Bandeira
81. Billie Holiday e a biografia de uma canção Strange Fruit - David Margolick
82. Inferno Provisório Volume III Vista parcial da noite - Luiz Ruffato
83. Inferno Provisório Volume V - Domingos sem Deus
84. Inferno Provisório Volume IV - O Livro das impossibilidades - Luiz Ruffato
85. Pedro Páramo - Juan Rulfo
86. Zazie no metrô - Raymond Queneau
87. Fora do lugar - Rodrigo Rosp
88. Salvador abaixo de zero - Herculano Neto
89. Inferno Provisório Volume I - Mamma, son tanto felice - Luiz Ruffato
90. A virgem que não conhecia Picasso - Rodrigo Rosp
91. Claro Enigma - Carlos Drummond de Andrade
92. Tempo dividido - Sophia de Mello Breyer Andersen
93. A Rosa do Povo - Carlos Drummond de Andrade
Leituras a partir de 1 de janeiro de 2011
1.Desgracida - Dalton Trevisan
2.Diário de um banana - Jeff Kinney
3. Poemas escolhidos, seleção de Vilma Arêas - Sophia de Mello Breyner Andresen
4. Oportunidade para um pequeno desespero - Franz Kafka
5. Venenos de Deus, remédios do Diabo - Mia Couto
6. Ventos do Apocalipse - Paulina Chiziane
7. Para gostar de ler - Contos Africanos
8. Vinte e zinco - Mia Couto
9. O Vendedor de passados - José Eduardo Agualusa
10. O Fazedor - Jorge Luís Borges
11. Terra Sonâmbula - Mia Couto
12. Barroco Tropical - José Eduardo Agualusa
13. Quem de nós - Mario Benedetti
14. O último voo do flamingo - Mia Couto
15. A carta de Pero Vaz de Caminha: o descobrimento do Brasil - Silvio Castro
16. Na berma de nenhuma estrada e outros contos - Mia Couto
17.O reino deste mundo - Alejo Carpentier
18. Como veias finas na terra - Paula Tavares
19. Baía dos Tigres - Pedro Rosa Mendes
20. O português que nos pariu - Angela Dutra de Menezes
21. Cem anos de solidão - Gabriel Garcia Marquez
22. Vermelho amargo - Bartolomeu Campos de Queirós
23. Meu tipo de garota - Buddhadeva Bose
24. Tradutor de Chuvas - Mia Couto
25. O livro das perguntas - Pablo Neruda
26. O fio das missangas - Mia Couto
27. Luka e o fogo da vida - Salman Rushdie
28. Pawana - J.M.G. Le Clézio
29. O africano - J.M.G. Le Clézio
30. O pescador de almas - Flamarion Silva
31. Um erro emocional - Cristovão Tezza
32. O amor, as mulheres e a vida - Mario Benedetti
33. A cidade e a infância - José Luandino Vieira
34. História do olho - Georges Bataille
35. Destino de bai- antologia de poesia inédita caboverdiana
36. O tigre de veludo- E. E. Cummings
37. Poesia Soviética - Seleção, tradução e notas de Lauro Machado Coelho
38. A cicatriz do ar - Jorge Fallorca
39. Refrão da fome - J.M.G. Le Clézio
40. As avós - Doris Lessing
41. Vozes Anoitecidas - Mia Couto
42. O livro dos guerrilheiros - José Luandino Vieira
43. Trabalhar cansa - Cesare Pavese
44. No teu deserto - Miguel Sousa Tavares
45. Uma canção para Renata Maria - Ediney Santana
46. Sete sonetos e um quarto - Manuel Alegre
47. Trópico de Capricórnio - Henry Miller
48. Sinais do Mar - Ana Maria Machado
49. Carta a D. - Andre Gorz
50. E se o Obama fosse africano? E outras interinvenções - Mia Couto
51. De A a X - John Berger
52. Diz-me a verdade acerca do amor - W.H. Auden
53. Poemas malditos, gozosos e devotos - Hilda Hilst
54. Outro tempo - W.H. Auden
55. nem sempre a lápis - Jorge Fallorca
56. Elvis&Madona - Luiz Biajoni
57. Budapeste - Chico Buarque
58. José - Rubem Fonseca
59. Axilas e outras histórias indecorosas - Rubem Fonseca
60. Instruções para salvar o mundo - Rosa Montero
61. A chuva de Maria - Martha Galrão
62. Rimas da vida e da morte - Amós Oz
63. Aqui nos encontramos - John Berger
64. Pensatempos textos de opinião - Mia Couto
65. Os verbos auxiliares do coração - Péter Esterházy
66. Cartas a um jovem poeta - Rainer Maria Rilke
67. A canção de amor e de morte do porta-estandarte Cristovão Rilke - Rainer Maria Rilke
68. Adultérios - Woody Allen
69. Quem me dera ser onda - Manuel Rui
70. Satolep - Vítor Ramil
71. Homem Comum - Philip Roth
72. O animal agonizante - Philip Roth
73. Paisagem com dromedário - Carola Saavedra
74. Não te deixarei morrer, David Crockett - Miguel Sousa Tavares
75. Orelhas de Aluguel - Deonísio da Silva
90. Uma mulher -Péter Esterházy
2.Diário de um banana - Jeff Kinney
3. Poemas escolhidos, seleção de Vilma Arêas - Sophia de Mello Breyner Andresen
4. Oportunidade para um pequeno desespero - Franz Kafka
5. Venenos de Deus, remédios do Diabo - Mia Couto
6. Ventos do Apocalipse - Paulina Chiziane
7. Para gostar de ler - Contos Africanos
8. Vinte e zinco - Mia Couto
9. O Vendedor de passados - José Eduardo Agualusa
10. O Fazedor - Jorge Luís Borges
11. Terra Sonâmbula - Mia Couto
12. Barroco Tropical - José Eduardo Agualusa
13. Quem de nós - Mario Benedetti
14. O último voo do flamingo - Mia Couto
15. A carta de Pero Vaz de Caminha: o descobrimento do Brasil - Silvio Castro
16. Na berma de nenhuma estrada e outros contos - Mia Couto
17.O reino deste mundo - Alejo Carpentier
18. Como veias finas na terra - Paula Tavares
19. Baía dos Tigres - Pedro Rosa Mendes
20. O português que nos pariu - Angela Dutra de Menezes
21. Cem anos de solidão - Gabriel Garcia Marquez
22. Vermelho amargo - Bartolomeu Campos de Queirós
23. Meu tipo de garota - Buddhadeva Bose
24. Tradutor de Chuvas - Mia Couto
25. O livro das perguntas - Pablo Neruda
26. O fio das missangas - Mia Couto
27. Luka e o fogo da vida - Salman Rushdie
28. Pawana - J.M.G. Le Clézio
29. O africano - J.M.G. Le Clézio
30. O pescador de almas - Flamarion Silva
31. Um erro emocional - Cristovão Tezza
32. O amor, as mulheres e a vida - Mario Benedetti
33. A cidade e a infância - José Luandino Vieira
34. História do olho - Georges Bataille
35. Destino de bai- antologia de poesia inédita caboverdiana
36. O tigre de veludo- E. E. Cummings
37. Poesia Soviética - Seleção, tradução e notas de Lauro Machado Coelho
38. A cicatriz do ar - Jorge Fallorca
39. Refrão da fome - J.M.G. Le Clézio
40. As avós - Doris Lessing
41. Vozes Anoitecidas - Mia Couto
42. O livro dos guerrilheiros - José Luandino Vieira
43. Trabalhar cansa - Cesare Pavese
44. No teu deserto - Miguel Sousa Tavares
45. Uma canção para Renata Maria - Ediney Santana
46. Sete sonetos e um quarto - Manuel Alegre
47. Trópico de Capricórnio - Henry Miller
48. Sinais do Mar - Ana Maria Machado
49. Carta a D. - Andre Gorz
50. E se o Obama fosse africano? E outras interinvenções - Mia Couto
51. De A a X - John Berger
52. Diz-me a verdade acerca do amor - W.H. Auden
53. Poemas malditos, gozosos e devotos - Hilda Hilst
54. Outro tempo - W.H. Auden
55. nem sempre a lápis - Jorge Fallorca
56. Elvis&Madona - Luiz Biajoni
57. Budapeste - Chico Buarque
58. José - Rubem Fonseca
59. Axilas e outras histórias indecorosas - Rubem Fonseca
60. Instruções para salvar o mundo - Rosa Montero
61. A chuva de Maria - Martha Galrão
62. Rimas da vida e da morte - Amós Oz
63. Aqui nos encontramos - John Berger
64. Pensatempos textos de opinião - Mia Couto
65. Os verbos auxiliares do coração - Péter Esterházy
66. Cartas a um jovem poeta - Rainer Maria Rilke
67. A canção de amor e de morte do porta-estandarte Cristovão Rilke - Rainer Maria Rilke
68. Adultérios - Woody Allen
69. Quem me dera ser onda - Manuel Rui
70. Satolep - Vítor Ramil
71. Homem Comum - Philip Roth
72. O animal agonizante - Philip Roth
73. Paisagem com dromedário - Carola Saavedra
74. Não te deixarei morrer, David Crockett - Miguel Sousa Tavares
75. Orelhas de Aluguel - Deonísio da Silva
76. Travessia de verão - Truman Capote
77. Avante, soldados: para trás - Deonísio da Silva
78. Antes das primeiras estórias - João Guimarães Rosa
79. O outro pé da sereia - Mia Couto
80. O cemitério de Praga - Umberto Eco
81. A mulher silenciosa - Deonísio da Siva
82. Livrai-me das tentações - Deonísio da Silva
83. A mesa dos inocentes - Deonísio da Silva
84. Hilda Furacão - Roberto Drummond
85. A estética do frio - Vitor Ramil
86. Poetas de França - Guilherme de Almeida
87. Tarde com anões 7 minicontistas - Carlos Barbosa, Elieser césar, Igor Rossoni, Lidiane Nunes, Mayrant Gallo, Rafael Rodrigues e Thiago Lins.
88. Pensageiro Frequente - Mia Couto.
89. A palavra ausente - Marcelo Moutinho90. Uma mulher -Péter Esterházy
91. Cartas de amor - Fernando Pessoa
92. A última entrevista de José Saramago - José Rodrigues dos Santos
93. A morte de D.J. em Paris - Roberto Drummond
94. Do desejo - Hilda Hilst
95. Cenas indecorosas - Deonísio da Silva
Leituras a partir de 19 de Julho de 2010
1. La Hermandad de la uva - John Fante
2. Nem mesmo os passarinhos tristes - Mayrant Gallo
3. Um mau começo - Lemony Snicket
4. Recordações de andar exausto - Mayrant Gallo
5. Ladrões de cadáveres - Patrícia Melo
6. O mar que a noite esconde - Aramis Ribeiro Costa
7. Há prendisajens com o xão - Ondjaki
8. E se amanhã o medo - Ondjaki
9. O último leitor - Ricardo Piglia
10. Par e ímpar - Tatiana Druck
11. Paris França - Gertrude Stein
12. Quirelas e cintilações - Luiz Coronel
13. AvóDezanove e o segredo do soviético - Ondjaki
14. Luaanda - José Luandino Vieira
15. Poemas para Antonio - Ângela Vilma
16. Estranhamentos - Mônica Menezes
17. A vida é sonho - Calderón
18. A varanda do Frangipani - Mia Couto
19. Um copo de cólera - Raduan Nassar
20. Antes de nascer o mundo - Mia Couto
21.Lavoura Arcaica - Raduan Nassar
22- Poemas da ciência de voar e da engenharia de ser - Eduardo White
23. Manual para amantes desesperados - Paula Tavares
24. Materiais para confecção de um espanador de tristezas - Ondjaki
25. Milagrário Pessoal - José Eduardo Agualusa
26. Felicidade e outros contos - Katherine Mansfield
27. Estórias abensonhadas - Mia Couto
28. Fábulas delicadas - Eliana Mara Chiossi
29. O Ulisses no Supermercado - José de Assis Freitas Filho
30. Cartas Exemplares - Gustave Flaubert
31. A Moça do pai - Vera Cardoni
32. Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra - Mia Couto
33. Dentro de mim faz sul seguido de Acto Sanguíneo - Ondjaki
34. Bonequinha de Luxo - Truman Capote
35. 125 Poemas - Joaquim Pessoa.
2. Nem mesmo os passarinhos tristes - Mayrant Gallo
3. Um mau começo - Lemony Snicket
4. Recordações de andar exausto - Mayrant Gallo
5. Ladrões de cadáveres - Patrícia Melo
6. O mar que a noite esconde - Aramis Ribeiro Costa
7. Há prendisajens com o xão - Ondjaki
8. E se amanhã o medo - Ondjaki
9. O último leitor - Ricardo Piglia
10. Par e ímpar - Tatiana Druck
11. Paris França - Gertrude Stein
12. Quirelas e cintilações - Luiz Coronel
13. AvóDezanove e o segredo do soviético - Ondjaki
14. Luaanda - José Luandino Vieira
15. Poemas para Antonio - Ângela Vilma
16. Estranhamentos - Mônica Menezes
17. A vida é sonho - Calderón
18. A varanda do Frangipani - Mia Couto
19. Um copo de cólera - Raduan Nassar
20. Antes de nascer o mundo - Mia Couto
21.Lavoura Arcaica - Raduan Nassar
22- Poemas da ciência de voar e da engenharia de ser - Eduardo White
23. Manual para amantes desesperados - Paula Tavares
24. Materiais para confecção de um espanador de tristezas - Ondjaki
25. Milagrário Pessoal - José Eduardo Agualusa
26. Felicidade e outros contos - Katherine Mansfield
27. Estórias abensonhadas - Mia Couto
28. Fábulas delicadas - Eliana Mara Chiossi
29. O Ulisses no Supermercado - José de Assis Freitas Filho
30. Cartas Exemplares - Gustave Flaubert
31. A Moça do pai - Vera Cardoni
32. Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra - Mia Couto
33. Dentro de mim faz sul seguido de Acto Sanguíneo - Ondjaki
34. Bonequinha de Luxo - Truman Capote
35. 125 Poemas - Joaquim Pessoa.