Desde novembro, eu não entrava aqui no bípede.
O tempo, o meu, ganhou muitas pernas de uns anos para cá.
Se ele pudesse usar calçados, deixaria Cinderela e Imelda Marcos doentes de inveja.
Eu poderia também citar a Carrie, made in NYC, obsedada por Manolos e Louboutins e por se submeter a um verdadeiro shopping de humilhações para ter o "coração" de um tal Mr.Big: um fulano, sapato apertado,tão grande quanto pequeno.
Poderia...
Mas o assunto não é esse.
O tempo, o meu, ganhou muitas pernas de uns anos para cá.
Se ele pudesse usar calçados, deixaria Cinderela e Imelda Marcos doentes de inveja.
Eu poderia também citar a Carrie, made in NYC, obsedada por Manolos e Louboutins e por se submeter a um verdadeiro shopping de humilhações para ter o "coração" de um tal Mr.Big: um fulano, sapato apertado,tão grande quanto pequeno.
Poderia...
Mas o assunto não é esse.
Nem sei se é o tempo.
Talvez seja sobre o tempo de cada um de nós.
De cada um, não!
De cada uma de nós, as mulheres: o bicho esquisito com data de validade e com data para comemorar. Na verdade, duas: a de hoje e a que divinizam como o dia das mães.
Ah, tem também aquela famosa vestida de branco e perfumada de felizes para sempre. Com essa, desculpem, não gasto segundos.
São três?
Pois bem.
Não curto nenhuma.
Ai que azedume vão pensar. Divorciada dá nisso.
Divorciada que lê Simone de Beauvoir então, haja!
O fato é que o tempo não tem sido o mesmo para os homens e para as mulheres.
Dizem que nós somos mais longevas.
Minha mãe morreu, proporcionalmente, vinte anos mais jovem que o meu pai.
Já com a mãe dela aconteceu o contrário.
Portanto, esse dado não serve bem como referência.
O de que levaremos pelo menos setenta anos, contado de agora, para receber os mesmos salários de um homem, sim.
O de que depois de uma jornada de trabalho, trabalhamos pelo menos o dobro de horas que um homem com afazeres domésticos, coisas da casa, dos filhos, das pessoas que amamos,sim.
O de que amamentar, cuidar, ninar, levar o filho para a escola, para o dentista, no pediatra, para cortar os cabelos, no cinema, na casa dos amigos, tudo isso dentro de um universo em eterna fase de crescimento, sim.
O de que precisamos passar horas entediantes em um salão de beleza, fazendo depilações, hidratações, tinturas, mechas, consertando unhas quebradas, roídas, arranhadas de cansaço, sim.
O de que não estamos nem risivelmente representadas em uma câmara de vereadores, quem dirá em um congresso, senado,sim.
O de que aqui, na terra brasilis, há cada sete minutos há uma denúncia de agressão física contra uma mulher, sim.
O de que precisamos nos encaixar nos itens acima listado, e que eu poderia estender a zilhões se tivesse tempo, simplesmente para não decepcionar os senhores e senhoras donos dos nossos egos, sim.
Sim. Sim. Sim.
Sim para todos eles e, infelizmente, para outros mais...
Tudo o que os homens e as mulheres escreveram sobre as mulheres e sobre os homens deve ser suspeito, pois somos todos, a um tempo, juiz e parte. (Bípede falante pedindo para apanhar. Mas em mulher não se bate nem com flor, não é? hahahaha)