Estive no centro da cidade. Fui comprar tecidos e linhas para costurar um Salsicha e um vilão. O meu pequeno bípede quer fazer marionetes. Tem de fazer para uma atividade da escola. Eu como uma convicta bípede materna, coloco minhas habilidades para trabalhar. A noite vai ser engraçada. Vamos recortar e costurar até ficar bom, porque o meu bipedezinho é exigente; tem refinado senso estético para tão pouco tamanho e fica horrorizado diante do enigma do complexo da garota de Ipanema. Nem ele, nem eu compreendemos o que move montanhas de mulheres e silicones pela cidade. De vez em quando, ele grita: mãe, vi uma vovó fantasiada de Barbie. Gosto e critica herdados de mim. Um viva para nós! E um viva para o centro da cidade. Não é limpo. É bagunçado. Tem ambulante gritando corre, corre, polícia! E tem, também, ambulante gritando pega, pega, ladrão. Tanta gente, tantas etnias. Na Dr. Flores, caminhavam quatro homens vestidos a La Bin Laden. Na porta do táxi lotação, um rapaz falava o quanto quer ser despedido e não consegue. Eu só observando, registrando os rostos e os cheiros irresistíveis de tão cheios de verdades.
quinta-feira, 27 de setembro de 2007
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
Todo amor que houver nessa vida
Segue a letra da música. Com certeza, existem os que podem ouvi-la mesmo sem o som.
Eu quero a sorte de um amor tranqüilo
Com sabor de fruta mordida
Nós na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia
E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum veneno antimonotonia
E se eu achar a sua fonte escondida
Te alcance em cheio o mel e a ferida
E o corpo inteiro feito um furacão
Boca, nuca, mão, e a tua mente, não
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum remédio que me dê alegria.
terça-feira, 25 de setembro de 2007
Aplausos
terça-feira, 18 de setembro de 2007
Mais ou menos assim
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J.Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história porque não tinha Internet.
segunda-feira, 17 de setembro de 2007
O caráter íntimo da dor
Sair da desvantagem para um recanto onde não existe nada.
Abandonar o baralho imperfeito, mesmo sentindo uma nítida pontada.
Esconder a vaidade ferida em sua memória de longo alcance, protegendo a raiz de meu mundo.
Longe da sensação de violência iminente, deslocar a consciência súbita do divertimento insensível.
De modo reservado e descolorido, invisível ao bote inevitável e aos buracos de olhos tingidos, descobrir o que me salva e sobre o que há escolha.
Não me acostumar com o perigo. Não habitar a proximidade, nem perder a noção de alguma linha sagrada.
Preservar o desejo de não ser um humano logrado.
Em uma ilha de repouso, não me afastar da essência.
Ao som dos temores nunca mencionados, diminuir a distância dos passos movediços, das reedições e suas conseqüências.
Sem a intenção de ser justa, esmagar o mal e não desligar a bondade.
Bater de porta em porta à procura do amor extraviado, da marca da diferença e da circunferência de meu deserto.
Como em uma linha de apoio e de identidade, antídoto da anestesia que lateja a dor refinada em vermelho, registrar a devastação e a hemorragia, congelando o horror de ser atacada em casa e não na selva por alguma fera.
sexta-feira, 14 de setembro de 2007
quinta-feira, 13 de setembro de 2007
Pedras e mais pedras
Sempre em frente
terça-feira, 11 de setembro de 2007
Sobre a dor
Pode ser pálida por falta de vida.
Vermelha e líquida por rebelião.
Pode ser escura e fatal como um final infeliz.
A dor pode viver escondida,
roendo a existência e as relações.
Mas pode ser leal a seu dono
e gritar e emergir para protegê-lo.
Pode ignorar os clichês
e andar de mãos dadas com os dias
feito um cubo mágico do amor.
segunda-feira, 10 de setembro de 2007
Líquida e vermelha
sexta-feira, 7 de setembro de 2007
Inacabado pessoal
segunda-feira, 3 de setembro de 2007
Medos
domingo, 2 de setembro de 2007
Vai e vem
Nada de mais
A divina comédia de não estar no meio do caminho. De não ser poeta, nem esperta e de ter de reeducar outra vez uma das pernas. Os ouvidos fartos de tantos sons. A boca cansada de tantas palavras. Ei, alô, o que é isso? Gente dizendo eu te amo e não te amo e perguntando você me ama e não me ama e o bem-me-quer, mal-me-quer de flores que nunca são colhidas. Você querendo apenas concentrar-se um pouco em si. Nada de mais. Mas também nem de menos. Um pouco de ar ou de infância. Um copo de leite fresco na ausência de um colo sólido. Um tapete mágico e macio nos tombos. Sentir-se menos exigida, entrando em férias de quem quer que habite em si. Talvez, uma imersão em uma sala escura de já demolido cinema. Da época em que, nas ruas, caminhavam feito irmãs a realidade e a harmonia.
Leituras a partir de 1 de janeiro de 2012
Leituras a partir de 1 de janeiro de 2011
2.Diário de um banana - Jeff Kinney
3. Poemas escolhidos, seleção de Vilma Arêas - Sophia de Mello Breyner Andresen
4. Oportunidade para um pequeno desespero - Franz Kafka
5. Venenos de Deus, remédios do Diabo - Mia Couto
6. Ventos do Apocalipse - Paulina Chiziane
7. Para gostar de ler - Contos Africanos
8. Vinte e zinco - Mia Couto
9. O Vendedor de passados - José Eduardo Agualusa
10. O Fazedor - Jorge Luís Borges
11. Terra Sonâmbula - Mia Couto
12. Barroco Tropical - José Eduardo Agualusa
13. Quem de nós - Mario Benedetti
14. O último voo do flamingo - Mia Couto
15. A carta de Pero Vaz de Caminha: o descobrimento do Brasil - Silvio Castro
16. Na berma de nenhuma estrada e outros contos - Mia Couto
17.O reino deste mundo - Alejo Carpentier
18. Como veias finas na terra - Paula Tavares
19. Baía dos Tigres - Pedro Rosa Mendes
20. O português que nos pariu - Angela Dutra de Menezes
21. Cem anos de solidão - Gabriel Garcia Marquez
22. Vermelho amargo - Bartolomeu Campos de Queirós
23. Meu tipo de garota - Buddhadeva Bose
24. Tradutor de Chuvas - Mia Couto
25. O livro das perguntas - Pablo Neruda
26. O fio das missangas - Mia Couto
27. Luka e o fogo da vida - Salman Rushdie
28. Pawana - J.M.G. Le Clézio
29. O africano - J.M.G. Le Clézio
30. O pescador de almas - Flamarion Silva
31. Um erro emocional - Cristovão Tezza
32. O amor, as mulheres e a vida - Mario Benedetti
33. A cidade e a infância - José Luandino Vieira
34. História do olho - Georges Bataille
35. Destino de bai- antologia de poesia inédita caboverdiana
36. O tigre de veludo- E. E. Cummings
37. Poesia Soviética - Seleção, tradução e notas de Lauro Machado Coelho
38. A cicatriz do ar - Jorge Fallorca
39. Refrão da fome - J.M.G. Le Clézio
40. As avós - Doris Lessing
41. Vozes Anoitecidas - Mia Couto
42. O livro dos guerrilheiros - José Luandino Vieira
43. Trabalhar cansa - Cesare Pavese
44. No teu deserto - Miguel Sousa Tavares
45. Uma canção para Renata Maria - Ediney Santana
46. Sete sonetos e um quarto - Manuel Alegre
47. Trópico de Capricórnio - Henry Miller
48. Sinais do Mar - Ana Maria Machado
49. Carta a D. - Andre Gorz
50. E se o Obama fosse africano? E outras interinvenções - Mia Couto
51. De A a X - John Berger
52. Diz-me a verdade acerca do amor - W.H. Auden
53. Poemas malditos, gozosos e devotos - Hilda Hilst
54. Outro tempo - W.H. Auden
55. nem sempre a lápis - Jorge Fallorca
56. Elvis&Madona - Luiz Biajoni
57. Budapeste - Chico Buarque
58. José - Rubem Fonseca
59. Axilas e outras histórias indecorosas - Rubem Fonseca
60. Instruções para salvar o mundo - Rosa Montero
61. A chuva de Maria - Martha Galrão
62. Rimas da vida e da morte - Amós Oz
63. Aqui nos encontramos - John Berger
64. Pensatempos textos de opinião - Mia Couto
65. Os verbos auxiliares do coração - Péter Esterházy
66. Cartas a um jovem poeta - Rainer Maria Rilke
67. A canção de amor e de morte do porta-estandarte Cristovão Rilke - Rainer Maria Rilke
68. Adultérios - Woody Allen
69. Quem me dera ser onda - Manuel Rui
70. Satolep - Vítor Ramil
71. Homem Comum - Philip Roth
72. O animal agonizante - Philip Roth
73. Paisagem com dromedário - Carola Saavedra
74. Não te deixarei morrer, David Crockett - Miguel Sousa Tavares
75. Orelhas de Aluguel - Deonísio da Silva
90. Uma mulher -Péter Esterházy
Leituras a partir de 19 de Julho de 2010
2. Nem mesmo os passarinhos tristes - Mayrant Gallo
3. Um mau começo - Lemony Snicket
4. Recordações de andar exausto - Mayrant Gallo
5. Ladrões de cadáveres - Patrícia Melo
6. O mar que a noite esconde - Aramis Ribeiro Costa
7. Há prendisajens com o xão - Ondjaki
8. E se amanhã o medo - Ondjaki
9. O último leitor - Ricardo Piglia
10. Par e ímpar - Tatiana Druck
11. Paris França - Gertrude Stein
12. Quirelas e cintilações - Luiz Coronel
13. AvóDezanove e o segredo do soviético - Ondjaki
14. Luaanda - José Luandino Vieira
15. Poemas para Antonio - Ângela Vilma
16. Estranhamentos - Mônica Menezes
17. A vida é sonho - Calderón
18. A varanda do Frangipani - Mia Couto
19. Um copo de cólera - Raduan Nassar
20. Antes de nascer o mundo - Mia Couto
21.Lavoura Arcaica - Raduan Nassar
22- Poemas da ciência de voar e da engenharia de ser - Eduardo White
23. Manual para amantes desesperados - Paula Tavares
24. Materiais para confecção de um espanador de tristezas - Ondjaki
25. Milagrário Pessoal - José Eduardo Agualusa
26. Felicidade e outros contos - Katherine Mansfield
27. Estórias abensonhadas - Mia Couto
28. Fábulas delicadas - Eliana Mara Chiossi
29. O Ulisses no Supermercado - José de Assis Freitas Filho
30. Cartas Exemplares - Gustave Flaubert
31. A Moça do pai - Vera Cardoni
32. Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra - Mia Couto
33. Dentro de mim faz sul seguido de Acto Sanguíneo - Ondjaki
34. Bonequinha de Luxo - Truman Capote
35. 125 Poemas - Joaquim Pessoa.