Há um natal dentro de mim
Onde meninos em manjedouras
Choram com olhares inocentes
A dor pesada do destino que lhes fez nascer
O meu natal pede um novo tempo
Onde bandeiras ressurjam e ensinem
Novas gerações a sonhar por todos
A esperança estática de velhas fotografias
Quero um natal do passado
Com visitas ancestrais no presépio de minha alma
Com incensos de simplicidade
E brilhos da lua esquecida em sua solidão
Não quero presentes de loja
Também não quero dá-los
Quero apenas a Luz que visita o âmago
E se estende por caminhos mal traçados
Desenhando uma recomposição
Desejo encontrar o meu natal
Não em calendários marcados na parede
Não em tempos pré-estabelecidos
Por homens vazios
Desejo meu natal em mim mesma
Na terra fértil que me chove todo dia
Com novas vidas sementeadas em mim
(Betha Mendes)
Foto de Sebastião Salgado, retirada do Google