Foi há quase 21 anos. Faz esta semana 21 anos que vivi um dos melhores sonhos da minha vida. Aquilo porque eu tanto ansiava estava finalmente a acontecer. Fui mãe. Voltei a sê-lo dois anos mais tarde, mas este filho, o meu Joãozinho, por quem eu tanto ansiei, por quem eu tanto sonhei, por quem eu tanto chorei estava ali nos meus braços!
Nove meses antes, quando tive a minha primeira falta, não acreditei, as dores de barriga eram as que todos os meses me chateavam e, mais uma vez, voltava a não engravidar. Também já não tinha esperança nenhuma, até já me tinha inscrito nos "fiv's" (fertilização in-vitro) na 1ª página dum bloquinho pautado A-5 da Maternidade Alfredo da Costa, onde eu tinha passado muitas horas e dias até, dos meus últimos 7 anos.
Mas os dias passaram e o período não veio, e as dores de barriga continuaram. Só pararam quando fiz a análise e deu positiva. Fiquei doida, doida mesmo, sem saber o que fazer, com uma vontade enorme de gritar com toda a força dos meus pulmões de dizer a toda a gente que encontrava na rua que estava GRÁVIDA.
Mas não pude, não podia dizer a ninguém, ou a quase ninguém, porque podia haver algo errado - a probabilidade de fazer uma gravidez ectópica (nas trompas) era muito grande dado eu ter sido submetida a uma operação de desobstrução das trompas dois anos antes.
Guardei o segredo, caladinha, mas com uma vontade de explodir de alegria (e preocupação). Só o pai do João e a minha colega da frente souberam porque era impossível esconder.
Esperei uma semana, ou melhor, cinco dias para fazer a ecografia que me diria se o João estava ou não bem implantadinho no meu útero. E estava....
Nessa noite espalhei a notícia aos sete ventos, toda a nossa família soube da novidade. Vivi a minha gravidez como se fosse a única mulher do mundo a ter esse privilégio.
Sexta-feira fazes 21 anos, João. Foste uma das melhores coisas que me aconteceu na vida...