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| Imagina se o Kiko resolvesse fazer terapia? Seriam sessões infinitas. Porque a Dona Florinda não era mole. |
Estava eu resolvendo um texto para um frila. Corta para a cena no banheiro, ajudando a minha little people no exame de fezes. Podia ser o exame do ENEN, mas a merda era verdadeira.
Nós amamos os filhos, ficamos até felizes quando as funções fisiológicas deles estão perfeitas, mas mexer no cocô de uma monstrinha linda de cinco anos é tarefa para o pessoal do Law and Order.
Enquanto fazia isso, duas amigas em espera no computador. Uma esperava para falar de trabalho e a outra marcando um café. Aí brinquei dizendo: "estava lá mexendo no cocô da Bruna, ser mãe é dureza. Depois eles crescem e vão para a terapia falar que somos loucas e manipuladoras".
Falei brincando, mas ouvi das duas que as mães são pauta recorrente na terapia. Uma coincidência nem tão surpreendente para mim. As filhas, hoje, são mulheres incríveis, maduras e bem sucedidas, mas as mães fizeram alguma caca lá no passado e aí é aquele corre-corre para ouvir do terapeuta que nem sempre as verdades absolutas das mães devem ser levadas tão a sério.
Juntei isso com os 5679 blogs de mães e futuras mães que existem, pensei na coisa linda da maternidade e pensei no livro "Um amor conquistado – o mito do amor materno”, da cabeçona Elizabeth Bardinter que comecei a ler, e deu um nó aqui nos meus três neurônios.
Evoluímos, cuidamos mais das nossas crias - o livro começa contando que era grande o número de bebês largados às amas de leite, pois era um hábito comum lá por 1800 e guaraná com rolha - mas não podemos mentir. Nem sempre a coisa é incrível, e não falo em mexer no cocô e acordar 13 vezes na madrugada. É um pouco mais além. Quando o bichinho cresce e resolvere seguir do jeito dele, aí é a hora do vamos ver.
Será que os aceitaremos como são, do jeito que querem ser? Será que nosso amor materno os libertará para a vida ou seguiremos querendo espelhos, pessoas que façam aquilo que desejamos para que continuemos a exibir nossa cria ao mundo alimentando nossa vaidade? Sabe Deus.
Eu tenho uma lista de frases que não quero dizer às minhas crias. Porque a escolha foi ciente. Na dor e na delícia. Ninguém aqui tem que levar fatura para pagar lá na frente. Eu quero amar, libertar, orientar, respeitar... Só(só?) isso. Espero conseguir. Oremos.
Que bom que as mães agora mudaram um pouco (parece) e assumem que nem sempre tudo é incrível, que os filhos nem sempre são perfeitos. Que bom que as relações andam mais honestas, os homens mais bacanas, as mães menos sozinhas e menos frustradas, já que rola uma divisão da mão de obra. Chego a pensar que o tal amor materno contemporâneo vai nos deixar menos manipuladoras dos destinos alheios (dos rebentos) e quem sabe, no futuro, os terapeutas deixem as mães de lado pelo menos da metade da sessão em diante.
Já seria um alívio.




