quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Mães no divã

Imagina se o Kiko resolvesse fazer terapia? Seriam sessões infinitas. Porque a Dona Florinda não era mole. 

Estava eu resolvendo um texto para um frila. Corta para a cena no banheiro, ajudando a minha little people no exame de fezes. Podia ser o exame do ENEN, mas a merda era verdadeira.

Nós amamos os filhos, ficamos até felizes quando as funções fisiológicas deles estão perfeitas, mas mexer no cocô de uma monstrinha linda de cinco anos é tarefa para o pessoal do Law and Order.

Enquanto fazia isso, duas amigas em espera no computador. Uma esperava para falar de trabalho e a outra marcando um café. Aí brinquei dizendo: "estava lá mexendo no cocô da Bruna, ser mãe é dureza. Depois eles crescem e vão para a terapia falar que somos loucas e manipuladoras".

Falei brincando, mas ouvi das duas que as mães são pauta recorrente na terapia. Uma coincidência nem tão surpreendente para mim. As filhas, hoje, são mulheres incríveis, maduras e bem sucedidas, mas as mães fizeram alguma caca lá no passado e aí é aquele corre-corre para ouvir do terapeuta que nem sempre as verdades absolutas das mães devem ser levadas tão a sério.

Juntei isso com os 5679 blogs de mães e futuras mães que existem, pensei na coisa linda da maternidade e pensei no livro "Um amor conquistado – o mito do amor materno”, da cabeçona Elizabeth Bardinter que comecei a ler, e deu um nó aqui nos meus três neurônios.

Evoluímos, cuidamos mais das nossas crias - o livro começa contando que era grande o número de bebês largados às amas de leite, pois era um hábito comum lá por 1800 e guaraná com rolha - mas não podemos mentir. Nem sempre a coisa é incrível, e não falo em mexer no cocô e acordar 13 vezes na madrugada. É um pouco mais além. Quando o bichinho cresce e resolvere seguir do jeito dele, aí é a hora do vamos ver.

Será que os aceitaremos como são, do jeito que querem ser? Será que nosso amor materno os libertará para a vida ou seguiremos querendo espelhos, pessoas que façam aquilo que desejamos para que continuemos a exibir nossa cria ao mundo alimentando nossa vaidade? Sabe Deus.

Eu tenho uma lista de frases que não quero dizer às minhas crias. Porque a escolha foi ciente. Na dor e na delícia. Ninguém aqui tem que levar fatura para pagar lá na frente. Eu quero amar, libertar, orientar, respeitar... Só(só?) isso. Espero conseguir. Oremos.

Que bom que as mães agora mudaram um pouco (parece) e assumem que nem sempre tudo é incrível, que os filhos nem sempre são perfeitos. Que bom que as relações andam mais honestas, os homens mais bacanas, as mães menos sozinhas e menos frustradas, já que rola uma divisão da mão de obra. Chego a pensar que o tal amor materno contemporâneo vai nos deixar menos manipuladoras dos destinos alheios (dos rebentos) e quem sabe, no futuro, os terapeutas deixem as mães de lado pelo menos da metade da sessão em diante.

Já seria um alívio.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Veja bem, meu bem

Quem não lembra da criatura "qué pagá quanto" das Casas Bahia??

Eu sou do tipo que quando o vendedor me fala "posso te ajudar?" eu logo penso em responder: "pode, sumindo ou me emprestando 10 mil".

E não é papinho burguês ou preconceituoso. Eu fui vendedora de shopping e, se precisar, encaro de novo (com uma dor do lado esquerdo do peito, porque acho um saco).
O lance é que a pessoa faz uma palestra de auto-ajuda e motivação na vida e sai achando que vai ser bem sucedido no mundo das vendas, o novo Eike Batista. Esquece do bom senso, da boa fala...

Isso tudo só para narrar um papo bem bizarrão com um vendedor de carros. O cara era bem legal, tanto que meu marido voltou na loja e procurou por ele. Mas, tadinho... se empolgou com a venda, pensou na meta do gerente, se enrolou todo e quase fez eu dar um ataque de riso em plena loja:

- Olha, eu se fosse vocês pensava bem nesse carro. Porque ela gostou, o senhor também. Aí vocês escolhem um sem os adicionais e depois pensa melhor e ela diz: "ah, BEM, mas podiamos ter pego o outro".

Eu estou até agora pensando em que momento da minha puta vida eu chamaria meu marido de bem. Bem, meus bens, meu bem... Imaginei eu bem séria falando: "pô, bem, eu queria ter comprado aquele bem, veja bem..."



Ele falou tanto que me deixou tonta. Ele encerrou o discurso falando: "não é porque sou vendedor". Nãooo, é porque ele pensa no meu bem-estar,  quer muita gente de carro novo, casais felizes. Um altruísta.


Só sei que alguns vendedores tinham de ter um alarme que disparasse segundos antes da merda. Assim ficava todo mundo feliz, satisfação garantida.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Feminismo lá na casa do capeta


Essa dona Simone inventando moda e nem pra retocar a raiz. E o buço? Aposto que nem depilava.
 E eu sumo da blogosfera e nem minha mãe sente falta. Que triste!

Aí eu volto, porque se este blog não muda a vida de ninguém e não informa jornalisticamente nenhum habitante do mundo internético, ele tem a singela função de elevar a bizarrice humana. E quando se fala em bizarrice, a reunião de pauta comigo mesma é cheia de assunto. Essa raça humana se supera a cada década.

Bueno, aqui na minha vida de desperate housewife, nada de anormal. Um feijão aqui, uma receitinha da Ana Maria Brega ali, um bolinho acolá.... Uma reprise de novelinha do Manoel Carlos no Canal Viva, e a vida segue. Ah, eu leio. Quando dá, porque vai sujar a cozinha toda bem na hora de buscar a cria na escola? Vai lambuzar o fogão com caldo de feijão... O tempo de esvai. O tempo não para (haha)...

Só que nasci nos anos 80. Bem no auge da emancipação da mulherada e minha vida de Julia Child não pode durar mais que quinze dias. Culpa de alguma tia solteirona foi lá no ouvido da feminista em ascensão e disse que não valia a pena essa vida dura de dona de casa. E lá se foi o tempo que tínhamos horinhas para fazer uma receita, arrumar um guarda-roupa, cuidar dos filhos e esperar o marido bem bonita às seis da tarde.

Estávamos lá, trocando dicas culinárias, vendo as crias crescerem, tudo na santa paz de deus. Agora estou aqui, pensando em como perder cinco quilos, ter filhos saudáveis, uma carreira gloriosa, um projeto que me renda fama, reconhecimento e dinheiro, e ainda ter bom humor e levar a vida de forma equilibrada, sensata, tranquila.

Que Simone de Beauvoir e Camile Paglia, o quê. Chatas!
Legal mesmo é a Palmirinha, como bem citou a blogueira Mariana. Palmira sabe tudo!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Eu me amo!




Eu estava me arrumando para trabalhar e minha pequena  sentada na prateleira de sapatos e batendo o maior papo com seus amigos imaginários. Fiquei pronta e ela disse:

- Ahh mãeeee, você está bem mais linda do que eu. Não vale!
- Isso é impossível. Você é a menina mais linda, Bruna!
- Hihi, eu sei. Era só brincadeira. Eu sempre sou a mais linda meismo.
-...

* Os amigos imaginários dela: Zack, Coude, George, Peter (Pan) e Helena em breve ficarão famosos. Bruna foi chamada para participar de um documentário que falará desse mundo incrível das crianças e seus amigos que vivem dentro dessas cuquinhas maravilhosas.
Será o segundo documentário em cinco anos de estreia dessa menina muito muito maluquinha.

Ibope