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Olho no olho
Por teimosia, insistimos principalmente nas coisas que nos contrariam, mesmo sendo um dia calmo como o quartzo rosa que mantinha seu lugar sem presa na estante; e mesmo sendo o amor uma pedra rara difícil de lapidar com o tempo... cheiro.
As ruas continuavam apresadas. Cruzamentos de olhares e vontade de querer... querer o prazer da carne sem segredos, só riso. Nosso toque, arrepio. Vontade de rolar na grama e deixar nos envolver por pensamentos ainda verdes, mesmo depois da chuva onde as cores se tornam mais vivas e nosso olhar atrevido despe as intenções de beijos... coxas e seios.
Sempre nos mantemos trancados na vergonha do sentir. Passado a euforia da vermelhidão no rosto, fogo... em dois pontos o abraço aquecia palavras sem medidas e que calçavam perfeitamente o caminhar das dúvidas.
As sombras que em momentos eram uma, desenham na imensidão que transpassava os lençóis e pousavam no café da manhã. Sensações a varejo que eram despertadas com todo prazer, e nas impressões das mãos, o leve saber acontecer.
Por teimosia, apenas por teimosia observava a largura do sorriso e que mesmo com esse barco não conseguiria enxergar as margens que engoliam sua alma... que devagar, consumia nossos poros e suor.
Horas continuavam perdidas e descompassadas ao por do sol que compunha uma escada ao horizonte. A noite beijava devagar, línguas e corpo, todos os incômodos da casa.
- Silencio moreno.
Texto e ilustração: Harley Meireles