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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Jovem libanesa
Foto de
Barbara Taurua


QUERO UM HOMEM
Cláudia Marczak
[ in Poesia Erótica ]

Quero um homem
que toque minha alma,
que entre pelos meus olhos
e invada meus sonhos.
Quero que me possua inteira,
corpo e alma,
fazendo dos meus desejos
breves segundos de êxtase
o prazer do encontro total.
Quero sentir seus braços longos
envolvendo meu abraço,
seus lábios mudos
calando o meu silêncio
sem precisar nada dizer...
apenas me olhando
com olhos negros e úmidos
e me tomando devagar,
como o mar avança na praia,
como eu sei que tem que ser
e sei que um dia será.


BALAIO PORRETA 1986
n° 2943
Natal, 25 de fevereiro de 2010


ORQUÍDEAS NO JARDIM
Sheyla Azevedo
[ in Bicho Esquisito ]

- E se tivéssemos nos conhecido há 10 anos?

- Não podemos prever o que é impossível, Clara. Nos conhecemos agora, é o que temos.

- Mas é como se eu me lembrasse de você há muito tempo. Tenho a impressão de que essas coisas todas, essa música, o seu toque, sua voz, você, tudo é tão familiar. Tanta coisa abstrata e tão pouco de concreto.

- Clarinha, você parece uma menina. Você é uma menina.

[ Clique aqui para ler o conto na íntegra ]


TÉDIO
de Linaldo Guedes (PB)
[in
Intervalo lírico,
reproduzido em Zumbido escutando blues ]

na lua
criou-se
uma teia
de aranha
a culpa foi sua
que não quis esperar pelo amanhecer


SEPULTEI A BORBOLETA
de Maria Maria (RN)
[ in Espartilho de Eme ]

Sepultei a borboleta!
Meu corpo jaz em silêncio
por sete dias.

As asas em morte,
na pedra opaca do teu
tórax,
fazem rfefrão
da melodia.

Sem crisálida,
sem metamorfose,
sou um facho de luz
em agonia.


POEMA GRATUITO
Betina Moraes
[ in Versos & Ideias ]

faça oferta.

faça oferta de qualquer coisa que semeie
Grão

Broto

Semente

Ideia

Beijo

Carícia

Elogio

Entusiasmo

faça oferta, não venda, não esmola.


faça oferta.


DO DESTINO DAS CONCHAS
Nydia Bonetti
[ in Longitudes ]

a concha
que não quis ser tocada

seguiu
o destino das conchas

(que não são tocadas)

secou
sem conhecer a pérola


PARA UMA BIBLIOTECA PORRETA
( 58 / 66 )

A menina sem estrelas - Memórias (Nelson Rodrigues, 1967)
Ideologia da cultura brasileira (Carlos Fuilherme Mota, 1977)
Ninguém escreve ao coronel (Márquez, 1961)
Memória de minhas putas tristes (Márquez, 2004)
Tia Júlia e o escrivinhador (Llosa, 1977)
Elogio da madrasta (Llosa, 1988)
O sobrevivente (Sérgio Sant'Anna, 1969)
As noites marcianas (Fausto Cunha, 1960)
Nascimentos: Memória do fogo, 1 (Galeano, 1986)
Figuras e tradições do Nordeste (Raimundo Nonato, 1958)


UM LIVRO É UM LIVRO É UM LIVRO

Figuras e tradições do Nordeste, de Raimundo Nonato. Rio de Janeiro: irmãos Pongetti, 1958, 170p.

Em capítulos quase sempre deliciosos, o mossoroense Raimundo Nonato refaz em tom memorialístico, qual jornalista do sertão, um mosaico de histórias, reais ou não, que moldam o homem do interior nordestino. Jagunços, professores, crônicas literárias, homens que falavam com espíritos, personagens da arte dramática em Mossoró – vasto é o painel das histórias contidas no livro. Algumas delas são hilárias, como a do cearense dono de caminhão que, “matuto habituado àquelas tramoias das estradas”, desconfiado que só a mulesta e cuidadoso extremado com o seu dinheiro, ao se hospedar em pensões pouco recomendáveis, costumava guardá-lo na própria roupa do corpo, ao dormir, envolvendo-se em lençois e mais lençois. Deu-se que, em certa ocasião, encontrando-se na cidade de Russas, devidamente hospedado, aconteceu o pior com o nosso amigo estradeiro:

“Madrugada alta, a pensão estava em polvorosa.

O barulho acordara todo o mundo.

O homem do dinheiro, apesar de toda a sua precaução, fora roubado, durante o sono. O ratoneiro bancou o sujeito educado. Deixou ao pobre diabo um cartão de visita, cujos termos valem uma peça:

- Não o levo, também, porque não gosto de macho...”.

(p.31-32)


terça-feira, 11 de agosto de 2009

O Itans e a Serra de Samanaú,
em Caicó
Foto de
Roberto Fontes,
um dos editores do blogue Bar de Ferreirinha


BALAIO PORRETA 1986
n° 2749
Natal, 11 de agosto de 2009

Eu não nasci pra viver, mas pruma coisa muito melhor,
que ainda vou descobrir o que é.

(Millôr FERNANDES. A Bíblia do caos, 1994)


POEMA
Cláudio Shuster
[ in Beba Poesia ]

pensar nos diferencia
amar nos poesia


Açude Sabugi ou Santo Antônio,
em São João do Sabugi
Foto de
Dercílio Morais
in
Sabugilândia :


ETA! ANJO DANADO, HEIM, DRUMMOND?!
Luma Carvalho
[ in E o que é a Poesia? ]

quando nasci
um anjo velhinho
banguela
disse
:
vai carregar asas
menina
a vida inteira!

mal comecei a andar
e o meu destino
ladeiras
colinas
ribanceiras
.
.
.
minhas asas?!
ora! a cauda de uma pipa
bicicleta
rolimã
a pedra de uma baladeira


BICHO DANADO
Nydia Bonetti
[ in Longitudes ]

meu coração
uma goiaba - bichada
bicho danado
chamado - solidão

se bicho
de goiaba - é goiaba
bicho
de coração - é coração

creio então
estar sendo - devorada
pelo meu próprio
bicho - danado coração


MAR VAGABUNDO
Hercília Fernandes
[ in Maria Clara, Simplesmente Poesia ]

"O mundo é grande, mas em nós ele é profundo como o mar" (Rilke)

Há um mar em mim.

Um mar de águas revoltas.

Nuvens pesadas circulam passageiras

Areias, em fileiras, atiram-me ao fundo

quase sempre certeiras.


Há um mar em mim

E eu tantas vezes nada entendi:

da cor que me veste olhos d'agua

e do vento que me sopra à maré baixa.


Pois há um mar em mim

E eu não tive sequer escolhas

Não pude dizer (ao mar)

que parasse com esses cantos sombrios

Nem que me deixasse a não-mercê de tais desafios.


Por que esse mar é fora da lei

Não sabe o que é sorte, nem teme solidez

Tudo sente, nada sofre e me move à embriaguês.


Por que esse mar é poço sem fundo

Quanto mais arrasta, mais revira tão doce mundo

Secando-me as águas claras em tons cinza profundos.


Isso tudo porque esse mar é vagabundo...


segunda-feira, 22 de junho de 2009


Mona Lisa Desnuda:
versões realizadas por autores anônimos;
algumas delas (como a da imagem inferior)

atribuídas ao próprio Da Vinci,
ou por ele supervisionadas, segundo os pesquisadores
(cf. Museo Ideale Leonardo Da Vinci)



BALAIO PORRETA 1986
n° 2700
Natal, 22 de junho de 2009

O gato é preguiçoso como uma segunda-feira.
(Mario QUINTANA. Imagem, in Caderno H, 1973)


ABERTURA, 1
Romério Rômulo
[ do livro Per Augusto & Machina, a sair ]

1. é louco ser solene.
é lúcido ser louco!

2. se tenho, como última morada
o som caleidoscópico da vida
carrego matrizes, almas sombreadas.

3. meu coração de cavalo, meu ato de terra
surrado dos demônios, ímpio em desvario.

4. quando surgi de mim, fiquei varrido.
e meu estado de coisa correu solto!

5. qualquer ambigüidade tem um tônus
que corta toda a alma pelo avesso!

6. a dor fecunda das hostes:
vou retomar meus laços com a vida.


CELEBRAÇÃO
Nydia Bonetti
[ in Longitudes ]

peço silêncio:
há uma flor
se abrindo no jardim


ELAS
Líria Porto
[ in Tanto Mar ]

a vida é a puta
que em mim se esfrega
e espera que eu resista
às suas curvas

a vida é a santa
que me recusa
e assim me arrasta
para suas pernas

a morte é mulher
sem intenções escusas


POEMA EM DÓ MENOR
Sheyla Azevedo
[ in Bicho Esquisito, em 24/10/2007 ]

Para que te convidar para entrar
Se sequer bates à porta

De que adiantaria todo alvoroço
Rosas no cabelo
Saia rodada
Calcinhas na gaveta
Se me despes apenas com silêncio e indiferença


Para que te convidar a beber
Da minha saliva

Se sequer sentes sede
E de que adiantaria colocar um blues na vitrola
Vinho em taças
Cubanos equilibrando-se no fino cristal
Se teus olhos se mantêm ávidos por outras esquinas


Não, senhor, não entrarás mais em minha casa.
Para chegar até esse lugar é preciso atravessar uma rua
Dois rios, alguns vendavais, poças de sangue
Quiçá um continente inteiro
E dois ou três versos desperdiçados

Mas de que adiantaria
Se sequer soubestes ler nas entrelinhas


O LIVRO DOS LIVROS
Segundo Testamento
1. O Livro de Maria Maria
A partir da próxima segunda-feira

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Outras terras, outras gentes:
Porto, Portugal
[ foto in Blog da Rua Onze ]


BALAIO PORRETA 1986
nº 2783
Rio, 14 de setembro de 2009

Acho que a verdadeira criatividade significa ação livre dentro da estrutura de um sistema de regras. Em arte, por exemplo, se alguém simplesmente atira latas de tinta numa parede ao acaso, sem quaisquer regras, sem estrutura, isso não é criatividade artística, não importa o que possa ser.
(Noam CHOMSKY. Entrevista para a New Left Review 57,
em set/out 1969, cf.
Vozes do século, 1997)


A TUA NOITE É VESGA, A TUA ÂNSIA É ÁGUA
Romério Rômulo

o ovo é um riso e afago da manhã.
seu branco é texto da pele de um dente
que quebrado traz podre, enxofre, galo.
se um picasso sabe, ele o transforma ovo.

picasso, cúbico, do ovo, mondrian
fazido cores puras, geometria rouca
de levar tapa de cérebro escarlate
com tanta vida a defender de traços.

se ovo fui, quieto arregacei
umas manhãs-kandinsky, voluptuosas
de cor. talvez uma quirera
se benfazeja seja faça-se rouault.


AMORADOS
Nydia Bonetti
[ in Longitudes ]

quero escrever
um poema vermelho
vindo
não do meu velho
coração
vermelho sangu
e
mas
dos meus dedos
manchados
da minha língua
rubra
dos meus olhos
molhados
que
de tanto
colher comer olhar
amoras
amorados estão


TÉDIO

Jeanne Araújo

Tudo está lá fora...
A vida às moscas
e minha alma pendurada no varal...


TRÊS POEMAS de
Orides Fontela (1940-1998)
[ in Teia. São Paulo, 1996 ]

Adivinha

O que é impalpável
mas
pesa

O que é invisível
mas
fere

O que é invisível
mas
dói

Ver

Ver
o avesso
do sol o
ventre
do caos os
ossos.

Ver. Ver-se.
Não dizer nada.

Teologia

Não sou un deus, Graças a todos
os deuses!
Sou carne viva e
sal. Posso morrer.


EIS A "VERDADE" do sr. diogo mainardi NA VEJA

"É uma sorte que São Paulo seja tão pouco musical. A música popular constitui o maior fator de atraso no Brasil. Quanto mais musical é uma região, mais subdesenvolvida ela é. A musicalidade dos brasileiros está diretamente relacionada com as epidemias de leishmaniose, os esgotos a céu aberto, os desmoronamentos de favelas. São Paulo é a cidade mais rica do Brasil simplesmente porque não entende nada de música, porque não fica sentada em banquinho de violão". (em 26/01/2004)

"É bom brigar. É um prazer brigar. Prefiro brigar quando não tenho razão. Quando não tenho argumentos". (em 24/08/2005)

"... se dependesse de mim os livros de Noam Chomsky iriam direto para a fogueira". (em 11/02/2006)

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Ponta do Morcego, em Natal, ao alvorecer
Foto:
Mário Március


BALAIO PORRETA 1986
n° 2765
Rio, 27 de agosto de 2009


Sofrer é sempre culpa nossa.
(Cesare Pavese. O ofício de viver, 1952)


Memória / Repeteco
O FESTIVAL DE BESTEIRA QUE ASSOLOU O PAÍS EM 1965

Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto)
[ in FEBEAPÁ - O Festival de Besteira que Assola o País, 1966)

"Segundo Tio Zulmira, 'o policial é sempre suspeito' e - por isto mesmo - a Polícia de Mato Grosso não é nem mais nem menos brilhante do que as outras polícias. Tanto assim que um delegado de lá terminou seu relatório sobre um crime político com estas palavras: A vítima foi encontrada às margens do Rio Sucuriu retalhada em 4 pedaços, com os membros separados do tronco, dentro de um saco de aniagem, amarrado e atado a uma pesada pedra. Ao que tudo indica, parece afastada a hipótese de suicídio" (p.15-16, grifo do Balaio). De minha parte, mais de 40 anos depois, continuo na maior dúvida: afinal, a vítima suicidou-se ou não?


DA ALEGRIA
Lara de Lemos
[in palavrAvara, 1986]

Todos os ontens passaram
sem deixar traço
ou traça.

Agora só amanhãs
claros, simples
de graça.


Uma foto antiga
do início do século passado
(autoria anônima)

A TI
Vais

Meu desejo delírio
Lírios...
de que pra quem
como gostaria de ser tocada
muito mais
para além da leveza
dos olhos pousados
em uma foto antiga


DE UMA ENTREVISTA ETÍLICO-BALAIOGRÁFICA
COM CHICO DOIDO DE CAICÓ, EM 2004
P - Se vivo ainda fosse, você estaria fazendo o quê,
com seus 80 anos?

R - Em primeiro lugar, lambendo xibius; em segundo lugar, lambendo rapaduras; em terceiro lugar, não estaria lambendo o saco de ninguém. Sou caicoense dos bons, viu!?!


OLHOS DE PEDRA
Nydia Bonetti
[ in Longitudes ]

de esperar
arranco
das pedras, os olhos

meus olhos, arranco
e os atiro ao mar

pesados,
logo serão tragados

pelo abismo
dos olhos cansados

eu, sigo
com meus olhos
de pedra


QUE ÉTICA
Ailton Medeiros

O senador José Agripino Maia anunciou agora há pouco [ontem] que os Democratas vão deixar o Conselho de Ética.

Ora, faz anos que o partido abandonou a ética.

A medida, claro, não passa de teatro. Teatro de péssima qualidade, diga-se de passagem.

Parem o mundo que eu quero descer. Ou subir.


AO MEU CORPO
Henrique Pimenta
[ in Bar do Bardo ]

O corpo me limita, mas é tudo
que posso por enquanto. Sou mesquinha,
eu sei, na pequenez em que desnudo,
que excito o meu exército na linha

de fogo, no combate feito ludo,
com a pele depilada e tão fresquinha,
com o musse pelo musgo, no miúdo,
no gozo da beleza que definha.

O dúbio delimita a decisão,
decide-se, em efêmero cotejo,
de espírito e matéria por cisão.

Cindidos, que se danem ao despejo!
Por mim me basta a carne sem razão,
o corpo que eterniza o meu desejo.


Poema Primitivo
Lou Vilela
in
Nudez Poética


segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

TIME DE GUERREIROS
TORCIDA ILUMINADA
Fluminense, eterno amor
Fluminense, paixão eterna

"... o Fluminense, o maior herói do Brasileirão de 2009"
(Juca Kfouri, corinthiano e rubro-negro).

Homenageamos, igualmente,
o Flamengo, pelo título brasileiro,
o Botafogo, pela permanência na série A,
e o Vasco, pelo título da série B.


BALAIO PORRETA 1986
n° 2862
Natal, 7 de dezembro de 2009


CITAÇÕES DE NELSON RODRIGUES
[] Meu sentimento clubístico é anterior ao sexo,
anterior à memória.

[] A morte não exime ninguém
dos seus deveres clubísticos.

[] Um time pode jogar descalço, jogar de pé no chão.
Só não pode jogar sem alma.

[] Assim é o ser humano: na hora do palpite errado,
não lhe ocorre uma vaga dúvida metafísica.

[] O vídeo-tape, por ser burro,
não tem a imaginação do olho humano.

[] O que nós procuramos no futebol é o sofrimento.
As partidas que ficam, que se tornam históricas,
são as que mais doem na carne, na alma.



PERCUSSIVA
Nydia Bonetti
[ in Longitudes ]

tudo é preto tudo é branco
tudo é não sim

onde se esconderam as verdades
que moravam em mim?

tudo pode ser nada
nada pode não ser tudo assim

nada de poder tudo ou não
pode tudo nada tudo se danar

preta branca verdade
tudo se esconde

nada branco pode preto sim
tudo não haver danado ser onde?

sonora mentira


FELINA
Maria Maria
[ in Espartilho de Eme ]

Sou gata.

Toda noite, no telhado, viro fera
em cima de uma tapera
tão faceira a te esperar.

Sou gata.

Risco um grito sem fronteira,
pois eu sei que a lua cheia
quer em mim se derramar.


HORÓSCOPO DO BALAIO PARA A PRÓXIMA SEMANA

Áries
Descanse numa praia sem badalações turísticas.
Em Natal, não deixe de caminhar no Bosque dos Namorados.
Ainda em Natal, visite o Sebo Vermelho. (Re)veja John Ford .
Apareça no Bar Papo Furado, mas não discuta sobre HQs.

Touro
Estude o criollo de Cabo Verde. Leia Hemingway e Faulkner.
Conheça a Serra de Martins, no Rio Grande do Norte.
Ouça Monteverdi. Ouça Bach. Ouça Paulinho da Viola.
Fuja da Folha de S. Paulo: provoca diarreia mental.

Gêmeos
Escute, com emoção, o Madredeus. E Jacob do Bandolim.
(Re)veja Asas do desejo. Conheça São Saruê. E Pasárgada.
Tome sorvete, de qualquer sabor. (Re)leia Cecília Meireles.
Se homem, seja Glenn Ford. Se mulher, Amélie Poulain.

Câncer
Esbalde-se com banho de chuva, na primeira ocasião.
Beba uma boa cachaça, preferencialmente no Bar de Ferreirinha.
Ligue-se na poesia do Rio Grande do Norte. E da Paraíba.
Evite as ideias de José Agripino Maia: pura diarreia politiqueira.

Leão
Ande de bicicleta azul. Sonhe com as obras de Gaudí.
Conheça as igrejas barrocas de Oropa, França e Bahia.
Ouça Beethoven. Ouça Monteverdi. Ouça Chico Buarque.
Leia a literatura francesa do século XIX. E muito mais.

Virgem
Torça por seu clube futebol. Com paixão, mas sem violência.
Penetre no imaginário em transe da ficção cientítica.
Conheça o mundo dos quadrinhos: Moebius, Eisner, o Philémon.
Fuja dos falsos intelectuais: estimulam o preconceito literário.

Libra
Seja tudo. Seja ex-tudo. Seja pós-tudo. Seja o Rio Potengi.
Em Natal, marque ponto no Sebo Vermelho. E no Catalivros.
No Rio, marque ponto na livraria Folha Seca. E na Berinjela.
Não deixe de (re)ler Guimarães Rosa. E Machado de Assis.

Escorpião
Faça amor, muito amor, ao som de Brahms.
Conheça São José da Bonita e toda a região do Seridó.
Marque presença no Substantivo Plural, de Tácito Costa.
Fuja dos "politicamente corretos": são "politicamente chatos".

Sagitário
Não deixe de ler Câmara Cascudo. E Oswaldo Lamartine.
Conheça a poesia de Marize Castro e Iracema Macedo.
Seja homem, seja mulher, seja criança: seja você.
Passe uma temporada de três meses em São Saruê.

Capricórnio
Entre Kafka e Thomas Mann, escolha os dois.
Entre Antonioni e Fellini, escolha os três.
Entre Crepax e Alex Raymond, escolha os quatro.
Entre Bach e Beethoven, escolha os cinco.

Aquário
Releia, pela milésima vez, o Dom Quixote de todos nós.
Se flamenguista, continue comemorando o título.
Se possível, conheça Tranco e Lençóis, na Bahia.
Leve a sério Lenine Pinto: o Brasil foi descoberto aqui.

Peixes
Continue nadando contra a correnteza global.
Conheça o Ecovila Pau Brasil, em Pium/Natal.
Em Caicó, não deixe de mergulhar no Itans.
Evite o PIG (O Globo & demais): aaarrrrrggghhhhhh!!!

Serpente
Consulte o horóscopo asteca. E o de Pasárgada.
Faça campanha para Bibica para o governo do Rio Grande.
Aprofunde-se na Bíblia Hebraica. E em obras zenbudistas.
Divirta-se com a poesia absurda de Zé Limeira.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Foto:
Rafal Limburski


BALAIO PORRETA 1986
n° 2845
Natal, 17 de novembro de 2009


ensina-me, agora, a fertilidade da alegria.
(Mariana Botelho, in Suave Coisa)


CANÇÃO
Cecília Meireles
[ in Viagem, 1939 ]

Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
— depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre dos meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...


Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito:
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.
POEMA
Nydia Bonetti
[ in Longitudes ]

chuva e escuridão
o mesmo céu da infância

... sem lamparinas



Recomendamos a leitura do artigo
PV NO PODER?
QUE NADA, O PODER É DO PTV
- PARTIDO DA TV PONGA NEGRA
de Cefas Carvalho
[ in Noticiando ]


DAS ELEGIAS: DIDÁTICA
João Filho
[ in Hiperghetto ]

O áspero poema? Não mais quero.
O inviável abismo? Já descri.
Foi com inabalável esmero
que duramente me persegui.

Se tudo é insuficiente, espero.
O instante vence o tédio, senti.
Se a valsa mudou-se em bolero
o ritmo pouco importa, vivi.

Pelo tropeço suavizei o passo.
Seu corpo é o sentido que devasso
devagar, como quem respira.

Gota que se equilibra suspensa –
a vida. Mínima que é imensa,
quando pensa que é real, delira.


INFLEXÍVEL
Mariza Lourenço

[ in Blocos ]

às vezes meu corpo despenca
no imaginário de teus versos.

de resto continuo cumprindo a mesma rotina
de cerrar portas e janelas
à aproximação de qualquer rima.



Memória 1993
BALAIO INCOMUN
Folha Porreta
VII / n° 493
Rio, 1 jun 93


O DIÁRIO SECRETO DE LAMPIÃO
(Fonte inicial: Papa-Figo, de Recífilis)

Baixa-da-Égua (24/6/24)
Querido diarim. Hoje tô tão arretado que capei cinco e arranquei as pregas de mais oito cabras que soltaram uma indecência para Maria Bunita. A culpa também foi dela, pra que eu fui deixar a danada passar o carnaval em Olinda? A criatura voltou cheia de idéias, capaz inté de ter fumado maconha por lá. Ainda por cima agora tá achando que tá prenha. Se o minino sair galego eu sangro Corisco. Ou será que ele pensa que num tô notando o jeito que ele vive cubando as entrecoxas de Maria Bunita quando ela tá de cócas. Também ela precisa acabar com essa mania besta de não usar calçolas, parece inté que a sua priquita num tem dono. Tem, sim senhor.

Oiti-da-Mãe-Joana (24/8/24)
Querido diarim. Esse negócio de eu só escrevinhá no dia 24 é coincidência, viu, que eu sou muito do macho. Hoje tô de novo arretado, com vontade de arengar com o primeiro fidaputa que aparecer na minha frente. Corisco tá com jeito de quem tá querendo enfeitar minha testa, mas antes disso eu como os ovos dele com queijo e cuscuz. Aquele galego da pustema num tira o olho da minha nega. Só porque a mulher dele é Dadá ele pensa que toda mulher é só olhar que ela dá dá. Derna que disseram que ele vai aparecer num filme de um tal de Glauber Rocha que Corisco só tá querendo ser o coisa e tal, também com aquele cabelão de frango que ele usa tinha que terminar dando pra artista, viado ou professor da UFF. Vai acabar metido em grevença.

Pau-dos-Ferros-da-Gota-Serena (23/2/25)
Querido diarim. Andando por esse mundão de Deus e do meu Padim Ciço, dá pra perceber, o Brazil tá fudido. Tanta riqueza, tanta miséria e tanto cabra safado sem macheza nenhuma. Será que foi tudo capado? Não sô profeta, mas um dia, lá pelas horizontanças de 89, 91, 93, sei lá quando, machos e fêmeas que ensinam o abecê da filosomia e que trabalham pru guverno federal ainda vão pegar nas armas do saber e abalar o paiz. Maria Bunita e o cabra Leontino concordam comigo. Então, o sertão vai virar mar, o mar vai virar sertão.

Arre-Égua-do-Norte (25/3/25)
Querido Diarim. Hoje dei um trompaço num cabra que se meteu a besta com Maria Bunita. Depois mandei Jararaca arrombar o fi-o-fó lá dele e cortar a macheza do dito cujo. Eu num danço conforme a musga, danço conforme o contravento. Não sô homem pra perder tempo com miolo de quartinha. Por isso mesmo Corisco nunca mais olhou pras pernas da minha bichinha. Quem pode carrega e sai, quem num pode carrega e cai. Quem tem Maria Bunita, tem cheiro e cafuné.

Canapi-da-Bosta-de-Jumento (13/7/25)
Querido diarim. Bem que ocê poderia ser um Diadorim, se bem que Maria Bunita já é a neblina dos meus encantalamentos. Mas um dia um escrevinhador retado de luas e marés ainda vai diadorinhá a vida do grande sertão pra que os outros e muitos outros possam ler e aprender. Num sei se estarei vivo pra ver tudo isso escrito e bem escrito. Mas, num é nada, num é nada, esteja onde estiver, aqui, acolá, além, darei meu sorriso de sartisfação. Afinal, bangalafumenga nenhum, mesmo no Inferno, vai me impedir de continuar macho. A macacada que se cuide. Sei que desgraça pouca é bobagem, mas nos futuros um tal de Fernandim das Alagoas vai querer desgraçar a vida do paiz. É uma pena, já estarei morto, senão cozinhava em azeite de dendê as partes roxas lá dele. Os cabras iam adorar.

[ Texto estabelecido pelo Prof. Jomard Martins Marconi ]

domingo, 18 de janeiro de 2009


Foto:
Oleg Novojilov
/fragmento/


BALAIO PORRETA 1986
n° 2540
Rio, 18 de janeiro de 2009

"Todas as idéias religiosas, metafísicas e históricas são, em última análise, produtos de grandes vivências do passado - representações delas"
(Wilhelm DILTHEY, 1929, de Passagens, de Walter Benjamin)


TIRO AO ALVO
Adriana Monteiro de Barros
[ in Das Coisas Que Eu Não Sei ]

Cai a janela
abre o pano
atiram flechas
sou o alvo.
Sou a flecha fincada no buraco negro do alvo
sou flecha fincada no peito
sou flecha fincada e mirada no buraco do peito.
Sou flecha. Sou alvo.
Atirem! Atirem, covardes!
Não irei reagir.
Perdi a coragem arqueada do suicídio.
que ele vá pra longe
que ele seja o alvo de outras flechas fincadas no meu corpo.
Sou flecha andarilha.
Sou flecha que atinge o ápice do alfabeto.
Sou linguagem pura e sem dialética
sou palavra tingida
sou arco de palavras, não de flechas.
Mas me disfarço em lingua afiada
e me retiro quando não há mais palavra...

Há um triste que me tinge
de eclipse

Há um triste que me cinge
de escuros

Há um triste que me cala
de réstias

Há um triste que me fala
de frestas

Há um triste que me sela
de sépias

há um triste que me cabe
de ausências

Há um triste que me fere

..................................

de luzes


MÍNIMA
Nydia Bonetti
[ in Longitudes ]

Rímel. Lápis. Blush. Batom
Agenda. Aspirina. Espelho
Chaves. Talão de cheques
Carteira. Calculadora
Cartão de crédito
Lixa de unha. Desodorante
Creme hidratante

Um terço. Uma oração. Medalhas
E uma fita azul da Mãe Aparecida
(Que a casa do Senhor do Bonfim
Ficou distante)
Um canivete artesanal de estimação
Herança de meu pai
3 x 4 daqueles que amo

Lentes de contato. Óculos de sol
Lenços de papel. CIC. RG. CREA SP
Canetas. Cartão de visita. Celular
Escovas. Filtro solar
E a imprescindível folha de papel
Em branco
À espera dos versos

Deus,
Como sou pequena!
Quase tudo que sou e preciso
Cabe dentro da minha bolsa


O RIO DE TODOS
Maria Maria
[ Espartilho de Eme ]

O rio
que abraça
a ponte
que aponta
para o poente
não é o mesmo
rio de Heráclito,
mas o de todos.

O rio me laça
com suas lembranças
cravadas nas pedras
brilhantes do Cruzeiro,
do navio estático,
próximo ao Pereiro
das Galinhas da Angola
(do Seridó).

O rio
é resiliente:
se preserva e se guarda
e se mantém perene
na memória.
Só me falta a chuva
para eu banhar minhas bonecas
às margens desse rio.


CUMAÉQUIÉMESMO?

Um internauta decerto abestado (ou então muito doidão) sapecou a consulta no Google: sonrisal na buceta. E o Google mais doidão do que o próprio internauta indicou o nosso Balaio em 8° lugar entre 216 possíveis blogues que poderiam apontar o caminho das pedras, isto é, da inusitada prática sexual. Sonrisal na buceta? Essa, acredito, nem mesmo o Chico Doido conhecia...

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Clique na imagem
para verouvir
o belíssimo choro
Bole bole
(Jacob do Bandolim, 1967)
interpretado pelo Trio Madeira Brasil
& conjunto, incluindo
Zé da Velha e Silvério Pontes
[ Dica: Nina Rizzi]


BALAIO PORRETA 1986
n° 2676
Rio, 29 de maio de 2009

Contradigo-me? Pois bem, então contradigo-me.
Sou extenso, contenho multiplicidades.
(Walt WHITMAN, citado por Nydia Bonetti)


50 ANOS DA REVISTA SENHOR
Na história do jornalismo cultural brasileiro nada se compara à revista Senhor (lançada no Rio em março de 1959; encerrada em janeiro de 1964). Quer temática, quer graficamente, a revista - que pretendia ser voltada para o público masculino, sem apelações machistas, mas que logo atingiu o público feminino - primou pela excelência de seus colaboradores: textos ficcionais inéditos de Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Antônio Callado, Aníbal Machado, Truman Capote, James Baldwin, Albert Camus, Mary MacCarthy, entre muitos outros, poemas de João Cabral, ilustrações de Jaguar (na quase totalidade), Fortuna, Marius, fotos diversas, além de textos críticos e/ou ensaísticos de José Guilherme Merquior, Glauber Rocha, Ferreira Gullar, Eneida, José Honório Rodrigues, Luiz Lobo, Sérgio Porto, Alex Viany, Salvyano Cavalcanti de Paiva, Jean-Paul Sartre, e assim por diante. E mais as entrevistas. E mais as criativas e variadas capas, algumas delas assinadas por Glauco Rodrigues. E os números especiais (sobre o carnaval, o Natal, a mulher)? Verdadeiras preciosidades. Durante muito tempo, Reynaldo Jardim foi seu diretor. Ah, sim: havia uma ótima seção - quase um encarte - com o nome de Balaio. Uma coleção completa da Senhor, hoje, vale uma pequena fortuna -
por seu valor literário, por seu valor artístico,
por seu valor editorial.


Publicada na Senhor de abril de 1962
A ENTREVISTA DE ANTONIO MARIA
COM VINICIUS DE MORAIS
que resultou no
DECÁLOGO DO POETA PARA A MULHER AMADA

"1 - Amar a mulher amada sobre todas as coisas.
2 - Não tomar o seu santo nome em vão,
e não brincar em serviço.
3 - Guardar todos os domingos para ela
e fazer-lhes milhões de festas.
4 - Ser um pouco pai dela e ela um pouco a mãe da gente.
5 - Só matá-la de amor, ou por amor.
6 - Pecar o mais possível contra a sua castidade.
7 - Nunca furtar para dar-lhe coisas.
Furtar é um crime vil
e a mulher que ama precisa respeitar o seu homem.
8 - Ser absolutamente discreto em tudo
que se relacione à mulher em geral.
9 - Fazer toda a força possível para não desejar
a mulher do próximo.
O preço do amor é uma eterna vigilância.
10 - Não cobiçar as coisas alheias,
pois à mulher que ama, basta-lhe o amor do ser amado".

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Cidades do Mundo que eu gostaria de conhecer (10):
Quito - Equador
El Panecillo e a Catedral
[ Foto: autoria desconhecida ]
Quito foi fundada em 6 de dezembro de 1534
por Sebastian Benalcázer
com o nome de San Francisco de Quito.
Desde 1978, Patrimônio Cultural da Humanidade.
- População estimada, hoje: 1.800.00 habitantes -


BALAIO PORRETA 1986
n° 2831
Natal, 3 de novembro de 2009

Calor, calor, calor. Quando o ar fica mais quente do que a pele, ganhamos uma nova sensibilidade para carícias invisíveis, como uma brisa fresca ou uma bebida gelada. // No alto verão, adoro a ambiguidade das caipirinhas e capiroskas. A fruta refresca, a bebida queima, a temperatura acalma.
(FUGU, in Fruit-de-la-Passion, desativado)


RITUAL
Nydia Bonetti
[ in Longitudes ]

mais cedo
que de costume

acordo

e entre ciprestes
cumpro

o ritual da saudade

o pássaro
leva nas asas

o abraço e a prece

LABIRINTOS - II
Lou Vilela
[ in Nudez Poética ]


Entre um devaneio e outro enveredo por um labirinto de sensações. Percebo a proximidade do monstro fabuloso! Desesperadamente, tento encontrar o caminho, mas a cada passo o temido monstro se materializa. Sinto a sua respiração ofegante cada vez mais próxima... Em um lampejo de lucidez surge, no espelho, o reflexo. Enfim, a saída!


A JORGE GUINLE FILHO
Tanussi Cardoso
em memória
[ in Viagem em torno de, 2000 ]

O que acontecerá aos céus
quando se morre um artista?
Que silêncios, que gritos
Que deuses riscam os ventos
quando se morre um artista?
O que dizer aos filhos
Aos pássaros, ao poema
quando se morre um artista?
Que pintura tão linda
Que natureza tão vil
Que fala tão amarga
quando se morre um artista?
Noiteluzsomdiapasãoharmoniavendavalfuracão?
O que sobra da vida
quando se morre um artista?


POEMA de
Jovino Machado

[ in A Cigarra, nº 35. Santo André, junho 2000 ]

minhas mulheres não são amélias
são orquídeas
não são camélias

meus homens são coração
maiakovski torquato neto
itamar assumpção

minhas mulheres são fortes
virginia woolf clarice
thereza portes

meus homens são ilusão
drummond matisse joão
cores poesia e violão


À FRANCESA
Simão Pessoa
[ in Matou Bashô e foi ao cinema, 1992 ]

Vai ser só a cabecinha
explicou à Antonieta
ajeitando a guilhotina


DEFINIÇÕES ALOPRADAS

Clássico no Maraca
Grande jogo disputado no Pacaembu, em Belo Horizonte, por clubes do Pará e/ou do Piauí. No final de cada clássico, os 80 mil torcedores presentes costumam torcer pelo Íbis, de Pernambuco, que, em 2001, foi goleado pelo Jardim do Seridó Esporte Clube Social por 27 a zero.

Filme de Spielberg
Filme dos anos 20 do século passado, estrelado por Rodolfo Valentino e Marilyn Monroe, com a participação especial de José Lewgoy, cuja ação se passa em Caicó, RN, às margens do Rio Amazonas. Já a ação metafórica se passa em Olinda, na Paraíba do Norte, em 1930-1931.

Carnaval da Mangueira
Bloco de frevo, cujos componentes vibram com a Portela e a Mocidade Independente, quando desfilam em Cuiabá, capital da Califórnia, na Inglaterra do Sul. Seus ritmistas são ótimos dançarinos de rock. E costumam bailar ao som do xaxado-surreal Royal Cinema.

[ in Balaio n° 1463, 15 de janeiro de 2002 /revisado/ ]


[][][]

POSTAGEM 900
a partir do Balaio n° 1942
em 28 de janeiro de 2007

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Mulher africana
Foto:
Uwe Ommer
in
Black ladies


BALAIO PORRETA 1986
n° 2936
Natal, 18 de fevereiro de 2010


FEIRA DE PROVÉRBIOS ESPORRENTOS

Ele me prometeu brincos, mas apenas furou minhas orelhas.
(Árabe)
Os homens são como tapetes: às vezes precisam ser sacudidos.
(Árabe)
Se os filhos da puta voassem, nunca veríamos o sol.
(Argentino)
Aqueles que não sonham estão perdidos.
(Australiano)
A língua suave é a árvore da vida,
a língua perversa quebra o coração.
(Bíblico)
A tinta mais fraca é melhor que a melhor memória.
(Chinês)
Falar sem pensar é atirar sem mirar.
(Espanhol)
Três espanhóis, quatro opiniões.
(Espanhol)
A partir de uma certa idade, o único afrodisíaco é a variedade.
(Francês)
Dinheiro público é como água benta: todos põem a mão.
(Italiano
)


AINDA ERA CARNAVAL
Nydia Bonetti
[ in Longitudes ]

me convidaram ontem
pro bloco dos felizes

não pude ir

não consegui achar
a minha velha fantasia


PARA UMA BIBLIOTECA PORRETA
( 54 / 66 )

Dicionário de lugares imaginários (Manguel & Guadalupi, 1999)
Uma história da leitura (Manguel, 1996)
História das civilizações (Ferro, 1994)
Estética y marxismo (Vários, ed. esp. 1970)

Dialética da colonização (Alfredo Bosi, 1994)
O design brasileiro antes do design (Rafael Cardoso, 2005)

Literatura e sociedade (Antonio Candido, 1976)
Papeis colados (Flora Sussekind, 1993)
Os bruzundangas (Lima Barreto, 1922)
A arte da entrevista (Fábio Altman, 1995)


POEMA
Adília Lopes
[ in Caderno & Etc., 2007 ]

Dia
sem poesia
não é dia
é noite escura

Mas a poesia
é noite escura


DICIONÁRIO DO DIABO
/Fragmentos/
Ambrose Bierce
(1842-1913)


Advogado : Pessoa hábil em burlar a lei.

Deplorável : O estado de um inimigo ou adversário após um choque imaginário conosco.

Diplomacia : A arte honrosa de mentir pela pátria.

Fidelidade : Virtude própria dos que estão prestes a ser traídos.

História : Crônica quase sempre falha, de acontecimentos quase sempre sem importância, causados por governantes quase sempre velhacos e por soldados quase sempre imbecis.

Liberdade : Um dos mais preciosos bens da imaginação.

Paciência : Forma menor de desespero, disfarçada como virtude.

Patriotismo : No famoso dicionário do Dr. Johnson, o patriotismo é definido como o último refúgio dos patifes. Com todo o respeito devido a um esclarecido mas inferior lexicógrafo, peço licença para sugerir que seja o primeiro.

Santo : Um pecador revisto e corrigido.

Virtudes : Certas abstenções.


MEMÓRIAS DE UM LEITOR NASCIDO NO SERIDÓ
Moacy Cirne

Sobre a prática & Sobre a contradição [1937], de Mao Tse-tung, in Mao Tse-tung - Política, org. Emir Sader. São Paulo : 1982, p.79-125 /Grandes Cientistas Sociais, v.30.

Sei, sei: hoje se questiona o "revolucionarismo" de Mao, mas Sobre a prática e Sobre a contradição - lidos por mim em 1967 - permanecem como textos fundamentais para a compreensão filosófica do marxismo no decorrer do século XX: "O conhecimento humano depende essencialmente da atividade do homem na produção material" (p.79), dizia Mao. E mais dizia: "Se se quer conhecer o sabor de uma pera, há que transformá-la, há que comê-la. ... Se se quer conhecer a teoria e os métodos da revolução, há que participar dela. Todo conhecimento autêntico nasce da experiência direta" (p.84). E dizia mais: "Qualquer processo, natural ou social, avança e se desenvolve em razão de suas contradições e lutas internas" (p.90), o que, aliás, faria com que eu investisse mais ainda no aprofundamento prático e teórico do poema/processo - matrizes e projetos de uma luta (anti)literária e (contra)ideológica no calor das emoções políticas vividas por todos nós. Viajante de cinematecas imaginárias e de sonhos impublicáveis, no lugar de Bense, Moles, Peirce e McLuhan, endeusados pelos poetas concretos da paulicéia tresvairada, eu investia, no campo da poética, em Macherey, Badiou, Althusser, Lênin, Marx, Engels, Gramsci e Mao. Há, ainda, para completar, um fato de ordem pessoal que me liga visceralmente a esses dois textos: em 1968, militante do POC - Partido Operário Comunista, fui incumbido de traduzi-los para distribuição clandestina no circuito universitário do Rio. Cumpri a tarefa com entusiasmo juvenil, revelo publicamente pela segunda vez (a primeira vez foi em janeiro de 2008), 40 anos depois, a partir das edições francesas da Maspero. Infelizmente, depois do AI5, fui obrigado a me desfazer da cópia (mimeografada) da tradução e de vários livros da Maspero, cujos títulos, até então, eram vendidos abertamente na Leonardo Da Vinci, ponto de encontro de intelectuais de todas as tendências políticas e culturais em terras cariocas: um espaço democrático por excelência. Até hoje. Até sempre.


À LUTA, À LUTA
(1980)
Moacy Cirne
[ Republicado in Balaio, n° 158, em 23/05/1989 ]

à luta, à luta,
companheiro,
que a hora é de lutar e sonhar,
de sonhar e lutar.

à luta, à luta,
doce amiga,
que a hora é de lutar e amar,
de amar e lutar.

à luta, à luta,
trabalhador,
que a hora é de lutar e avançar,
de avançar e lutar.

à luta, à luta,
caro poeta,
que a hora é de
que a hora é de
que a hora é de construir
e trans/formar.

GALOPE
Artur Gomes
[ in Carne viva, 1984 ]

com espada
em riste
galopamos
pradarias
e lutamos
ferozmente
por dois segundos
e meio
tua fúria era louca
que agarrei-me
em tuas crinas
pra não cair na lama
mas o amor era tanto
e tanto era o prazer
que quando fomos pra cama
não tinha mais o que fazer.