quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
SW Alentejano e Costa Vicentina - Parte I
domingo, 20 de janeiro de 2008
Rumo ao Cabo Bojador - Parte V
A nossa rota hoje vai levar-nos por uma zona de grande beleza e sempre junto à costa até El Jadida e passando por Anza, Tamri, Zaora Tilet, Dour Cheikh Taguent, Sidi Kaouki, Essauira, Zaouiat El Kourati, Safi, Beddouza e Oualidia.Várias referências de viajantes e simples turistas apontam esta faixa da costa como uma das mais belas de Marrocos.
Subimos a serra de Agadir e aproveitámos para um último vislumbre a esta magnifica cidade. O dia tinha acordado cinzento.
Esta estrada serpenteia pela falda da serra, acompanhando sempre o mar e nunca se afastando muito da linha da costa. Vamos parando para descansar e apreciar a paisagem.
e a magnifica estância balnear de Plage Tikida
outros dedicam-se à escalada e ao alpinismo,
outros ainda limitam-se a preguiçar á sombra da árvores
Passamos e admiramos a beleza de Imsouanne
e os campos floridos de Zaouia Tilet,
espreitamos a costa e a praia de Tafadna e
paramos algures para beber um daqueles óptimos sumos de laranja naturais e regatear preços com um qualquer comerciante local. É uma arte esta história de regatear preços. Começam a pedir 200 e acabam por vender por 20. Até ficam zangados se não se regateiam os preços.
e chegamos á fabulosa praia de Sidi Kaouki e á famosa "Maison du Marabu" onde paramos um pouco para apreciar esta desconcertante casa digna de figurar em qualquer filme de Hollywood.
Chegamos a Essauira, paragem já programada para almoçar. Paramos á entrada da cidade para contemplar a praia magnifica, encontramos dois companheiros motociclistas Ingleses, que tendo-se despedido dos empregos!!!!!!!!!! andavam a dar um passeio de seis meses!!!!!!!! pelos países do Magreb. Ele ainda há boas vidas.
Estávamos cansados, sedentos, imundos do pó dos caminhos, o final da nossa aventura aproximava-se e decidimos fazer uma "extravaganza". Escolhemos o melhor e mais caro restaurante da zona da praia, o Côté Plage, parque de estacionamento privado com guarda fardado, garçons de fatos escuros impecavelmente vincados (seriam Armani???) empregadas de vestidos tradicionais marroquinos imaculadamente brancos cujos véus executavam longas danças ao sabor da brisa. Que luxo. Pedimos uma mesa na esplanada ao que fomos de imediato atendidos, e apesar do nosso aspecto imundo e miserável fomos tratados e atendidos que nem príncipes da Arábias. Haja Euros.
Retomando o caminho para Norte admiramos a Mesquita de Moulai Bouzerktoun
e chegamos a Safi onde damos uma vista de olhos rápida pela cidade e pela praia.
Esta costa selvagem continua a presentear-nos com imagens de rara beleza e grandiosidade
quer naturais quer edificadas pelo homem como o espectacular Farol de Bedouzza
O imponente Farol de Al Jadida guarda a cidade e mantém o tráfego marítimo desta costa na boa e segura rota.
As Africa Twin e a Super Tenere requerem sempre alguns cuidados especiais de reapertos e lubrificações e é altura de os fazer antes de chegar ao Hotel.
Jantamos no Hotel e entretemos-nos um pouco no Bar a beber uns copos antes de estendermos os esqueletos para descansar. Um telefonema para descansar a família e matar as saudades e termina mais um dia desta nossa viagem.
Dia 8
Tomamos o pequeno almoço e preparamos tudo para a última etapa em Marrocos. As máquinas dos meus companheiros precisam sempre de cuidados especiais e....................até já sobram algumas peças.
A GS aguarda pacientemente que as "madames" acabem de se compor. Já lá vão mais de 3.000 km e nem óleo gastou. Realmente esta moto foi feita para correr mundo sem problemas.
Partimos e ao fim de poucos quilómetros entramos na auto estrada que nos leva a Tânger. Agora é rolar calmamente. A nossa ideia é chegar a Tânger, fazer uma visita á cidade, dormir novamente no Ibis e apanhar amanhã o primeiro barco para Tarifa que parte às 7.00 am.
O Toze deu-lhe uma fúria e desata a desmontar a moto com a ajuda efectiva do Ricardo e do Rogério, enquanto eu registava o momento para a posteridade. Mecãnica não é mesmo o meu forte.
Desmonta carnagens, desmonta radiadores, desmonta e sopra filtros, mexe e rmexe no carburador, monta tudo de novo, sua-se as estopinhas para montar de novo as acarenagens por causa dos ferros de protecção. Saíram mas não querem entrar. Ao fim de muito suor lá entram sem partir.
Ao fim de mais de 3 horas, dá-se à chave e aí está o motor a cantar. Mas faz uma fumarada digna da chaminé de uma cimenteira.
- Ai que vai gripar, pára isso depressa.
- Não gripa nada, é óleo a queimar.
- Faz barulhos?
- Não, não faz barulhos nenhuns.
- Então vamos embora que já é tarde.
Uma fotografia rápida a um talho ao ar livre em que a maior parte dos consumidores são as moscas, e partimos antes que o dono do talho que gesticulava frenéticamente e berrava atrás do balcão "pas des photos, pas des photos", nos pregasse alguma cacetada.
Este atraso fez-nos alterar os planos da viagem. Já não havia hipótese de chegar cedo a Tânger para visitar a cidade pelo que decidimos partir ainda neste dia para Tarifa e dormir lá.
A auto estrada não tem história e chegamos a Tânger perto do final do dia. As burocracias de partida são incomensurávelmente menores que as de chegada e ao pôr do sol estávamos no ferry a caminho de Tarifa, de Espanha, da Europa.
Despedimo-nos de Marrocos e África ao mesmo tempo que também o Sol se despedia. Ele voltaria na manhã seguinte, nós talvez um dia.
Os procedimentos fronteiriços e alfandegários aqui são morosos e minuciosos, formando-se uma longa fila para sair do porto. Quando chegou a nossa vez, entregamos os passaportes de pronto nos mandam passar.
Em Tarifa jantámos numa esplanada da praça junto ao porto e aí descobrimos um quarto ou melhor, uma camarata para os quatro passarmos a noite.
Mais uma vez não tomámos o caminho de Rosal de La Frontera e desta vez porque o nosso bom amigo Toze Costa, companheiro sempre presente em tantos passeios e viagens já realizados e que tinha acompanhado e relatado aos amigos de cá a progressão da nossa viagem, nos aguardava com uma surpresa.
Sem quase darmos por isso estávamos de novo no local de partida, a área de Serviço de Palmela onde depois da fota de despedida tirada por uma simpática automobilista, dos abraços e agradecimentos mútuos, cada um seguiu o seu caminho em direcção a casa.
Parado à porta de casa o GPS fez-me um resumo rápido dos últimos 9 dias.
Somando-lhe os 30 km que lá faltam entre Queijas e Palmela, totalizei 4.830 km, o que dá uma média de 537 km por dia. Não sendo em termos absolutos nada de especial, mas tendo em consideração as pistas e más estradas por onde andámos, é uma média de respeito.
Considerações finais
- A BMW R1150GS portou-se impecávelmente, não tendo tido uma única avaria que fosse.
- O GPS Garmim 278 foi fundamental no seguimento das rotas programadas em casa com o Map Source. A possibilidade de navegação por ponteiro fez a diferença mesmo quando a pista na areia não era visisvel
- A programação que efectuei em casa com a ajuda do PC e do Map Source e depois transporta para o GPS foi uma ajuda indispensável.
- O bom ambiente e companheirismos entre os participantes foi decisivo para o puro divertimento que se viveu.
Agradecimentos
Pela simpatia e profissionalismo de toda a equipa, pela excelente preparação e revisão da mota e minuciosa e impecável montagem de todos os acessórios.