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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

O amor é difícil.

 Acabei de ler um post, daqueles de desenvolvimento pessoal, a dizer para nos afastarmos de quem faça parecer o amor difícil. Então, tenho que vos dizer que têm de se afastar de mim.

Antes de mais gostaria de dizer que gosto muito de páginas de motivação, autodesenvolvimento e autoajuda. Sou das que acho que toda a ajuda conta e que toda a ajuda é bem vinda. Estas páginas não são terapia, mas se as pudermos usar como ferramentas terapêuticas, ótimo. Questionarmo-nos é fantástico. Embora depois sinta necessidade de pedir que tenham cuidado com o inverso, ou seja, com o overthinking. Depende de como usam esse músculo fantástico, que é o pensamento.

Reparem, tudo pode ser visto de uma determinada maneira ou da maneira contrária. Tem muito a ver com as lentes que colocamos. Tal como a frase que encontrei no Instagram: "Afasta-te de quem faça parecer o amor difícil". Eu entendi a lógica, acreditem. A ideia de que há coisas que não têm de ser, de que há relações que não devem continuar, de que tudo o que é muito forçado é um sinal dos deuses ou do universo a mostrar-nos que estamos a escolher o caminho errado. Claro que faz sentido. Entendo a ideia de que há pessoas tóxicas e relações tóxicas e que temos de, a bem da nossa saúde mental, arranjarmos forma de sairmos delas. Entendo e subscrevo a cem por cento.

Há relações que são um martírio. Há situações em que fazemos esforços e mais esforços para nos encaixamos e não conseguimos. Desejamos imenso crescer com o outro, mas só nos diminuímos. E não pode ser.

Tudo certo. Ou talvez tudo errado. Faz mais sentido ser dito assim.


Mas como dizia o Miguel Esteves Cardoso, o amor é...


E era esta reflexão que no fundo queria deixar. Dei por mim a ler aquela frase e a pensar que não queria que as pessoas pensassem que o amor é fácil. Porque não é. Amar dá mesmo muito trabalho. E não pensem que se dá tanto trabalho é porque não é amor. Bem pelo contrário, senhoras e senhores. Se dá trabalho é porque é amor. Temos de passar a vida a fazer com que uma relação funcione. Temos de nos encolher e de nos pôr em bicos dos pés. Temos de condescender e temos de marcar uma posição. Temos de ser flexíveis como um contorcionista. Temos de nos esforçar. São muitas gotas de suor. Muitos risos, mas também muitas lágrimas. 

Passamos por todo este processo sempre a pensar que deveria ser mais fácil, que deveria mais simples. Ao mesmo tempo sempre a querer que seja mais e melhor. Queremos que seja simples, mas somos nós que complexificamos.

E também é difícil porque nos comparamos imenso e isso não funciona para o amor. Cada relação é única e o que resulta para outros pode não resultar para nós.

Amar é difícil. Lidar com a nossa cabeça já é difícil, imaginem o que é ter de lidar com a cabeça do outro. E até com uma terceira cabeça, que é o que nasce daquelas duas personalidades, o terceiro elemento que é o casal.

Um dia na brincadeira uma aluna minha de mestrado, depois de uma aula sobre conflitos conjugais, disse que visto por aquele prisma, provavelmente não se iria querer casar.

Eu ri-me e respondi. A vida é como o casamento. A vida não é fácil. Se calhar ainda não perceberam isso, pela idade que têm. Com todo o respeito pela vossa juventude e por aquilo em que ainda acreditam. Por favor, não deixem de acreditar. Dizem que a fé move montanhas. Mas a verdade é que a vida é tudo menos fácil, mas não é por isso que vamos desistir de viver. 


Quem sabe se não é isso que a torna assim tão interessante...






sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Munukiá e a descoberta de um mundo encantado

 Quando estava a preparar o casamento (ou a preparar-me para o casamento) achei que havia muito pouco para preparar. Tinha muita vontade de ter uma cerimónia pequenina. O que era enorme era a vontade de dizer sim.

O percurso não foi fácil. Como todos sabemos, uma coisa é querermos estar sozinhos, outra coisa era termos de estar sozinhos. Chegámos a ponderar muito adiar, até que decidimos manter o plano inicial, ou melhor, aceitar que não havia plano, que íamos andar num arame sem rede. E o que tivesse de ser, seria. Celebrar em ano de pandemia era aceitar o imprevisto, mais ainda do que já é habitual.

E assim foi.

Uma semana e meia antes lembrei-me que não tinha bouquet. E poucas eram as coisas que não queria que faltassem: o bolo, a maquilhagem da noiva e o bouquet.

 

Os bouquets tradicionais não me diziam muito e comecei então a pesquisar. Vi bouquets que tinham tudo a ver comigo, mas não encontrei nada em Portugal. Comecei por procurar perto de casa e…nada. Nessa altura já tinha uma visão muito clara do que queria - as pesquisas têm destas coisas. Encontramos coisas lindas e depois não nos contentamos com menos.

 

Resolvi partilhar algumas dessas imagens no 4D e pedir a ajuda do meu público 😊. Confesso que não estava à espera de muitas respostas. Mas as respostas apareceram e não tenho palavras para agradecer. Sem  o saberem deram-me uma sugestão que, a meu ver e naquela altura, mudou a minha vida – sim, as mudanças fazem-se de coisas pequeninas e o que nos faz feliz não tem preço.

É precisamente pela ajuda que tenho de partilhar esta história convosco, já que fizeram parte dela e foi aqui que a história realmente começou. Até aqui foi só o prólogo. A seguir vem uma espécie de conto mágico ou bocadinhos de vidas que se entrelaçam, o que quase parece um poema.

 

De entre as várias sugestões que fui espreitando nesse dia, surgiu uma que me fez dizer logo ali: “ai, acho que é isto!!”.

Nunca tinha ouvido falar. Munukiá. Gostei do nome, mas mais ainda dos arranjos e dos bouquets que fui encontrando numa página linda, suave, cheia de carisma. Era precisamente aquilo. E perdi-me de amores por um arranjo que tinha as cores certas. Que conjugava na perfeição com as cores escolhidas para o “grande” dia.

Pode parecer tolo, mas pedi ao noivo para me oferecer o bouquet. Nunca ouvi essa superstição (se a tiver acabado de inventar, pois que seja), mas achava que não devia ser eu a comprar o meu próprio bouquet. Sei que há quem diga que deviam ser os padrinhos, mas escolhi dois homens e quando se escolhem dois homens para padrinhos, dá nisto – “É melhor deixá-los estar sossegadinhos”.

O meu excelentíssimo futuro marido disse que sim, que tratava de tudo. Vimos juntos o bouquet, ele gostou muito, tentámos perceber se as medidas apresentadas faziam sentido e achámos que tudo encaixava na perfeição.

 

Então, ele fez o pedido. Pagou e estava feito.

No dia a seguir ou dois dias depois lembro-me de lhe ter dito que devíamos dizer que era para um casamento. Ouvi um “Amor, não te preocupes” e achei que ele tinha enviado mail a explicar. Claro!

Entretanto, os correios estavam um caos e na quarta feira o bouquet não tinha chegado, quando o casamento seria no domingo.

Como um arrufo pré-nupcial fica sempre bem na moldura, fiquei um bocadinho zangada quando percebi que ele não tinha chegado a enviar e-mail a mencionar a importância, a necessidade vital, que o dito chegasse a tempo e perfeito.

Pronto, como mulher que sou, acabei a dizer: “deixa estar que a partir daqui tomo eu conta do assunto”.

Não termina quase sempre assim?

Enviei então um mail à Munukiá, apresentando o meu receio de que alguma coisa pudesse correr mal, já que no dia a seguir já era quinta-feira e pelo andar da carruagem a encomenda não ia chegar a tempo. Acho que adorei delegar e depois não me contive e tive medo que alguma coisa fugisse ao meu controlo – sim, sou assim com (quase) tudo. Dizem que é por ser Virgem!

Estava então em pânico, prevendo que o bouquet não chegasse, porque os correios e as transportadoras andavam a mil. Mas afinal chegou. Chegou com um dia de atraso, apenas isso.

Mas a parte mais bonita da história começa agora.

A Matilde, a mentora e executora da marca, foi um tesouro que eu descobri. A vida é mesmo engraçada e por vezes está do nosso lado. Nem sempre é madrasta, como nós estamos sempre a pensar. A Matilde reconheceu o meu nome no e-mail e disse que só naquele momento é que estava a dar-se conta de que aquele bouquet era para mim e para o meu casamento - lembrem-se que quem fez os contactos e o pagamento foi o Carlos.

A Matilde afinal seguia o 4D há já muito tempo. Que maravilha!

Segundo ela, devíamos ter-lhe dito que era para um casamento, porque há flores muito frágeis e que não aguentam um dia todo de um lado para o outro e que ela teria todo o gosto e disponibilidade para aconselhar. Mas acreditem, não foi preciso! O meu lindo bouquet resistiu a muito e agora está no nosso quarto, a enfeitar - um bouquet de flores secas é uma ideia top!

 

Mas a nossa narrativa ainda não termina aqui…

A Matilde, arquiteta de profissão e flower designer (a Munukiá é um projeto handmade, criado em abril de 2020, em plena pandemia) disse que se o bouquet não chegasse a tempo, metia-se no carro, fazia mais de uma centena de Km e vinha entregá-lo pessoalmente.

No dia a seguir o bouquet chegou e a Matilde foi a primeira a saber. Nessa altura perguntou-me se depois de todas as nossas conversas - foram cerca de 24h de conversa -  poderia estar presente no casamento de outra maneira, se poderia sugerir os minibouquets ou miniarranjos (penso que o nome certo, segundo aprendi com a Matilde é mesakiá), iguais ao bouquet da noiva. Serviriam para marcar os lugares na mesa e para oferecer aos convidados.

Eu achei a ideia maravilhosa. E não sei como é que a Matilde conseguiu… mas conseguiu!

 Sei que trabalha quase a tempo inteiro na sua marca e ainda tem de roubar muitas horas ao dia para continuar a trabalhar nos projetos de arquitetura. Bravo!

Na quinta feira à noite a Matilde fez os 15 bouquets. Na sexta levou-os à Rede Expresso e nessa mesma tarde estavam na Figueira da Foz. No sábado escrevemos a data e o nome de cada uma das nossas pessoas (as que podiam estar presentes, que eram muito poucas e as que não poderiam estar, mas que iriam receber depois) numa etiqueta de sementes de flores. No sábado à noite estavam a ser entregues no espaço onde celebrámos o casamento e no domingo estávamos a celebrar. Parece simples dito assim, não parece? 😊

 

E sim, no meio do caos nascem flores.

Esta é uma das histórias mais bonitas que tenho para contar sobre estes dias.

São momentos como estes que fazem parecer que dentro de qualquer vida comum há sempre um pouco de magia.

Obrigada Matilde – Munukiá

 

Tenho de elogiar a sua capacidade de trabalho, a sua criatividade, a sua simpatia, a sua disponibilidade.

 

Recomendo vivamente.

https://www.facebook.com/munukia

https://www.munukia.com/

https://www.instagram.com/munukia.design/
















domingo, 17 de janeiro de 2021

A Joana e eu

 

Daqui a 3 dias faço um mês que casei.

Queria contar tanta coisa, mas tem sido difícil ter tempo para tudo.

Gostava de deixar umas palavras a agradecer à Joana, a menina-que-fez-maravilhas-comigo.

 

Como costuma dizer: não é sorte, é trabalho.

Mas para mim foi uma sorte o destino tê-la colocado no meu caminho.

 

É mega talentosa, mega empenhada, mega simpática.

E fez 1 hora de viagem para me vir maquilhar no dia do meu casamento.

 

O marido disse: tens de andar mais vezes assim!

Os meus filhos, especialmente o Vicente, volta e meia diziam: a mãe está linda!

 E estava. Ou pelo menos sentia-me.

 

Sempre disse que se me casasse segunda vez ia ser muito diferente. E foi.

 

Regra número um:

Comprar tudo novo, mas comprar tudo o que pudesse ser usado muitas vezes. Não é como o meu primeiro vestido de noiva, que está num sótão e que não o vejo desde o dia que casei, fez em 2020 20 anos.

Desta vez…

Um vestido Molly Bracken. Umas botas da Mango. Uma bandolete da Parfois. Um casaco de pelo da Springfield. E roupa interior Intimissimi.

 

O que não podia faltar: o bouquet e a maquilhagem.

Do bouquet falo noutro post, que a Matilde merece.

 

A maquilhagem tinha de ser especial.

Confesso que há 20 anos não me preocupei muito com isso. Era uma miúda, qualquer coisa ficava bem e não se falava em maquilhadoras profissionais. Foi a minha cabeleireira que me maquilhou.

Tanto que evoluímos desde então.

Nos últimos anos, por causa do blog, tenho trabalhado com verdadeiras pros da maquilhagem. E é outro nível.

 

Estava com receio, confesso. A minha pele não é propriamente a pele de uma menina de vinte e poucos anos. É uma pele madura. E eu lembro-me de dizer à Joana que não queria parecer a mãe da noiva e de ela rir. Rimos muito durante todo este processo. Só por isso já me conquistou.

 

Adorei o resultado.

Adoro a Joana.

Deixo-vos aqui uma mini mini entrevista - há tanto tempo que não faço entrevistas que já nem sei como se faz! - para que a possam conhecer melhor.

 

Joana Fernandes: “Tirei a formação em 2017, mas já só comecei a trabalhar oficialmente como maquilhadora profissional em 2018, nesse ano já tive 3 noivas, e foi aí que me apaixonei por este mundo. Em 2019 tripliquei o número de noivas (acho q até mais) e em 2020 fui reconhecida como uma das melhores profissionais de referência na área da beleza em casamentos, pelo casamentos.pt.

2020: deu para abrandar o ritmo, parar para pensar, no que quero, no que realmente me apaixona, fiz muitas formações e planeei muitos projetos q vão sair em 2021. Maquilhei-te, que foi um momento muito feliz!

2021: continuo a sentir, apesar do que estamos ainda a viver, que é um recomeço, que vai ser um ano de muitas oportunidades, embora tenhamos de esperar mais um pouco para elas chegarem. Mas eu confio!”

 

A Joana já era para mim especial. Era a menina com a boca em forma de coração. Era a maquilhadora que eu gostava de ter no meu casamento. Agora é a minha amiga Joana, a maquilhadora que esteve comigo no meu casamento. Que fez uns bons klm para me maquilhar, que estava à minha espera quando saí do cabeleireiro, que falou comigo e rio comigo, ajudando a passar o nervoso miudinho. A amiga que me ajudou a correr o fecho do vestido e a primeira a ver-me pronta para o grande dia.

Uma pequena cerimónia, mas um grande dia.

O dia em que resolvemos fintar o sofrimento e toda a angústia de 2020 e dizer: podemos celebrar e agradecer mesmo nos dias complicados. Queremos sair deste ano de loucos...casados.

 

A Joana ainda nesse dia postou uma foto dela junto ao mar. Acho que isso quis dizer paz e objetivos cumpridos.


https://www.facebook.com/joanafernandesmakeup

Joana Fernandes - makeup artist

Joana Fernandes Makeup Artist





Me, by Joana

Me, by Joana



domingo, 29 de novembro de 2020

NÓS, ADULTOS, E A NECESSIDADE DE SABER TODOS OS PORQUÊS

 

Os adultos têm de perceber tudo até à exaustão...e depois não percebem nada e perdem-se nesta roda de perguntas e respostas. Então respondem aos filhos "porque sim" e "porque não", porque já não há mais espaço para pensar. Gastaram tudo consigo.

As crianças também questionam, mas ao mesmo tempo são mais aceitantes. Parece que lá dentro sabem que há coisas que nem vale a pena questionar. Filosofar é questionarmo-nos sobre tudo e questionar é crescer. Mas quando questionamos demais metemos os pés pelas mãos e paramos de crescer, no mau sentido, não porque voltamos a ser crianças, mas sim porque nos transformamos cada vez mais em adultos cheios de neuroses e com macaquinhos no sótão.

Nos últimos tempos tenho percecionado que questionarmo-nos demasiado pode fazer aumentar a dúvida e a confusão, ou seja, pode fazer mal à saúde, numa altura que precisamos de confiança e de calma.

Talvez tenhamos de saber quando questionar, saber quando parar, saber que nem tudo tem de ser compreendido, para sermos um bocadinho mais felizes. Só isso. Saber tudo é meter o dedo na ferida e precisamos de perceber que pôr o dedo na ferida é como usar uma espécie de nitrato de prata a queimar a carne viva, que permite a regeneração, mas dói muito... mas também pode ser como abrir uma caixa de Pandora ou, seguindo o mesmo raciocínio, pôr o dedo na ferida, só que quando o dedo não está treinado para tal, pode levar a uma péssima reação. Podemos entrar em choque e até morrer, porque piorámos a infeção.

Temos de aprender a abrir mão da vontade de saber todos os porquês e o porque não pode ser o que nos salva, o que nos permite viver, o que permite cuidar do nosso coração.

Há quem possa dizer que estou a transformar os adultos em avestruzes, mas é precisamente o contrário. Quero que ponham a cabeça de fora, que olhem para o mundo com entusiasmo, que ainda se deslumbrem com as pequenas coisas, mas que se saibam recolher e proteger, não dissecando a vida com uma ansiedade devoradora, que não vai parar de aumentar nunca, porque o que procuram no passado, que é onde achamos que estão as respostas a todas as coisas, até está bem arrumado e com isto só o vamos desarrumar. Isto levará a uma frustração sem fim quando perceberem que as causas nem sempre explicam os fins e que temos de seguir em frente porque a terra não parará de rodar.



Sofia Arriaga

 

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