Le Mans é imprevisível e cruel. Como dizem, não se escolhe vencer Le Mans. Le Mans escolhe você.
Parecia que esse ano era da Toyota, quando tudo começa a dar errado na mesma hora e, quando pensam que a vitória caiu no colo de determinado carro da Porsche, poucas horas antes do fim, outra reviravolta acontece e aquele outro carro alemão que parecia fadado ao fracasso, surge como vencedor.
Contando melhor o que houve, a primeira fila era dos nipônicos. Uma
classificação com direito a novo recorde no circuito, quebrado depois de décadas por Kamui Kobayashi. E quase até a metade da corrida, tudo parecia certo. Vez ou outra as posições eram invertidas, na pista ou nos boxes. A Toyota não largava o osso da liderança de jeito nenhum.
De repente a 11ª hora de prova, já que estamos falando de uma equipe japonesa, vamos fazer analogia com o mangá/anime Shingeki No Kyojin/Attack On Titan: primeiro o TS050 #8 de Sébastien Buemi sofreu o ataque do
Titã Colossal, com superaquecimento dos freios, que pegaram fogo, mas o suíço conseguiu levar o carro aos boxes; depois Kobyashi com o ataque do
Titã Encouraçado, sofreu com a embreagem dando problemas e teve que deixar o #7 pelo meio do caminho de la Sarthe. Não lembro ao certo quando, mas mais ou menos por aí, o #9 da Toyota também abandonou.
Devo lembrar agora que horas antes, o Porsche #2 já havia sido dado como derrotado, fazendo reparos nos boxes. Assim como os mecânicos da Tropa de Exploração (ainda uma referência ao anime) foram consertar o #8. Enquanto isso, o 919 Hybrid #1 da Porsche herdou a liderança. Parecia que seria uma vitória tranquila. Pois praticamente este vinha sendo o único sobrevivente da classe LMP1. Mas só parecia mesmo. Na 21ª hora, ficou pelo caminho. Então o #2, que voltou horas depois, atrasado, ficou com a vitória, com Timo Bernhard, Earl Bamber e Brendon Hartley. O #8, dos líderes do WEC, também conseguiu voltar à pista e foi o 2º e último colocado de sua categoria.
No geral, o pódio foi um pouco diferente: um LMP1 e dois LMP2 completando os outros degraus. Vencedor da segunda divisão de protótipos, o time de Jackie Chan, com Ho-Pin Tung, Thomas Laurent e Oliver Jarvis, conseguiu superar a Rebellion de Nelsinho Piquet, Mathias Beche e David Hansson. O outro LMP1 sobrevivente foi apenas o 9º no geral.
Atualização (19/06); irregularidades foram descobertas no #13 da Rebellion na inspeção pós prova, que com isso, perde o pódio. O carro tinha uma parte customizada que facilitava os reparos numa parte que eventualmente poderia ser problemática.
André Negrão, Pierre Ragues e Nelson Panciatici, com o Alpine A470 #35 da Sighnatech, fecharam o top 5 geral e ficaram em 4º em sua categoria.
Continuação da atualização: assim, o Alpine de Negrão mencionado acima herda o pódio, e a Jackie Chan DC Racing consegue uma dobradinha.
O Dallara #29 da Netherlands, de Rubens Barrichello, Jan Lammers e Frits Van Eerd teve problemas, terminando em 14º no geral e 12º em sua categoria. Da mesma forma, o Oreca 07 Gibson #31 da Rebellion também sofreu pra lá da metade da prova, até então como forte candidato ao pódio. Mas Bruno Senna, Nicolas Prost e Julien Canal acabaram em 17º no geral e 15º na LMP2.
Se a primeira vitória de um brasileiro não aconteceu na LMP2, veio na GTE-Pro e com um estreante. A categoria com disputa acirradíssima do início ao fim, viu o Vantage #97 do time de fábrica da Aston Martin se sair vencedor, sem sofrer com maiores problemas e tendo excelentes performances de Daniel Serra, Jonatham Adam e Darren Turner. E foi com direito a ultrapassagem sobre um Corvette na última volta!
Atualização e correção: perdão, pois houve Jaime Melo Jr., em 2008 e 2009.
De quebra, fazendo uma dobradinha, tivemos Pipo Derani, ao lado de Andy Priaulx e Harry Tincknell, no Ford GT #67 da Ganassi. Seus companheiros do #68, Tony Kanaan, Dirk Müller e Joey Hand, chegaram em 23º no geral e 6º na categoria.
Finalmente, na GTE-Am, a vitória foi da JMW Motorsport, com uma Ferrari 458 Italia GT2 #84, pilotada por Robert Smith, Will Stevens e Dries Vanthoor.
O brasileiro que disputava nesta classe, Fernando Rees, com o Corvette C7.R #50 da Larbre Competition, cravou a pole position e liderou um bom número de voltas. Mas em algum momento, ele, Christian Philippon e Romain Brandela tiveram problemas. Mas completaram a corrida. Ficaram em 15º na GTE-Am e 49º no geral.
Um abraço!