"Zalaviev e o mar"
Pena que Zalaviev tenha partido
Logo cedo para o mar!
Reclama o deserto, com algum remorso
E insólito tédio. O mar
Não é mais nosso, não pode ser mais nosso!
Resmunga o céu, sem pesar
Quanto de si era de Zalaviev.
A ida para o mar serve
Mesmo de consolo, suspeita o momento.
Zalaviev ver precisa
Como funciona a vida, a coisa toda,
Berra a esperança roída.
Quem mandou ser fraco, fugir da batalha,
A astúcia logo gargalha.
Ora, então deve ter sido aquele sonho
De liberdade! Algum sonho!
Atiça a babel o vento, com veneno.
Ah, Zalaviev pequeno!
Por que se importam com o Zalaviev,
Indaga a desconfiança.
Sim, Zalaviev é pequeno demais!
Concorda a ganância tanta.
Ele quer furtar nossos medos e ais!
Repudia a hipocrisia.
Antes da hora morrer Zalaviev
Precisa, para que leves
Fiquemos nós, a maldade sugeria.
Nunca deve ao mar chegar!
Zalaviev é uma ameaça: ele
É feliz! Ser feliz é
Uma afronta, esclarece a inveja, sem pressa.
Movamos o mar até,
Se necessário! Pra a ignorância interessa
Somente o não ter o agora.
Zalaviev foi pra aquele mar, sem volta.
Gostaríamos bastante
De saber o porquê de Zalaviev
Ter partido para o mar,
Pranteiam todos, e tudo se veste de
Vontade e desassossego.
Pena que Zalaviev tenha partido
Para longe logo cedo!