segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

PRÉMIO LUÍS MIGUEL NAVA PARA JOSÉ BENTO


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O Prémio de Poesia  Luís Miguel Nava 2013, da Fundação Luís Miguel Nava, actualmente bienal e referente aos livros de poesia editados em 2011e 2012, foi atribuído ao livro Sítios, de José Bento, publicado pela editora Assírio & Alvim.
No valor de cinco mil euros, o prémio, que, nas doze anteriores atribuições, foi concedido aos poetas Sophia de Mello Breyner Andresen, Fernando Echevarría, António Franco Alexandre, Armando Silva Carvalho, Manuel Gusmão, Fernando Guimarães, Manuel António Pina, Luís Quintais, António Ramos Rosa, Pedro Tamen, A. M. Pires Cabral e Helder Moura Pereira,  correspondeu à decisão unânime de um júri constituído, como habitualmente, por quatro membros da direcção da Fundação Luís Miguel Nava, Carlos Mendes de Sousa, Fernando Pinto do Amaral, Gastão Cruz e Luís Quintais, e um elemento convidado, desta vez o professor, poeta e ensaísta Fernando J B Martinho.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Lançamento do livro «A Papoila e o Monge», de José Tolentino Mendonça

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Contamos com a sua presença!

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Mário Cesariny (09/08/1923 § 26/11/2006)

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ALEGORIA DO MUNDO NA PASSAGEM DE ARNALDO DE VILLANOVA

Ouro trigo leão e prata e crina
te esperam sob o vaso menstrual
Separarás primeiro a água e a mina
porque a Água não é um mineral

No coágulo te espera areia fina
e sob a areia planta sideral
que ao manto do Rei Verde se combina
porque a Planta não é um vegetal

Ao homem cabe o Ouro de buscá-lo
E a sua cria       morta ou imortal
tirá-la-ás do ventre de cavalo
porque o Homem não é um animal

E se o espelho de cobre te fascina
se te aparece o Monstro do Umbral
que à ígnea terra o astro abismo ensina
e nas trevas afunda       o Bem e o Mal

Reduz expurga fende e ilumina
e com espada de fogo talha e inclina
porque o Fogo não é o seu sinal


Mário Cesariny, in «Uma Grande Razão — os poemas maiores», ed. Assírio & Alvim.


sábado, 23 de novembro de 2013

Herberto Helder (23/11/1930)


Fotografias do espólio de Alberto Lacerda



até cada objecto se encher de luz e ser apanhado
por todos os lados hábeis, e ser ímpar,
ser escolhido,
e lampejando do ar à volta,
na ordem do mundo aquela fracção real dos dedos juntos
como para escrever cada palavra:
pegar ao alto numa coisa em estado de milagre: seja:
um copo de água,
tudo pronto para que a luz estremeça:
o terror da beleza, isso, o terror da beleza delicadíssima
tão súbito e implacável na vida administrativa


Herberto Helder, in «Servidões», Assírio & Alvim, 2013.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Lançamento do livro «O Senhor Pina» e apresentação do Clube dos Amigos à Espera do Pina

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A Assírio & Alvim e o Clube dos Amigos à Espera do Pina convidam-no(a), no dia do aniversário de Manuel António Pina, a assistir a uma sessão de apresentação do livro «O Senhor Pina». Inês Fonseca Santos estará à conversa com Álvaro Magalhães e Luiz Darocha a propósito deste livro, recentemente publicado pela Assírio & Alvim. Mais tarde, Germano Silva e João Luiz apresentarão o recém fundado Clube dos Amigos à Espera do Pina. Haverá ainda leituras, a cargo de Rui Spranger, e será projectado o vídeo «À Espera do Senhor Pina», da autoria de Joana Rodrigues.

Contamos com a sua presença na Biblioteca Municipal Almeida Garrett, no Porto, no próximo dia 18 de novembro, pelas 21:30. Não falte!


terça-feira, 15 de outubro de 2013

Álvaro de Campos § 15/10/1890 — 30/11/1935


Arre, que tanto é muito pouco!
Arre, que tanta besta é muito pouca gente!
Arre, que o Portugal que se vê é só isto!
Deixem ver o Portugal que não deixam ver!
Deixem que se veja, que esse é que é Portugal!
Ponto.

Agora começa o Manifesto:
Arre!
Arre!
Oiçam bem:
ARRRRRE!


in Álvaro de Campos, «Poesia». Edição de Teresa Rita Lopes. Assírio & Alvim.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Maria Gabriela Llansol — Lançamento

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O Espaço Llansol e a Assírio & Alvim convidam-no(a) para o lançamento do livro Numerosas Linhas — Livro de Horas III (Jodoigne-Herbais, 1979-1980), de Maria Gabriela Llansol, que decorrerá no próximo sábado, dia 12 de outubro, pelas 16:30, no Palácio Valenças, em Sintra, no decurso das Quintas Jornadas Llansolianas de Sintra. A apresentação estará a cargo de Paula Morão, professora da Faculdade de Letras de Lisboa. Contamos com a sua presença.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Lançamento de «Cortes», de Almeida Faria

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O escritor Almeida Faria regressa ao Fórum FNAC para apresentar a edição revista da sua obra literária, Cortes. Neste livro, que será apresentado por Pedro Mexia, a acção decorre durante o sábado de aleluia de abril de mil novecentos e setenta e quatro, pouco antes do dia que mudará Portugal. Ao longo das vinte e quatro horas deste segundo painel da chamada Tetralogia Lusitana, sonhos e premonições anunciam cortes profundos no mundo das suas personagens.

Dia 10 de outubro, pelas 18:30, na Fnac Chiado, em Lisboa.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Álvaro Mutis — 25/08/1923 § 22/09/2013


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«UN BEL MORIR…»

De pé numa barca parada no meio do rio
cujas águas passam em lento remoinho
de lodos e raízes,
o missionário abençoa a família do cacique.
Os frutos, as jóias de vidro, os animais, a selva,
recebem os breves sinais da bem-aventurança.
Quando descer a mão
terei morrido no meu quarto
cujas janelas vibram à passagem do eléctrico
e o leiteiro virá em vão pelas garrafas vazias.
Para esse momento ficará bem pouco da nossa história,
alguns retratos em desordem,
umas cartas guardadas não sei onde,
o que foi dito naquele dia ao despir-te no campo.
Tudo se irá desvanecendo no esquecimento
e o grito de um macaco,
o fluir esbranquiçado da seiva
pela ferida casca do látex,
o chapinhar das águas contra a quilha em viagem,
serão assunto mais memorável do que os nossos longos abraços.



Álvaro Mutis in «Os Versos do Navegante — antologia poética», selecção e prólogo de Lauren Mendinueta e tradução de Nuno Júdice; ed. Assírio & Alvim, 2013. Fotografia de Daniel Mordzinski.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Mário Cesariny § 09/08/1923 — 26/11/2006

Mário Cesariny em Tenerife. Fotografia de Perfecto Cuadrado



YOU ARE WELCOME TO ELSINORE

Entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam
e podem dar-nos morte    violar-nos    tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas    portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precípicio

Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida    há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós
e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição

Entre nós e as palavras, surdamente,
as mãos e as paredes de Elsenor

E há palavras nocturnas palavras gemidos
palavras que nos sobem ilegíveis à boca
palavras diamantes palavras nunca escritas
palavras impossíveis de escrever
por não termos connosco cordas de violinos
nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
e os braços dos amantes escrevem muito alto
muito além do azul onde oxidados morrem
palavras maternais só sombra só soluço
só espasmo só amor só solidão desfeita

Entre nós e as palavras, os emparedados
e entre nós e as palavras, o nosso dever falar

in «A Única Real Tradição Viva — Antologia de Poesia Surrealista Portuguesa» (organização de Perfecto E. Cuadrado).




quinta-feira, 1 de agosto de 2013

António Maria Lisboa § 01/08/1928 — 11/11/1953

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RÊVE OUBLIÉ

Neste meu hábito surpreendente de te trazer de costas 
neste meu desejo irreflectido de te possuir num trampolim 
nesta minha mania de te dar o que tu gostas 
e depois esquecer-me irremediavelmente de ti 

Agora na superfície da luz a procurar a sombra 
agora encostado ao vidro a sonhar a terra 
agora a oferecer-te um elefante com uma linda tromba 
e depois matar-te e dar-te vida eterna 

Continuar a dar tiros e modificar a posição dos astros 
continuar a viver até cristalizar entre neve 
continuar a contar a lenda duma princesa sueca 
e depois fechar a porta para tremermos de medo 

Contar a vida pelos dedos e perdê-los 
contar um a um os teus cabelos e seguir a estrada 
contar as ondas do mar e descobrir-lhes o brilho 
e depois contar um a um os teus dedos de fada 

Abrir-se a janela para entrarem estrelas 
abrir-se a luz para entrarem olhos 
abrir-se o tecto para cair um garfo no centro da sala 
e depois ruidosa uma dentadura velha 
E no CIMO disto tudo uma montanha de ouro 

E no FIM disto tudo um Azul-de-Prata. 


António Maria Lisboa, in «Poesia».


quinta-feira, 27 de junho de 2013

Porto de Encontro — Fernando Pessoa

O 125º aniversário do nascimento de Fernando Pessoa vai ser celebrado já no dia 30, às 17 horas, na edição de junho do ciclo literário "Porto de Encontro", na Biblioteca Almeida Garrett. Richard Zenith, Fernando Cabral Martins, João Botelho e Manuela Nogueira vão ser os oradores numa sessão que conta ainda com leituras de Pedro Lamares e uma performance do coletivo Sindicato do Credo, intitulada "Desassossegada mente".

Na noite anterior, dia 29, terá lugar uma sessão especial no Teatro do Campo Alegre onde, pela módica quantia de 4 €, poderemos assistir à projeção de «Conversa Acabada» e da curta «Oh Lisboa, Meu Lar!», de João Botelho, com apresentação do próprio e de Fernando Cabral Martins. Esperamos por si!


Recapitulando, no sábado:

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E no domingo:



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quarta-feira, 26 de junho de 2013

Hoje, a terceira Tertúlia Almadiana

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segunda-feira, 24 de junho de 2013

TERTÚLIAS ALMADIANAS — 3.ª Sessão § O Público em Cena II





Na próxima quarta-feira a partir das 18:00, as Tertúlias Almadianas estão de regresso ao Jardim de Inverno do São Luiz. Passe por lá!


TERTÚLIAS ALMADIANAS
Conversas intergeracionais e interdisciplinares.

Conversas com um painel de convidados de várias gerações: académicos, artistas plásticos, escritores, etc., com a presença de um moderador. Em cada sessão haverá uma ou mais leituras de textos de Almada Negreiros por actores/actrizes convidados.

3 ª Sessão:

O Público em Cena II

26 de Junho de 2013 às 18:00
Jardim de Inverno, São Luiz Teatro Municipal

Para Almada Negreiros “o teatro é essencialmente espectáculo”. Mas a palavra teatro amplifica-se em Almada: «é o escaparate de todas as Artes», «é impressão digital do autor», «não é senão necessidade».
O teatro perpassa a vida artística de Almada, afirmando-se de diferentes maneiras. 
Nesta tertúlia, sobe a palco uma conversa sobre o teatro de Almada Negreiros. 

Moderação : Paula Moura Pinheiro

Convidados:

Duarte Ivo Cruz
Fernanda Lapa
João Brites
Sílvia Laureano Costa

Leituras:
João Grosso / Miguel Loureiro

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Almeida Faria e Gastão Cruz na Feira do Livro de Lisboa

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Amanhã, dia 1 de junho, Almeida Faria e Gastão Cruz estarão presentes na Feira do Livro de Lisboa, no Espaço do Grupo Porto Editora. Passe por lá!

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Antonio Gamoneda § 30/05/1931





Por trás da escuridão estão os rostos que me abandonaram.

Vi a sua pele trabalhada por relâmpagos. Agora

já só vejo, no instante amarelo,

o resplendor das suas pálpebras longínquas.


in «Oração Fria — antologia», de Antonio Gamoneda (organização e tradução de João Moita); 
ed. Assírio & Alvim, 2013.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Hoje, «Manifesto Anti-Dantas» no Jardim de Inverno do São Luiz Teatro Municipal

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Hoje, um lançamento a não perder: a novíssima edição do «Manifesto Anti-Dantas» que inclui uma gravação inédita e surpreendente do próprio Almada Negreiros a ler o seu mais célebre manifesto.

Pelas 18:30 no Jardim de Inverno do São Luiz Teatro Municipal, com Anabela Mota Ribeiro, Sara Afonso Ferreira, Fernando Cabral Martins, Nuno Artur Silva, Pedro Santos Guerreiro e Manuel João Vieira. Contamos com a sua presença!

terça-feira, 14 de maio de 2013

Apresentação do livro «Pela Parte que me Toca», de Helder Moura Pereira

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Se estiver em Setúbal ou puder passar por lá, não deixe de assistir à apresentação do livro de poesia «Pela Parte que me Toca», de Helder Moura Pereira.

Apresentação do livro por Fernando J.B. Martinho e conversa com o autor.

Pelas 22:00 na Casa da Cultura — Sala José Afonso, em Setúbal.

Contamos com a sua presença!

terça-feira, 23 de abril de 2013

FELIZ DIA MUNDIAL DO LIVRO!

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segunda-feira, 22 de abril de 2013

UM TESOURO CHAMADO LIBERDADE


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Na próxima quinta-feira lançamos «O Tesouro», um livro de Manuel António Pina para os mais pequenos sobre a ditadura, o 25 de Abril de 1974 e um grande tesouro: a liberdade.

O livro será apresentado por Germano Silva e de seguida será projectado o filme «Se a Memória Existe», de João Botelho a partir de «O Tesouro».

Junte-se a nós em Santo Tirso, no Átrio dos Paços do Concelho, a partir das 17h00 e venha celebrar o 25 de Abril.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Lançamento do livro «Crónica, Saudade da Literatura», de Manuel António Pina

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Temos o prazer de anunciar o lançamento do livro «Crónica, Saudade da Literatura», de Manuel António Pina e com organização a cargo de Sousa Dias. 

Este sábado, em Santo Tirso, pelas 16h30, na Fábrica de Santo Thyrso (Rua Dr. Oliveira Salazar, n.º 88, Santo Tirso).

A apresentação do livro estará a cargo de Sousa Dias e Germano Silva falará de Manuel António Pina enquanto jornalista.

Contamos com a sua presença!

segunda-feira, 15 de abril de 2013

A partir de hoje, numa livraria perto de si…


Lançamento do livro «Pequeno Tratado das Figuras», de Manuel Gusmão

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Na próxima quarta-feira, dia 17 de abril, iremos lançar o novo livro de Manuel Gusmão, «Pequeno Tratado das Figuras», com apresentação a cargo de Maria Filomena Molder, leitura de poemas por Jorge Silva Melo e a presença do autor.
Pelas 19h30, na Livraria Assírio & Alvim no Chiado (Pátio Siza com entradas pela Rua Garrett, n.º 10, ou pela Rua do Carmo n.º 29).

Contamos com a sua presença.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Amanhã, na Livraria Barata: «Fogo»

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Decorrerá amanhã, na Livraria Barata, o lançamento do livro de poesia «Fogo», de Gastão Cruz». Ao contrário do que estava inicialmente previsto Pedro Eiras não fará a apresentação do livro por motivos de doença. A apresentação estará agora a cargo de Fernando J.B. Martinho e serão lidos poemas por Luís Lucas, Maria Emília Correia e o autor. 

A partir das 18h30 na Livraria Barata — Avenida de Roma, 11A, Lisboa — Contamos com a sua presença!

sábado, 23 de março de 2013

Amanhã, no CCB, a não perder!

A partir das 14h15, com apresentação a cargo
de Fernando Pinto do Amaral:

 
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E a partir das 16h45, com apresentação de
Lauren Mendinueta, que organizou, 
e de Nuno Júdice, que traduziu:

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terça-feira, 19 de março de 2013

Venha celebrar o Dia da Árvore e da Poesia!

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quinta-feira, 14 de março de 2013

Secretário da Alma


A memória é o túmulo dos meus versos.
Haverá sempre mausoléus
Para a língua
Enquanto a boca invocar a palavra húmida de sangue,
Cálida de tempo, de breves alegrias e de humores
Onde a voz possa correr, livre,
Sem ser apunhalada pela industriosa mão,
Vazia, maquinal, da morte.

Todos temos corpos que os séculos hão-de consumir.
Mas a fala produz o pensamento,
A mão desenha a letra, o poema enaltece,
No leito sensual feito de frases
Adormece a beleza.
E a inocente, esquiva música das sílabas,
Enlouquecida,
Desperta.

Secretário da alma, o coração
Não descansa na laje da morada em que sossega.
Estremece nos seus sonhos,
E volve em seu redor o olhar desmesurado:
É dia de além sol, além lua, além distância,
Rasgadas as palavras de abandono
E luta. Mas a Terra é a escrita,
E o livro o Universo.


in «Anthero, Areia & Água» de Armando Silva Carvalho (14-03-1938)

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Ruy Belo — 27/02/1933 § 08/08/1978


O poema «Muriel», dito por Luís Miguel Cintra.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Lançamento de «A Paixão», de Almeida Faria

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A Assírio & Alvim e a Fnac têm o prazer de o/a convidar para o lançamento de «A Paixão», de Almeida Faria, que se realizará no dia 28 de fevereiro, pelas 18h30, na Fnac Chiado, em Lisboa. O evento contará com a presença do autor e a apresentação estará a cargo de Pedro Mexia.

Contamos com a sua presença.

§

«Almeida Faria escreveu um poema épico, deveras, porque todas as suas descrições, todas as suas enumerações, todas as suas variações imaginárias e baseadas na hipótese da situação e subjetividade humana […] tecem um diálogo entre os objetos como objetos e os objetos como sinais; porque o cruzamento entre as diversas vivências cíclicas do tempo concreto, ou vivido, reacorda no leitor a ânsia interrogativa sobre o de agora e o de sempre sobre o que se repete e o que é realmente novo […].» Óscar Lopes

«A Paixão será porventura a mais espessa cortina de linguagem que a literatura portuguesa terá produzido na segunda metade do século XX. Podemos dizer, quase nostalgicamente, que já foi grande a escrita em português.» Luís Quintais

«Um livro de pura genialidade da juventude.» Eduardo Lourenço

«Ao ler A Paixão de Almeida Faria no início dos anos 70, entrei em imediata comunhão com essa  obra-prima, ao ponto de colar ao Lavoura Arcaica, sem qualquer pudor, certas imagens e metáforas daquele poema em prosa.» Raduan Nassar

«Todo o génio de Almeida Faria está na expressão rigorosa da fértil união entre o sagrado e o profano.» La Quinzaine Littéraire, França

«O seu segundo romance, A Paixão, possui as mesmas qualidades literalmente espantosas de Rumor Branco, sendo ao mesmo tempo mais despojado e mais apaixonado; desta vez a severidade é implacável, e a composição aposta numa disciplina exemplar.» Books Abroad, EUA

«Na minha geração, lembro-me de sair A Paixão de Almeida Faria e eu com 19 anos a pensar: nunca chegarei aos calcanhares deste homem.» António Lobo Antunes



segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

«Os Poetas» - Um projecto musical de Rodrigo Leão e Gabriel Gomes - estão de volta!

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O projecto «Os Poetas», de Rodrigo Leão e Gabriel Gomes, está de volta e estão já agendados três concertos, o primeiro deles no Porto, já no próximo dia 3 de Março, na Casa da Música. Um espectáculo a não perder!

Para além dos concertos, que darão origem a um novo CD com faixas inéditas gravadas em 2012, é com orgulho que se comunica a reedição do álbum «Entre nós e as palavras», publicado originalmente em 1997 e desde há muito esgotado, um projecto ímpar na história da discografia nacional, onde alguma da melhor poesia portuguesa das últimas décadas do século XX se faz ouvir, pela voz dos seus autores, ao som de composições criadas por Rodrigo Leão, Gabriel Gomes e Francisco Ribeiro.

Dizer-se que a música acompanha a enunciação dos textos não basta, pois a ambição foi maior. Com efeito, neste álbum os compositores criaram um ambiente ou universo sonoro em que a palavra dos poetas actua, com o seu tempo e ritmos próprios – mas nesse universo também se encontram diversos temas exclusivamente instrumentais; momentos em que só a palavra domina, como os de António Franco Alexandre, ou de Mário Cesariny em «Pastelaria» e «You Are Welcome to Elsinore»; e ainda o belíssimo «Quem Me Dera (Amanhã)», composto por Gabriel Gomes e Francisco Ribeiro e cantado por este último. Do conjunto destes 16 temas ressalta a noção de uma viagem por uma paisagem sonora onde a arte e a poesia predominam.

Este álbum, que é um autêntico e intenso exercício sobre a arte poética, nasceu de circunstâncias e encontros felizes. Rodrigo Leão abandonara os Madredeus em 1994 para prosseguir uma carreira a solo. Dois anos depois, também o acordeonista Gabriel Gomes e o violoncelista Francisco Ribeiro saíram do grupo. Manuel Hermínio Monteiro, responsável editorial da Assírio e Alvim, que tinha a seu cargo o espólio de diversos poetas portugueses, preparava as comemorações do 25º aniversário desta editora e localizara diversos registos sonoros dos seus autores. Rodrigo Leão teve conhecimento disso e convocou os companheiros para este projecto, que desde logo encontrou bom acolhimento junto de Tiago Faden, da Sony Music.

A maioria das composições e arranjos foram criados na Primavera de 1997, durante algumas semanas de recolhimento numa casa da Ericeira em companhia da violetista Margarida Araújo. As sessões de gravação tiveram lugar no estúdio Tcha Tcha Tcha no início do Outono, sob a direcção de António Pinheiro da Silva; Carlos Jorge Vales recuperou digitalmente as gravações originais dos poetas; e o disco foi publicado antes do Natal desse ano, numa embalagem com concepção gráfica de Manuel Rosa e ilustrações de Ilda David', que incluiu também a reprodução dos poemas.

Como escreveu Manuel Hermínio Monteiro, «o processo desenvolve-se por uma disfarçada humildade dos compositores que tudo fazem para acentuar os sentidos da palavra e da voz (...). Resulta assim um encontro inédito e feliz entre a música e a poesia, revelando, simultaneamente, a diversidade da lírica portuguesa desta última metade do século».




sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

11 de Janeiro 1984 / quarta — 23h. / Sines, R. do Forte

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[…]
[Cada vez escrevo / produzo menos, mas o pouco que produzo requer tempo. Requer toda a minha disponibilidade, toda a minha paixão. Não posso continuar com coisas exteriores à minha escrita a perturbarem-me. Tenho de avançar rapidamente com o projecto que me obceca há muito. O tempo faz-se escasso.
Faz um frio de partir os ossos. Os dias cheios dum sol espantoso, uma limpidez que se vê a costa até ao Cabo Sardão. Às vezes desejaria ter sido pastor, homem transumante. Ir e regressar, com o sol e com as chuvas, ir e regressar sempre com o ciclo das estações…
Fiz 36 anos, hoje, acabaram-se para sempre algumas coisas, outras iniciam-se agora, só a juventude não se recomeça nem tem início hoje… Tenho de começar a habituar-me à grande desolação dos dias, sempre mais vazios, sem ninguém, porque assim o quis.
A partir de hoje tenho o tempo todo para escrever, para não fazer nada, envelhecerei calmamente. Tenho a certeza. Não há tempo, ainda bem!]

in «Diários», de Al Berto (11-01-1948 § 13-06-1997)

OS CANTORES DE LEITURA de MARIA GABRIELA LLANSOL POESIA E CONTOS | LEITURAS ENCENADAS


"A Casa da Saudação", Fotografia de Augusto Joaquim © Espaço Llansol


15 JAN ÀS 19H NO SALÃO NOBRE DO TNDM II § ENTRADA LIVRE

A leitura, a escrita, a casa e o espaço que habitamos representam os temas escolhidos para a seleção que agora se apresenta de "Os Cantores de leitura", último livro de Maria Gabriela Llansol. Foram estes e poderiam ser outros tantos, pois este livro reescreve cada um dos livros anteriores.

Como escreveu Eduardo Prado Coelho, à memória de quem é dedicado este livro, "é a escrita em estado puro (…) no sentido em que a escrita pode ser tentativa de surpreender o que silenciosamente se retira do ruído das palavras em que nos movemos. Machado que tem por função quebrar o mar gelado que há em nós – para usar e belíssima e inultrapassável expressão de Kafka. (…).”

seleção de textos Margarida Lages 
coordenação da leitura Paulo Lages
com Guilherme Filipe e Paulo Lages

Mais informações aqui.