terça-feira, janeiro 31, 2006

Bocas do dia

PETIÇÕES. ARTE A QUANTO OBRIGAS!

Petições mais petições, é um vê se te havias dos profissionais da cultura, que a cada ano se vêm com menos verba para prestar serviço à comunidade.
Pois é meus amigos, a crise é para todos, o “fantástico” da situação é quando percebemos que afinal a crise é só para alguns. Dada esta constatação perguntamos: Até que ponto é lógica, justa, e coerente a situação em que são colocadas as companhias teatrais?
No entanto, não podemos deixar de dar o benefício da dúvida ao Ministério da Cultura relativamente a alguns grupos que dificilmente conseguirão prestar um verdadeiro serviço público. Quando os dinheiros públicos são mal aplicados, é como em tudo meus senhores, mais vale não existirem apoios e ser cada um por si, numa lógica de, diríamos mesmo: concorrência de mercado, pois de boas intenções está o mundo cheio!
Acreditamos que Portugal tem de limar muitas arestas, nomeadamente no campo cultural.
O Teatro Nacional deve dirigir-se para uma «política de defesa do património, da língua e identidade portuguesas», e assim ter interesse público e justificar o apoio que sai dos bolsos dos contribuintes.
O Arte Lusitana deixa em aberto esta questão. Pois, nunca há soluções definitivas e a gregos agradamos, a troianos não, ou vice-versa.

Artistas em Acção! Destaque especial para:


Noite de Enganos

O antigo Cinema Mundial, em Lisboa, recebe a estreia de uma comédia de enganos adaptada da obra "Noite de Reis ou Como lhe Queiram Chamar", de William Shakespeare. "Noite de Enganos" cruza o amor, o humor e o puritanismo para mostrar que a esperança é o motor que conduz à felicidade. Até 30 de Abril.
A história decorre numa cidade à beira-mar, onde vive um povo sem preocupações que só pensa em comer, beber e amar. A personagem principal, Violeta, sobrevive a um naufrágio e refugia-se na corte do Duque Orsino, disfarçada de rapaz. Vai acabar por criar uma grande confusão, pois uma princesa vai apaixonar-se por ela (julgando que é um "ele").

segunda-feira, janeiro 30, 2006

Artistas em Acção! Destaque especial para:


As Cinzas de Pasolini - leituras de poesias de Pier Paolo Pasolini

Rivoli Teatro Municipal - Café-Concerto
10.03 ÁS 18:00 ENTRADA LIVRE
Traduções Maria Jorge Figueiredo e.and Carlos Garcia Leituras Sylvie Rocha, Sofia Correia, José Airosa, Pedro Marques

«E agora regresso a casa, cheio daqueles anos / tão novos que nunca poderia pensar sabê-los velhos numa alma» (trad. MJVF, Assírio & Alvim).

Poderíamos dizer que o teatro de Pasolini nasce no momento em que personagens diferentes se apoderam da sua língua. Na altura em que, um pouco por todo o lado, o Teatro da Palavra de Pier Paolo Pasolini volta a ocupar os palcos, é tempo de ver como essa palavra nasceu e viria a informar a sua poesia, neste sessão de leituras, a propósito da apresentação de «A Orgia» (até 19 de Março) no Rivoli Teatro Municipal.

Palavras com Arte!

  • Duas coisas me surpreendem:
    a inteligência das bestas e a bestialidade dos homens.
    Tristran, Flora

  • Nenhum grande artista vê as coisas como são na realidade; caso o fizesse, deixaria de ser artista.

Wilde, Oscar

A Arte de bem rimar!

Amas
Fazes Amor com o tempo
Percorres o corpo do vento,
Teus dedos desenham a lua,
Beijas a boca da rua.
Gemes ao sabor da brisa,
Sentes o cheiro do mar…
O suor da chuva que pisa
Teu cabelo a esvoaçar.
Teus filhos nascerão da terra,
Serão eles de areia fina,
Seus olhos de linda serra,
E ternuras de menina.

Atir Lebasi

domingo, janeiro 29, 2006

Artistas em Acção! Destaque especial para:



Luz na Cidade

Conor McPherson: autoria;
João Lourenço: encenação;
Rui Mendes, Marco Delgado, Nuno Gil e São José Correia: interpretação.
de 2005/12/14 até 2006/02/26Qua a Sáb: 21h30 Dom: 16h

Perturbado pela morte da mulher, cujo espírito vê vaguear pela casa, um homem procura a ajuda de um psicólogo que se encontra também numa encruzilhada e procura um novo caminho para a sua vida.

Informações Úteis: Maiores 12 anos

A Arte de bem rimar!

As velas da memória

Há nos silvos que as manhãs me trazem
chaminés que se desmoronam:
são a infância e a praia os sonhos de partida

Abrir esse portão junto ao vento que a vida
aquém ou além desta me abre?
Em que outro mundo ouvi o rouxinol
tão leve que o voo lhe aumentava as asas?
Onde adiava ele a morte contra os dias
essa primeira morte?
Vinham núpcias sem conto na inconcebível voz
Que plenitude aquela: cantar
como quem não tivesse nenhum pensamento.
Quem me deixou de novo aqui sentado à sombra
deste mês de junho?
Como te chamas tuque me enfunas as velas da memória ventilando: «aquela vez...»?
Quando aonde foi em que país?
Que vento faz quebrar nas costas destes dias
as ondas de uma antiga música que ouvida
obriga a recuar a noite prometida
em círculos quebrados para além das dunas
fazendo regressar rebanhos de alegrias
abrindo em plena tarde um espaço ao amor?
Que morte vem matar a lábil curva da dor?
Que dor me faz doer de não ter mais que morrer?
E ouve-se o silêncio descer pelas vertentes da tarde
chegar à boca da noite e responder

Ruy Belo
Aquele Grande Rio Eufrates

sábado, janeiro 28, 2006

Margarida Marinho. Actriz com A Grande!


Actor da semana!







Formada em Sociologia, provávelmente, melhor que ninguém saberá explicar estes fenómenos comportamentais que movem os interesses de multidões em direcção à arte de representar.
O Arte Lusitana integra pelo menos uma dessas multidões.

«Iniciou a sua formação teatral no teatro universitário (Íbis) tendo posteriormente frequentado o curso de formação de actores do Instituto de Formação, Investigação e Criação Teatral. Estreou-se em 1981 em Eclipse do Sol, espectáculo dirigido por Adolfo Gutkin, tendo trabalhado com Giorgio Barberio Corsetti, Maria Germana Tânger, Mário Feliciano, Norberto Barroca, João Grosso/Alberto Lopes, Diogo Infante, José Wallenstein, Jorge Lavelli, João Perry, Luís Miguel Cintra, Luís Assis, João Canijo. As suas mais recentes participações no teatro foram E no Intervalo Faz-se Qualquer Coisa (dir. José Wallenstein) Luz de Inverno de David Hare (dir. João Lourenço) e Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett (dir. José Wallenstein). Tem dito poesia em vários recitais como Abril.25, poemas de vários autores (dir. Marcantonio del-Carlo) e Os Poetas, que dirigiu com música de os poetas (Rodrigo Leão, Gabriel Gomes). No cinema trabalhou com Teresa Villaverde, Luís Alvarães, João Botelho, Fernando Lopes, Marian Hanwerker, Joaquim Leitão, Christopher Frank, Raoul Ruiz, Edgar Pêra, Margarida Cardoso, Nadine Trintignant, Marco Martins e últimamente foi a protagonista de Aparelho Voador a Baixa Altitude (real.: Solveig Nordlund). Tem trabalhado regularmente para a televisão onde se estreou em 1986 com Herlânder Peyroteo. Trabalhou ainda com João Pedro Ruivo, Maria João Rocha, João Canijo, Fernando Ávila, e em várias novelas ou séries como A Grande Aposta, Riscos, Ballet Rose, Diário de Maria, As Duas Faces de Cláudia, Todo o Tempo do Mundo. Integrou ainda o elenco dos telefilmes Fuga (real.: Luís Filipe Costa), Marinheiros de Água Doce (real. Tiago Guedes), Querida Mãe (real. José Sacramento) e Mais Tarde (real. Fátima Ribeiro). Nos Artistas Unidos:2002 - HÁ TANTO TEMPO de Harold Pinter, encenação de Solveig Nordlund (Centro Cultural de Belém).2003 - CADA DIA A CADA UM A LIBERDADE E O REINO (Sala do Senado da Assembleia da República).»

Respostas dadas pela actriz, à Radio Comercial.....

1- Qual a sua ideia de felicidade?… aos poucos.

2- Onde gostaria de viver?… debaixo do sol.

3- O que considera ser o mais baixo grau de miséria?… a impotência perante a própria miséria.

4- … e o maior dos infortúnios?… nascer num lugar errado.

5- Para com que defeitos se considera mais tolerante?… teimosia?

6- Quais são os seus heróis ou heroínas favoritos da ficção?… nunca os retirei da narrativa onde nasceram.

7- Quais são as suas figuras históricas preferidas?… todas as que lutaram pela liberdade, arte e pela ciência.

8- … e quais mais detesta?… as que lutaram contra as de 7.

9- Quem gostaria de ter sido?… nunca saberei.

10- Quem é a heroína da sua vida?… a minha mãe.

11- A qualidade que mais admira num homem?… sabedoria, sempre.

12- ... e numa mulher?… sabedoria, sempre.

13- Qual a sua melhor qualidade?… curiosidade?

14- … e o seu principal defeito?… orgulho.

15- A sua característica mais marcante?… tenacidade.

16- O que mais gosta de fazer?… gostar.

17- O que mais detesta?… não gostar.

18- A que é que dá mais valor nos seus amigos?… .lealdade.

19- Quais são os seus escritores favoritos?… não dispenso escritores.

20- Como gostaria de morrer?… cheia de netos.

21- Como é que se sente hoje?… atenta.

22- Qual o seu lema de vida?… ser eu própria.


Hoje, em "Dei-te quase tudo" na TVI e em "Bocage" na RTP1, Margarida Marinho é das actrizes mais completas do panorama cultural português.

Este blog orgulha-se, desde já, de inaugurar a sua abertura com tributo a tão talentosa actriz, a quem enviamos um abraço virtual e os desejos de um 2006 consagrador.