Falamos abertamente das nossas paixões,
mesmo com orgulho em certas ocasiões. O time de futebol preferido, um artista,
uma pessoa importante. São coisas que nos dão satisfações inexplicáveis e que
defendemos muitas vezes como se fossem parte de nós. Não nos envergonhamos,
mesmo se as outras pessoas não possuem os mesmos gostos ou mesmas preferências.
E me pergunto por que há pessoas que
possuem tanta dificuldade para falar de Deus, de Jesus, se são Eles a razão
mesmo da nossa existência e o único meio de salvar nossa alma para a
eternidade.
Nosso time ignora nossa existência e
nosso artista preferido frequentemente também. Somos, para essas paixões,
apenas um rosto a mais numa multidão.
E quando as dificuldades nos assaltam,
para onde dirigimos nossos olhos, nossas lágrimas, nosso coração sofrido? Para
onde se dirigem nossas súplicas?
Nesses momentos, as paixões do mundo
tornam-se mínimas, insignificantes, até esquecidas. Nos dirigimos para Aquele
que acreditamos ter a solução para nós e que possui um coração grande o
bastante para se inclinar e nos ouvir. Aquele que é capaz de perdoar bem mais
que setenta vezes sete e nos aceita cada vez que, arrependidos, acabamos
voltando. Aquele que nos perdoa até o último minuto da nossa vida.
Nos momentos de desespero é fácil
chorar, pedir, suplicar, sem que a gente se preocupe com o que vão pensar de
nós. É muito fácil receber, aceitar.
Mas quando a tempestade passa e que o
sol volta a brilhar, não é assim tão fácil abrir a boca e falar dAquele que nos
segurou a mão nas horas difíceis. Pensamos no que vão pensar de nós, se vão nos
julgar. Acabamos seguindo a maré, porque é mais fácil ser como todo mundo.
Mas quem disse que precisamos ser como
todo mundo, fazer como todo mundo? Convicções são convicções, pouco importa a
situação.
Não digo aqui que devemos entrar em
discussões intermináveis sobre religiões. Fanatismo também é pecado e vemos
diariamente nas notícias onde ele tem conduzido muitos povos. Não precisamos
ser fanáticos para sermos quem somos, com toda honestidade.
Negamos diariamente a Deus. Negamos
quando nos omitimos, nos calamos ante certas circunstâncias que pediriam de nós
uma atitude; negamos quando não dizemos às pessoas que necessitam que Ele é a
solução. Negamos com nosso silêncio.
E Deus se entristece. Porque Ele não se
envergonha de nós, mesmo sendo quem somos. Jesus não se envergonhou da
humilhação da morte de cruz, mas preferiu perdoar dizendo que as pessoas não
sabiam o que estavam fazendo.
Talvez quem negue não tenha ainda tido
um verdadeiro encontro com Ele. Porque se Deus está em nós e nós nEle,
brilhamos por onde passamos, como pedaços de luz numa noite escura. Somos
livres e libertos. Vamos a Ele também na nossa alegria e não somente quando
nossa alma chora e carece de ajuda.
É preciso pensar sobre isso. Pedro
chorou amargamente depois de ter negado a Jesus e foi perdoado. Mas podemos
viver sem ter que passar por esse caminho. Podemos trazer muito mais alegrias
que tristezas ao coração de Deus, que nos ama acima e apesar de tudo.