No dia 02/10 a Vó me mandou um meme onde eu deveria contar uma história da minha infância. Como na época eu estava curtindo umas férias forçadas, só agora poderei respondê-lo.
Eu fiquei longos minutos tentando lembrar de algo que fosse interessante e só lembrei dessa aí:
A estréia no Maracanã
O ano era 1992 e eu tinha 9 anos. O jogo prometia: Flamengo X Botafogo, final do Brasileirão. Era o jogo perfeito.
Eu já era flamenguista desde o útero, pois meu pai já dizia que não importava se seria menino ou menina, seria torcedor do Fla, que ele não agüentaria outro filho não rubro-negro (meu irmão é tricolor)...
Ele nem teve muito trabalho, pois aos dois anos eu já pulava na frente da TV quando o Junior pegava a bola. Eu era fã do Junior! Papai ficava todo bobo.
Eu fui crescendo e a paixão também. Mas faltava uma coisa: ver aquele time apaixonante de perto!
Meu pai sempre se negava a me levar ao estádio por que eu era muito pequenininha (ainda sou!) e estádio de futebol não era lugar de criança ainda mais menina. Aff!
Só que eu era chata, pentelha e brasileira e não desistiria nunca. Até que um dia ele disse que me levaria ao Maracanã qualquer dia desses aí...
Eu só não esperava que o qualquer dia desses aí fosse justo uma final de Campeonato Brasileiro.
Domingão. Almocei cedo, peguei o manto sagrado, entramos no fusquinha vermelho de papai e fomos rumo à Tóquio ao Maracanã.
Quando fui chegando nas mediações a euforia já era enorme. Nunca tinha visto tanta gente com a mesma cor de camisa na vida, tantas bandeiras, tanta alegria. Nossa era tudo tão, tão, tão... Fascinante! Quando comecei a subir a rampa tudo se agigantou. Era mais gente gritando, cantando, pulando... Eu não sabia pra onde olhar. Do alto da rampa, eu parei, virei e olhei: Arrastão em preto e vermelho que se não fossem simpatizantes, daria medo. Mas era bonito ver aquele povo subindo e eu pensando que já tinha visto tudo de mais bonito. Na verdade se o dia acabasse ali, já teria valido a pena. Mas eu não tinha visto tudo, aliás nem tinha começado a ver. O melhor ainda estava por vir e não demoraria muito: A imagem de um Maracanã lotado pelo seu time.
Quando cheguei na frente de uma porta que dava acesso as arquibancadas eu vi um clarão que até hoje não vi igual. Era gigante. Ou era minha visão de criança que via tudo maior do que realmente era. Não, era enorme mesmo. Eu estava no maior estádio do Mundo. No meio da maior torcida do Mundo. Cantando o mais emocionante hino de time de futebol do Mundo. Ao lado das pessoas mais apaixonadas do Mundo.
A arquibancada tremia e eu sentia um certo medo, que seria até justificado, pois naquele jogo uma parte da grade da arquibancada caiu eu estava do outro lado, quase de frente quando ouvi a gritaria. Não vi nada. Só vi um buraco no meio da multidão depois que já tinha acontecido tudo.
Mas esse fato não foi suficiente para estragar aquele que seria um belo espetáculo. Um belo jogo. Uma partida memorável. Pelo menos pra mim.
Conhecer o Maraca, numa decisão de campeonato que seu time vencerá e será penta campeão com um lindo gol do seu ídolo. Não poderia ser mais perfeito.
Meu pai, tão cheio de cuidados, se pudesse adivinhar, não teria me levado naquele dia. Eu, se pudesse sonhar com esse dia, não teria um sonho tão lindo.
Saí dali com a faixa do lado esquerdo e mais apaixonada que nunca pelo meu time que é simplesmente o Mais Querido do Brasil.
Um ano depois o Junior encerrou a carreira. Eu agradeço até hoje por meu pai ter me levado aquele jogo.
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