Mais um dos meus textos com a finalidade de extravasar meus pensamentos, me liberar de uma carga não muito positiva...
Ah, quanta saudade da minha solidão! Hoje em dia fala-se tanto em solidão, depressão e tudo o mais, e somente do ponto negativo. Lógico, depressão é doença, precisa ser tratada, está num nível mais elevado que não me compete. Mas a depressão geralmente começa com solidão, e a solidão não tem só pontos negativos, digo isso por experiência própria, vocês não sabem o quanto sinto falta de passar minhas tardes, meus finais de semana, minhas noites, meus dias a sós.
Quando perguntam digo que minha profissão é estudante. E para fazer jus, como toda profissão, deve ter responsabilidade, o trabalho deve ser bem feito a espera de uma promoção, a fim de poder afirmar que se é uma universitária. Diante desse fato vou fazendo o meu melhor, só que para que isso ocorra necessariamente é preciso que esteja em um ambiente favorável, ou seja, silencioso, quieto, sozinha. Coisa que nas férias, na casa dos meus pais é completamente impossível. Já fazem 3 semanas e eu estou aqui, que não me agüento, morrendo de vontade de ficar sozinha ao menos uns 2 dias, já seria o bastante. Faz falta meu apartamento e a minha vida estudantil de aulas e mais aulas, passadas o dia inteiro na escola, com minha família de amigos. Aqui tenho que ir para a Biblioteca Municipal, o único lugar onde eu encontrei certa paz, não total, porque nem mesmo os bibliotecários respeitam muito o ambiente, ainda mais quando se tem uma única menina estudando – digamos que “empatando” a vida deles. Fiquei incrédula quando a mulher, depois de umas 3 horas que eu estava lá, veio me perguntar se a conversa deles estava me atrapalhando, dá para acreditar? Sinceramente, eu estava numa BIBLIOTECA, ou seja, um local que exige silêncio, a começar pelos funcionários. Ainda bem que eu sou educada e estava tranqüila nesse dia. Enfim, 3 semanas muito difíceis para mim, que gosto de curtir meus momentos de solidão, sozinha, sonhando, pensando, estudando, cantando, dançando, conversando, assistindo ao que eu quiser, fazendo tudo do meu jeito, praticamente independente. Sinto muita falta!
Minha solidão é uma delícia. Obviamente que não gosto de ficar sozinha muito tempo, até mesmo porque preciso sempre de contato, gosto de manter contato com as pessoas, de ter presença, de ter conversa, mesmo que seja virtual. Porém, a solidão me faz um bem enorme, de certa forma, sobrenatural. Eu gosto de ter paz, ela é para mim imprescindível. Não gosto de barulho o tempo inteiro, de conversa o tempo inteiro, de bagunça o tempo inteiro, de gente ao meu redor me fazendo perguntas ou me olhando o tempo inteiro. E isso tudo eu encontro o “dia inteiro” por aqui. Imaginem como estou me sentindo. Realmente é verdade que quando um filho sai de casa é muito difícil que volte, ainda mais depois de 4 anos, entretanto, nas férias anteriores parecia mais fácil. Mesmo sem independência financeira, querendo ou não, há certa independência quando se mora praticamente sozinha. E ela simplesmente desaparece quando se “volta para casa”, e para piorar – ou não, por enquanto meu ponto de vista é que piora – ainda aparecem outras tarefas para se fazer que não tem fim, enquanto os estudos ficam um pouco de lado, porque são “férias”.
Férias? Eu sou uma pessoa que não tenho direito a férias, no máximo 1 semana para descanso, que já foi tirada. E então me chegam pessoas dizendo que tenho que ter férias, dando opinião no que eu tenho que fazer, no “melhor” jeito de estudar PARA MIM, etc, etc, etc. Além da certeza da morte, uma das únicas outras certezas que eu tenho é que enquanto não passar no vestibular não poderei ter uma boa noite de sono, não poderei ter um bom descanso, não poderei ficar sem estudar e terei que aturar gente no meu pé, que às vezes nem me conhece direito, opinando na minha vida. Ta que sempre vai ter isso, que sempre existiu e continuará a existir, mas, poxa, a pessoa já está sofrendo, o coração já está machucado, para quê machucar ainda mais? Minha última decepção foi com uma prima que veio perguntar os resultados e para fechar com “chave de ouro” disse, sorrindo ainda por cima, que já estava passando de hora de eu passar, que estava demorando demais. Tem cabimento? Sério, isso me irrita, quando saio de casa já digo para quem está comigo que ultimamente não vou responder pelas minhas atitudes inconseqüentes quando alguém me provocar ou fizer uma pergunta perturbadora, é sério! Meu nível de estresse está nas alturas, embora muitas vezes não transpareça, já que a alegria ainda consegue falar mais alto na maior parte do tempo – dizem que meu sorriso é marca registrada, ou pelo menos, já foi, antes do terceiro ano e do cursinho, rs. Mas enfim, esse também é um dos motivos para a solidão prevalecer. Algumas vezes o convívio social faz é piorar as coisas. Enquanto estou com os amigos, que entendem, compreendem, são amigos de verdade, assim como a “melhor parte da família”, ta tudo bem, não tenho do que reclamar, mas é só misturar-se com outras pessoas, que não sabem o que é passar por essa etapa na vida, ou que se contentaram com o pouco que veio de “mão beijada”, para que alguma chateação apareça. Solidão é a melhor escolha na maioria das vezes.
Também dizem que eu sou exagerada e dramática, mas nesse caso acho que não é exagero. Vai de cada um, do comportamento, da educação, das maneiras, do jeito de ser de cada um. Eu preciso de um tempo diário de solidão, de tranqüilidade. Saibam que uma das minhas fantasias é que exista um emprego em que você só tivesse que ler, o dia inteiro, ou por 8 horas, tiver a chance de escolher os livros e ainda ganhar dinheiro. Não confundam com editores, revisores, etc. porque é diferente, lá eles não tem escolha, tem muita cobrança e tem vida de outras pessoas nas mãos. Em uma semana consegui me esbanjar com “O Primo Basílio” de Eça de Queirós, “Porteira Fechada” de Cyro Gomes e “Manuelzão e Miguilim” de Guimarães Rosa, mas sempre tinha que voltar para a realidade e me apegar aos livros didáticos novamente. E o pior é que nem consegui ler tudo na santa paz. Sei que as pessoas a minha volta e tals, são a expressão do amor, do carinho, mas, sei lá, isso cansa. Não sou uma pessoa muito “piegas” e gosto de ter minha privacidade, independência e liberdade, acredito que isso seja o normal de todas as pessoas, o que para mim é questão de super necessidade, questão de bem estar e qualidade de vida – acho que exagerei um pouco, né?! rsrs
Enfim, a solidão é importante, é nesse momento que você, com calma, pensa no que fazer da vida, que você resolve e busca algumas soluções, de cabeça tranqüila. Pode ser que também seja nesse momento que seus sentimentos se aflorem, que as dúvidas apareçam e que tudo se transforme. A solidão é importante, ela te ajuda a descobrir mais sobre você mesmo, seus sonhos, suas fantasias, seus objetivos, seus sentimentos. Nem sempre é capaz de ajudar, às vezes pode piorar a situação, mas, de um jeito ou de outro, as coisas vão se encaminhando e você ganha um momento unicamente seu e de mais ninguém. Você não precisa compartilhar com outra pessoa, não precisa dar satisfações, tudo fica no seu coração, na sua cabeça, e pronto. E o momento é só seu, exclusivamente seu. Alguns podem achar tudo isso uma futilidade, idiotice, “nada a ver”, mas para mim não o é, para mim é muito importante, tanto é importante “desabafar” como a solidão, e a partir do momento em que eu estou me sentindo bem e isso tudo me faz sentir bem, não me importa se é fútil ou não – meus amigos ainda insistem em afirmar que eu sou patricinha e fresca, vai ver é isso mesmo, haha. Mas para confirmar, eu não gosto de SER sozinha, eu gosto de TER meus momentos de sozinha, é diferente. A solidão pode não ser doença, pode ser um remédio, e dos melhores. Se eu fosse dessas pessoas que eu admiro com inspirações poéticas poderia fazer sonetos, lamúrias, que condizem com minha situação, com meus sentimentos atuais. Com a falta de solidão também sinto falta do que a acompanha, talvez isso seja mais ruim ainda...que saudade de Goiânia, ó céus! rsrs Para completar, são nos momentos de solidão que eu paro, penso, escrevo e às vezes, publico por aqui, então, devido a falta de solidão que essa época me exige, escrevo pouco e publico menos ainda, como também fico sem ler muitos blogs e principalmente sem comentar, desculpem-me por isso...rsrs