Mostrando postagens com marcador Safo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Safo. Mostrar todas as postagens

5.8.19

Mário Faustino: "Ego de mona kateudo"




Ego de mona kateudo

Dor, dor de minha alma, é madrugada
E aportam-me lembranças de quem amo.
E dobram sonhos na mal-estrelada
Memória arfante donde alguém que chamo
Para outros braços cardiais me nega
Restos de rosa entre lençóis de olvido.
Ao longe ladra um coração na cega
Noite ambulante. E escuto-te o mugido,
Oh vento que meu cérebro aleitaste,
Tempo que meu destino ruminaste.
Amor, amor, enquanto luzes, puro,
Dormido e claro, eu velo em vasto escuro,
Ouvindo as asas roucas de outro dia
Cantar sem despertar minha alegria.





FAUSTINO, Mário. "Ego de mona kateudo". In:_____. Poesia de Mário Faustino. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966.




Observo que o título desse poema é a transcrição para caracteres latinos do último verso do fragmento 168b de um poema de Safo. "Ego de mona kateudo" significa "E eu durmo sozinha". O poema de Safo e sua tradução podem ser lidos neste blog desde 2008, aqui: http://antoniocicero.blogspot.com/2008/02/safo-fr-168b.html

21.3.15

Safo: Fr.31: trad. Antonio Cicero




Clique na imagem, para ampliá-la:
























SAFO. "Fr.31". CAMPBELL, David A. (org). Greek lyric I: Sappho and Alcaeus. Cambridge, Mass.: Harvard U. Press, 1982.





4.12.09

Safo: Fragmento 1




Safo, Fragmento 1

Afrodite imortal de trono multicor,
filha de Zeus, tecelã de intrigas, suplico-te:
não dobres a sofrimentos e angústias,
senhora, meu coração;

mas aproxima-te, se jamais no passado
ouvindo meu grito de longe
atendeste, e deixando o palácio dourado
do teu pai, vieste,

tendo atrelado o carro: trouxeram-te belos
pardais velozes sobre a terra escura,
e, turbilhonando as asas no ar
celeste,

logo chegaram; e tu, Bem-Aventurada,
com um sorriso no rosto imortal,
perguntaste por que sofro agora e por que
de novo te chamo,

e o que é que mais almeja
meu louco coração. "Quem, agora
convenço para o teu amor? Quem,
ó Safo, te faz mal?

Pois, se ela foge, logo perseguirá;
se recusa presentes, presentes oferecerá,
se não ama, logo amará,
mesmo sem querer."

Vem para mim também agora, livra-me
deste sofrimento atroz, realiza tudo o que meu
coração deseja realizar: sê de novo
minha aliada.







Poetarum Lesbiorum fragmenta. Lobel, E.; Page, D.L. (Org.). Oxford: Clarendon Press, 1968.

17.2.08

Aldous Huxley: sobre o Fr. 168b, de Safo

Nem mesmo o melhor dos chineses poderia ter dito mais em compasso tão estreito. A noite, o desejo, a angústia de esperar e, com ela, a dor mais persistente, mais profunda, mais desesperançosamente incurável de saber que toda luz há que se pôr, que a vida e o amor declinam, declinam inexoravelmente rumo ao ocaso e à escuridão: todas essas coisas são implicadas – quão completamente! – nas linhas de Safo. As palavras continuam como que a ecoar e re-ecoar ao longo de corredores cada vez mais remotos da memória, com um som que jamais pode completamente morrer (tal é o estranho poder da voz do poeta) até a morte da própria memória.


De: HUXLEY, Aldous. Texts and pretexts: an anthology with commentaries. London: Flamingo, 1994.

16.2.08

Safo: Fr. 168b


Clique na imagem para ampliá-la: