segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Para memória futura

Para memória futura, o texto que escrevi no FB a propósito do Dia Internacional da Prematuridade

"Quando engravidamos, preparamo-nos apenas para as coisas boas que aí vêm. Acreditamos que nada pode correr mal e na muita literatura que estudamos, passamos por cima das páginas que falam sobre o que pode correr mal. Acreditamos nisso até ao dia em que a nossa filha mais linda do mundo, resolve nascer às 33 semanas de gestação, sem qualquer aviso que o faça prever. Foram dias duros, um sofrimento 
feliz, um misto de pânico e felicidade, naquele que é suposto ser o dia mais feliz da nossa vida. Entre sondas e incubadoras, análises e bombas de tirar leite, habituamo-nos a tudo, tornamo-nos mães fortes e menos ansiosas, desvendamos os segredos da maternidade...

A segunda gravidez aparece assim, na sequência, como um simples passo. Depois do que passámos, estamos preparadas para tudo. Avançamos a medo, com os fantasmas recentes, mas crentes que nada será igual.... esse raio já caiu no nosso telhado.
E é aí que nos deparamos com um rapaz apressado, vítima de um útero incompetente, que se mostra pronto a nascer, igualmente sem aviso, às 22 semanas. Aguentamos firmes até às 23 semanas e 2 dias, mas não mais do que isso. Nem ele, nem a mãe, nem o útero... Nasce, já sem vida, depois de um parto injusto, que qualquer mãe deveria ser isenta de aguentar.

Hoje, dia 17 de Novembro de 2011, assinala-se o 1.º Dia Mundial da Prematuridade. Assinalo-o com o meu testemunho, com a devida homenagem a todos os pais que passam por situações semelhantes e com o maior beijo e abraço do mundo à minha Ana João - uma mulher fantástica com dois anos e meio - e ao meu Zé Pedro, para quem o nascimento e a morte foram um só momento".