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domingo, 23 de setembro de 2018

CONTINUANDO COM... MARIA JOÃO BRITO DE SOUSA

Apaixonei-me por este poema, desde que o li a primeira vez. Vi daí hoje fui ao seu blogue e roubei-lho. Espero que gostem tanto dele como eu.
 
Parto da Viola de Amadeo Souza Cardoso



Cada poema
Tem asas de papel nascendo incertas
Como velas rumando à descoberta
Da Ilha de S. Nunca da partida

Quando ressurge,
Muito embora vencido é temerário
Como a luta tenaz de cada operário
Que aspira à igualdade prometida

Onde um termina,
Começa um outro verso inevitável,
Cada um deles gerando um infindável
Rosário de memórias de uma vida…

Cada poema
Tem alma de mulher, corpo de chama
De aonde irrompe a voz que então proclama
O culminar da luz na pele rendida

Cada poema
É raiva, urgência, amor,
Silêncio, grito e voz da mesma dor
Numa explosão domada ou incontida

Cada poema
É mais do que uma inércia, é um transporte,
É eixo, é a matriz deste suporte
Das minhas transgressões de fera ferida

Cada poema
Tem sempre a dimensão de um corpo estranho,
Imensurável, pois não tem tamanho,
Porta-voz de uma força indesmentida

Quando ressurge,
Muito embora vencido é temerário
Como a luta tenaz de cada operário
Que aspira à igualdade prometida

Onde um termina,
Começa um novo verso inevitável,
Cada um deles gerando um infindável
Rosário de memórias de uma vida.


Maria João Brito de Sousa 


Para os amantes de poesia, aqui vos deixo os endereços de vários blogues da autora.


Poetaporkedeusker

Liberdades

Salão de baile

Salão de troféus

Maria João Brito de Sousa



Vão até lá e deixem-se encantar.

terça-feira, 18 de setembro de 2018

MARIA JOÃO BRITO DE SOUSA

                                   IMAGEM DE UM DOS BLOGUES DA AUTORA



UM LENÇOL DE ÁGUA PURA E LINHO CRU
*


É lençol de água pura e linho cru,
Este amor que se expande e gratifica,
Que não tem voz, mas te trata por tu
E em ternura te eleva e multiplica,


 Tal qual nasce um menino e, todo nu,
Reduz a nada a extrema dor que implica
O parto, essa memória de baú
Que se relê quando já nada a explica.


 Cobrimo-lo de panos pra que aqueça,
Amparamos-lhe a queda, se tropeça,
Tentamos dar-lhe tudo, nada tendo,


E o mesmo fazemos, sem sabê-lo,
Se a mão nos obedece ao estranho apelo
De um verso que nos nasce e vai crescendo.





BIOGRAFIA DA POETISA, ESCRITA PELO SEU PRÓPRIO PUNHO

O meu nome é Maria João Brito de Sousa.
Nasci em Lisboa, no dia 04 de Novembro do ano de 1952, mas fui registada no Concelho de Oeiras por expressa vontade de meu avô, o poeta António de Sousa que, tendo deixado Coimbra para fixar residência em Algés, passou a nutrir profundo afecto pelo Concelho onde desde sempre residi.
Coube-me em sorte ser neta de um dos "grandes" do Modernismo e poder conviver com alguns dos maiores nomes da poesia do século XX.
Vitorino Nemésio, Miguel Torga, Natália Correia, David Mourão Ferreira, Virgínia Moura, Manuel Ribeiro de Pavia, Guilherme Filipe e José Régio, entre muitos outros, foram pessoas com quem privei desde os meus primeiros tempos de vida e de quem, se assim se pode dizer, fui "absorvendo" conhecimentos, aguçado espírito crítico e paixão pela criatividade e pela escrita.
Decidida a trabalhar e a casar-me cedo, abandonei os estudos acadêmicos mal terminei o curso complementar dos liceus, no então Liceu Nacional de Oeiras, hoje Escola Secundária Sebastião e Silva, onde frequentei a alínea de Germânicas.
Trabalhei como intérpetre para a Agência Abreu durante cerca de dois anos, acabando por deixar o cargo aquando do nascimento da minha filha mais velha, em 1973.
Desde o ano 2000 e enquanto a saúde mo permitiu, fui membro da Associação de Artistas Plásticos - Paço De Artes, sediada no Alto da Loba, Concelho de Oeiras e, nessa qualidade, participei em inúmeras exposições de pintura de carácter colectivo e de uma individual, na sala Elisiário Carvalho - salão nobre da Associação - sob a temática Auto-Retrato, em 2007.
Dessas muitas exposições, destaco a Colectiva da Fundação Marquês de Pombal, a Colectiva da Escola Náutica Infante D. Henrique em Dezembro de 2000, a Colectiva de Setembro de 2005 na Galeria Verney e, dentre as muitas mostras anuais, a do salão nobre do Clube Recreativo de Paço de Arcos e a Colectiva, na Galeria Viagraça, em Lisboa, por ocasião do lançamento do livro Poemas de Mim, de Ezequiel Francisco, bem como de uma Colectiva em 2004, no Instituto de Estudos Tecnológicos de Cascais.
Foi ainda enquanto membro activo da Paço de Artes que, em Abril de 2006 participei na acção de formação, promovida pela CultDigest,"Gestão das Actividades Associativas - Produção e Organização de Projectos Culturais - 1ª edição", com frequência dos módulos"Gestão de Projectos" e "Contexto Jurídico das Associações".

Em Janeiro de 2000, estreara-me, no âmbito das exposições individuais, em Lisboa, na Voz do Operário, onde, no salão João Hogan, tive expostas vinte e oito telas sob o título Promessas Traídas, tendo ainda participado na Voz D`Arte - Primavera 2000, no hotel Roma, em Lisboa.

Sou também membro da Associação Portuguesa de Poetas, ainda que por motivos de saúde me não tenha sido possível comparecer às reuniões do colectivo desde 2009, e tenho apenas três livros publicados; Poeta Porque Deus Quer, Autores Editora, 2009, Pequenas Utopias, Corpos Editora, 2012 (World Art Friends) e Almas Gémeas, em Março de 2016, uma edição que me foi ofertada pelos poetas e grandes amigos Joaquim Sustelo e Albertino Galvão, sob a chancela da Euedito. Colaborei, ainda, com várias Antologias Poéticas editadas anualmente também por Joaquim Sustelo a cada aniversário do conceituado site de poesia "online" - Horizontes da Poesia.

Vários sonetos meus foram editados, em 2014, na colectânea de poetas lusófonos Enigma(s), sob a chancela da Sinapis Editores - Editorial Minerva - e nas antologias "Tertúlia da Gandaia"I e II, Hórus Editora, 2016, bem como na Antologia da Academia Virtual de Letras, no mesmo ano.

A minha produção literária tem-se espraiado e adquirido a dimensão de vasta obra poética, nestes últimos dez anos de completa e diária entrega ao trabalho de produção, maturação e partilha "online" do poema - clássico e também modernista -, na Web, nos blogs que criei na plataforma Sapo no dealbar do ano de 2008, na Academia Virtual de Letras - Intenção e Gestos, no site Horizontes da Poesia e na página autoral que mais recentemente criei no Facebook, bem como na Colectânea Literária Oline - Fenix, onde me foram gentilmente oferecidas pelos escritores Carmo Vasconcelos e Henrique Lacerda Ramalho duas colectâneas individuais; uma de trabalhos de expressão plástica e poesia e outra contendo apenas sonetos.
Muito recentemente, fui ainda convidada a participar com dezoito sonetos e várias parcerias em glosas - com meu avô António de Sousa, Fernando Pessoa, Antero de Quental, Florbela Espanca e Maria da Encarnação Alexandre -, no blogue O SECULAR SONETO, criado pela poetisa Regina Coeli e inspirado na obra do poeta brasileiro Vasco de Castro Lima, "O Mundo Maravilhoso do Soneto".
Já no ano de 2016, integrei o grupo de quinze munícipes oeirenses que, em conjunto com elementos da Câmara Municipal de Oeiras e da Fundação Aga Khan, foram convidados a participar na delineação do Modelo de Funcionamento do Forum Oeiras Sénior, uma estrutura de apoio direccionada para a população mais idosa, no sentido de garantir a sua participação social no contexto de um envelhecimento mais digno, mais saudável e mais participativo.

Agraciada em Outubro de 2017 com um Título Honorífico no âmbito da Arte Cultura pela Assembleia da Freguesia de União de Freguesias de Oeiras e São Julião da Barra, Paço de Arcos e Caxias.
 

domingo, 9 de setembro de 2018

CEIFEIRAS JAMAIS

Aqui a autora declama um dos seus poemas. Não o Ceifeiras, que não consegui encontrar.



Ceifeiras !
Jamais!
Há um cante envolto em pranto, que lembra um tempo sem volta!
Mas que vai ganhando um outro encanto, pondo de lado a revolta!
Nossos pais sofreram tanto, nossos avós ainda mais!
Nós, nós fugimos a esse pranto, p’ra não ouvirmos seus ais
Homem que foi terra foi barro, em pleno campo criado
Comeu as sopas no tarro, levou aos ombros seu fardo!
Vamos olhar de outro jeito, o progresso em caminhada
Para aliviar o peito, desta gente amargurada!
Nossos campos ainda lá estão, as searas até o gado
Mas ceifeiras, essas não, foram escravas do passado!
Ainda o sobreiro dá sombra, e a cortiça que é riqueza
Arvore que a todos deslumbra, de raiz bem portuguesa...
Ainda há regatos correndo, e há ribeiras naturais
E a chuva que Deus vai mandando, p’ra dar vida aos cereais!
Ainda se ouvem cantar os rouxinóis na ribeira
Os pardais; a chilrear em alegre cavaqueira.
Ainda há lírios, alecrim, papoilas, planícies de trigais
Codornizes, perdizes rolas, mas as ceifeiras? Jamais…
Alegra-te meu amigo, olha a alvorada, outro dia
Anda vem cantar comigo as cantigas d’álegria
Saudades sim porque não, mas passado nunca mais
Pois marcou uma geração de dores misérias e ais
O mundo está em mudança, hoje a vida tem outro fado!
Nova canção! Outra dança!
Pois o passado é passado...

Rosa Dias


Biografia

Joaquina Rosa Pedreiro Guerreiro Dias, mais conhecida por Rosa Dias, nasceu em Elvas na maternidade Mariana Martins, em 26-9-1947.
 Sendo baptizada e registada em Campo Maior Vila de concelho, do alto Alentejo, onde cresceu e frequentou a escola primária do Bairro Novo, e onde completou a quarta classe. Logo que saiu da escola começou a trabalhar numa torrefacção de Café, pertencente ao Sr. João Ensina, onde começou a ganhar 25 tostões por dia, e onde esteve pouco tempo, pois logo começou a trabalhar como empregada doméstica, vindo aos 13 anos para Lisboa, onde continuou no mesmo ramo.
Conheceu o seu grande amor com quem viria a casar aos dezassete anos e com quem ainda vive até aos dias de hoje.

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Podem também visitar o blogue da poetisa  Aqui