Deixem-me ir para a rua
quero gritar
chorar
cantar.
Quero levantar bem alto
a bandeira
do desespero.
Quero rir-me de ti
de mim
de todos nós.
Quero que os bandidos
chorem
a dor
e a vergonha
de o serem.
Quero dar pão
A quem tem fome
e dar água aos sedentos.
Quero dar amor
carinho
ternura
a quem vive só.
Quero sofrer com o presidiário
e sorrir feliz com os noivos.
Quero dar um lar aos órfãos
E trabalho a quem o procura.
Quero que todos os políticos
unam esforços
numa aliança firme
por um mundo melhor.
Quero acabar com o terrorismo
e as penas de morte.
Quero acabar com a fome
a poluição,
e a guerra.
Deixem-me ir para a rua
Deixem-me erguer bem alto
a minha bandeira.
E escrevam depois nos jornais
Que anda por aí à solta
Uma louca perigosa.
Elvira Carvalho
in "perdidamente" vol III páginas 179/180