Seis!
Lembro que outro dia minha prima preferida estava indo embora. Pra outro país. Nesse dia, ela tava a moça mais linda da face da terra. O cabelo deslumbrava. A sobrancelha dela era bem grossa, tipo Malu Mader. Mas deram um jeito em tudo. Suavizaram cada expressão. Realçaram cada pontinho de beleza do rosto dela. Não que não fosse bonita, já era bonita, sim, mas naquele dia qualquer um não se cansaria de olhar pra ela. Lembro do último lugar que a gente foi antes dela partir. Inesquecível aquele dia. Um momento histórico. Único. Inenarrável, indescritível. Só que pensei ter sido ontem, ou antes de ontem, ou, pronto, qualquer dia desses próximos aí. Só que não foi ontem, nem antes de ontem. Também nunca disse ser expert em tempo. Sou uma ruína nisso. O certo é que hoje fiquei sem palavras, boquiaberta, bobalhada. Entrei no tal do Orkut só pra ver onde ela tava morando. E era Salt Lake City, em Utah (um dos 50 estados dos EUA e aquele lugar ótimo pra praticar esqui).
Imagem: divulgação
Pronto, era pra eu ir embora e voltar a estudar, naquele minuto. Só que as coisas nem sempre andam como a gente planeja. Primeiro, vi a foto de um recém-nascido. Logo, levantei minha sobrancelha e encolhi meu pescoço pra trás. Depois, umas fotos foram puxando meus olhos pra cada vez mais perto do computador. Aí fui passando, passando, uma a uma. E comecei a contar. Contar cada criança. Um, dois, três, quatro, cinco. Cinco? Mais um que está no Brasil, seis. Seis, gente, seis. Achei aquilo lindo. Porque família grande é tudo. Ter coragem de formar uma assim é mais tudo ainda. Aí fiquei me perguntando quanto o tempo passa, como o mundo dá volta, quanto a nossa vida muda e como é bom estar num lugar e se sentir livre pra fazer a quantidade de coisas que a gente quiser.