Thursday, April 05, 2007

Abril

Tímido
Beijo de sol
Colibri arisco
Risca outonos
Esguios galhos
Pendem
Rubras
Bocas
Romãs
Maduras

Thursday, March 22, 2007

Num dia de vento


Esse desassossego
Bramindo tempestades
Marejando a alma
Dorme
Jaz
Em mim
Perdida assim
Tão branda
A calma
E quando
Impetuoso
O vento
Desatinar minhas esquinas
Desnudarei meus pés
E partirei
Com asas de menina.

Sunday, March 11, 2007

Recanto


Passos de mim esquecidos
Trespassavam alamedas úmidas
Da chuva anterior

Gotejavam lá
Nuvens travestidas de sol

Mendiga da tua luz fingida
Bebi destas migalhas

Deixei estes meus passos
Inventei outros
Em terras firmes
De quimeras lúcidas
Onde murmurejam
Bem-te-vis tagarelas

Dançam lá aromas
Do doce sal da terra

Cheiro de terra firme
A sugar meus pés
- Raízes -

Farei lá meu castelo
Que a nenhum vento de mar
De ondas sereias
Dará ouvidos.
13/12/04

Wednesday, February 28, 2007

Meu anjo

A noite
Se debruçou
Sobre mim
Em pesados
Silêncios

Luzes violetas
Últimos suspiros
Do poente
Colho

Como canta
O silêncio
Voz muda
De ti
Anjo

Infinita é a noite
Infinito é o silêncio
Infinito é teu amor
Anjo

Onde estás?
Meu anjo
Faz frio
Em minh'alma

Meu anjo
Quero a luz
Dos teus olhos
Acendendo a noite

Hoje preciso
Do teu colo
De paz
E adormecer
No teu céu.

Agosto/2003

Saturday, February 17, 2007

Alumiação


Estava lá, estacado, o solitário poste. A lâmpada acesa do seu olhar há tanto tempo se extinguira. Cães vadios uivavam pra lua, única luz presente. Havia em tudo uma ausência de domingo sem missa.
Milagrosamente, pirilampos vindos de longe, pairaram comovidos diante da lâmpada morta e ofertaram seu lume.
Março/2005

Sunday, February 11, 2007

Matinal II

é lúcida
a manhã que rompe

as sombras da noite
não mais ocultam
palavras vãs

tudo se revela
à luz escancarada
deste sol
de cara lavada

Sunday, February 04, 2007

Estação

Mais um dia se vai e meus olhos vagueiam sobre a velha e puída estação. O abandono grita um mudo lamento, que vela seu sono de morte, seus trilhos de lugar nenhum. Hoje, somente tardios passageiros apinhados de memórias esperam na plataforma. Há tantas partidas adiadas, regressos interrompidos.
É inverno.
Agosto/2004