A
vida se vive.
Se
vive enquanto está vivo, porque agora mesmo... Puft!
A
vida escapa.
Escapa
como escapa a fagulha do motor quando a gasolina acaba.
Sem
fagulha o motor não funciona.
Sem
fagulha não se vive.
Os
sonhos são fagulhas, e por sonhos fazemos loucuras.
Viajamos
longe.
Corremos
muito.
Por
sonhos mesquinhos fazemos loucuras mesquinhas.
Tentamos
chegar onde nosso tanque de fagulhas não deixa.
Por
isso, acabamos destroçando sonhos alheios.
Sonhos
destroçados comovem.
Comovem
e emocionam.
Mas
os sonhos, por mais bonitos que sejam, dependem das fagulhas da vida.
E
a vida, implacável, pode, sem avisar, acabar na próxima curva, na próxima
montanha, no próximo respiro, na próxima gota.
Na
última fagulha...
Assim
acabam os sonhos dos bem aventurados.
Bem
aventurados aqueles que sonham até a última fagulha, pois em sua lápide terão o
privilégio de gravar:
Viveu,
sonhou e se foi, mas se foi sonhando, pois não desistiu nunca!