sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Fagulhas






A vida se vive.
Se vive enquanto está vivo, porque agora mesmo... Puft!
A vida escapa.
Escapa como escapa a fagulha do motor quando a gasolina acaba.
Sem fagulha o motor não funciona.
Sem fagulha não se vive.
Os sonhos são fagulhas, e por sonhos fazemos loucuras.
Viajamos longe.
Corremos muito.
Por sonhos mesquinhos fazemos loucuras mesquinhas.
Tentamos chegar onde nosso tanque de fagulhas não deixa.
Por isso, acabamos destroçando sonhos alheios.
Sonhos destroçados comovem.
Comovem e emocionam.
Mas os sonhos, por mais bonitos que sejam, dependem das fagulhas da vida.
E a vida, implacável, pode, sem avisar, acabar na próxima curva, na próxima montanha, no próximo respiro, na próxima gota.
Na última fagulha...
Assim acabam os sonhos dos bem aventurados.
Bem aventurados aqueles que sonham até a última fagulha, pois em sua lápide terão o privilégio de gravar:
Viveu, sonhou e se foi, mas se foi sonhando, pois não desistiu nunca!