terça-feira, 27 de agosto de 2013

Descivilização




Poetas que não fazem poemas.
Músicos que não tocam.
Atores que não atuam.
Escritores que não escrevem.
Humoristas que não fazem rir.
Desenhistas que não desenham.
Pintores que não pintam.
Cantores que não cantam.
Escultores que não esculpem.
Artesãos que não fazem artesanato.
Bandas que não fazem música.
Orquestras que não se apresentam.
Circos que não tem público.
Onde está o respeitável publico?
Arte engolida pela obrigação de ganhar o leite das crianças...
Onde está o valor da cultura?
A civilização não é medida pela cultura?
A sensibilidade não provém da cultura?
A civilização está perdendo a sensibilidade?
Onde está o respeitável público?
Insensível? 

domingo, 25 de agosto de 2013

Festa do peão... De Barretos?




A festa do peão acabou. Ufa!
Muita gente aqui acha ruim comigo porque eu não gosto da festa. Uai... Mas eu tenho esse direito não tenho?
Eu vou continuar torcendo pelo cavalo, até que a cidade cresça e se desenvolva. Que tenha um povo com mais chances de trabalho, com mais opções de levar a vida, com uma prefeitura que olhe para os pobres, que tenha creches de qualidade para seus filhos, hospitais para seus cidadãos. Enquanto essas coisas não acontecerem, eu vou continuar torcendo para o cavalo!
Barretos vive em função dessa festa, que de retorno dá muito pouco em troca. Meia dúzia lucra e o restante chupa o dedo.
Não que eu ache que os promotores da festa estejam errados! Eles são competentes e por isso estão crescendo a cada ano e ficando milionários. Apoio eles nisso.
O que eu não apoio é a cidade ficar babando ovo para essa festa em vez de procurar se desenvolver.
Pra começar essa festa deveria pagar algo pelo uso do nome da cidade, pois ela é conhecida como: Festa do peão de Barretos. Mas na verdade ela é a festa do peão do clube os Independentes. O barretense se orgulha de ser daqui e diz que é da cidade da festa. 
Eu me orgulharia se fosse possível falar diferente: Eu sou da cidade que tem empregos sobrando em várias fábricas que se mudaram pra cá, eu sou da cidade que tem asfalto bom nas suas ruas, eu sou da cidade que tem muita cultura, que tem eventos populares para todos e a preços justos. Eu sou da cidade de gente inteligente e desenvolvida, que tem faculdades federais de qualidade, que é um pólo literário, que tem uma sociedade ágil de distribuição de renda igualitária! Ah... Também sou da cidade que tem um clube particular que faz a melhor festa do peão do mundo!
Ai sim... Acho que daria orgulho...

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Viver mais leve




Eu estou indo trabalhar de bicicleta a mais ou menos quatro meses. Nesse tempo eu consegui perder seis quilos! Olha só! Hehehehehehehe.
O me motivou a fazer isso, foi o futebol que eu jogo aos sábados e o fato de lá ter gente de várias idades. Eu tenho quarentinha apesar de parecer um menino, e entre meus amigos tem gente da minha idade, e também tem gente de dezoito, vinte, vinte e dois anos... Então, eu com 96 quilos, estava ficando meio pra trás nas jogadas, não acompanhava os meninos na correria, e me cansava fácil.
A uns meses atrás eu estava com a pressão alteradinha, por isso fui fazer um xecápi lá no dotô do coração. Ele, depois de ver os exames de sangue, ecocardiograma, exame de esteira, e mais dois exames que não sei como é que se chamam; olhou pra mim e disse:
- Você pode morrer a qualquer momento!
Puxa... Eu posso morrer a qualquer momento? Mas logo eu que pensava que era imortal, pô! Que noticia ruim...
Ele me explicou que clinicamente eu não tenho nada! Meu coração é de garoto, não tenho aumento no colesterol, triglicérides, nem açúcar no sangue. Meu teste de esteira deu "dos mió di bão" e por isso; eu sou um forte candidato a empacotar. Porque se eu tivesse algum problema clínico, aí era só tratar, mas como não tenho nada, então não tem como tratar nada, só o psicológico que estava meio que entrando em parafuso, e quando isso acontece, a bomba pode explodir a qualquer momento... Bum!!!!!
Eu tomei uma decisão! 
Arrumei minha bicicleta. Coloquei pedal de alumínio, pneu e aro de competição, banco "maciozim", guidão legalzim, cambio legalzão e bréque ajeitado! A magrela ficou nos trinks!
Aí, comprei um negócio da hora, que é um fone de ouvido sem fio, que você coloca um cartão de memória nele com  as musicas que gosta, e pode pedalar escutando um som!
Fiquei bonito na fita! Emagreci seis quilos, minha pressão melhorou, estou jogando futebol com mais disposição, e o principal de tudo: Fiquei mais feliz!
Pedalar escutando musica é bom demais. De casa ao trabalho, contando duas idas e duas vindas por dia, dá mais ou menos trinta minutos. Esse tempo a sós comigo mesmo, me ajudou a organizar umas idéias e a rever alguns conceitos e atitudes... 
Uma delas é: não deixar que outras pessoas definam meu humor! 
Outra é: não esperar educação de quem não tem. 
E a principal é: eu tenho que ser mais feliz e ter um dia mais leve.
Gente... Pensem nesse relato que acabei de escrever. Ele é verdadeiro e assim como um tempo comigo me ajudou, eu tenho certeza que isso vai te ajudar também. A gente tem que ser feliz, e tudo começa dentro da gente mesmo!
Levante meia hora mais cedo e se encontre para um bate papo! Se der, compre uma bicicleta e um fonezinho sem fio. Isso tudo só tem um  problema: de vez em quando alguém vai achar que você é maluco, porque vai te ver pedalando e cantando alto na rua... Fazer o quê? Antes um maluco vivo, do que um certinho morto!

sábado, 17 de agosto de 2013

A salvação de Jonas

Olá amigos! Esse texto, "A salvação de Jonas", foi um texto que escrevi a algum tempo, e que de forma alegórica fala de uma coisa muito importante: A leitura, e o quanto ela ajuda no nosso crescimento pessoal. 
Quem segue meu blog, sabe que escrevi um livro, e que estava na batalha para publicá-lo. A mais ou menos um mês, eu e a Editora Habermann, assinamos um contrato para a publicação desse meu primeiro livro, de nome: "Você vai saber porquê". O lançamento ainda não tem data marcada, mas meu editor disse que é para o final de outubro ou começo de novembro.
Então eu quero lhes dizer muito obrigado por vocês virem aqui, elogiarem meus escritos e fazerem eu acreditar que poderia fazer coisa melhor. 
Graças a amizade, incentivo e apoio de vocês, uma grande parte desse livro foi escrito. 
Espero que ele ajude alguém a se divertir em algum momento de derrotismo, assim como vivia o Jonas do texto abaixo!
Obrigado amigos e seguidores, vocês são demais!





Jonas olhou a sua volta, tudo estava escuro, a lama cobria-lhe o joelho, a cada passo que ele tentava dar se atolava mais e mais. Jonas não via saída, o caminho estava difícil demais pra ele. O sol já não batia mais em seu rosto, a floresta era muito densa e as arvores encobriam o horizonte. De dentro da vegetação ele ouvia sussurros e uivos. Parece que falavam dele, mas não dava pra ter certeza pois as vozes vinham de sombras que ora apareciam por detrás das folhas e ora sumiam fazendo algazarra.
- Ei! - Gritou Jonas - vocês aí, me ajudem. Estou perdido!
Não adiantava, a cada grito de Jonas, a cada pedido seu, as vozes se calavam e apenas olhos esbugalhados apareciam em meio ao breu. Esses olhos pareciam curiosos pra saber se Jonas iria sair da enrascada em que estava mas não pareciam querer ajudar.
Jonas estava aflito, e com esforço sobre-humano ainda dava passos lentos e tentava prosseguir. Ele levantava uma perna da lama pegajosa, inclinava seu corpo pra frente e pisava mais adiante, depois repetia com a outra perna e assim ia tentando sobreviver.
De vez em quando Jonas sentia que alguém segurava sua perna e lhe puxava pra baixo, ele sentia que de vez em quando alguém colocava mais lama no meio do caminho, mas Jonas precisava vencer, Jonas precisava prosseguir, Jonas precisava respirar, Jonas precisava sobreviver.
Foi quando uma pessoa apareceu do outro lado do caminho, ela parecia conhecida. - Olá! - Falou Jonas - Você é a minha professora da quarta série?
A pessoa não respondeu mas jogou um livro para Jonas, o livro se depositou no fundo da lama e Jonas pôde se apoiar nele. Foi quando mais pessoas apareceram ao lado do caminho. Todos pareciam conhecidos de Jonas, uns pareciam antigos professores, um parecia com o dono da livraria, outro parecia o dono da banca de jornais, e eles foram jogando livros e mais livros para Jonas.
Jonas notou que essas pessoas que hoje vinham lhe ajudar, ele, no decorrer de sua vida, não havia dado muita importância a elas...
Mesmo assim elas arremessavam revistas, jornais e muitos livros para ele.  
Jonas ia usando esses livros como escada, subindo, subindo, saindo da lama até que conseguiu sair do buraco em que estava. Até que conseguiu atingir terra firme, terra sólida e sair da densidão daquela floresta negra... 
Então o sol bateu de novo em seu rosto, então as cores da vida tornaram a aparecer.
Então, Jonas sorriu!

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Viver no lugar certo




Quatro e trinta e cinco da tarde.
Ele levantou a cabeça e olhou a sua volta. Seus amigos estavam amontoados naquele porão escuro. Nas paredes, manchas de bolor se misturavam com grafites e marcas de dias insanos. Sua cabeça doía, sua pele suja ardia, sua cabeça empesteada de piolhos coçava, seus olhos vermelhos ardiam, seu corpo franzino chorava...
Sua vida chorava! Seus amigos; verdadeiras almas penadas vivas, choravam também. Só o crack lhes afagava. Um afago mortal!
O cheiro do porão era insuportável: Urina, fezes, suor, sujeira, crack, restos de comida, restos de sonhos...
Ele levantou-se vagarosamente. Seus sentidos teimavam em lhe confundir. Seus pensamentos vinham em ondas. Sua percepção da realidade não era confiável.
A alguns meses que ele não tinha nenhum momento de lucidez. Vivia no mundo imaginário da loucura das drogas; um louco são...
Por segundos ele lembrou-se da casa de seu pai. Lembrou-se que lá ele tinha comida, tinha roupas limpas, tinha banho, tinha casa, tinha família... Uma família que ele julgava chata, pegajosa, intrometida.
Uma mãe que lhe fazia perguntas demais, uma pai que impunha regras idiotas. Hora pra chegar em casa, hora pra ver TV, hora para almoçar, hora para entrar na internet, hora para tudo! Uma tirania! Ele detestava essa tirania...
Seus passinhos frágeis o levaram até a luz do sol. Ele colocou a mão em forma de concha em cima dos olhos, tentando se acostumar com a claridade.
Ele fez uma careta e passou a mão calejada de queimaduras no rosto.
O momento de lucidez aproveitou-se dos pensamentos mais ou menos organizados que zumbiam em sua mente e lhe disse: - Volte para a casa de seus pais. 
Ele ouvia vozes o tempo todo; vozes dizendo pra ele usar crack, vozes dizendo pra ele roubar, vozes dizendo pra ele beber, vozes dizendo pra ele perambular pelas sombras, vozes querendo sua alma. Era a primeira vez que uma vóz lhe dava um bom conselho.
Ele resolveu ouvir... Estava com saudade da tirania de seu pai, das intromissões de sua mãe, do amor de sua família.
Com seus passinhos frágeis, um após o outro, parando as vezes para respirar, parando as vezes para descansar... Ele sumiu no horizonte...
O caminho de volta era longo... Mas sabia que sua família estaria lá no final da jornada, lhe esperando de braços abertos.

sábado, 10 de agosto de 2013

Umbigo




O mundo gira...
Para ela o mundo gira!
Para ela
o mundo...
O mundo é dela!
O mundo gira em torno de seu umbigo.
O mundo é seu umbigo.
O mundo
o umbigo...
Seu umbigo é o mundo!
Todos lhe servem
o mundo lhe serve
as pessoas lhe servem
o mundo
é seu umbigo...
O mundo lhe serve, se lhe servir...
As pessoas são servos
servos... Servis!
O mundo gira, em torno de seu umbigo
e seu umbigo
é o umbigo do rei!
Da rainha
da corte.
O mundo gira...
O mundo gira...
Ela não sabe disso,
pois só conhece seu mundo
seu mundo
seu umbigo!

Coitada...

terça-feira, 6 de agosto de 2013

A face real




Anderson estudou do primário até a sexta série com Paulinho. Os dois moravam na mesma rua e eram amigos inseparáveis. Anderson se formou em medicina e Paulinho trabalha como mecânico em uma oficina. Hoje os dois se encontraram num dos corredores do supermercado, Paulinho ficou muito feliz e Anderson passou por ele fazendo de conta que não o havia visto. Paulinho não entendeu...
Carla era amiga de Rebeca e Ana Luisa, elas fizeram balé, catecismo, teatro e inglês juntas. Viviam se reunindo para ir ao shoping passear, eram grandes amigas. Carla se tornou uma grande atriz de cinema e novela, Rebeca trabalha de secretária e Ana Luisa tem um pequeno box numa galeria onde vende tranqueiras importadas made in China. Hoje elas se encontraram num salão de cabeleireiro. Enquanto Rebeca e Ana Luisa ficaram muito felizes ao ver Carla, ela foi para uma sala privada do salão e fez de conta que não conhecia nenhuma das duas. Rebeca e Ana Luisa não entenderam.
Antonia era babá de Alfredo, cuidou dele desde o nascimento até quando ele completou treze anos. Ela era uma verdadeira mãe pra ele, pois a mãe biológica trabalhava o dia todo e era Antonia quem dava carinho, atenção e educação. Alfredo tem uma rede de restaurantes, e Antonia aposentada, passa a vida com seu marido em sua casa, cuidando dos netos. Hoje Alfredo saiu de um de seus restaurantes e Antonia estava em frente esperando o ônibus no ponto, ela o viu saindo e ficou feliz em vê-lo, Alfredo a reconheceu e saindo com seu carro, levantou os vidros com insufilme fumê passando por ela sem nem falar um olá. Antonia não entendeu.
Jânio começou a trabalhar desde menino na loja de seu Valter, foi seu primeiro emprego. Foi na loja de seu Valter que Jânio aprendeu a ter responsabilidade e a arte que é ser um vendedor. Seu Valter era muito generoso e ajudou Jânio a pagar sua faculdade e quando ele saiu para trabalhar numa grande indústria como gerente administrativo, Seu Valter acertou todos os seus direitos e ainda deu-lhe uma gratificação pelos anos em que o menino fora tão fiel em vestir a camisa da sua lojinha. Hoje os dois vinham pela mesma calçada, Seu Valter ficou feliz em ver Jânio de terno e gravata vindo em sua direção, ainda lembrou-se daquele menino pobre que um dia ele acolhera e ensinara tudo o que sabia na sua loja. Jânio a poucos metros de Seu Valter, olhou pra ele como se olhasse uma paisagem e atravessou a rua, virando a cara como se não o tivesse reconhecido. Seu Valter não entendeu...

Paulinho, Rebeca, Ana Luisa, dona Antonia e Seu Valter não conseguiram entender, porque eles durante todo o relacionamento que tiveram com seus amigos, sempre foram sinceros e nunca usaram máscaras. Seus corações eram puros, e eles não entendiam como uma pessoa poderia ter mudado tanto com o passar dos anos. O que eles não sabiam, é que essas pessoas que hoje os ignoraram, na verdade não mudaram nada... Apenas não haviam tido a chance "até hoje" de mostrarem quem eles eram de verdade. 

De vez em quando eu republico um texto que gosto para mostrá-lo pros novos seguidores, ou pra que os velhos companheiros possam relembrar. Esse aqui é um deles. Faz tempo que merecia essa nova postagem. Espero que tenham gostado! 

sábado, 3 de agosto de 2013

Aplausos


Quem foi que disse que os outros tem que estar errados para que nós estejamos certos?
Quem foi que disse que é mais importante estar certo, do que estar feliz?
O tempo e a energia gastos em tentar provar nosso ponto de vista, vale mais do que a nossa tranquilidade?
As posições que temos hoje são imutáveis?
A vida não muda? Os dias não se encarregam de nos mostrar outros pontos de vista?
Será que olhamos para o outro com o olhar do coração, ou apenas da razão?
Será que olhamos para o outro como se ele fosse um indivíduo vivo? Com problemas?  Com alegrias e tristezas? Com o espírito aflito para sobreviver em meio a tantos julgamentos?
Quem somos nós? Juízes? Donos do mundo? Acusadores?
Estamos aqui pra competir ou para somar?
Pra encontrar nosso espaço, ou pra repartir igualmente os espaços?
Quem somos nós?
Será que um dia vamos aprender a controlar essa irracionalidade carnal e vamos aprender a olhar com os olhos da alma?
Será que um dia daremos mais valor a paz, a alegria, a amabilidade, do que aos aplausos?
Aplausos duram pra sempre?
Aplausos duram a vida toda?
Aplausos servem pra quê?
É melhor viver uma vida inteira tentando ser feliz e tentando fazer o outro feliz, ou ter seus minutos de aplausos?
Quando olharem pro seu tumulo, vão se lembrar da pessoa amável que você foi a vida inteira, ou vão se lembrar que uma vez, a muito tempo, por um minuto te aplaudiram?
Quem você quer ser? O que quer deixar quando morrer?
Felicidade, ou vaga lembrança?