O rato come queijo, o gato bebe leite, e eu... Sou palhaço!
Ontem assisti ao filme, "O Palhaço", do ator e agora diretor Selton Mello. Mesmo lendo e ouvindo muitas críticas negativas sobre esse filme, eu resolvi dar um voto de confiança a este ator que gosto muito, e assiti ao filme.
Gente... A cada dia que passa, a cada crítica que leio, a cada "expert" que eu escuto, eu acabo chegando a conclusão cada vez mais, de que eu não entendo nada de filmes, pois "O Palhaço" é um filme maravilhoso!
Talvez os críticos esperassem um filme feliz, alégre, e cheio de palhaçadas. Talvez esperassem o fantástico mundo do circo! Talvez esperassem uma coisa que o filme não é, e não faz questão de ser...
O filme fala da pessoa que existe por debaixo da pintura do palhaço. Ele fala da dureza que é a vida do povo circense nesse país que não dá valor á cultura e as artes. O filme fala de coisas do caração!
O rato come queijo, o gato bebe leite, e eu... Sou palhaço! Essa frase é repetida algumas vezes no filme pelo dono do circo, o palhaço "Puro Sangue", vivido magistralmente pelo ator Paulo José, pai do palhaço "Pangaré", vivido por Selton Mello. Essa frase sintetiza todo o filme.
Ninguém se torna artista de circo se não for pelo sangue circense correndo em suas veias, pois na grande maioria das vezes, as derrotas são bem maiores que as glórias. A história do filme se passa em meados dos anos 70. Mas de lá pra cá pouca coisa mudou pra esse povo que anda com suas lonas remendadas, ciganamente de cidade em cidade, fazendo rir, sonhar, fazendo voltar no tempo. Fazendo com que algumas horas, (pelo menos as horas que durem seus espetaculos), sejam horas de libertação! Libertação de problemas, lebertação dos afazeres do dia a dia, libertação da criança que existe dentro de cada um de nós... Que olha para o malabarista sem entender como ele consegue ser tão ágil. Que olha para o mágico e não entende como ele faz as coisas sumirem e aparecerem bem diante de seus olhos. Que olha, e rí do palhaço... Que como um ser composto de pura alegria, te faz soltar gargalhadas juvenis.
Acho que foi isso que faltou para a crítica especializada analizar quando eles assistiram a esse filme. Eles não repararam na arte verdadeira, na poesia das imagens, das ações, das falas e diálogos... Eles não entenderam assim como eu, um simples espectador, entendi.
Eles olharam com olhos críticos, procurando detalhes tecnicos e infelismente não foram tocados no coração. Triste isso... Mas talvez uma crítica dessas tenha te desestimulado a assistir ao filme. Por isso resolvi escrever esse texto. Um textinho, chinfrim desse humilde blogueiro, que não entende nada de fazer resenhas, não entende nada de tecnicas de filmagens, não entende nada de cinema... Mas entende de contar histórias... E a história de "O palhaço", é a melhor que ví nos últimos tempos. E quem a contou no filme, contou-a com maestria!