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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
NO HORTO D’ALVALADE
"Futebol não tem mistério. Difícil é jogar bonito."
A vitória "doce e santa" dos vermelhos da Luz(itânia) no Horto d’Alvalade é duas vezes melhor. Por educação jogamos com dez jogadores. Fomos benevolentes! E em indelével paciência - que a bola não rola para todos – contemplamos o tormento e o luto lagartal. Fomos sinceros! Na arte – em sumário e puro exercício espiritual – demos honras ao nosso cavalheirismo. Não fingimos: jogámos bonito, olho na bola e passe de mágica para afastar a monotonia. Eis o que foi uma "vitória doce e santa".
O jogo não tem história. E se na verdade Hélder Postiga – essa metáfora do futebol – é apanhado mais vezes em fora de jogo que o sr. Sócrates em contradições ou devaneios, não se pense que é por malévola ambição. Ou por arte de espera. Postiga (ou o outro) não é desses.
Ao contrário, o filme do jogo relatado pela dupla jornalistas de serviço à SportTV do distinto vendedor Joaquim Oliveira é bizarra e madraça. A oratória anti-vermelha desses troveiros não passa de uma (má) cópia do "Tratado sobre a Invenção" de mestre Cícero, mas sem nenhum trabalho ou suposta reflexão. Antes as festivas colunas de João Marcelino no Diário da Manhã ou a pesporrência reaccionária do adolescente Raposo (Henrique) no presépio do Expresso. Há que ter originalidade para não matar o talento. No resto, uma vez SLB, sempre SLB!
terça-feira, 24 de março de 2009
LAMÚRIAS & DOR DE CORNO
Com a cultura de rastos, a economia em crise e a política à medida do carácter do sr. Sócrates, o regresso do assunto "futebol" vem mesmo perfeito de oportunidade. Melhor seria impossível! A tribo do futebol – que morre de ternura clubística todas as dias e alienação moral todas as semanas – sugere-nos sempre uma donzela virgem, fazendo beicinho. Mais, sempre sem engenho e muito mostrar de dentes, tem sempre um palavrório à medida da paróquia, principalmente se o assunto mete o seu extraordinário clube. Curiosamente, para o celerado adepto, tanto faz estar à frente do clube o sr. Santos Silva ou a Madre Teresa. Para o caso tento faz! Isso explica bem a qualidade de futebol que temos. E a democracia política onde vamos jogando.
Um clássico nas lamúrias & dor de corno é a rapaziada inenarrável do clube do horto d’Alvalade. Esta semana, levados (com muita oportunidade) pelo incompetente apito de Lucílio Baptista, espalharam um monumento de asneiras, um manguito de factos ridículos, uma opereta bufa.
A oratória desta semana esqueceu, para sempre, todos os casos (e foram muitos) onde o inapto sr. Baptista (e outros) atraiçoou a arbitragem. Esta peculiar dor de corno – muito enérgica, porque o futebol revelado em campo é fracativo – fez aparecer à opinião pública a figura grotesca de Soares Franco, enquanto o pescoço do sr. Pinto da Costa saiu do cepo e o discurso saloio de Filipe Vieira era depurado. A coisa, para estes honrados paroquianos & correligionários, é simples de narrar: um árbitro "ladrão" (versão Paulo Bento) vale mais que um "ladrão" de um banqueiro. Ou de um qualquer administrador de empresa pública. Ou, até mesmo, que o copioso delírio democrático do sr. Santos Silva.
Para o doente do futebol, o sr. Baptista "não tem qualquer tipo de condições para arbitrar em Portugal", mas todas as anteriores criaturas citadas, fazem falta à pátria. Nas próximas eleições (com arbitragem desse génio do apito que é o sr. Cavaco Silva) lá estarão todos a cumprir as regras do jogo. A bem da Nação!
domingo, 22 de março de 2009
DON LUCÍLIO BAPTISTA
Teve bem Don Lucílio Baptista em terras do Allgarve. Por um lado, confirmou que, com ele no apito, os caceteiros que se metem com o Glorioso ... levam! Por outro lado, as vicissitudes por que passaram os nobres jogadores do SLB, cansados de serem sarrafeados pela "conversa" de Derlei & Amigos, mereciam um epílogo (literário mesmo, é só ler o que vai para aí nos blogs dos Sporteens) emocionante & chorado. Nunca gargalhámos tanto, desde que o sr. Vitalino Canas apareceu como porta-voz do sr. Sócrates. Parabéns Don Lucílio!
"A los toros
A los toros
A los toros
Derlei mata moros"
Encantador o refrão popular, ex-quisitamente cantarolado pelo gentio do sr. Pinto da Costa. Até o coloquial FJV (hoje em descanso de hooligan) foi chefe da banda. Não temos nada contra a troletada dos jogadores d’Alvalade. Mas quando um jogo de football é um desastre de bola, de táctica, de arte poética, e passa antes a ser um convite para trombadores, tipo general Derlei e essa cadeira dura que dá ao nome de Pedro Silva, faz falta (à malta) um Don Lucílio. Ôba ... se faz!
Quanto aos jogadores do nosso Glorioso, pois, para além de pensarem que o esférico é quadrado (e com muitas flores), não temos depoimentos a fazer. Apenas dizemos que Quim, cumpriu. Era isso que lhe competia fazer. O mais não era obrigado!
Boa noute!
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Regressar à teoria
Banho de bola no campo das Antas. Marcando em cima dos rapazes do prof. Jesualdo, o Glorioso – de "gravata vermelha" – foi brilhante, genial até. Apagaram as luzes do bairro. Jogaram de ouvido e gozaram! O descanso dado aos andrades (toda a semana), que o reaccionarismo do prof. Jesualdo felizmente estimulou, foi infrutuoso. Uma anedota! Os jogadores são para jogar – os que o sabem fazer, evidentemente – e terem intimidade com a bola. A rapaziada das Antas arrastando-se pelo campo, sem malícia nem jogo de bola, foram objecto de troça de Aimar e seus camaradas. O improviso da velha táctica do chuveirinho, em direcção a jogadores com mais de 2 metros & uma solidez à moda de Luisão e Sidnei, é armar a intelectual. Vem no manual, mas é para gente talentosa. Pingar a bola, nessas condições, é ser "idiota de objectividade" (Nelson Rodrigues). Uma miséria!
A lavagem de bola do Glorioso foi só excedida pela lavagem ao jogo feita pelo soprador de apito, o jovem Pedro Proença. Curioso nome que lembra, e muito, o travestido sindicalista João. Aos 71 m de jogo, Proença, viu um falso penalty contra o Glorioso. É moda (para citar o eng. Sócrates) que os “polícias” de serviço, quando se enganam contra o Glorioso, sejam adeptos confessos do próprio clube. Ladrão de bola contra o Glorioso foi, é, ou será sempre associado do clube. Mestre Pinto da Costa não brinca aos Freeport’s!
A "vitória doce e santa" (ainda, N. R.) que (não) obtivemos fizeram regressar, entre os correligionários das Antas e os veraneantes d’Alvalade, a teoria da "intensidade do lance". Na época, Pôncio Monteiro filosofava sobre esse apurado e raro estudo. Pedro Proença tem aqui um papel principal na sua reconstituição. É, de novo, o futebol a regressar às suas origens. Mestre Pinto da Costa (sabe-se) não brinca em serviço!
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
Descascando o Cebolo
Sábado passado fomos à Catedral da Luz. Isso mesmo: uns vão para as universidades de verão (curioso nome), outros caminham em passeata presidencial para o Leste, mas nós não fazemos por menos. Fomos pedir a bênção à Catedral e a solene pastoral só podia correr bem. Anoitecemos de júbilo. Idonea vero causa!
Ora na Catedral de todos nós, apesar do relvado apresentar estimáveis doses de cebolas & outros tubérculos menores, convém dizer que não houve cheiro algum a futebol e presume-se, mesmo assim, que ninguém chorou por isso. O que conta é lá ter estado, entre a nossa gente! E mesmo que as importações de cebolas argentinas pelos Andrades das Antas seja um verdadeiro cebolório – o caso de Lucho Gonzalez e o rapaz Lisandro revelaram mesmo pouco tango -, aquele cebolo do Rodriguez, made in Uruguai, anteriormente player do Glorioso e que, na época, era "bom de briga" [brasileirismo, evidentemente], como se viu, foi bem lavado com a pele que apresentava no momento. Pouco desenvolvido e sem flor de cheiro, ainda assim mostrou que quem arriba ao quintal das Antas alcança maquinalmente a figura de um inabalável caceteiro. Na Luz tal tumulto nunca se lhe viu. Nem seria desejável!
No resto, evitando falar nessa ideia pouco doutrinal de entregar o meio-campo ofensivo ao rapaz Carlos Martins e continuar - com tenacidade diga-se – a manter o Katso na defesa, o nosso Glorioso está como está: falta-lhe a espada de conquistador. Por sua vez, os Andrades, sem um tal Paulo Assunção, foram simplesmente incompetentes. Em vantagem numérica, curiosamente desarrumados, com um guarda-redes me(r)droso e sem atacantes lúcidos, mostraram temor, muito temor. Até o inefável Bruno Prata – jornaleiro com assento na bacia das Antas - o compreendeu. Coisa que o dito cujo prof. Jesualdo não assina. Manias!
quinta-feira, 27 de setembro de 2007
Festividades de Fátima
A Irmandade do Centro Desportivo de Fátima teve, ontem em Fátima e para a Taça de Portugal, esse milagre de inteligência de levar a equipa de futebol do sr. Pinto da Costa à marcação de grandes penalidades. E, depois, caridosamente enviou-os para o recesso das Antas, onde faz carreira escolar Jesualdo Ferreira, conhecido por "O Professor".
Ao mesmo tempo, com espírito elevado e civilizador, a Irmandade em Fátima teve ensejo de conceder luz ao sr. Duarte Gomes e fê-lo marcar um penalty (lindo) para o nosso Glorioso, ali para os lados da Reboleira. Não expulsou o prevaricador, para não estragar as festividades.
Infelizmente, não teve a nossa estimada Irmandade lisonja suficiente para fazer sair do meio das sombras o sr. Bruno Paixão, conhecido árbitro formado pelo Papa Pinto da Costa. E tal a cegueira estava possuído Bruno Paixão que o não fez ver um penalty luzente e inequívoco, do guarda-redes dos lagartos contra um jogador do grande Vitória de Guimarães. Não se deu provimento, decerto na penhorada benevolência da Irmandade, à qualidade dos três Fés: Fátima, Futebol e Fado. Mas fica adiado para o próximo sábado. Pois já dizia Horácio: bis repetita placent.
segunda-feira, 30 de abril de 2007
A intensidade da vitória
"Vitória é aquela vez em que a gente não perdeu" [Millôr Fernandes]
Amarga vitória dos andrades no campeonato de futebol! Triste e natural fim da lagartagem! Má sina a nossa, ó camaradas do glorioso!
O desaforo e fanfarronice dum miserável presidente do SLB, que escolhe tão fracativos jogadores e professa tão estulto treinador; o comando sem génio, firmeza estratégica, técnica e física desse cérebro mirrado que dá ao nome de eng. do Tenta; a intensidade pérfida do "triângulo invertido" do bronco Fernando Santos (a novidade táctica insultuosa dos indígenas treinadores lusos); o ruído proferido pelos vassalos falantes da Sport TV ao longo do jogo do Benfica-Sporting e de todos os outros, que é um study-case indígena só comparado ao espírito varonil do dr. Santos Silva em defesa do retorno do exame prévio; a inútil polémica sobre a putativa intensidade do toque faltoso do lagarto Caneira sobre Miccoli (as regras da arbitragem nunca se cumprem, aliás como tudo neste delicioso país) ou, ainda, a "ceifa" feita em Karagounis que o oficial do exército (que não árbitro, que é uma outra coisa) Pedro Henriques não puniu devidamente; os comentários desbragados, virtuais e doutrinários do Bruno Prata - o oráculo do sr. Pinto da Costa em terra dos Andrades; tudo isso exalta e, ao mesmo tempo, amansa qualquer adepto de futebol.
O mundo do futebol doméstico é uma merdice, tais os dotes que todas essas figuras ostentam. Os manguitos a esses cavalheiros, que ainda se podem fazer (thks! ó comissário Santos Silva), são o único orgulho que nos resta. Porque o futebol, ó meus amigos, o sublime futebol ... está a circular lá fora. Não há pachorra para estas lambugens pátrias e para a perda de tempo desta curiosa mentira, que é o futebol nativo. Há mais vida, mesmo que menos perfeita, para além do futebol. Trate disso, ó leitor!
segunda-feira, 26 de janeiro de 2004
FLORES PARA MIKI FEHÉR
Sabemos da bondade da vida. Quantas vezes se julga que não a sabemos merecer. No entanto o lugar que ocupamos "é o único temível porque nos prende". Hoje os deuses esqueceram-se de Miklós Fehér. Ou foram os homens? A tristeza embala-nos os olhos, enquanto o que a TV mostra, nos mata aos poucochinhos. Um sorriso nos lábios, o coração a ceder, inclinação e morte. É demasiadamente perturbante para ser verdade. Magoa-nos. Torna-nos inúteis. É noite e hoje aqui não está ninguém. Até sempre Miki.
terça-feira, 28 de outubro de 2003
PASSA POR MIM NA CATEDRAL ...
"Todo o sentimento poderoso provoca em nós a ideia do vazio" [Artaud]
Passa por mim na Catedral, disse meu pai. Assim fiz, nunca se deve contrariar os progenitores. Nem a saudade. Muito menos, os investimentos do nosso imaginário. E fazia sentido, que os "homens não têm com o mito uma relação de verdade, mas de uso" [Barthes dixit]. O luto estava longo. O seu caminho, desde a noite negra que o dito Presidente do Benfica vendeu o clube a um partido político, tinha sido feito. Passar a espera, quedar-me na margem, eis o sortilégio cometido. Depois? Depois, entrou-se na Catedral, devagar, entre o mundo dos homens. Na memória o esquecimento incapaz. Já assim tinha sido, in illo tempore, de mão dada com o meu pai. "Le centre du monde est partout et chez nous" [Eluard].
A nova Luz, o "grande perturbador" ou a sua metáfora. "Eu" torno-me "tu", e todos manos, por isso não podes entender. Compreende-se. Para vós, o futebol sempre foi "decoração", "ópio do povo", mito maior das "massas", alienação. Outros referem, que reproduz o mundo do trabalho, et pour cause ... Porém, "o futebol tem uma alma" [Peter Handke]. E, assim, talvez o "homem necessite do mito e do símbolo" [Gert Hortleder, in Humboldt, nº 29], que os tempos estão "perigosos" e as palavras metem medo. Os intelectuais, em todas as versões, sempre ficaram à sua margem, numa estranha lamentação, mortos por não terem "corpo", nesta "cultura foot", muito "light". Outros (Cardoso Pires, Mário Zambujal, Lobo Antunes, Assis Pacheco, Drummond de Andrade, Nelson Rodrigues, João Cabral de Melo Neto, Lins do Rego, Ubaldo Ribeiro, Vinicius de Moraes, Oswald de Andrade, Philippe Soupault, Camus, Eco, Valdano, ...) deram-lhe a devida importância, numa paixão que alguns, hoje, contestam face a uma (real, diga-se) era da futebolização da sociedade, de facto, preocupante. "Tudo que sei sobre a moral e as obrigações do homem, devo ao futebol" - dizia Camus - terá, hoje, algum sentido?
Aparte isso, a Catedral estava bela. Como sempre.
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