O Luisão, em bom rigor, não é nosso.
Não sei em que circunstâncias, dois conterrâneos meus encontraram
um cão abandonado e adoptaram-no. Deram-lhe banho, vacinas e chamaram-no de
Luisão (como eles são portistas, não percebo muito bem a lógica do nome, mas
enfim).
Entretanto, Luisão passa por casa de meus pais e
apaixona-se. Por quem exactamente não sei, mas nunca mais nos largou. E isto
apesar de ter de conviver com a serva do demo de que falei no post abaixo.
Ora, qualquer pessoa pensaria que os donos não o tratam bem
e que por isso ele desertou. Mas não, garanto-vos, eles adoram-no. E é recíproco,
porque sempre que ele os vê fica muito feliz e vai com eles para casa… mas passado
um minuto está outra vez à porta de casa dos meus pais.
E depois este cão tem qualquer coisa de extraordinário: é
inacreditavelmente meigo, recebe carinhos de quem lhos quiser dar. Tão dócil
que a coleira fashion de elos de metal que os donos lhe compraram foi logo
roubada. Mas tentem entrar no jardim dos meus pais se ele lá estiver! Garanto-vos
que nunca tive um cão que fosse tão bom vigia. Portanto, se alguém o encontrar
a passear, pode (e deve) dar-lhe mimos. Mas se ele estiver à porta de casa,
livrem-se de se aproximarem.
Como já não vivo lá, ainda não consegui encontrar os donos
dele, porque gostava de lhes explicar que não temos culpa. Mas o cão está
sempre lá em casa e se não lhe abrirmos a porta, ele dorme ao portão. E isto em
pleno Inverno chuvoso.
É o único caso que conheço de adopção compulsiva dos donos.