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Monday, November 21, 2016

À ESPERA DOS ROBÔS


Estimada Margarida C.A.,

A 27/11/2005 escrevi aqui um texto longo demais para poder caber nesta caixa de comentários.

Espero que, de tão longo, não desanime a sua paciência.

Depois, voltei ao tema várias vezes durante os últimos onze anos:

a globalização, inevitável porque o mundo é cada vez mais pequeno, incita a competitividade e, implicitamente, o crescimento da produtividade (os robôs são um instrumento ideal de aumento da produtividade), e, também inevitavelmente, a redução global de empregos.

E há muito que afirmo, para risada dos meus amigos, que um dia quem quiser trabalhar terá de pagar por isso. 

O que é chocante, verdadeiramente chocante, mais chocante que a ameaça robótica, são as imagens de miséria, fome, doença, guerra, que nos entram em casa se lhe abrimos a porta. 

Ontem estive a ver uma reportagem sobre Angola. 
Eu nunca visitei Angola, mas tenho amigos que nasceram lá ou que lá vão com frequência e já me tinham dado conta da coabitação entre a extrema opulência (Luanda é recordista no consumo de champanhe ...) e a miséria extrema. Ainda assim, não imaginava que o contraste fosse tão profundo, sobretudo considerando as riquezas naturais do país.

E interrogo-me (dúvida pela positiva): O que poderão fazer os robôs por isto?

Sunday, August 23, 2015

QUE PARTE DA RIQUEZA PROVEM DE LIGAÇÕES POLÍTICAS?

O Washington Post publica hoje, aqui, dois artigos correlacionados - How much wealth comes from political connections? - e - Why some billionaires are bad for growth and others aren´t - que julgo interessantes, apesar de Portugal não estar inserido no restrito conjunto de 20 países abrangidos pelo primeiro.

A questão da desigualdade económica como factor travão do crescimento económico tem vindo a ser debatida nos meios académicos e políticos, sobretudo após publicação do "Le Capital au 21e siècle" de Thomas Piketty. Mas serão as conclusões de Piketty incontestáveis ou, pelo contrário, há situações de acumulação de riqueza que favorecem o crescimento económico das nações? Segundo um estudo aceite pelo "Journal of Comparative Economics" não é sobretudo o nível de desigualdade que implica com o crescimento mas as causas que estão na origem da acumulação de riqueza. É nociva a acumulação de riqueza sustentada em ligações políticas, é geralmente virtuosa a que é angariada em confronto concorrencial. 

No quadro publicado, que não consigo aqui reproduzir, é, pelo menos para mim, inesperado o posicionamento da Austrália, um dos países mais desenvolvidos do mundo, mas onde, segundo os autores, 65% da riqueza acumulada é fundada em relações políticas. É a Austrália a excepção que confirma a regra?

Não sei onde se posicionaria Portugal se constasse do grupo. Entre os três países latinos - Itália (41%), Espanha (30%), França (4%) - há uma divergência relevante. Considerando que a fonte da análise é o  ranking da Forbes, os bilionários portugueses mais notáveis - Américo Amorim, Soares dos Santos, Belmiro de Azevedo - não parecem suspeitos de evidentes favores dos políticos. Mas, os outros, os que se governam ou governaram das suas ligações no governo, quanto pesam? Alguém sabe? São públicas, ou quase, algumas dessas ligações que, se não os guindam ainda ao palco da Forbes, terão importância global relevante considerando o número de suspeitos.
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Tantos que é notável que o sr. José Sócrates esteja preso preventivamente supostamente suspeito de angariação de fortuna por aproveitamento das funções políticas que exerceu ou quando as exercia.