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Sunday, August 07, 2016

UM CONSELHEIRO ÀS DIREITAS

O sr. Paulo Portas, ex-vice Primeiro-Ministro, terá assinado recentemente contrato de "conselheiro" de uma petrolífera mexicana, se for verdade o que se lê aqui.
Da sua carteira de "aconselhados" já constava, pelo menos, a Mota Engil. Que em tempos foi aconselhada, entre outros, pelo sr. Jorge Coelho.
A lista, às esquerdas e às direitas, de "conselheiros" é longa e a internacionalização auspiciosa. 

Nenhum destes aconselhamentos, contudo, consegue, ou conseguiu, o impacto mediático do contrato subscrito recentemente pelo sr. José Manuel Durão Barroso. Que, salvaguardadas as supostas diferenças, fica, ainda assim, a léguas do impacto provocado pelos contratos atribuídos ao sr. José Sócrates. 

Uma diferença notória, se existir, estará no momento da assinatura: EF (em funções) e DP (depois de funções).

Sunday, June 26, 2016

ILUSIONISMO*

Vi o programa da RTP por mero acaso.
Acontece que estava programada para as 11 da noite, salvo erro, a transmissão de um filme sobre ilusionismo, e deparei-me com as águas do Tua a correr para a barragem. E vi a reportagem - Mota Engil no Vale do Tua - que motivou este apontamento.

Leio o seu comentário, percebo a ironia, mas não sendo propenso a teorias conspirativas, pareceu-me que as primeiras referências feitas no programa à sua pessoa são elogiosas: conseguiu que a oposição inicial da UNESCO ao prosseguimento da barragem fosse removida.

Só depois é afirmado que "Logo que terminou esta negociação, Seixas da Costa foi contratado por esta empresa do norte e é hoje consultor da Mota Engil para África. Há três meses, o embaixador tornou-se também colaborador de uma das empresas da concessionária da barragem, a EDP Renováveis. Paulo Portas seguiu-lhe o exemplo e é agora consultor da Mota Engil para a América Latina."

Não lhe vou perguntar se o que atrás se afirma é uma verdade ou uma infâmia porque a sua biografia publicada é elucidativa. 
Só não percebo quem é que nas interligações do programa é o reaccionário da sua história castrense.
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* Comentário colocado aqui, e que, talvez por dificuldades técnicas, não mereceu publicação, até agora.

Thursday, November 06, 2014

VOTO NEGATIVO

Há alguns tempos atrás, Rui Rio propunha que houvesse representatividade na AR para os votos brancos e nulos. A estes seriam atribuidos um número de assentos no parlamento, que não seriam ocupados, apurados segundo os mesmos critérios de eleição dos deputados. Deste modo se espelharia no parlamento o nível de desagrado dos eleitores pelas alternativas submetidas à sua escolha, dependendo o número de deputados eleitos para cada período legislativo do número de votos válidos não brancos ou nulos. Notoriamente, uma proposta destas não agrada aos políticos, e ninguém comentou.

Recentemente, A J Seguro apresentou-se nas primárias do seu partido, uma iniciativa sua, assumindo, além do mais, o compromisso de alterar o sistema eleitoral para a AR pela adopção da eleição nominal dos deputados em cada uma das listas apresentadas pelos partidos. A J Seguro perdeu as eleições e de António Costa, também quanto a este assunto, não há indícios de mexer seja o que for*.  Os partidos rejeitam instintivamente qualquer alteração que possa ameaçar o seu domínio de um sistema bloqueado. Até quando?

Em Espanha, a rejeição popular pelos partidos que têm detido o poder desde o fim da ditadura franquista mede-se pelo crescimento do apoio a um partido que, possivelmente, acabará mais tarde por desencantar os seus actuais apoiantes. Mas o sistema desbloqueia-se porque os partidos que têm têm alternado no Palácio da Moncloa vão ser obrigados a reequacionar os seus posicionamentos num xadrez político abalado.  

E por cá? Se não voto no sr. António Costa, presuntivamente herdeiro do sr. José Sócrates, que deixou amargas recordações, nem nos srs. Passos Coelho e Paulo Portas, por razões mais que evidentes, nem no sr. Jerónimo de Sousa ou em não sei mais quem, porque são oposição por definição, sobra-me o direito de não votar, que sabe a desistência.Tivesse eu, ao menos, o direito a um voto negativo, e votaria decididamente no sr. Passos Coelho.
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Act. - Ouço na rádio, esta manhã, 7/11, que A Costa incluirá proposta semelhante na moção de estratégia que vai apresentar ao congesso do PS.

Friday, April 25, 2014

MISTÉRIO PÚBLICO

Ou, um jogo de cabra cega,
ou, neste caso, a recorrente reemergência dos submarinos,
ou, o costume.

Portas ouvido como testemunha no processo dos submarinos
Swaps de Portas dão 231 milhões de euros a bancos no financiamento da compra dos submarinos.
Ministério Publico demora oito anos para ouvir Paulo Portas no inquérito dos submarinos


Vice-primeiro-ministro pediu à PGR para anunciar que tinha testemunhado no processo aberto pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal em 2006.

Sunday, November 24, 2013

KILKENOMICS FESTIVAL

O escocês Thomas Carlyle, filósofo, historiador e escritor satírico do séc. XIX, impressionado com as conclusões de outro Thomas, cerca de vinte anos mais velho, o inglês Thomas Malthus, acerca da insustentável progressão geométrica do crescimento populacional perante a progressão aritmética da produção alimentar, considerou lúgubre a teoria malthusiana (dismal theory), expressão com que outros depois passaram a alcunhar a ciência económica (dismal science).
Apoquentados com a crise onde os bancos afundaram a sua economia, com um crescimento vibrante durante 30 anos, os irlandeses, que perderam muitos dos seus ativos e proveitos nos últimos cinco anos, não perderam o sentido de humor nem a capacidade inovadora que os catapultou de lugares na segunda divisão do rendimento per capita para os lugares cimeiros da primeira liga. Há quatro anos iniciaram em Kilkenny, uma pequena cidade do sul, o Kilkenomics Festival, um evento que atrai anualmente em Novembro centenas de economistas e outros interessados na matéria tendo como objectivo a discussão de questões sérias (ou lúgubres, para alguns) de forma descontraída e humorada. Kilkenomics é, segundo a legenda do festival, “Davos with jokes” and “Davos without hookers”.
O Financial Times dedicou ao Kilkenomics dois artigos (pelo menos) e da sua leitura retira-se, para além da notícia da dimensão e do efeito do evento na economia local, alguma informação interessante sobre o estado da economia irlandesa no momento em que dispensou qualquer programa cautelar e se propõe entrar nos mercados financeiros sem rede.
Em 2001 a economia irlandesa tinha superado todas as expectativas após um crescimento notável durante três décadas. Hoje, a Irlanda debate-se ainda com uma recessão tão severa que atira para o desemprego um terço de todos os jovens com menos de 24 anos, muitos deles com pós-graduações universitárias. Já emigrou um décimo da população desde 2008.  Muitos dos que ficaram nunca conseguirão pagar as suas dívidas, geralmente contraídas para compra de casa, que agora valem metade do preço de custo. Segundo o correspondente do FT, a economia irlandesa ainda não tocou no fundo. Para assistir a cada uma das sessões do festival, realizadas num hotel de luxo, completamente cheio, o preço era de 20 euros. "Alguma coisa vai muito mal quando centenas de pessoas estão dispostas a ouvir economistas durante quatro dias", disse um dos economistas convidados.

Se o humor é a linguagem do Kilkenomics,  o optimismo acerca do futuro próximo da Irlanda não é a moeda corrente. Paulo Portas disse há cerca de um mês que “a Portugal convém seguir a Irlanda e não a Grécia. Antes celta que grego mas em qualquer caso português”. Portugal não tem passada nem passado recente que lhe permita seguir a Irlanda e, em todo o caso, nem os irlandeses sabem para onde vão por agora. Só sabem que são obrigados a continuar a emigrar. Quanto a este aspecto, seguimos.


 
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Correl . - 
Kilkenomics 2013

Wednesday, September 18, 2013

GENTE POUCO SÉRIA

O Fundo Monetário Internacional divulgou hoje um documento de reavaliação das políticas de natureza fiscal adoptadas nas economias mais desenvolvidas - IMF Policy Paper - Reassessing the role and modalities of fiscal policy in advanced economies  - onde, mais uma vez, são reconhecidas consequências perversas de medidas prescritas ou sobrescritas pelo mesmo FMI. 
 
Este é um exercício de masoquismo dialético psicológico a que os responsáveis pelo FMI, com especial responsabilidade da senhora Christine Lagarde, nos vêm submetendo há cerca de um ano, pelo menos desde que Lagarde afirmou em Tóquio que  "tipo e ritmo de ajustamentos orçamentais devem ser adaptados a cada país", alertando para riscos graves de instabilidade financeira no sistema financeiro globalizado". -, e que, ingenuamente, reconheço agora, comentei aqui.

Ingenuamente, porque aquilo que parece óbvio para o cidadão comum - um mínimo de coerência entre o que o que o FMI diz e o que o FMI pratica - não é nada óbvio, e são insondáveis as razões últimas deste descarado desfasamento entre dizer e fazer, impróprio de gente séria. Ao mesmo tempo que o FMI publicava este documento o encontro dos partidos políticos com a troica caracterizou-se com duas palavras "insensibilidade e silêncio", segundo o PS.

"É em Berlim é que está a chave dos nossos problemas, temos de fazer uma grande ofensiva diplomática em Berlim", afirmou hoje Freitas do Amaral. Não é a primeira vez, nem é o único, que diz o mesmo.

Os senhores representantes da troica merecem o respeito devido a técnicos de, supõe-se, elevadíssima craveira técnica, mas não mais que isso. Se o FMI é um desencontro de opiniões, e os dois outros pilares da troica se sustentam na Dona Merkel, é com a Dona Merkel, reconhecidamente o mais poderoso da economia portuguesa, que o senhor Passos Coelho deve convencer.

Mas há um senão: Só convence quem está convencido. E não é nada liquido que o senhor Passos Coelho já esteja convencido de uma evidência, que ele publicamente rejeita: Portugal não tem nenhuma hipótese de suportar a carga dos juros e só uma reestruturação da dívida (Wolfgang Münchau, o colunista do Financial Times, alemão, disse há dias o mesmo em Lisboa) pode resolver o nosso imbróglio e os de mais algum outros.

Quanto ao senhor vice-primeiro ministro, incumbido das discussões com a troica e da reforma do Estado, que prometeu não permitir a tributação excepcional das pensões - a tal linha vermelha que com ele não será nunca ultrapassada - eclipsou-se ou revogou-se outra vez?


 

Wednesday, July 17, 2013

Sunday, July 14, 2013

DIAS DE BRUMA

Depois de uma semana tórrida a inversão térmica reduziu o horizonte visível. A meteorologia parece, deste modo, pautar-se pelo andamento político dos últimos dias. Segundo os meteorologistas, a situação climatérica de nebulosidade irá manter-se amanhã e depois, o sol voltará a brilhar em céu azul quarta e quinta-feira, haverá outra vez nuvens na  sexta-feira  que desaparecerão nos quatro dias seguintes, deixando brilhar o sol. Para depois, não se comprometem os meteorologistas.
 
Há cerca de duas horas ouvi na rádio que ainda hoje, ou, mais provavelmente, só amanhã, se reunirão os representantes do trio que subscreveu o acordo com a troica para iniciarem as negociações do acordo de salvação nacional pedido pelo PR. Nenhum dos líderes estará presente. Quer isto dizer que, na melhor das hipóteses, quarta ou quinta-feira saber-se-á se alguma base de entendimento é possível, ou, pelo contrário, as negociações encravaram irrevogavelmente, e a bruma descerá sobre o país.
 
Um dos pontos que ameaça o entendimento pretendido é a realização de eleições antecipadas em meados do próximo ano, após o termo do acordo e a saída da troica. Seguro já aceitou, implicitamente, este ponto da proposta do PR atirando a bola para o campo de Passos Coelho. A explícita reacção  deste na AR sobre o mesmo assunto, contrária à proposta do PR, pode ter duas leituras mas só uma interpretação lógica. Passos Coelho pode ter começado por discordar da proposta do PR para depois ceder, funcionando essa cedência como moeda de troca por outra do PS. Ou Passos Coelho decide não transigir numa matéria que ele considera sem cobertura constitucional, aborta o acordo, e assume ónus da ruptura com as consequências políticas que essa atitude terá junto do eleitorado flutuante.
 
Passos Coelho (e o país) tem toda a vantagem em aceitar eleições antecipadas no próximo ano: primeiro, porque desarma Seguro do único argumento que este dispõe com base consistente, segundo, porque dispõe de um ano para governar o país suportado por um acordo consensualizado; Se no fim desse período, a situação do país tiver experimentado melhorias visíveis, tem todas as possibilidades de ganhar as eleições; se, pelo contrário, a situação económica e social continuou a deteriorar-se, não terá nenhuma hipótese, por falta de mérito, de ganhar as eleições daí a mais um ano.
 
Não sei se Passos Coelho e os seus assistentes farão uma leitura idêntica. O que sei é que, até agora, a estratégia que adoptou desde que tomou posse, sustentada numa auto suficiência absurda, sobretudo em tempos de crise galopante que atravessamos, lhe reduziu drasticamente a margem de manobra.
 
O país precisa que o PS participe num acordo que também protege a sua capacidade de governar quando chegar de novo a sua vez. Mas precisa também que Passos Coelho perceba, de uma vez por todas, que o seu governo está condicionado pelo acordo subscrito pelo trio com a troica e que do trio faz parte o PS, que , ele, Passos Coelho nada inteligentemente quase ignorou durante dois anos.
 
Passos Coelho já deveria ter promovido as reuniões entre os três partidos com a participação dos respectivos líderes. Não o fez, uma atitude que não augura nada de bom. Começa muito mal.

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Correl . - PS vai votar a favor da moção de censura.
A moção de censura será, tudo leva a crer, derrotada. Ao votar a favor da moção dos Verdes, o PS escolhe o lado daqueles que já rejeitaram participar nas negociações de um acordo de salvação nacional e investem na estratégia de quanto pior, melhor. Do PS, que se disponibilizou para participar nessas negociações, esperava-se que se abstivesse, tanto mais que a discussão e votação da moção decorre no momento em que as negociações estão em curso. O que confirma que o jogo político em Portugal não se compadece com coerências de corpo inteiro, mesmo quando o país se encontra sob protectorado estrangeiro.

Friday, July 12, 2013

PASSOS EM FALSO

Vi parte da transmissão  televisiva do debate de hoje. Pelo que vi, sou levado a concluir que não se distinguiu do tradicional show televisivo do qual os intérpretes tentam tirar o maior proveito possível para as suas hostes e para as suas imagens públicas individuais, e onde os interesses do país são subalternizados, ainda que todos os discursos garantam que, acima de tudo e de todos, colocam os interesses nacionais. De original, apenas a presença de todos os ministros na AR.
 
Estes confrontos parlamentares, quando na agenda política o PR inscreveu a urgência de um consenso entre os três partidos que subscreveram o memorando de entendimento com a troica que permita cumprir os compromissos assumidos e, provavelmente, renegociá-los, de modo a garantir a saída do país, em meados do próximo ano, da unidade de cuidados intensivos em que se encontra sem elevados riscos de recaída grave, não ajudam ao atingimento do objectivo. Deveriam ser anulados?
De modo algum. Mas teria sido mais avisado que este debate tivesse sido adiado.
 
Consenso implica cedências de parte a parte, e os recuos tornam-se sempre mais indigestos quando as divergências partidárias, os ataques recíprocos, os radicalismos verbais, são amplificados pelo poder comunicativo ímpar da televisão. Em todo caso, julgo ter percebido que há de parte dos três partidos subscritores do acordo de ajuda externa a vontade de concertarem posições quanto ao essencial da mensagem do PR. Uma explicação possível para esta perspectiva estará no reconhecimento de que, por detrás das palavras do PR, se encontram avisos de Berlim, Frankfurt e Bruxelas retinidos depois do comunicado de demissão de Paulo Portas.
 
Num ponto se adivinha, contudo, uma divergência que pode colocar nas mãos de Passos Coelho a batata quente que o PR entregou a A J Seguro. Este lembra a condição de eleições dentro de um ano (o que significa que admite essa condição inscrita na mensagem do PR); Passos reclama o direito de o seu governo completar o mandato por se encontrar suportado por uma maioria na AR (contrariando a proposta do PR).  
 
Passos ou aceita, e engole um estranho sapo não democrático assinando esse compromisso, ou assume o ónus de frustrar o consenso, e, neste caso o mais provável é que veja terminado o seu mandato ainda mais cedo. Neste aspecto, o show de hoje não lhe foi favorável.

Monday, July 08, 2013

RESTAURAÇÃO DE PORTUGAL

Para cumprimento do calendário previsto o PR recebe hoje à tarde o BE, o PCP e o PEV, e amanhã o
CDS, o PS e o PSD. Quarta-feira deverá haver governo presidido pelo senhor Passos Coelho e governado pelo senhor Paulo Portas. Com este enlace, o senhor Passos Coelho terá feito o seu melhor negócio nos últimos dois anos, o senhor Paulo Portas deverá estar convencido que fez o melhor negócio da sua vida. 
 
Passos Coelho continuará a ser nominalmente primeiro-ministro, terá sob a sua direcção os ministros com as pastas menos problemáticas se comparados com os brócolos do molhe comprado por Paulo Portas. Resumindo: a popularidade do senhor Passos Coelho tem tendência para subir do fundo em que bateu, a do senhor Paulo Portas, ou cai desalmadamente, e acaba-se-lhe a carreira, demitindo-se  irrevogavelmente de vez, ou sobe, e passa a perna ao senhor Passos Coelho.
 
De qualquer modo, a convivência será difícil depois das fitas da semana passada e da interferência a que Paulo Portas será obrigado se fizer aquilo a que se candidatou, como interlocutor com a troica, como reformador do Estado, para além da indefinição em suspenso da hierarquia a funcional entre ele e a senhora Maria Luís Albuquerque, espantosamente promovida à pressa a Ministra de Estado e das Finanças.
 
Tão difícil em termos de garantia de sucesso mas menos funcionalmente complicada será a actuação do duo Portas/Pires de Lima na revitalização da economia. O discurso mais procura interna, mais investimento, mais emprego, é aliciante mas só pega de um pé para o outro na bondosa imaginação do senhor António José Seguro. O insistente e quase exclusivo argumento de que a descida do IVA da restauração de 23% para 13% reanima a economia, cria milhares de empregos, e nos promete o princípio de um mundo melhor é uma fantasia que não resiste a uma breve reflexão séria sobre o assunto.
 
Há hoje menos gente a comer em restaurantes? Há sim senhor, mas só nos mais económicos. Quem desistiu de comer em restaurantes ou passou a escolher ementas mais em conta, fá-lo porque o que lhe falta não são 10% para pagar mais IVA mas 77% para pagar a refeição. Aliás, os preços em restaurantes económicos não subiram com o aumento do IVA, desceram em muitos casos com a redução da clientela. Perguntar-me-ão: Mas a taxa de 23% na restauração não é escandalosamente elevada? É. É na restauração como em todos os outros sectores sujeitos à mesma taxa.
 
Anote-se ainda que, apesar da obrigatoriedade da emissão de factura, são raros os restaurantes que, pedida a conta, apresentam um documento que sirva para o efeito.  

Thursday, July 04, 2013

SERIA UM ERRO MONUMENTAL

Apesar da amostra das consequências de um período de instabilidade - demissão de Paulo Portas - na subida abrupta do risco da dívida soberana portuguesa avaliado pelo mercado, os partidos da oposição continuam a clamar por eleições antecipadas. A quanto subirão os yields da dívida pública a 10 anos até à posse de um governo resultante de eleições em Setembro/Outubro? Ninguém sabe mas, irresponsavelmente, ninguém quer falar disso.

O facto de, segundo consta, não haver perigo de ruptura de tesouraria do Estado até ao fim do ano não anula os efeitos corrosivos de um longo período de instabilidade sobre a credibilidade externa de Portugal.
 
Tanto ou mais irresponsável que a reclamação de eleições antecipadas sem avaliação do risco que essa alternativa democrática implica é a hipótese que estou a ouvir nos noticiários desta noite de o CDS continuar a suportar parlamentarmente o governo, eventualmente a prosseguir na coligação, sem a participação de Paulo Portas no governo.
 
Repito-me: Considero que o PR errou quando deu posse ao segundo governo, minoritário, de Sócrates; errou segunda vez quando deu posse ao governo de Passos Coelho sem a participação do PS, qua apoiava o governo que negociou e subscreveu o memorando com a troica. Pior  que a marcação de eleições antecipadas seria a aceitação de um governo ainda mais vulnerabilizado. O PR não pode errar uma terceira vez sem que desse erro resultem danos irreparáveis para a credibilidade do país.
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Correl. - Segundo Pires de Lima, Paulo Portas é o líder incontestado do CDS. Segundo outros, não.
PR exige ou não a permanência de Portas no governo?


Estão a brincar connosco?
Carlos Silva (UGT) : Governo está mandatado e tem obrigação de continuar
Não foi este senhor que esteve na recente greve geral exigindo a demissão do governo?
Durão Barroso: Instabilidade em Portugal ameaça reacender crise da dívida
As coisas que este rapaz descobre!

 
PR não exige que Portas esteja no governo mas que o presidente do CDS lá esteja
Ou Portas volta  atrás, ou Portas sai de cena, ou haverá, inevitavelmente, eleições antecipadas.

Tuesday, July 02, 2013

QUADROS PARA UMA CONFUSÃO POLÍTICA

Em 28 de Maio de 2011, vi-os assim, aqui.

Vingou o Quadro Laranja-Azul, que, como às vinte horas de hoje se confirmará, não durará mais do que o tempo previsto: dois anos.

"Quadro Laranja-Azul - Ganha Passos Coelho e o PSD faz maioria absoluta com o CDS. Sócrates dá lugar ao senhor-que-se-segue, e o PS, na oposição, não perdoará ao governo o mínimo deslize na aplicação do MoU. A coligação de direita durará, no máximo, dois anos."
 
 Em 4 de Maio deste ano, também era muito previsível - vd. aqui -  o abandono de Portas do barco encalhado.

"Há nesta relação entre Paulo Portas e Passos Coelho uma dependência de reciprocidade perversa que recorda a travessia do lago pelo escorpião às costas da rã. Sabe-se, segundo a história, que ambos acabam no fundo. Mas podemos sempre imaginar que, no momento em que uma rã moribunda se afunda, outra apareça ao lado disposta a levar o escorpião às costas e continuar a travessia."

Segundo consta, Portas já garantiu da rã-que-se-segue a facilidade de transporte prevista. 

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Correl. - Comunicado da demissão de Paulo Portas 

Tuesday, May 28, 2013

À ESQUERDA DA AUSTERIDADE

O iOnline publica uma entrevista ao senhor Mário Soares a propósito da reunião de esquerda das segundas categorias (Seguro prometeu mandar alguém, o secretário-geral do PCP não foi directamente contactado ...) que o ex-Presidente da República convocou para o próximo dia 30 na Aula Magna da Universidade de Lisboa e que pode ser lida aqui.
 
Antes de mais, concorde-se ou discorde-se, no todo ou em parte, das afirmações do entrevistado, há que reconhecer a tenacidade e a rebeldia de um homem que, ainda a recuperar de um grave acidente de saúde, aos 88 anos de idade continua, à sua maneira, um percurso de luta pelos seus ideais políticos nucleares de sempre, mesmo se esse percurso apresente não raras vezes sinuosidades e até evidentes contradições.
 
Nesta entrevista, é muito saliente que nem os anos nem a enfermidade lhe retiraram a sua capacidade argumentativa de sempre. Fixado na defesa de uma ideia, se lhe contraditam o discurso, desenvencilha-se, se não lhe convir ou não souber retorquir, remetendo a responsabilidade da resposta para terceiros. Sendo o tema central da entrevista a reunião na Aula Magna e o objectivo da reunião a luta conjunta da esquerda contra a austeridade, colocado perante uma questão incontornável, que lhe emperra a narrativa, responde, sem rodeios, "isso não é comigo" *
 
Mas, de toda a entrevista, no entanto, há uma afirmação de Mário Soares, que só colateralmente tem relação com o tema central,  que o jornal i usa como título e está a ser usada pelas citações feitas na imprensa em geral: Portas tem sido chantageado pelo Governo pelo governo por causa do processo dos submarinos e dos carros de combate Pandur. Quando, pela primeira vez, Portas admitiu que estava a ponderar se ficava ou não, o caso dos submarinos voltou à primeira linha. E isso obriga-o a continuar no governo. O medo é que manda na vinha... (supõe-se que, nesta última frase,  há erro de transcrição do jornal ou lapsus linguae do entrevistado).
 
Quando é quase unânime que o destino político de Passos Coelho depende da espada de Portas, aparece sorrateiramente Mário Soares  a  espicaçar Portas. Sabe-a toda desde pequenino, salvo unir a esquerda em Portugal.
 
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*Mas há um problema complicado. Há um ano, o sr. dr. defendeu que o PS devia romper com o Memorando da troika. Mas a verdade é que o PS não rompeu com o Memorando da troika. E isto pode conduzir-nos a um beco sem saída: este governo cai, já quase toda a gente o dá como moribundo, mas depois é substituído pelo PS, que vai ter de se submeter ao mesmo Memorando da troika?
Pois, mas isso não é comigo. Não tenho responsabilidades partidárias, hoje, nem as quero ter. Isso é com os partidos, com as centrais sindicais e com o povo, que é quem mais ordena.
 
 
 
 

Monday, May 13, 2013

AS INCEDÊNCIAS DE PORTAS

 
Para memória futura

 
A 05 de maio, Paulo Portas, disse não concordar com a nova contribuição sobre pensões e adiantou que o Governo ia negociar com a 'troika' para encontrar medidas de redução da despesa do Estado equivalentes.
 
António Pires de Lima, considerou hoje que foi a "'troika' e não Paulo Portas" a ceder na questão da Taxa Social Única (TSU) dos pensionistas que "passou a ser facultativa". " Paulo Portas acabou  por não ceder, quem cedeu foi a 'troika' que regressou a Portugal com a determinação clara de fazer constar do texto assinado pelo governo português a exigência da aplicação, em 2014, daquela taxa e saiu de Portugal sem essa exigência confirmada" "porque Paulo Portas "se bateu" e, por isso, "a taxa passou à condição de facultativa, o que significa que não vai ser aplicada". "Está-se a transformar uma vitória do governo português e em concreto do Dr. Paulo Portas numa espécie de vingança do CDS, mas é importante desmistificar aquilo que se passou ao longo da última semana", " o que vai acontecer é que Portugal vai receber o dinheiro e tudo vai ser feito para que a taxa não venha a ser aplicada. "Portanto, a 'troika' vai fechar a sétima avaliação, Portugal vai receber o dinheiro - muito importante para financiar o Estado português - vai ver as suas maturidades estendidas e a não aplicação da taxa sobre as pensões vai limitar-nos a fazer convergir o sistema público com o sistema privado" " o país "tem neste momento maior credibilidade na aplicação dos programas e já está em recuperação económica"  "No que diz respeito à taxa, há outras medidas apresentadas há 10 dias pelo primeiro-ministro que serão as medidas prioritárias e onde o governo irá focar a sua atenção, sendo de todo improvável que esta taxa venha a constar das propostas de Orçamento do Estado para 2014" .
Uma fonte do Governo disse à Lusa que o CDS-PP "aceitou excepcionalmente" que "pudesse vir a ser considerada a introdução de uma contribuição de sustentabilidade sobre as pensões". Anteriormente, apontou uma outra fonte do executivo, "estava previsto que o Governo se comprometia a tomar a medida da TSU dos pensionistas", mas, em Conselho de Ministros, o executivo comprometeu-se em adoptar a medida "como último recurso" e apenas "se for necessário".
 

Saturday, May 04, 2013

O QUE DIRÁ PORTAS

Ouvi esta tarde na rádio o primeiro-ministro dizer, á entrada para um almoço comemorativo do 39º. aniversário do PSD, em Pombal, que desconhece o que vai dizer Paulo Portas na sua declaração anunciada para amanhã, mas acrescentou que as medidas que ontem anunciou foram discutidas com o ministro e presidente do CDS. Está, portanto, Passos tranquilo quanto ao que dirá Portas amanhã.
 
É muito claro hoje aquilo que era previsível desde a tomada de posse deste Governo: Passos Coelho será primeiro-ministro enquanto Portas assim o entender. Quando Paulo Portas julgar que o caminho deste governo não tem mesmo saída possível, Paulo Portas acaba com o governo e com a carreira política de Pedro Passos Coelho. Só pode ser esse o significado da ausência de comentários do seu partido à declaração de ontem de Passos Coelho e ao compasso de espera que determinou entre a presença no palco de Passos Coelho e a sua. A última palavra é dele. Com as quarenta e oito horas de suspense que fixou, Portas pretende concentrar a atenção dos portugueses na sua declaração subalternizando a de Passos Coelho.
 
Repito-me: Passos tornou-se refém de Portas desde o momento que decidiu não incluir o PS nas responsabilidades da execução do memorando que o trio assinou com a troica. O que não significa que Portas possa saltar da carroça do poder quando quiser sem se molestar. Bem pelo contrário, no dia em que Portas der por finda a participação do CDS no governo, a sua própria carreira política ficará fortemente comprometida.
 
Há nesta relação entre Paulo Portas e Passos Coelho uma dependência de reciprocidade perversa que recorda a travessia do lago pelo escorpião às costas da rã. Sabe-se, segundo a história, que ambos acabam no fundo. Mas podemos sempre imaginar que, no momento em que uma rã moribunda se afunda, outra apareça ao lado disposta a levar o escorpião às costas e continuar a travessia.  

Friday, May 03, 2013

MINAS E ARMADILHAS

 
Quando li o título da notícia a primeira ideia que me ocorreu foi a armadilha de liquidez com que a banca endividou sobretudo o sul da Europa há uns anos atrás. Só depois percebi que o comissário europeu para os assuntos económicos e fiscais se referia, não à enchente de liquidez oferecida a preços de saldo e que provocou a crise das dívidas soberanas, mas à falta de liquidez que atrofia a recuperação económica possível num contexto excepcionalmente adverso.
 
Olli Rhen sabe bem que foi a primeira armadilha que determinou a segunda, que está a minar a situação económica, sobretudo dos países da Europa do sul, mas também, embora, para já, em muito menor grau as economias do norte, nomeadamente a da Alemanha. Segundo previsões da primavera da Comissão Europeia, "a recessão da Zona Euro este ano vai ser pior que o esperado com uma contração do PIB de 0,4%, em vez dos 0,3% previstos anteriormente. A taxa de desemprego na zona euro deve chegar aos 12,2% e 11,1% para os 27.
 
Em relação a Portugal, as previsões de Primavera da Comissão Europeia agravam as expectativas em todos os indicadores económicos, coincidindo agora com os números do governo. A economia portuguesa deve contrair 2,3% (-1,9% em Fevereiro), o desemprego sobe para cima de 18,2% (17,3%), o défice atingirá os 5,5% (4,9%) e a dívida chegará aos 123%. Estas previsões ainda não têm em conta as medidas que vão ser anunciadas (hoje) mas a Comissão receia que a situação de Portugal se agrave ainda mais".
 
Às 20 horas de hoje o senhor Passos Coelho anunciou ao país um conjunto de medidas de mais austeridade impostas pela troica, onde o senhor Olli Rhen é o principal representante da Comissão Europeia. Não sabemos que significado se pode atribuir ao receio referido nas previsões da Comissão Europeia de que a situação em Portugal se agrave ainda mais.
 
O senhor Olli Rhen sabe bem, e o senhor Passos Coelho devia saber, que a solução não passa, ou não passa primordialmente, pelas medidas hoje anunciadas pelo primeiro-ministro português. Sem a responsabilização da banca na armadilha que colocou durante vários anos, não há solução possível. O aumento de liquidez a economias sobre endividadas pode adiar o seu colapso mas não pode evitá-lo porque a carga de juros é insuportável para as famílias, para as empresas, para o Estado.
 
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Ao mesmo tempo que registo estas notas ouço a informação que o CDS não comentou as declarações do senhor Passos Coelho e que no próximo domingo o senhor Paulo Portas fará uma declaração.
De termo de uma coligação minada?
Muito previsivelmente o senhor Passos Coelho cairá um dia destes na armadilha que ele mesmo construiu quando formou o governo dispensando o PS de responsabilidades na execução do memorando que ele e o senhor Paulo Portas assinaram conjuntamente com o senhor José Sócrates, de que o senhor António José Seguro é sucessor livre de ónus.