quarta-feira, 14 de abril de 2021

A minha aldeia

Fotografia tirada por Alfazema
Minha aldeia é todo o mundo. Todo o mundo me pertence. Aqui me encontro e confundo com gente de todo o mundo que a todo o mundo pertence. Bate o sol na minha aldeia com várias inclinações. Angulo novo, nova ideia; outros graus, outras razões. Que os homens da minha aldeia são centenas de milhões. Os homens da minha aldeia divergem por natureza. O mesmo sonho os separa, a mesma fria certeza os afasta e desampara, rumorejante seara onde se odeia em beleza. Os homens da minha aldeia formigam raivosamente com os pés colados ao chão. Nessa prisão permanente cada qual é seu irmão. Valência de fora e dentro ligam tudo ao mesmo centro numa inquebrável cadeia. Longas raízes que imergem, todos os homens convergem no centro da minha aldeia. António Gedeão

Alfazema

Gosta do clima mediterrânico pelo que a encontramos no sul da Europa onde cresce espontaneamente e em Portugal nasce nos campos do centro e sul . É conhecida desde tempos remotos pelo seu perfume fresco e limpo e até chegou a ser o aditivo de banho preferido dos gregos e romanos. Durante as duas guerras mundiais do século XX, a alfazema ou lavandula foi utilizada para limpar os ferimentos dos soldados. Actualmente, nós utilizamo-la para perfumar a roupa, em cómodas e roupeiros, como sabonete, gel e sais de banho,mas também a queimamos, já seca, para perfumar e purificar o ar.Segundo dizem, são múltiplas as suas aplicações medicinais mas, confesso,só a uso para perfumar o ambiente.

O Rosmaninho

Encontramo-lo em Portugal durante os meses de Primavera e Verão. O campo cobre-se de cores, o ar enche-se de perfume e nem sequer é preciso ter um nariz muito apurado pois os aromas que andam no ar são perceptíveis à distância. Encontram-se cinco espécies de rosmaninho em Portugal todos eles pequenos arbustos lenhosos, facilmente identificáveis pelo aroma e pelas espigas violetas que coroam a pequena copa.Prefere o clima mediterrânico mas encontramo-lo por quase todas as regiões do país, tingindo de violeta enormes extensões de terrenos incultos por todo o sul, interior e oeste portugueses. No Algarve, é famoso o mel de rosmaninho das serras de Silves e do Caldeirão.

Alecrim

Imagem do Google
O alecrim também é um arbusto comum na região do Mediterrâneo, à semelhança dos anteriores, cresce em terrenos situados até aos 1500 m de altitude, preferencialmente em solos de origem calcária. Em Portugal existe um pouco por todo o território. Os romanos designavam-no como rosmarinus, devido ao seu aroma característico, que em latim significa "orvalho do mar". O nome alecrim é por vezes usado para referir outras espécies, nomeadamente o rosmaninho, que possui exactamente o étimo rosmarinus. No entanto, estas espécies, alecrim e rosmaninho, pertencem a dois géneros distintos, Rosmarinus e Lavandula,e apresentam diferenças quanto à forma, cor e inserção da flor. É um arbusto muito ramificado, sempre verde, com hastes lenhosas, folhas pequenas e finas. A parte inferior das folhas é de cor verde-acinzentada, enquanto a superior é quase prateada. As flores reúnem-se em espiguilhas terminais e são de cor azul, lilás ou esbranquiçada.Floresce quase todo o ano e não necessita de cuidados especiais nos jardins. Toda a planta exala um aroma forte e agradável. Utilizada com fins culinários, medicinais e religiosos, a sua essência também é utilizada em perfumaria, como por exemplo, na produção da água-de-colónia, pois contém tanino, óleo essencial, pineno, cânfora e outros princípios activos que lhe conferem propriedades excitantes, tónicas e estimulantes. A sua flor é muita apreciada pelas abelhas produzindo assim um mel de extrema qualidade. Há quem plante alecrim perto de apiários, para influenciar o sabor do mel. ( texto adaptado da wikipédia)

A Esteva

Com a chegada da Primavera, com o renascer da Natureza, aparece a serra coberta de um enorme manto branco. Flores de pétalas imaculadas, outras marcadas por um pequeno coração vermelho-sangue e outras, ainda, róseas. Toda a Natureza se prepara para noivar. Muito menina ainda comecei a subir esta serra que tanto amo e a observá-la coberta de estevas floridas expostas à impiedosa soalheira ou aos invernos chuvosos e frios que também por aqui se fazem sentir. E, contra tudo e contra todos, consegue sobreviver! Arbusto perseverante rasga o solo por entre as fendas rochosas e instala-se cobrindo as encostas destes cerros meridionais outrora deixadas nuas para aquecer as humildes casas serranas. O seu aroma vigoroso enche as noites quentes de Verão e as as suas folhas, cobertas de goma brilhante,envernizadas, criam, a pouco e pouco, sombra onde os coelhos, as lebres e as perdizes, assim como as suas crias, se furtam das vistas das águias ou escapam da desidratação provocada pelas altas temperaturas dos longos estios. Imagens extraídas da net

Também o javali , ou porco javardo como aqui lhe chamam, encontra refúgio e comida revolvendo o solo rico em insectos e larvas assim como a galinhola, escapada aos frios setentrionais. Estas flores, que atraem as abelhas, que fabricam o famoso mel do Caldeirão,também ajudam a cerva a dar mais leite à cria e darão as cápsulas que irão ajudar o cervato a fazer-se veado, senhor da serra, cujo berro encherá os vales no mês de Setembro. Da esteva, da modesta e pobre esteva, brotou a esperança desta gente que aqui viveu e ainda vive. Com ela se aqueceu, durante séculos, o forno que cozeu o pão , assou o cabrito ou o porco, cozeu os bolos caseiros de trigo colhido nestas terras agora quase abandonadas porque os que cá estão já somam muitos anos. Por entre este matagal, irrompem azinheiras e sobreiros, nascidos das landes e bolotas deixadas cair pelos gaios, pombos ou outros quaisquer pássaros que sobrevoam esta serra que se estende por vários concelhos algarvios.

A sobreira

Sobreiros
Serra do Caldeirão
Fábrica Pelcor ( S. Brás de Alportel) ( malas, carteiras, sombrinhas, chapéus... de cortiça) Na foto, a administradora, Drª Sandra Correia Fotos do Google
Assim se designam, popularmente, os sobreiros na Serra do Caldeirão. Sobro ou chaparro são outras designações usadas para referir as mesmas árvores e esta última é a mais utilizada, popularmente, no Alentejo. É uma árvore da família do carvalho, cultivada no sul da Europa, e a partir da qual se extrai a cortiça. Fez parte do manto vegetal espontâneo desta região desde tempos muito remotos, onde se encontravam frondosas florestas, e passou a ser cultivado devido ao revestimento que o seu tronco ganha. A cortiça extrai-se de nove em nove anos, pois a árvore, durante este período, recupera uma nova camada de casca com idêntica espessura. A cortiça é utilizada no fabrico de isolantes térmicos e sonoros de aplicação variada, na produção de rolhas para engarrafamento de vinhos, aguardentes, licores, na confecção de malas, chapéus, sombrinhas, carteiras... As folhas do sobreiro são de cor verde escura e o seu fruto, como noutras árvores da mesma família, é a bolota, designada essencialmente por lande ou glande e serve, sobretudo, para a alimentação dos porcos que, criados em montados, criam uma carne muito saborosa da qual se fazem excelentes exchidos e presuntos. O porco preto, assim alimentado, tem uma carne muito macia e dela se fazem muitos pratos típicos alentejanos. O sobreiro distribui-se essencialmente pela Península Ibérica e por alguns locais mais húmidos do norte de África. Em Portugal , o maior produtor mundial de cortiça, predomina a sul do rio Tejo, surgindo naturalmente associado ao pinheiro bravo nos terrenos arenosos da Península de Setúbal, Vale do Sado e litoral sotavento algarvio; à azinheira nalgumas regiões do interior alentejano, zona nascente da serra algarvia, Tejo Internacional e Douro Internacional; ao carvalho-cerquinho na Estremadura, Alentejo Litoral e Monchique; ao carvalho-das-canárias na região de Odemira-Monchique; ao carvalho-negral em alguns pontos da Beira Interior e Alto Alentejo, como as Serras da Malcata, São Mamede e Ossa. Surge ainda em alguns pontos de clima atlântico com pluviosidades extremamente elevadas, como na Serra do Gerês, onde predomina nas encostas mais soalheiras. O sobreiro é uma espécie que requer humidade e solos relativamente profundos e férteis, embora também tolere temperaturas altas e períodos secos de três a quatro meses, típicos do clima do sul de Portugal. S. Brás de Portugal, vila do barrocal algarvio, continua a ser um importante centro corticeiro embora o número de fábricas seja actualmente bastante menor do que acontecia no passado. Daqui saíram muitos industriais, no século passado, que se estabeleceram na zona industrial de Lisboa / Barreiro/ Setúbal ( Barreiro, Alhos Vedros, Montijo, Baixa da Banheira, Pinhal Novo, Seixal...).

O Medronheiro

O medronheiro é um arbusto ou pequena árvore de folha persistente que pode atingir os 8 a 10 metros de altura, embora raramente passe dos 5.Possui ramos erectos e copa arredondada, dotada de um tronco coberto por uma casca castanha ou vermelha que se solta nas árvores mais antigas. As suas folhas são muito parecidas com as do loureiro e medem entre 4 a 11 cm de comprimento. Elípticas, apresentam uma cor cinzento - esverdeada e são muito brilhantes. A parte superior da folha é mais escura e a inferior mais clara. As flores são brancas com toques cor-de-rosa, pequenas e surgem no Outono em cachos pendentes de até 20 flores. Os frutos são umas bagas redondas e verrugosas que surgem nos raminhos verdes dando cor à árvore, uma vez que nascem amarelos e, progressivamente, vão-se tornando vermelhos. O Medronheiro desenvolve-se nos bosques, no mato e nas regiões rochosas, principalmente em solos ácidos, da Península Ibérica à Turquia. Os frutos são utilizadas para fazer licores, aguardentes e conservas. Em Portugal cultiva-se como árvore de fruto e como árvore ornamental, já que quando está carregadinha de frutos e flores é uma árvore muito bonita. O fruto é comestível e com ele pode-se preparar uma aguardente de excelente qualidade (aguardente de medronho). As folhas são usadas na medicina popular pelas suas propriedades diuréticas e anti-sépticas. As folhas e a casca são muito ricas em taninos e eram usadas para curtir peles. A sua madeira é apreciada para fabricar carvão vegetal. O medronheiro é uma espécie muito frequente da serra algarvia ( Caldeirão e Monchique).
Adaptado do Google