“A divulgação da religiosidade das comunidades ribeirinhas do Tejo, a promoção cultural e a dinamização turística são os principais objetivos de uma descida do Tejo, ao longo de 200 quilómetros, que está a decorrer em antigos barcos avieiros.
Na sua terceira edição, e dividido por sete etapas, o Cruzeiro Religioso e Cultural do Tejo é organizado por associações locais, com os tradicionais barcos a transportarem a imagem de Nossa Senhora dos Avieiros e do Tejo, em peregrinação fluvial às comunidades ribeirinhas e às aldeias avieiras, em cruzeiro que principiou no sábado, em Vila Velha de Ródão, e que vai terminar em Oeiras, na foz do rio.
“O cruzeiro tem a função de partilhar o rio, viver o rio, e conviver ao longo de 15 dias e sete etapas com as comunidades ribeirinhas. Ao longo de cerca de 200 quilómetros, vamos estar em 20 concelhos, 30 freguesias e 37 paróquias, numa iniciativa que assenta na componente religiosa, cultural e de dinamização turística”, disse à agência Lusa José Gaspar, da Associação para a Promoção da Cultura Avieira (APCA).
Durante as sete etapas vão suceder-se diversas paragens e pernoitas dos peregrinos em comunidades ribeirinhas, com cerimónias religiosas e eventos culturais, informou, frisando que estas são iniciativas organizadas pelas associações locais em parceria com as autarquias, agrupamentos de escolas e entidades privadas.
“O que queremos é unir as comunidades ribeirinhas para a defesa ambiental do Tejo, para a sua preservação e divulgação da sua história, património, cultura, turismo e demais potencialidades”, vincou o dirigente associativo.
Descer o rio até à foz, hoje em dia, com os baixos caudais, só é possível com o apoio da EDP, que, em ação concertada, liberta água das barragens de modo a permitir criar um lençol de água suficiente para a passagem dos barcos de madeira, alguns com mais de uma tonelada, observou Rui Rodrigues, dirigente da ENVOLVE – Associação para o Desenvolvimento Local, de Rossio ao Sul do Tejo.
“Sem o apoio deles seria extraordinariamente difícil vencer determinados pontos do curso do Tejo e ultrapassarmos, incólumes, as zonas mais rochosas”, frisou.
Descendente de avieiros, residente na Chamusca, Jaime Fernandes segue dentro de uma das cinco antigas bateiras que descem o Tejo escoltadas pelos botes da Marinha.
“Quero fazer todo o percurso, de Vila Velha de Rodão até Lisboa, e o que me motiva a participar são as minhas raízes, que muito me orgulham, e contribuir para esta ligação que importa fazer entre as comunidades ribeirinhas e o Tejo, de modo a que cuidem dele e tenham uma maior preocupação em relação à defesa dos problemas ambientais com que se vem deparando”, destacou.
“Viver o rio, e viver do rio, é uma arte e, de certa forma, um privilégio”, vincou Jaime, que, ao segundo dia do percurso, já sentia ter “valido a pena”.
A visibilidade que este cruzeiro está a conferir “fez com que as águas do rio estejam mais limpas desde há oito dias para cá, ao contrário do que se passa no resto do ano. Só por isso já valeu a pena”, afirmou.”