segunda-feira, 30 de julho de 2012

Nomes de localidades em azulejos (cont.12)

































































O esforço do blogue A ALDRABA em contribuir para a localização e valorização deste património é assinalado por chegarmos ao número emblemático de 100! Com as 9 placas toponímicas do ACP hoje publicadas, atingimos a divulgação de um total de 100 placas, identificando 91 diferentes localidades em 12 distritos do país.

Os repórteres da Aldraba percorreram há poucos dias a freguesia de Alcabideche (concelho de Cascais, distrito de Lisboa), tendo encontrado e fotografado uma quantidade invulgar de placas de azulejos, em bom estado, das quais algumas direcionais e outras de localização. Um total de sete!

Foi o caso da da sede de freguesia (já publicada pelo nosso blogue em 4.2.2011), a da aldeia de Janes (já publicada em 1.5.2011), e de duas diferentes relativas a Colares (já publicadas, respetivamente, em 4.2.2011 e em 1.5.2011). Não as repetimos agora, sendo que as anteriores tinham sido captadas por outros participantes, devidamente mencionados.

Mas reproduzimos, sim, as que identificam Malveira da Serra (localidade distinta da Malveira do concelho de Mafra, de que captámos e publicámos a respetiva placa em 2.9.2010), Barão (segundo apurámos localmente, seria a referência do caminho para a propriedade de um tal Barão Hubert von Breisky), e uma bela placa direcional com o caminho para a capital do país…

Entretanto, a nossa amiga e associada Maria do Céu Ramos forneceu-nos o registo de uma placa de Almada (distrito de Setúbal), bastante maltratada por agressões visuais que a MªCéu critica com veemência. Aqui se publica a placa, com o nosso apoio ao protesto.

Lembram-se de, no nosso post de 19.6.2012, termos transcrito um relato da Susana Rodrigues, segundo o qual, em Castro Verde (distrito de Beja), uma placa se encontraria danificada pois “procederam a obras nas paredes da casa e metade da placa desapareceu com a parte de parede que foi deitada abaixo”? Em 11.4.2010, tínhamos publicado a fotografia que a ALDRABA colhera de uma placa de Castro Verde, em bom estado. Pois a tal outra placa, amputada, foi fotografada pela Susana, e aqui a reproduzimos.

De Tercena, vila do concelho de Sintra, cuja denominação até 1930 era “Torcena”, publicámos já em 4.2.2011 a fotografia de uma placa toponímica. Com a mesma grafia, mas de outra localização, aparece agora a fotografia de Afonso Loureiro (blogue “Aerograma”), que hoje publicamos.

Por último, do blogue “Diário de Bordo”, de Teresa Oliveira, reproduzimos as fotografias aí publicadas da aldeia de Alter Pedroso (concelho de Alter do Chão, distrito de Portalegre), de Figueira do Castelo Rodrigo (distrito da Guarda – placa distinta da que publicámos em 18.1.2011) e da vila de Sesimbra (distrito de Setúbal - com a grafia arcaica de “Cezimbra”).

JAF

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Os sons da minha infância - o sino da torre da igreja












O conceito de património imaterial é de tal forma abrangente que nos deixa por vezes hesitantes face a manifestações que nele gostaríamos de ver englobadas. O tratamento dos sons como património conduz-nos quase sempre para a música ou o cantar e muito pouco para outro tipo de sonoridades.

Há já algum tempo, estando na aldeia com o meu neto, então com 4 anos, ele perguntou-me o que era aquilo que se ouvia de vez em quando.
A pergunta trouxe-me à memória outros tempos e outras vivências. E então contei-lhe que o sino da torre da igreja era assim como que o mandador que governava os tempos e também as emoções.
Do alto da torre, ouvia-se em toda a aldeia e nos campos em redor. Dava as horas, com que orientava os afazeres do dia a dia e repetia-as passados alguns segundos, para que os mais distraídos dessem conta do tempo que passava.
Com o seu repenicar alegre ou um som triste e pausado, ia anunciando com toques distintos de todos bem conhecidos, casamentos, batizados ou mortes. Mal se ouvia, logo alguém comentava “Quem terá morrido? O vizinho António estava mal…”, “Olha, Joaquina já casou! Que lhe corra tudo bem!”, “Ouvi dizer que Mariana levava hoje o filho a batizar-se!”.
Apenas uma vez o ouvi tocar a rebate porque havia fogo na nossa Serra – a Serra da Adiça. Era um toque de aflição.
E no dia da festa de Nossa Senhora do Ó, era ouvi-lo logo pela manhã a chamar os fiéis para a missa e, lembrando o poeta, na saída e no “encerro” da procissão.
Quando de lá volto, o Francisco ainda me pergunta: “Ouviste o sino, avó?” Digo-lhe que sim, mas ponho-me a pensar se o terei ouvido ou se é só memória de outros tempos!

Nota: Em 1929, o toque dos sinos viria a provocar uma acesa controvérsia entre o Governador Civil e o Arcebispo de Évora, que ficaria conhecida como “A crise dos sinos” e de que resultaria a demissão de algumas autoridades de então. Tais acontecimentos dão, não só a medida da importância de tal matéria, mas também alguma luz sobre as relações entre o Estado e a Igreja (António de Araújo, "Sons e Sinos – Estado e Igreja no Advento do Salazarismo", Edições Tenacitas, Coimbra, 2009).

MEG (fotografias da Internet)

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Sucesso da sessão CPCCRD/Aldraba



























Mais de quarenta ativistas do movimento associativo da região de Lisboa juntaram-se na sede da Confederação Portuguesa das Coletividades de Cultura, Recreio e Desporto, no fim de tarde da 6ª feira, dia 13 de julho último.

O objetivo foi assistir e participar na sessão técnica em que o nosso amigo Joaquim Jorge (antropólogo da Câmara Municipal de Loures, que tem trabalhado na formulação de candidaturas ao financiamento de projetos culturais) transmitiu a sua experiência e proporcionou alguma formação prática nesta área, seguida de uma animada troca de questões colocadas e respondidas pelo orador e restante mesa.

A associação ALDRABA, além da iniciativa inicial, trouxe dez participantes para a sessão, entre os quais representantes de três associações nossas amigas (a cooperativa Itinerante, de Lisboa, a associação Farol, de Cacilhas, e o grupo de cicloturismo Estrela, da Amadora).

A mesa da sessão incluía o orador, o presidente da Confederação das Coletividades, Augusto Flor, e o presidente da Aldraba.

Deixamos aqui os tópicos principais, assinalados pelo Joaquim Jorge, a ter em conta numa candidatura ao financiamento comunitário de um projeto associativo:

• Clarificar a missão da associação: quem somos, o que pretendemos, quem tutela a atividade em que o projeto se insere?
• Definir o que se pretende fazer, onde se pretende chegar, quais os objetivos a atingir, alinhando os objetivos locais com os níveis regional, nacional e europeu;
• Procurar parceiros para partilha de experiências e conjugação de esforços;
• Pré-requisito de qualquer candidatura é a existência de uma vontade de internacionalização e de abertura ao exterior para arranjar soluções para as situações concretas a nível local;
• Reler os documentos do programa e subprograma a que nos vamos candidatar, verificar elegibilidades e prazos;
• Atender à necessidade de se ter uma estrutura logística consistente a nível contabilístico e de gestão.

No termo da sessão, ficou uma forte vontade de, com o apoio da Confederação, replicar esta formação noutros locais de concentração associativa, e de se montarem redes entre coletividades com interesses ou necessidades idênticas, para viabilizar a apresentação de candidaturas em programas já disponíveis ou que venham a ser desenhados num futuro próximo.

JAF (fotos LFM)

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Jorge Rua de Carvalho (1919-2012)






















A Aldraba assinala, com grande pesar, a morte de Jorge Rua de Carvalho.
Marceneiro de profissão, esculpiu em madeira o fruto da sua vasta e rica vivência da Lisboa dos bairros populares, dos pregões, dos ofícios e dos jogos infantis de rua. Os seus cerca de duzentos bonecos contam a história da cidade dos humildes e laboriosos, da criatividade dos simples, falam a linguagem da verdade, são património e identidade. Fruto da sua recente doação, são hoje pertença da Junta de Freguesia de Prazeres.
Nos últimos vinte anos, o Jorge passou à escrita a sua visão da vida e conhecimentos acumulados, tendo publicado “Desabafos”, em 1994, “Lisboa saudade: Pregões e figuras típicas de Lisboa (anos 20-40)”, em 1999, “Gente da Minha Rua”, em 2003, e “Retalhos da Vida Saloia”, em 2006.
Desenvolveu sempre intensa actividade associativa, em particular no Grupo Dramático e Escolar “Os Combatentes”, onde desempenhou durante várias décadas quase todos os cargos sociais, e foi um dos impulsionadores e praticante do teatro amador.
Exemplo maior de trabalhador, de cidadão, de criador artístico e militante associativo, o Jorge acompanhou desde sempre a vida da nossa Associação, tendo sido um dos 80 fundadores da Aldraba em Abril de 2005. Apesar das dificuldades inerentes à sua idade e falta de saúde, o Jorge foi sempre um elemento activo, quer na montagem e acompanhamento das exposições dos seus bonecos que a Aldraba fez (Museu da República e Resistência, em Lisboa, e Festival do Chícharo, em Alvaiázere), quer através da sua participação em encontros, eleições e assembleias gerais ou encorajando os mais novos com as suas opiniões, quer, por fim, sempre interessado na vida e na situação da Associação.
À família, endereçamos um forte abraço solidário nestes momentos de despedida!
Ao Jorge, continuaremos a ouvi-lo com os seus poemas e ditos, com os seus pregões, em que punha toda a sua alma de lisboeta, com as suas palavras do muito saber que a vida lhe deu e que ele com todos partilhava!

Bem hajas Jorge, pelo companheiro discreto e amigo que sempre soubeste ser!

MEG