quarta-feira, 23 de março de 2016


                Minhas lições de Gide

                               Lição nº 1



André Gide foi o escritor cujos livros eu li e os reli desde que ele me foi apresentado, em Manaus, com certeza na década de trinta, pelo meu colega de escola, Régis. Régis era muito católico e eu começando a descrer. Estava encantado com a Rússia. O livro de Gide do qual ele falava era o “De volta da URSS”. Nunca o li, pois o que lia era em francês. Hoje, resolvi reler Gide. Comecei por “Paludes” uma vez que não tenho o seu primeiro: “Cadernos de André Walter”. Sublinhei muito, mas só vou registrar, aqui, aquilo que passei a considerar lição (quem sabe?) aprendida:
- Nós mesmos decidimos nossas ações;
- é preciso variar um pouco nossa existência.
- é preciso que as pessoas se indignem.
- …não podemos pensar claramente nas pessoas em presença delas.
- não inventamos nossas paixões.
- Nós valemos apenas pelo que nos distingue dos outros.
- você não pode dar aos outros senão o que você tem.   
- o que importa em nós é aquilo que não se pode encontrar em nenhum outro,

   Jean Paul Sartre escreveu, quando da morte de Gide: “ele nos  ensinou, ou lembrou, que tudo podia ser dito – essa a sua audácia -, mas segundo certas regras do bem-dizer – essa a sua prudência”.

    

sexta-feira, 11 de março de 2016

                      

                    Guardiões da arte


O Povo de sábado, dia vinte, deste mês de fevereiro, trouxe um caderno especial sobre os Pets de estimação. Em especial de cães e gatos. E fala naturalmente mais de caninos que de felinos. Os barulhentos de língua de fora estão sempre no top. Deixa pra lá porque o meu o Oscar vai mesmo é – para os felinos.
A notícia traz uma relação dos números de certos animais no país e os felinos estão em terceiro lugar, com 22,1 milhões, abaixo apenas de cães e aves. A estimativa é da Associação Brasileira de Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet). E acrescenta que a região nordeste é a que tem mais gatos. Uma média de 7,4 milhões.
Gostando de gatos, naturalmente, leio sempre sobre esses animais. E tenho mesmo um livro muito curioso cujo título é –“100 gatos que mudaram a civilização”, de Sam Stall. O título é um pouco exagerado, mas, vá lá. Selecionei alguns tópicos de um dos artigos que me pareceram mais interessantes. Ei-los:
“Os gatos sempre foram grandes amigos de bibliotecas e museus. Como ratos e camundongos podem roer um importante manuscrito antigo ou uma inestimável pintura tão rápido quanto roeriam uma espiga de milho” “vários centros culturais empregam felinos matadores para garantir que os estragos causados pela praga dos ratos sejam mínimos”. Uma dessas instituições é o famoso Museu Hermitage, em São Petersburgo, Rússia.
 “Uma força de aproximadamente cinquenta gatos cuida do extenso complexo, assim como tem feito por mais de dois séculos e meio. Esse trabalho começou nos dias em que o Hermitage ainda era um palácio para uso dos czares. Em 1745, a imperatriz Elizaveta Petrovna, filha de Pedro, o Grande, não aguentava mais os roedores no palácio. Ela divulgou uma proclamação real decretando o recolhimento dos “maiores e melhores gatos capazes de caçar ratos”, que deveriam ser despachados para a corte, acompanhados por alguém que pudesse cuidar deles.
Eles “devem ter feito o seu trabalho muito bem, porque permaneceram pelo reinado de todos os czares. Também sobreviveram intactos a revolução comunista”. Foram dizimados durante a segunda grande guerra e até serviram de repasto. Mas o contingente foi depois restabelecido. “Dizem que os gatos dos czares eram persas, mas a coleção atual é um grupo variado de ex-gatos de rua que vivem no porão do museu”.
“Doações de empregados e o lucro da venda anual de pinturas feitas pelos filhos dos funcionários do Hermitage são usados para pagar os custos com veterinários, abrigo e comida suficiente para suplementar a que eles conseguem por conta própria”. Creio que os dirigentes do Hermitage deveriam fazer anuamente uma exposição dos mais belos felinos da sua coleção. Juro que se eu tivesse poder aquisitivo iria lá todo ano prestigiar com a minha admiração esses guardiões da arte.


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