Guardiões da arte
O Povo de sábado, dia vinte, deste
mês de fevereiro, trouxe um caderno especial sobre os Pets de estimação. Em
especial de cães e gatos. E fala naturalmente mais de caninos que de felinos.
Os barulhentos de língua de fora estão sempre no top. Deixa pra lá porque o meu
o Oscar vai mesmo é – para os felinos.
A notícia traz uma relação dos números
de certos animais no país e os felinos estão em terceiro lugar, com 22,1
milhões, abaixo apenas de cães e aves. A estimativa é da Associação Brasileira
de Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet). E acrescenta que
a região nordeste é a que tem mais gatos. Uma média de 7,4 milhões.
Gostando de gatos, naturalmente, leio
sempre sobre esses animais. E tenho mesmo um livro muito curioso cujo título é
–“100 gatos que mudaram a civilização”, de Sam Stall. O título é um pouco
exagerado, mas, vá lá. Selecionei alguns tópicos de um dos artigos que me
pareceram mais interessantes. Ei-los:
“Os gatos sempre foram grandes amigos
de bibliotecas e museus. Como ratos e camundongos podem roer um importante
manuscrito antigo ou uma inestimável pintura tão rápido quanto roeriam uma
espiga de milho” “vários centros culturais empregam felinos matadores para
garantir que os estragos causados pela praga dos ratos sejam mínimos”. Uma
dessas instituições é o famoso Museu Hermitage, em São Petersburgo, Rússia.
“Uma força de aproximadamente cinquenta gatos
cuida do extenso complexo, assim como tem feito por mais de dois séculos e
meio. Esse trabalho começou nos dias em que o Hermitage ainda era um palácio
para uso dos czares. Em 1745, a imperatriz Elizaveta Petrovna, filha de Pedro,
o Grande, não aguentava mais os roedores no palácio. Ela divulgou uma
proclamação real decretando o recolhimento dos “maiores e melhores gatos
capazes de caçar ratos”, que deveriam ser despachados para a corte,
acompanhados por alguém que pudesse cuidar deles.
Eles “devem ter feito o seu trabalho
muito bem, porque permaneceram pelo reinado de todos os czares. Também
sobreviveram intactos a revolução comunista”. Foram dizimados durante a segunda
grande guerra e até serviram de repasto. Mas o contingente foi depois
restabelecido. “Dizem que os gatos dos czares eram persas, mas a coleção atual
é um grupo variado de ex-gatos de rua que vivem no porão do museu”.
“Doações de empregados e o lucro da
venda anual de pinturas feitas pelos filhos dos funcionários do Hermitage são
usados para pagar os custos com veterinários, abrigo e comida suficiente para
suplementar a que eles conseguem por conta própria”. Creio que os dirigentes do
Hermitage deveriam fazer anuamente uma exposição dos mais belos felinos da sua
coleção. Juro que se eu tivesse poder aquisitivo iria lá todo ano prestigiar
com a minha admiração esses guardiões da arte.