Só de pensar que quando era criança tive de decorar as linhas de caminho de ferro de Portugal Continental, de Angola e Moçambique, as serras, os rios e afluentes, em vez de aprender os ensinamentos básicos acerca da saúde, para saber lidar com algumas doenças, como os diabetes, sinto uma imensa repugnância. Maior ainda o nojo, sabendo que na suposta democracia, governos dos partidos da alternância encerraram ramais e linhas de comboio.
Enchi o cérebro de inutilidades ( ainda bem que tenho mecanismos de esquecimento) e afinal não soube aplicar noções básicas, para uma alimentação saudável, o exercício e outras questões essenciais relacionadas com o corpo e a mente.
No Curso Geral do Comércio tinha Noções de Higiene, mas o Professor, um enfermeiro afectado, era achincalhado por matulões repetentes e aprendia-se pouco. Nada mais.
O ensino baseava-se, da primária até ao secundário, no Império Colonial, nos Heróis de um Cristianismo bacoco, nacionalista e se cheguei aqui, foi por via de muita leitura e do ensino nocturno, através do qual completei o 12º (já pós 25 de Abril) e ainda dos Cursos Universitários (que não foram lecionados em estabelecimentos particulares/ aviários).
Nada aprendi porém, nesses Cursos, que me ensinasse a lidar com o sedentarismo praticado no departamento do desporto, onde desempenhei funções de antropólogo.
Viajar é um dos meus lemas favoritos. A itinerância integra o sangue que me corre nas veias.
A escrita é o meu exercício mental e a insulina passou a ser uma companhia mais próxima.
Não é fácil receber de herança, gota de pai e mãe e diabetes Melitus 2, da avó paterna.
[Mas convenhamos que tudo teria sido menos constrangedor, com alguns conhecimentos complementares, além do que vamos lendo, ouvindo e vendo, pois as escolas - a não ser as que formam trabalhadores da saúde, ensinam quase nada para enfrentar a vida, na sua essência, com todos os obstáculos que temos de superar.]
Luís Filipe Maçarico (texto e foto)