"Mergulhar até à raiz onde se alimenta a dignidade de um povo, trazê-la
depois até à superfície, onde possa florir em todo o esplendor de sons e
de palavras que cristalizaram a magia do tempo longo e eternizaram
momentos de uma vida que só por milagre chegou até nós, eis o desafio
que a Ronda dos Quatro Caminhos nos propõe.
A Tierra por onde encaminham os nossos passos Alantre, leva-nos ao
encontro de uma gente que, nas asas do seu canto e das suas línguas – o
galego / português e o mirandês / astur-leonês - nos dá o melhor de si
mesma, na ronda por caminhos que a história calcetou com sucessivas
camadas de um saber que nos foi fazendo quem somos, onde a grande música
espreita à esquina dos mais simples gestos e nos chega por caminhos que
mal parecem sustentar a espessura dos passos, saber depurado, força e
senhas de não desistência.
Quem se lembraria de assentar a Orquestra Sinfónica Portuguesa sobre uma
ponte, onde mais forte é o eco da corrente, de dilatar a voz das
lavadeiras da ribeira com o Coro do Teatro Nacional de São Carlos, de
acompanhar os rebanhos transumantes serra acima, pelas canadas onde os
pastores superam os reis em coragem e sabedoria, de despertar
adormecidas magias ou, tão só, lembrar-nos que os pobres continuam a
bater às portas em busca de pão e de rumo na sua caminhada e que os
mistérios são um poial onde devemos continuar a assentar a nossa busca
de sentido no alto mar da vida, pela dignidade do trabalho, deixando-nos
a música erguida como pilar de resistência e como bálsamo a afiada
faca das palavras?
A viagem a que nos convidam, tierra alantre, atravessa as Terras de
Miranda, volteia por terras de Trás-os-Montes, abraça o Minho e as
terras galaicas. Sempre a terra firme a cimentar um contínuo cultural e a
sustentar as asas do convite a uma visita diferente, quer nos caminhos a
percorrer quer no jeito de lhe entregar os passos, pois foi a terra que
fez as gentes e por elas foi conformada, numa geografia que só nas
culturais curvas de nível abre as janelas onde deixa assomar a sua alma.
Já no seu nome, a Ronda dos Quatro Caminhos remete-nos para as
encruzilhadas, esses locais onde a energia se concentra e aflora à
superfície como mistério a respeitar. O número quatro acolhe também a
ideia de totalidade, que pretendem abarcar e está bem presente no título
este seu trabalho.
Quando ouvires estas melodias, caminha dentro delas, pois dizem aquela
que é a tua gente e contam a tua própria história, inserida na caminhada
colectiva que vamos fazendo para nos erguermos e mantermos dignos e
humanos.
As canções seleccionadas são apenas picos de uma cordilheira de sons e
de vidas que, à medida que os conquistamos, sempre outros picos
encobrem, num convite à descoberta de um legado que, sendo embora da
humanidade, apenas se deixa conquistar numa renovação constante,porque
só assim se pode erguer como bandeira deste tempo que é o nosso."
25 de abril de 2014
*Amadeu Ferreira – Escritor, poeta, ensaísta, historiador, tradutor e
dinamizador do mirandês, e das tradições das Terras de Miranda.
- See more at:
http://ww1.rtp.pt/antena1/index.php?t=Disco-A1-Ronda-dos-Quatro-Caminhos-Tierra-Alantre.rtp&article=7735&visual=10&tm=2&headline=14#sthash.ZfdIclBn.dpuf
TIERRA ALANTRE POR AMADEU FERREIRA*
"Mergulhar até à raiz onde se alimenta a dignidade de um povo, trazê-la
depois até à superfície, onde possa florir em todo o esplendor de sons e
de palavras que cristalizaram a magia do tempo longo e eternizaram
momentos de uma vida que só por milagre chegou até nós, eis o desafio
que a Ronda dos Quatro Caminhos nos propõe.
A Tierra por onde encaminham os nossos passos Alantre, leva-nos ao
encontro de uma gente que, nas asas do seu canto e das suas línguas – o
galego / português e o mirandês / astur-leonês - nos dá o melhor de si
mesma, na ronda por caminhos que a história calcetou com sucessivas
camadas de um saber que nos foi fazendo quem somos, onde a grande música
espreita à esquina dos mais simples gestos e nos chega por caminhos que
mal parecem sustentar a espessura dos passos, saber depurado, força e
senhas de não desistência.
Quem se lembraria de assentar a Orquestra Sinfónica Portuguesa sobre uma
ponte, onde mais forte é o eco da corrente, de dilatar a voz das
lavadeiras da ribeira com o Coro do Teatro Nacional de São Carlos, de
acompanhar os rebanhos transumantes serra acima, pelas canadas onde os
pastores superam os reis em coragem e sabedoria, de despertar
adormecidas magias ou, tão só, lembrar-nos que os pobres continuam a
bater às portas em busca de pão e de rumo na sua caminhada e que os
mistérios são um poial onde devemos continuar a assentar a nossa busca
de sentido no alto mar da vida, pela dignidade do trabalho, deixando-nos
a música erguida como pilar de resistência e como bálsamo a afiada
faca das palavras?
A viagem a que nos convidam, tierra alantre, atravessa as Terras de
Miranda, volteia por terras de Trás-os-Montes, abraça o Minho e as
terras galaicas. Sempre a terra firme a cimentar um contínuo cultural e a
sustentar as asas do convite a uma visita diferente, quer nos caminhos a
percorrer quer no jeito de lhe entregar os passos, pois foi a terra que
fez as gentes e por elas foi conformada, numa geografia que só nas
culturais curvas de nível abre as janelas onde deixa assomar a sua alma.
Já no seu nome, a Ronda dos Quatro Caminhos remete-nos para as
encruzilhadas, esses locais onde a energia se concentra e aflora à
superfície como mistério a respeitar. O número quatro acolhe também a
ideia de totalidade, que pretendem abarcar e está bem presente no título
este seu trabalho.
Quando ouvires estas melodias, caminha dentro delas, pois dizem aquela
que é a tua gente e contam a tua própria história, inserida na caminhada
colectiva que vamos fazendo para nos erguermos e mantermos dignos e
humanos.
As canções seleccionadas são apenas picos de uma cordilheira de sons e
de vidas que, à medida que os conquistamos, sempre outros picos
encobrem, num convite à descoberta de um legado que, sendo embora da
humanidade, apenas se deixa conquistar numa renovação constante,porque
só assim se pode erguer como bandeira deste tempo que é o nosso."
25 de abril de 2014
*Amadeu Ferreira – Escritor, poeta, ensaísta, historiador, tradutor e
dinamizador do mirandês, e das tradições das Terras de Miranda.
- See more at:
http://ww1.rtp.pt/antena1/index.php?t=Disco-A1-Ronda-dos-Quatro-Caminhos-Tierra-Alantre.rtp&article=7735&visual=10&tm=2&headline=14#sthash.ZfdIclBn.dpuf
Quando
ouvires estas melodias, caminha dentro delas, pois dizem aquela que é a
tua gente e contam a tua própria história, inserida na caminhada
colectiva que vamos fazendo para nos erguermos e mantermos dignos e
humanos.
As canções seleccionadas são apenas picos de uma cordilheira de sons e
de vidas que, à medida que os conquistamos, sempre outros picos
encobrem, num convite à descoberta de um legado que, sendo embora da
humanidade, apenas se deixa conquistar numa renovação constante,porque
só assim se pode erguer como bandeira deste tempo que é o nosso." - See
more at:
http://ww1.rtp.pt/antena1/index.php?t=Disco-A1-Ronda-dos-Quatro-Caminhos-Tierra-Alantre.rtp&article=7735&visual=10&tm=2&headline=14#sthash.ZfdIclBn.dpuf
TIERRA ALANTRE POR AMADEU FERREIRA*
"Mergulhar até à raiz onde se alimenta a dignidade de um povo, trazê-la
depois até à superfície, onde possa florir em todo o esplendor de sons e
de palavras que cristalizaram a magia do tempo longo e eternizaram
momentos de uma vida que só por milagre chegou até nós, eis o desafio
que a Ronda dos Quatro Caminhos nos propõe.
A Tierra por onde encaminham os nossos passos Alantre, leva-nos ao
encontro de uma gente que, nas asas do seu canto e das suas línguas – o
galego / português e o mirandês / astur-leonês - nos dá o melhor de si
mesma, na ronda por caminhos que a história calcetou com sucessivas
camadas de um saber que nos foi fazendo quem somos, onde a grande música
espreita à esquina dos mais simples gestos e nos chega por caminhos que
mal parecem sustentar a espessura dos passos, saber depurado, força e
senhas de não desistência.
Quem se lembraria de assentar a Orquestra Sinfónica Portuguesa sobre uma
ponte, onde mais forte é o eco da corrente, de dilatar a voz das
lavadeiras da ribeira com o Coro do Teatro Nacional de São Carlos, de
acompanhar os rebanhos transumantes serra acima, pelas canadas onde os
pastores superam os reis em coragem e sabedoria, de despertar
adormecidas magias ou, tão só, lembrar-nos que os pobres continuam a
bater às portas em busca de pão e de rumo na sua caminhada e que os
mistérios são um poial onde devemos continuar a assentar a nossa busca
de sentido no alto mar da vida, pela dignidade do trabalho, deixando-nos
a música erguida como pilar de resistência e como bálsamo a afiada
faca das palavras?
A viagem a que nos convidam, tierra alantre, atravessa as Terras de
Miranda, volteia por terras de Trás-os-Montes, abraça o Minho e as
terras galaicas. Sempre a terra firme a cimentar um contínuo cultural e a
sustentar as asas do convite a uma visita diferente, quer nos caminhos a
percorrer quer no jeito de lhe entregar os passos, pois foi a terra que
fez as gentes e por elas foi conformada, numa geografia que só nas
culturais curvas de nível abre as janelas onde deixa assomar a sua alma.
Já no seu nome, a Ronda dos Quatro Caminhos remete-nos para as
encruzilhadas, esses locais onde a energia se concentra e aflora à
superfície como mistério a respeitar. O número quatro acolhe também a
ideia de totalidade, que pretendem abarcar e está bem presente no título
este seu trabalho.
Quando ouvires estas melodias, caminha dentro delas, pois dizem aquela
que é a tua gente e contam a tua própria história, inserida na caminhada
colectiva que vamos fazendo para nos erguermos e mantermos dignos e
humanos.
As canções seleccionadas são apenas picos de uma cordilheira de sons e
de vidas que, à medida que os conquistamos, sempre outros picos
encobrem, num convite à descoberta de um legado que, sendo embora da
humanidade, apenas se deixa conquistar numa renovação constante,porque
só assim se pode erguer como bandeira deste tempo que é o nosso."
25 de abril de 2014
*Amadeu Ferreira – Escritor, poeta, ensaísta, historiador, tradutor e
dinamizador do mirandês, e das tradições das Terras de Miranda.
- See more at:
http://ww1.rtp.pt/antena1/index.php?t=Disco-A1-Ronda-dos-Quatro-Caminhos-Tierra-Alantre.rtp&article=7735&visual=10&tm=2&headline=14#sthash.ZfdIclBn.dpufA Orquestra Sinfónica Nacional e
o Coro
do TNSC, dirigidos pelo maestro Vasco Pearce de Azevedo, o apuradíssimo rancho dos cantadores da Aldeia Nova de São Bento, todos vestidos de preto, com seus chapéus, onde Pedro Mestre,
cantou, as vozes mágicas do
Grupo de Cantares de Évora, e ainda os amigos minhotos, galegos e
transmontanos, - como Sara Vidal ( que cantou no grupo galego "Luar na
Lubre"), a sanfoneira Maria Xosé Lopes e Chico Carinho, no realejo, ou
gaita de beiços, cintilaram em São Carlos e no disco "Tierra Alantre".