A rua Prior do Crato, na cidade de Lisboa, definha, em termos de comércio, desde que a Troika entrou em Portugal.
Tal como a Rua dos Fanqueiros. Tal como as ruas do Couço, ou de muitas localidades do interior.
Hoje soube que a Farmácia Bairrão, - onde desde pequenino encontrei os remédios mais eficazes, para as maleitas de seis décadas, - vai encerrar.
Sucedeu o mesmo com outras marcas, como foi o caso da centenária tipografia Liberty ou da loja Singer, que pouco a pouco fecharam, dando lugar a surtos de cabeleireiros e compra de ouro.
Chineses, nepalenses e paquistaneses, apareceram nesta rua, sucedendo a estabelecimentos de comércio tradicional.
Há
meses atrás, perto desta artéria, fechou, sem aviso prévio, a estação
dos CTT das Necessidades, muito frequentada, face à proximidade do
Ministério dos Negócios Estrangeiros...
Pobres idosos, sem CTT para levantarem a pensão e se farmácia para aviarem os medicamentos.
Agora
tem de se andar sete paragens de autocarro (773) para tratar dos
assuntos que só podemos tratar numa estação dos CTT...Quanto às
farmácias alternativas, às quais se recorria, em dias de folga da Bairrão, começam a ficar diariamente distantes...
Já agora, venham
à Rua Prior do Crato (freguesia de Prazeres) fazer uma visita turístico-bizarra e constatem como
todos os dias os idosos caiem... eu próprio já torci os dois pés e tive de
andar um ano na fisioterapia.
Motivo: acabaram com os calceteiros
municipais e agora empresas "especializadas" - cujos funcionários são
cabo - verdianos e ucranianos, mão de obra barata e sem experiência, - têm a incumbência de reparar os buracos.
Em vez de aplanarem o piso, compõem o espaço à maneira
deles e ficam conchas, declives, abismos calcetados.
Tenho medo de andar
na rua, também quando não chove há muito tempo, pois o passeio fica polido e
as quedas são também uma evidência. Aconteceu-me há semanas, felizmente sem consequências...
Os
passeios artísticos, que alguns autarcas, de cú tremido, quando saiem
dos gabinetes, tanto enaltecem, são muito bonitos, para aparecerem em
postais ilustrados ou em livros, para oferta de prestígio, fotografados
de preferência durante uma viagem aérea...ou seja, distantes, como
convém...
Lisboa já não é lugar para se viver com alegria...nem sítio recomendável para velhos!
Luís Filipe Maçarico