"Um Barco atracado ao cais é sempre um sonho preso"

domingo, maio 29, 2011

Um Ano Depois... Rola Turca bébé cai pela chaminé






Quarta feira passada, ao chegar a casa, tinha alguém dentro da cozinha...mais um bébé - pombo, caído do ninho. Não queria acreditar que aquilo me estava a suceder... Que sina, a minha! Um ano depois do KIKO ter surgido da mesma forma...
O Kiko caiu pela chaminé, em 26 de Abril de 2010. O Júnior apareceu a 25 de Maio de 2011, um ano e um mês depois... Não sei a que horas terá caído, mas estava à porta da casa de banho, quando entrei...quando vi aquele pequeno vulto cheguei a pensar que era um rato...fiquei desorientado, acreditem!
No dia seguinte, verifiquei que o Júnior ainda estava vivo.
Passou a noite na varanda, num alguidar, com um pano quente por cima. Depois optei por o deixar num cesto, coberto com o tal pano, mas a chuva regressou...o objectivo de o deixar por ali foi para ver se a mãe o procurava e colaborava na sua alimentação, pois quando tentei alimentá-lo ele não abriu o bico e passou o tempo a piar. Oxalá sobreviva, pensei...
Sexta-feira, foi um dia de trabalho muito intenso...estive fora doze horas, o que foi catastrófico...
Quando cheguei a casa, o Júnior estava desmaiado, na casa de banho e gelado...já não abria os olhos e mal abria o bico e não conseguia suster-se nas patitas. E a culpa foi minha, que o deixei muito tempo sozinho, sem lhe poder dar de comer...
Apelei ao Santo António, pois passei o dia a trabalhar no Imaginário Popular, em torno do Santo...

Estive desde as 21h a tentar meter-lhe água, a massajá-lo nas patas, aqueci-lhe o corpito e, quando ele, depois de estar quase uma hora mais para lá do que para cá...a cair constantemente, com fraqueza, e de lhe ter aberto o bico e utilizado um conta-gotas, mais o pão molhado que era a única coisa possível de lhe dar...ao fim de duas horas voltou a berrar, impertinente e pediu mais comida, já de pé, abanando as asas.

Passou o primeiro fim de semana aqui em casa, entre a varanda e a cozinha, alimentei-o regularmente. Fez-me companhia, enquanto passava a limpo várias actas em atraso da Assembleia Geral da Aldraba e escrevia para a revista da Associação um artigo sobre o Imaginário Popular à volta e António de Bulhões e a descansar da longa caminhada de sexta feira nas freguesias de São Vicente de Fora, Santiago, Santo Estevão, São Miguel e Sé.

Se este bicho falasse, escreveria:

Olá, sou o Júnior! Há quase uma semana que o Luís cuida de mim, agora tem-se portado melhor comigo, tem mais cuidado. E eu também tenho melhorado o meu comportamento. Quando estou, durante o dia, na varanda, dentro de um cestinho de papéis, deitado, com jornal e rolo de cozinha, tapado com um pano fofo, venho fazer as minhas necessidades fora do ninho...Sou uma rola turca, com sentido da higiene muito apurado!
Luís Filipe Maçarico - Texto e fotos

terça-feira, maio 24, 2011

Um Poema de Sidónio Muralha


AS CRIANÇAS E OS MONSTROS


A criança entrou numa casa de brinquedos e perguntou:
- Tem carícias para vender?
E o homem respondeu: - Essas coisas não temos,
mas vendemos revólveres, metralhadoras
e canhões para crianças subdesenvolvidas
e bombas atómicas
em miniatura
para meninos de fino trato
pagáveis em dez prestações
e com entrega mensal de um monstro
mais ou menos domesticado
ao cliente que tiver praticado o crime atómico
em miniatura
mais horrível do mundo.


Sidónio Muralha

(Poema recolhido no blogue http://cravodeabril.blogspot.com/2011/05/poema_16.html)

Foto de LFM

domingo, maio 22, 2011

6º Festival Islâmico de Mértola

































Na sexta edição do Festival Islâmico, que acabou esta tarde, em Mértola, foi possível ver bons espectáculos, designadamente o de Sebastião Antunes, com Janita Salomé, na noite de ontem, no palco do Cais do Guadiana, de intensa e contagiante energia, e do magnífico grupo de música de inspiração islâmica AL- KAUTHAR, que actuou no Cine Teatro Marques Duque, ontem à tarde.
Eduardo Ramos animou novos pátios, abertos pela primeira vez, bem como o Largo da Alachofra, assegurando um desempenho envolvente, que se mantém desde há 12 anos, nas diversas edições do Festival. A sua música é fundamental neste acontecimento tão importante para quem gosta deste sul.
Pedro Mestre trouxe o fascínio da viola campaniça e Sebastião Antunes mostrou, da sua imensa colecção de instrumentos musicais de todo o mundo, alguns artefactos curiosos, que utilizou para produzir extraordinários sons.
Foi muito agradável descobrir novos espaços, como o pátio da Casa Cor de Rosa, animado pelos alunos e professoras da Al Sud, ou da Palmeira, onde D. Margarida partilhava segredos, como o das bolachinhas de menta...
Exposições, as tendas dos comerciantes da Comunidade Islâmica de Granada, do Magrebe e do Egipto, transformando a vila velha num imenso souk (mercado) apelativo, os ex-Gnawa, agora rebaptizados de Mercadores de Abdul, percorrendo as ruas com os seus cânticos e danças, a feira do livro, com muitos títulos de temática árabe e a visita de alguns escritores, o irresistível atelier de Nádia Torres, com as suas jóias, cuja obra maior é o seu sorriso, a população de Mértola, jovem e idosa, acompanhando o evento, abrindo janelas e portas para a partilha e o convívio, a visita de forasteiros de todo o lado, a apresentação do projecto de musealização de objectos, cujo conjunto se define por "Casa de Mértola", reconstituindo o interior de uma habitação tradicional, foram algumas das actividades diárias, ao longo dos quatro dias do Festival.
Muito mais aconteceu, mas não pudemos abarcar tudo. Falamos do que vimos, que foi inesquecível. Tempo breve do regresso dos "mouros" ao Alentejo...
Até 2013, em Mértola!
Luís Filipe Maçarico (texto e fotos)
NOTA: Uma parte das imagens foram recolhidas na quinta-feira, primeiro dia deste belo acontecimento, permitindo encontrar as ruas, ainda com um número de visitantes reduzido. No fim de semana, os visitantes aumentaram, embora me pareça que vieram menos do que em anos anteriores...

domingo, maio 15, 2011

Vidinha


A cidade alinda-se, oiço dizer, numa notícia televisiva, que fala de mais esplanadas e quiosques, na Avenida...onde também começará a acontecer uma feira de antiguidades...
A câmara filma uma banca, cravejada de azulejos, certamente arrancados de paredes descarnadas dos prédios antigos da urbe...
Na reestruturação em curso, o Município manterá uma equipa, que se dedicará ao estudo e protecção dos azulejos...
Sorrio.
Faz-me lembrar os avisos nas embalagens de cigarros, alertando para o risco de doenças cancerígenas.
E contudo, é com o imposto desse tabaco, cujo preço está sempre a aumentar, que o Estado arrecada proventos não despiciendos...
No caso das novidades da Avenida, dá a sensação que os azulejos poderão vir, sabe-se lá de onde, sendo vendidos aos turistas, sempre sequiosos de souvenirs, desde que o aluguer do espaço seja pago pelos comerciantes de velharias, contribuindo assim para a autarquia ganhar verba suplementar.
E assim vai a vidinha do dia a dia...
LFM (texto e foto)

terça-feira, maio 10, 2011

"Os Signos do Quotidiano: Gestos, marcas e símbolos na Mértola Islâmica."





















Uma belíssima exposição está patente em Mértola, abordando "Os Signos do Quotidiano: Gestos, marcas e símbolos na Mértola Islâmica."
Esta mostra, pode ser visitada, até Setembro, na Casa Amarela, sede do Campo Arqueológico de Mértola, perto do Museu Islâmico.

A inauguração efectuou-se, no contexto do Encontro Internacional "Sabores do Mediterrâneo", na passada semana, tendo Cláudio Torres e Susana Gómez - Martinéz apresentado os diversos painéis, onde, apesar de se abordar a mão simbólica (Khamsa), jamais se utiliza a designação "Mão de Fátima", na sequência da investigação que tenho desenvolvido para a dissertação do Mestrado "Portugal Islâmico e o Mediterrâneo".

Mas há muitos mais motivos de interesse na Exposição. Séculos de segredos e revelações, em cada objecto exposto e contado. Porque atrás de cada artefacto, há histórias de vida, num tempo que já passou...
Ora vão até Mértola constatar!
Texto e Fotografias de Luís Filipe Maçarico

terça-feira, maio 03, 2011

Gambelas? Cambridge? Oxford?



Recebi hoje a confirmação do pedido de adiamento do prazo de entrega da minha segunda tese de mestrado, solicitado a meio do Verão de 2010 à UALG.

Odiei saber o valor da taxa/multa, pelo adiamento, a qual não contempla ainda o pagamento da inscrição da tese...
A importância que nos foi pedida (1 282, 50€) é praticamente metade do que pagámos ao longo do mestrado...
O que me parece excessivo, pois vivemos num país onde aqueles estudantes, que trabalham para o Estado estão a ser espoliados nos seus salários, pagando a esse Estado os custos da má administração dos (ir)responsáveis, ou nem sequer ganham o suficiente para terem esse corte... ou nem sequer trabalham, em alguns casos...

Entretanto, todos os que pediram adiamento devem ter em atenção o seguinte:
Ao assumirem esse gesto, contraíram uma dívida para com a UALG e mesmo que desistam de fazer a tese vão ter de pagar os 1282,50€ que nos estão a pedir... que pode ser saldada em tribunal, tal como as multas de condução e estacionamento...
Não se esqueçam deste pequeno grande pormenor!!!
Será que estive numa Universidade estrangeira e não dei por isso???

Prevejo que, assim sendo, e com a actual e funesta precarização dos cidadãos, comecem a fechar estabelecimentos de ensino, pois com estes preços cambridgianos ou oxfordianos, um destes dias haverá muito menos alunos nas nossas universidades e em consequência menos docentes.

Penso que temos todos - alunos e professores, não só desta Universidade - de reagir!

Luís Filipe Maçarico

domingo, maio 01, 2011

1º DE MAIO DE 2011: CONTRA A PRECARIEDADE










A chuva não desmotivou todos os que estão contra a situação actual no nosso país.
A penalização constante dos que menos recebem pelo seu trabalho não pode continuar, disseram os manifestantes, com os seus punhos, os seus gritos.
A cor das bandeiras e dos panos, que inundaram as ruas de Lisboa, ficou na memória de todos os que celebraram uma liberdade, afrontada por governantes e políticos, sem escrúpulos.
Ficou-me na lembrança aquela frase que um manifestante trouxe desde o Alentejo:
"UM POVO DE CORDEIROS TERÁ SEMPRE UM GOVERNO DE LOBOS"
Luís Filipe Maçarico (Texto e Fotografias)